A banda de rock Cascadura tem uma música (espetacular) chamada Batismo que diz o seguinte: "Esse é um ciclo que se faz / desde o rhythm ‘n’ blues / quando um rockeiro se vai / logo vem outro / pra acender as luzes". Nessa faixa do CD Entre! (1997), o vocalista Fábio Cascadura chama a atenção do ouvinte para duas coisas: uma é a transitoriedade da vida. Um dia todos estarão debaixo da terra, enquanto aqui em cima, a vida continua. A segunda coisa é mais simples: o rock ‘n‘ roll nunca morre.
Em Red Rocket 7 - A Saga do Rock, belíssimo álbum em quadrinhos do artista americano Mike Allred, os dois temas são revisitados de forma magistral através da história de um grupo de alienígenas que chega à Terra em 1953, em pleno alvorecer da era do rock ‘n‘ roll.
Esse grupo de E.T.s é na verdade formado por seis clones criados a partir de um nativo do planeta Celeston. Acontece que Celeston foi invadido por uma raça beligerante, e os governantes do planeta, para poupar a população, organizaram um grande êxodo global. Apenas um homem e um robô ficaram, para observar o ataque a uma distância segura. Depois de várias roubadas e reviravoltas, o homem cai ferido. O robô, seguindo sua programação de manter o mestre humano vivo de qualquer forma, coletou amostras de DNA do homem, e com elas, trouxe seis clones dele à vida.
Cada clone, além de compartilhar as memórias do "original", têm características ampliadas especiais. Por exemplo: o Dois tem força física e instintos guerreiros. O Três tem uma poderosa mente científica, e o Sete, o do título do álbum, um interesse incomum por sons e música.
Encontrados pelo índio americano Crazy Dog, os clones ganharam o nome de Red Rocket (Foguete Vermelho), que foi o que de mais próximo da língua terrestre o nome real do alienígena original se aproximava.
Soltos na Terra, os clones começaram a se espalhar pelo mundo, e Sete foi o que melhor se deu. De início conheceu Little Richard no fundo de um caminhão de melancias. "Hoje conheci uns sujeitos simpáticos e, em especial, um que partilha meu interesse por som. Ele me mostrou um estilo musical de alta energia. Tem uma batida contagiante. É econômico na forma e complexo em emoção", escreveu Sete, em uma carta para Crazy Dog.
Mais adiante, trabalhando como servente no Sun Studios, berço do rock em Memphis, Sete conhece Elvis Presley antes da fama, e anota: "Todo mundo que escuta sua voz, seu estilo, sabe que há algo de especial e inovador. Eles não sabem muito bem como chamar o que ele faz. Ritmo da roça, blues de branco, música selvagem. Dizem que as raízes sempre existiram, mas agora há uma energia irresistível no ar, modificando-as por toda parte, ao mesmo tempo. Um disc-jockey chamado Alan Freed está chamando isso de rock ‘n‘ roll. Eu gosto. É adequado".
E assim, Sete vai se infiltrando no metiê rockeiro, sempre onde a ação está rolando. No início dos anos 60, zarpa para a Europa, onde conhece os Beatles e os Rolling Stones. Foi amigo de David Bowie e testemunha da ascenção e queda da geração Woodstock, da explosão punk, da new wave, do grunge e do rock alternativo que se seguiu depois. Tudo isso entre fugas e lutas alucinadas contra os monstros alienígenas que vieram captura-lo e aos seus irmãos clones.
Red Rocket 7 é o ponto alto da carreira de Mike Allred, quadrinista com forte influência da art pop de Roy Liechtenstein e de mestres da HQ como Jack Kirby e Will Eisner. Seus traços grossos e precisos são um show a parte, retratando uma infinidade de astros do rock com perfeição e clareza. As cores chapadas aplicadas por sua esposa, Laura Allred, completam o show. Bis!
Red Rocket 7 - A Saga do Rock
De Mike Allred
Dark Horse / Devir
216 págs R$ 60
15 comentários:
Agradecimentos à Ricardo Cury (http://www.ricardocury.blogspot.com/), que no seu último post (atualiza, porra!), deu o toque do trechinho da letra de Fábio que traduziu Red Rocket 7 para mim...
Alan McGee tenta corrigir um erro histórico:
Let Ride have their place in music history
The band eclipsed by Suede, Pulp and Nirvana should finally be given the respect they deserve
Aqui:
http://blogs.guardian.co.uk/music/2007/10/ride.html
E aqui,
http://sendmedeadflowers.com/
baixem Twisterella, uma das músicas mais bonitas dessa banda totalmente excelente.
Um abraço para Spencer, que me apresentou ao Ride no longínquo ano de 1997 - antes tarde do que nunca...
Foi amor ao primeiro acorde.
Porra, Paul Raven, tão cedo?...
FALECE BAIXISTA DO KILLING JOKE
http://www.dynamite.com.br/portal/lernews.cfm?cd_noticia=21268
Parem tooodas as prensas!!! (ainda falam isso nas redações, chikititus??):
Saca sá que puerra de box estão lançando, por enquanto, só na best buy, que só vende pros eeuu ( essa é velha eim?). Pra todos aqueles que acham que só o mestre Neil young existe!! E pra todos aqueles que, como eu, adoram o cara:
http://www.tompetty.com/runnin.html
Braminha, aciona logos seus exo-contacts aí e me encomenda um, p-p-p-p-p-please!
Enquanto as midias véias morrem ( eles disseram!) a gente vai necrofilando por aí, esse vale, né não?
cebleuris, petty è biscoito fino, portanto merece todos os esforços para obter-mos a iguaria.me aguarde.e chicao, q noticia hein?o killing joke è umas das bandas prediletas da casa e raven era excelente baixista.see you in hell.
Realmente, de lamber os beiços esse material do menino Petty. Tomara que esse documentário do grande Peter Bogdanovich chegue por aqui em DVD, já que sabemos que ver um filme desses no cinema por aqui é um sonho febril lua cheia... (Full Moon Fever, pegaram? Duh!).
Mas Brama, uma pena a morte do Raven. Outro dia desses mesmo tava ouvindo o vinil de Nightime (85)...
Yara tinha me falado dessa bandinha de guris que fazem rock "tipo clássico", que já se apresentou algumas vezes no Rock n' Sandwich.
O nome da banda é fantástico: Crazy Storm.
Descobri eles aqui no site Palco MP3 e vale a pena uma audição:
http://palcomp3.cifraclub.terra.com.br/crazystorm/
Obviamente verdinha, até porque são guris mesmo. Mas é bom ver os jovens enveredando pelo caminho do crássico. Tomara que continuem e evoluam, pois levam jeito pra coisa...
Ainda Paul Raven: neste blog aqui,
http://www17seconds.blogspot.com/
tem um texto sobre ele e duas faixas do KJ para baixar, incluindo Eighties, aquela famosa do já citado álbum Nightime que Kurt Cobain pegou o riff inicial "emprestado" para criar Come as you are...
Aviso importante:
Factory Girl, o filme que tirou Bob Dylan e Lou Reed do sério e que conta a história da (curta)
vida de Edie Sedgwick, socialite, modelo e atriz da tchurma de Andy Warhol, chegou nas locadoras.
(pelo menos já tem naquela das três letrinhas da Pituba).
O título em português é uma pérola dos clichês surrados: "Uma Garota Irresistível".
Hayden Christensen (o Anakin), até que não está mal como Bob Dylan, e a garota irresistível, é de fato, isso mesmo que o título do filme entrega: Siena Miller. Mas o melhor ator do filme é Guy Pearce (Memento), como o papa da pop-art.
Não é nenhuma maravilha, mas vale uma session...
Mais sobre o filme nos links do omelete...
http://www.omelete.com.br/resultado_busca.aspx?busca=factory%20girl
Theatro de bolso
Aos que gostam da Theatro de Séraphin e quiserem colocar uma das nossa musicas - Pânico - como ringtone no celular, da' uma passada no http://clashcityrockers.blogspot.com
(depois a gente passa no caixa, Chico)
Vô cobrar, hein, Marcão!!!!
;-)
Do omelete:
Próximo filme de zumbi de George Romero se passará em ilha deserta
Continuação de Diary of the Dead promete duelo tribal entre vivos e mortos-vivos
http://www.omelete.com.br/cine/100008840/Mortos_Vivos.aspx
O que eu posso dizer?
Long live-dead George Romero!
(sorry, didn't resist...)
Ainda living-dead
Exermínio 2 chegou nas locadoras e é simplesmente descaralhante, melhor até que o primeiro filme, de Danny Boyle (Trainspotting).
E no Cine 14, lá no Pelô, estreou Fido - O Mascote, comédia com Carrie-Anne Moss (Matrix) onde zumbis são transformados em bichos de estimação e ajudantes do lar. Diz que é hilariante, mas no Pelô é foda...
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