Clive Owen e a deusa Caroline Tillette em Killer in Red |
O evento, com direito a premiere, tapete vermelho e sessões de entrevista para repórteres do mundo inteiro, é uma ação da tradicional fabrica italiana de bebidas Campari.
Assim como outra famosa marca italiana, a Pirelli, a Campari lança todos os anos um sofisticado calendário reunindo grandes fotógrafos e top models.
Este ano, para sair da rotina, foi criada uma ação intitulada Campari Red Diaries, na qual se insere o curta do Sorrentino com Clive Owen.
Além do super produzido filme de sete minutos, a marca também escolheu doze bartenders do mundo inteiro para contar histórias e apresentar seus drinques exclusivos criados para a marca.
Entre os doze, há dois brasileiros: Thalita Alves, que representa a Austrália com o coquetel Anita, uma homenagem à Anita Garibaldi, que leva cachaça Sagatiba Envelhecida, e o ítalo-brasileiro
Fabio La Pietra, do bar Peppino, em São Paulo, que apresenta no mês de agosto a receita de “A Hora Incomparável”.
Diretor conhecido pela verborragia visual que costuma derramar em filmes premiados como A Grande Beleza (Oscar de Melhor Filme Estrangeiro) e A Juventude, Sorrentino admite que teve
de se conter para dar seu recado em apenas sete minutos.
"Eu tenho a tendência de falar muito, mas eles (os produtores) queriam um filme curto, então tive
de me segurar. Mas é difícil para mim ser conciso, é complicado", afirmou.
Mesmo assim, o diretor fez um belo filme, ainda que de cunho mais publicitário. Seu Floyd, o bartender vivido por Clive Owen, é tão desiludido e relutante quanto os personagens principais
que povoam seus longas.
"A ambiência do bar ajuda muito, por que é um lugar em que as pessoas estão naturalmente
propensas a se socializar. Então é um cenário ótimo a se explorar".
Já o ator principal não se fez de rogado. Vestiu o uniforme de bartender e foi aprender in loco
como misturar drinques. "O figurino é muito importante. Até por que se a roupa não estiver correta, o papel não parte do ponto certo. Até os sapatos contam", afirmou o ator, que ainda contou que fez um estágio de bartender no bar de um amigo em Los Angeles.
Thalita Alves, a simpática bartender brasileira residente na Austrália |
A sessão de rasgação de seda, claro, teve volta. "Clive é um dos melhores atores desta época. Foi uma honra trabalhar com um ator inglês que traz em si toda a tradição da atuação teatral inglesa", disse Sorrentino.
De estética noir-publicitária, Killer in Red não poderia prescindir de um dos principais elementos da estética noir: a femme fatale, aqui interpretada pela atriz franco-suíça (e ruiva) Caroline Tillette, sempre de vermelho, citando a cor da bebida.
"Caroline é um exemplo perfeito de desejo masculino e nos filmes noir, o desejo masculino é sempre fatal. Nesse sentido, Caroline é devastadora", disse Sorrentino.
Diante da plateia de jornalistas do mundo inteiro, Bob Kunze-Concewitz, CEO do Gruppo Campari, pontuou que, "depois de 70 anos de calendários, é fácil cair na zona de conforto. Desta vez, fizemos questão de subir o nível".
"Clive Owen, neste contexto, representa o carisma e a paixão de Campari. E o filme ficou ainda
melhor do que eu esperava. Na verdade, eu fiquei arrepiado", acrescentou.
ENTREVISTA (OU TENTATIVA DE): PAOLO SORRENTINO
Em A Grande Beleza e também em A Juventude, seus personagens principais são homens desiludidos, cansados do mundo que os cerca. Você diria que Floyd, o bartender de Killer in
Red, segue esse padrão?
Signore Sorrentino orienta Clive Owen em cena |
Killer in Red é esta grande e bela peça de propaganda. O senhor acha possível conceder sentidoo artístico à linguagem publicitária?
PS: Não sei dizer, por que na verdade não estou nem certo sobre o que é arte. Eu não sei.
Percebo uma grande influência da fotografia de moda e da publicidade em seus filmes. Você diria que essas linguagens são uma influência em sua carreira, em sua arte?
PS: Nada disso. Por que não sei quase nada de moda e muito pouco de publicidade.
O senhor disse na coletiva que a ambiência do bar o fascina, por que nele as pessoas estão propensas à se socializar. Fazendo um paralelo com sua série da HBO The Young Pope, o senhor diria que o bartender seria uma espécie de padre e o bar, sua igreja? Afinal, o bartender ouve as confissões das pessoas...
PS: (Pensa por um momento). Va bene. Eu aprecio sua interpretação. Gostei, faz sentido.
Que espécie de oportunidade o senhor vislumbrou neste projeto? O que o trouxe a ele?
PS: Não é por aí. Para nós, italianos, Campari é uma marca familiar, algo que te acompanha ao longo da vida, algo a que você se apega. Campari é parte de nós. O projeto era bom, e a proposta, interessante. Haviam características neste projeto que achei que eu poderia fazer algo a respeito, então, eu fiz.