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No repertório, as canções que fizeram sua fama na banda Camisa de Vênus, da carreira solo, e, eventualmente, covers.
“Eu não privilegio esse negócio de época de carreira, não, bicho. O que eu posso te dizer é que vai ter canções de Marcelo Nova no show. As que eu fiz sozinho, as que eu fiz com Raul Seixas e as que eu fiz com o Camisa“, enumera, durante entrevista por telefone de sua casa em São Paulo, onde se estabeleceu há mais de 20 anos. “Eu não tenho set list. Esse negócio me entedia muito“, acrescenta.
Salvo engano, será a primeira vez que Marcelo faz um show desse tipo em Salvador, segundo o próprio. “Rapaz, eu costumo fazer esse tipo de show, mas não me lembro se já fiz um desses aí em Salvador“, confessa, rindo.
Será também a primeira vez que tocará com a revelação da guitarra Eric Assmar, filho de um contemporâneo seu, Álvaro Assmar, que na época do Camisa de Vênus, tocava na banda Cabo de Guerra. “Eu não tô preocupado com isso, não. Eles (a dupla de guitarristas) é que têm que se preocupar comigo“, brinca.
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Conhecido pela língua solta e o destemor com que expressa suas opiniões fortes, Marcelo teve sua primeira experiência com o cinema no ano passado, quando atuou no filme O Magnata, produzido e roteirizado por Chorão, da banda Charlie Brown Jr.
Seu papel, uma espécie de Grilo Falante, era a consciência do personagem principal (vivido por Paulo Vilhena) e lhe valeu uma indicação de Melhor Ator Coadjuvante no IV Prêmio Fiesp/Sesi-SP de Cinema Paulista. “Quando eu soube, eu disse o seguinte: como o Brasil tá ruim de ator“, disparou.
Não gosto! – Sua relação com Salvador, a Bahia e suas características específicas (a chamada baianidade, seja a nagô ou não) sempre foi conflituosa. Na verdade, ele diz com todas as letras que não gosta mesmo e pronto.
“Eu gosto de ir aí trabalhar e rever os amigos. Mas veja bem, eu não gosto de praia, sol, acarajé, carnaval, trio elétrico, velhos baianos, novos baianos, abará, Pelourinho, Porto da Barra, Itapoan e Iansã. Da Bahia, eu só gosto de Pitty, que nem mora aí“ completa, quase às gargalhadas com a lista feita no improviso.
A última notícia que Marcelo teve de Salvador foi a da polêmica provocada pelo coordenador do curso de medicina da Ufba, que disse que “baiano só sabe tocar berimbau por que só tem uma corda“.
Mas Marcelo ainda foi além: “O cara falou umas verdades aí e ficou todo mundo chocadinho. A única coisa que eu corrigiria da fala dele é que o baiano ainda toca mal o berimbau“, largou.
Nero do rock – Responsável por moldar o perfil de uma das bandas mais influentes do rock brasileiro em todos os tempos, Marcelo não tem acompanhado muito o atual momento do rock nacional.
“Eu sou de outra época, meu amigo. Eu toquei fogo aí na Bahia, eu fui o Nero do rock baiano e depois toquei fogo no Brasil, também. O fogo era a minha passionalidade, mas hoje não tem mais incêndio, só faísca. Hoje, tudo é mercado“, lamenta.
“Depois eu cansei. Banda de rock é coisa de adolescente. Toda banda deveria ser proibida de tocar depois dos 40 anos. Esse negócio de andar em bando, todo mundo de camisa preta, xingando garçom, não dá mais pra mim“, afirma.
Néctar – Nos anos 70, antes de montar a Camisa de Vênus, Marcelo era dono de uma loja de discos que ficava na Barra, chamada Néctar, especializada em rock.
“Era muito chato naquela época em Salvador. Mas era engraçado também, por que minha loja só vendia discos de rock. Então, imagine só uma loja segmentada para o rock, em Salvador, nos anos 70. Aí nego entrava e perguntava: ‘tem João Gilberto?‘ Eu gritava de lá: ’Não!’ ‘Tem Simone?‘ “Não!’ O bom não era nem vender, era gritar com quem entrava lá“, ri Marcelo.
Marcelo Nova & Os Operários do Blues
Hoje e sábado, 22 horas | Domingo, 18 horas
Balcão Botequim | R. da Paciência, 233, Rio Vermelho (3334- 7450)
R$ 90 (mesa para 4 pessoas com kit de salgadinhos) e R$ 25 (cadeira)
Censura 18 anos (hoje e sábado) e 12 anos (domingo)