Blog (que, nos seus primórdios, entre 2004-05, foi de um programa de rádio) sobre rock e cultura pop. Hoje é o blog de Chico Castro Jr., jornalista formado pela Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia. Atualmente, é repórter do Caderno 2+ do jornal A Tarde, no qual algumas das matérias vistas aqui foram anteriormente publicadas. Assina a coluna Coletânea, dedicada à música independente baiana. Nossa base é Salvador, Bahia, a cidade do axé, a cidade do terror.
quarta-feira, junho 29, 2016
terça-feira, junho 28, 2016
BARULHO SA ENTENDEU A LIÇÃO DO CAMISA: A MENSAGEM DEVE SER FORTE, ALTA E CLARA
Elton (gtr), Rafael (voz), Érico (gtr), Willy (btr) e Wagner (bx). Foto: Diana Couto |
Pensem no Camisa de Vênus: jamais seria o que foi, se ninguém entendesse as letras provocadoras de Marcelo Nova.
Parece que a banda local Barulho SA entende isso. Em um rock ‘n’ roll rápido, urgente e com letras que equivalem a um soco no nariz, eles oram contam pequenas histórias de violência e crime (como na faixa POF), ora disparam contra nossa classe política “golpista, capitalista”, como em Milícia.
“Trazemos em nossas letras temas para serem discutidos, pensados”, afirma o vocalista Rafael Barulho.
“Queremos que as pessoas reflitam sobre coisas e situações que ocorrem ao lado delas, ações inconsequentes que elas tomam diariamente, sem pensar. Além de mostrar que dá pra fazer rock pesado cantado em português e completamente entendível, um estilo pouco explorado aqui no Brasil”, acrescenta.
Formada em 2003 por um grupo de amigos do bairro do Uruguai, a Barulho se prepara para lançar o EP Prontos para o ataque.
"A banda foi formada no ano de 2003 no bairro do Uruguai, na Cidade Baixa, em Salvador, por amigos que moravam na mesma rua. Um dos guitarristas deles saiu da banda e eu fui convidado a participar. Futuramente vieram mais algumas trocas de integrantes até chegar a formação atual", conta o guitarrista Elton Alencar.
Sem levantar bandeiras
A Barulho SA fazendo... barulho! Foto Diana Couto |
E apesar da temática política aparecer em quase todas as músicas, a banda não segue uma doutrina específica: “É verdade, grande parte das letras tem como temática a política, pois vemos que esse é um tema que infelizmente não sai de moda no país. Volta e meia aparece um novo escândalo e, com isso, sentimos a necessidade de expor nossa indignação e nossa vontade de que essa situação mude e de que possamos viver em um país menos desonesto e mais igual para todos. A posição da banda é do lado da justiça e da verdade. Não levantamos bandeiras políticas. Queremos apenas que possa se fazer justiça. Quanto ao conservadorismo da juventude, é um tanto normal que esse tipo posicionamento cresça, já que os partidos tradicionalmente de esquerda estão no centro de toda investigação que ocorre no país. Muitos acham um avanço, mas vemos muita regressão política e de conceitos”, diz Elton.
Sobre a cena local, Elton diz: “Temos a impressão de que encolheu um pouco mais. Quando começamos, em 2003, existia um número muito grande de bandas locais e de shows aos finais de semana. Surgiam muitas novas bandas impulsionadas pela explosão do New Metal e também do Hard Core. Agora estamos em uma entre-safra do rock e esse é um dos motivos que nos fez voltar a cena. Precisamos agita-la. Voltamos pra fazer barulho. Vivemos numa época na qual não existe o "sexo, drogas e rock'n roll". Isso agora é coisa de funk, pagode e sertanejo universitário. Como eles tomaram conta dessa parte, resolvemos ficar com as letras com conteúdo”, conclui.
Barulho SA, Not Names (Pojuca-BA), Alfacore, Culinária Guerrilha e Mandala Todos Um / Sábado, 18 horas / Bukowski Porão Bar (Rua do Passo, Pelourinho) / R$ 5 / Ouça: www.facebook.com/barulhosa
NUETAS
Van Der Vous e Soft Porn no QVOS? hoje
O Quanto Vale o Show? de hoje é de primeira, com as bandas Van Der Vous (rock psicodélico) e Soft Porn (indie eletrônico). Às 19 horas no Dubliner’s Irish Pub, pague quanto quiser. Recomendado!
Tó Brandileone e Ze Luís quinta no TJA
O duo formado pelo músico paulista Tó Brandileone e o percussionista baiano Zé Luis Nascimento (radicado em Paris) traz o show de lançamento do disco Eu Sou Outro para o Teatro Jorge Amado. Duda Spínola, ex-Adão Negro em carreira solo, faz o show de abertura. Quinta-feira, 20 horas, R$ 60 e R$ 30.
Vandex TV inscreve
Conhece a Vandex TV? Tem banda ou trabalho solo? Quer tocar on line ao vivo? Inscreva-se: www.vandex.tv. É Berlim puro!
sábado, junho 25, 2016
SE EU QUISER FALAR COM GIL
Mauro Senise, sax dos Doces Bárbaros, traduz Gilberto Gil em ótimo álbum instrumental
Gigante consagrado da música e da cultura brasileiras, Gilberto Gil já foi homenageado tantas vezes e de tantas formas que hoje em dia fica até difícil se destacar entre elas.
A menos que você se chame Mauro Senise.
Saxofonista veterano da MPB, ele acaba de lançar Amor Até o Fim - Mauro Senise Toca Gilberto Gil.
Acompanhado de um pequeno exército de músicos (14) se revezando entre 13 faixas do mestre baiano escolhidas a dedo, Mauro conseguiu prestar um tributo que conjuga o carinho (que por tabela, todos nós sentimos) por Gil a uma objetividade raramente vista em álbuns de música instrumental.
“É verdade, o CD tá um pouquinho algemado: não tem muito solo de todo mundo, até por uma questão de tempo. O disco todo ficou com uns 74 minutos, que é meio que o limite”, observa o simpático músico, em entrevista por telefone.
No repertório, há desde sucessos facilmente reconhecíveis como Se Eu Quiser Falar com Deus, Drão, Ladeira da Preguiça, Preciso Aprender a Só Ser e Expresso 2222 até canções quase obscuras, como Amor até o fim (1966), Mancada (1967) e A linha e o linho (1983).
“Peguei muitas músicas antigas dele, dos anos 60, por que são músicas que dão pé de você trazer para o instrumental”, afirma Mauro.
“E apesar delas terem letras maravilhosas, se você tira-las e tocar, elas soam como instrumental. Dá para improvisar em cima, mexer na harmonia, tudo isso, por que elas são gostosas de ouvir – independente da letra”, acrescenta o músico.
No saxofone ou na flauta?
Com média de duração de quatro minutos, as faixas soam precisas, econômicas – não pobres – e elegantes.
"Ao vivo, você fica mais à vontade pra solar. Até podia ter ficado mais solto, mas pra isso, ia ter que tirar uma música. Preferi mostrar 13 musicas do que gravar só 10 e ficar improvisando meia hora. Isso ficou para o ao vivo. O improviso de punheta, de ficar 10 minutos lá viajando, afasta o público, o cara (na plateia) fica perdido - apesar de não ser mera 'bagunça', por que o cara (espactador médio) fica achando que é bagunça, 'ih o cara fumou um baseado'! (risos) É uma linguagem muito abstrata pra quem não tem o costume de ouvir", observa.
"Pra fazer um solo bom, é preciso escolher bem as notas, você vai caminhando com a harmonia, não é pra ficar fazendo muita escala de fá maior, fica burocrático. Não vou dar uma metralhada de nota nessas músicas, Em Se Eu Quiser... mesmo, com aquela letra reflexiva, ela é que inspira. Você tem que tocar de acordo com o ambiente. Pra mim, o amadurecimento do músico é isso, é escolher bem as notas, para fazer um solo melódico. A não ser que seja livre, tipo free jazz, com intervalos dissonantes e tal. Em suma, o bom solo é o comentário bonito, é saber em qual filme você tá atuando", ensina Mauro.
A faixa mais longa do álbum é Preciso Aprender a Só Ser, e por uma razão muito boa: o próprio Gil participa da gravação recitando – não cantando – a letra, que ganha aqui um feitio de oração.
“Foi minha, a ideia. A voz dele é tão bonita de qualquer jeito, que em vez de cantar, o que implicaria em ensaiar – ele tava em plena turnê dos 50 anos com Caetano – peguei ele um dia aqui e pedi pra ele declamar”, conta.
“Pensei em fazer um solo por trás, mas acabou que coloquei só o Jota Moraes no vibrafone. Ficou bem suave, aquela pinçelada de notas soltas fez uma cama pra ele declamar. Ficou interessante, diferente”, relata.
Soprista versátil, Mauro utilizou diversos instrumentos das famílias dos saxofones e flautas.
“Ladeira da Preguiça mesmo, eu sempre ouço na flauta. No sax, não funciona muito. Posso gravar Se Eu Quiser Falar Com Deus na flauta também. Ficaria lindo. Mas, pessoalmente, sinto que no sax alto (a música) fica mais encorpada. O sax é mais blues, entende?”, diz.
Especialmente divertida ficou Expresso 2222, um baião conduzido no piccolo (ou flautim) por Mauro. “O piccolo é uma flauta mais espertinha, tem um clima percussivo”, afirma.
Admiração antiga
Aos 45 anos de carreira (66 de vida), Mauro lembra que no logo no início de sua estrada artística teve o privilégio de acompanhar Gil, Caetano, Gal e Bethania na banda de apoio dos Doces Bárbaros (1976).
“Era uma banda e tanto, com Tuzé de Abreu (flautas), Perinho (guitarra), Djalma Correia (percussão), Tomás Improta (piano)... Mas eu sempre foquei mais minha carreira na música instrumental. Nessa época, já tocava em paralelo com Hermeto Paschoal e estudava com Paulo Moura, sempre ligado em improvisação”, conta.
“Mas o Gil me chamava muito a atenção, porque além de grande compositor e cantor, tocava um violão maravilhoso. Aí ele aparecia nos shows do Hermeto, subia pra improvisar com a gente, dava opiniões etc”, relata.
Como não poderia deixar de ser, mauro espera trazer este show a Salvador o quanto antes (alô, Café Rubi!). "Olha, se você me arrumar um show aí, eu vou correndo! Arranja um produtor bacana. Fiz o show de lançamento em São Paulo com todos os músicos que participaram do disco. Óbvio que pra viajar não dá pra levar todo mundo, mas vou com meu quartetinho, com o Gabriel (piano e acordeom), Ricardo Costa (bateria) e Rodrigo Villa (baixo). Te garanto que o o show tá tinindo", afirma.
Ex-membro da antológica banda instrumental Cama de Gato e parceiro constante do pianista Gilson Peranzzetta (que assina três arranjos no CD), faltava o tributo a Gil na lista pessoal do músico: “Já gravei CDs só de Noel Rosa, Sueli Costa e Dolores Duran e um outro para o Edu Lobo. Falta um pro Gil, que eu adoro”.
Agora não falta mais.
Amor Até o Fim - Mauro Senise Toca Gilberto Gil / Mauro Senise / Fina Flor / CD + DVD: R$ 34,90
Mauro Senise, foto de Ana Luísa Marinho |
A menos que você se chame Mauro Senise.
Saxofonista veterano da MPB, ele acaba de lançar Amor Até o Fim - Mauro Senise Toca Gilberto Gil.
Acompanhado de um pequeno exército de músicos (14) se revezando entre 13 faixas do mestre baiano escolhidas a dedo, Mauro conseguiu prestar um tributo que conjuga o carinho (que por tabela, todos nós sentimos) por Gil a uma objetividade raramente vista em álbuns de música instrumental.
“É verdade, o CD tá um pouquinho algemado: não tem muito solo de todo mundo, até por uma questão de tempo. O disco todo ficou com uns 74 minutos, que é meio que o limite”, observa o simpático músico, em entrevista por telefone.
No repertório, há desde sucessos facilmente reconhecíveis como Se Eu Quiser Falar com Deus, Drão, Ladeira da Preguiça, Preciso Aprender a Só Ser e Expresso 2222 até canções quase obscuras, como Amor até o fim (1966), Mancada (1967) e A linha e o linho (1983).
“Peguei muitas músicas antigas dele, dos anos 60, por que são músicas que dão pé de você trazer para o instrumental”, afirma Mauro.
“E apesar delas terem letras maravilhosas, se você tira-las e tocar, elas soam como instrumental. Dá para improvisar em cima, mexer na harmonia, tudo isso, por que elas são gostosas de ouvir – independente da letra”, acrescenta o músico.
No saxofone ou na flauta?
Mauro, foto Ana Luísa Marinho |
"Ao vivo, você fica mais à vontade pra solar. Até podia ter ficado mais solto, mas pra isso, ia ter que tirar uma música. Preferi mostrar 13 musicas do que gravar só 10 e ficar improvisando meia hora. Isso ficou para o ao vivo. O improviso de punheta, de ficar 10 minutos lá viajando, afasta o público, o cara (na plateia) fica perdido - apesar de não ser mera 'bagunça', por que o cara (espactador médio) fica achando que é bagunça, 'ih o cara fumou um baseado'! (risos) É uma linguagem muito abstrata pra quem não tem o costume de ouvir", observa.
"Pra fazer um solo bom, é preciso escolher bem as notas, você vai caminhando com a harmonia, não é pra ficar fazendo muita escala de fá maior, fica burocrático. Não vou dar uma metralhada de nota nessas músicas, Em Se Eu Quiser... mesmo, com aquela letra reflexiva, ela é que inspira. Você tem que tocar de acordo com o ambiente. Pra mim, o amadurecimento do músico é isso, é escolher bem as notas, para fazer um solo melódico. A não ser que seja livre, tipo free jazz, com intervalos dissonantes e tal. Em suma, o bom solo é o comentário bonito, é saber em qual filme você tá atuando", ensina Mauro.
A faixa mais longa do álbum é Preciso Aprender a Só Ser, e por uma razão muito boa: o próprio Gil participa da gravação recitando – não cantando – a letra, que ganha aqui um feitio de oração.
“Foi minha, a ideia. A voz dele é tão bonita de qualquer jeito, que em vez de cantar, o que implicaria em ensaiar – ele tava em plena turnê dos 50 anos com Caetano – peguei ele um dia aqui e pedi pra ele declamar”, conta.
“Pensei em fazer um solo por trás, mas acabou que coloquei só o Jota Moraes no vibrafone. Ficou bem suave, aquela pinçelada de notas soltas fez uma cama pra ele declamar. Ficou interessante, diferente”, relata.
Soprista versátil, Mauro utilizou diversos instrumentos das famílias dos saxofones e flautas.
Mauro com Gil durante gravação de Se Eu Quiser... Ft Ana Luísa Marinho |
Especialmente divertida ficou Expresso 2222, um baião conduzido no piccolo (ou flautim) por Mauro. “O piccolo é uma flauta mais espertinha, tem um clima percussivo”, afirma.
Admiração antiga
Aos 45 anos de carreira (66 de vida), Mauro lembra que no logo no início de sua estrada artística teve o privilégio de acompanhar Gil, Caetano, Gal e Bethania na banda de apoio dos Doces Bárbaros (1976).
“Era uma banda e tanto, com Tuzé de Abreu (flautas), Perinho (guitarra), Djalma Correia (percussão), Tomás Improta (piano)... Mas eu sempre foquei mais minha carreira na música instrumental. Nessa época, já tocava em paralelo com Hermeto Paschoal e estudava com Paulo Moura, sempre ligado em improvisação”, conta.
“Mas o Gil me chamava muito a atenção, porque além de grande compositor e cantor, tocava um violão maravilhoso. Aí ele aparecia nos shows do Hermeto, subia pra improvisar com a gente, dava opiniões etc”, relata.
Como não poderia deixar de ser, mauro espera trazer este show a Salvador o quanto antes (alô, Café Rubi!). "Olha, se você me arrumar um show aí, eu vou correndo! Arranja um produtor bacana. Fiz o show de lançamento em São Paulo com todos os músicos que participaram do disco. Óbvio que pra viajar não dá pra levar todo mundo, mas vou com meu quartetinho, com o Gabriel (piano e acordeom), Ricardo Costa (bateria) e Rodrigo Villa (baixo). Te garanto que o o show tá tinindo", afirma.
Ex-membro da antológica banda instrumental Cama de Gato e parceiro constante do pianista Gilson Peranzzetta (que assina três arranjos no CD), faltava o tributo a Gil na lista pessoal do músico: “Já gravei CDs só de Noel Rosa, Sueli Costa e Dolores Duran e um outro para o Edu Lobo. Falta um pro Gil, que eu adoro”.
Agora não falta mais.
Amor Até o Fim - Mauro Senise Toca Gilberto Gil / Mauro Senise / Fina Flor / CD + DVD: R$ 34,90
sexta-feira, junho 24, 2016
SILÊNCIO DE ORQUESTRA
Projeto do maestro Fred Dantas, a Orquestra Brasileira de São Salvador fez seu último concerto no Festival de Música Instrumental da Bahia. Saiba por que
Um cachorro e um gato surgem no alto da escada que leva à casa do maestro Fred Dantas, no Barbalho.
Quando este chega ao portão para receber a reportagem de A TARDE, logo tranquiliza: “Não morde, não. Só é carente. Se fizer carinho, não vai largar mais de você”. Não deixa de ser uma ameaça.
É terça-feira, 14 de junho. Fred ainda digere o sucesso do concerto da Orquestra Brasileira de São Salvador na sexta-feira última (10).
Regente e diretor musical da Orquestra desde 2011, o conjunto de vinte jovens músicos fez um raro concerto em Salvador dentro da programação do 21º Festival de Música Instrumental da Bahia.
“Foi um sucesso acachapante”, entusiasma-se.
“Eu insisti com Zeca (Freitas, curador do festival) para inclui-la por que sabia que seria assim. Era o endereço certo para a Orquestra, o público certo. (Fernando) Marinho (um dos organizadores) me disse que foi a única atração do festival inteiro que recebeu pedidos de bis de pé”, afirma o maestro.
Agora, a má notícia: por enquanto, este foi o último concerto da Orquestra Brasileira de São Salvador. A razão, óbvio, é a de sempre: não há patrocínio para que ela continue seus trabalhos.
Antes que haja mal-entendido, é bom esclarecer: a orquestra de que se fala aqui não é a Oficina de Frevos e Dobrados, que tornou Fred famoso em solo baiano desde os anos 1980. Esta vai bem, obrigado.
“O repertório da OBSS é bem específico. Ela traz como proposta uma leitura da música brasileira, um resgate de modinhas de Carlos Gomes, Villa-Lobos e Alberto Nepomuceno, além de fazer um passeio pelas músicas regionais do Brasil”, conta.
Vida breve
Fred assumiu a Orquestra em 2011, quando a telefônica Tim encerrou seu projeto de educação musical Música nas Escolas.
“Aí uma empresa de São Paulo, chamada La Fabbrica Comunicação e Marketing, assumiu o projeto e conseguiu um novo financiamento junto à Basf, para criar uma orquestra com os alunos remanescentes”, conta Fred.
Convidado para assumir a direção artística da Orquestra, Fred impôs como condição deixar de tocar o material imposto por São Paulo no tempo da Tim.
“Meu objetivo foi chegar na música atonal contemporânea. Não queria ver os meninos tocando feijão com arroz”, diz.
Como contrapartida ao patrocínio, Fred e os jovens músicos da Orquestra passaram a dar aulas de educação musical em escolas públicas das comunidades carentes de Camaçari, onde a Basf está instalada no Pólo Petroquímico.
“Esses jovens professores tiveram uma atuação de pedagogia musical arrasadora. Em coisa de um ano, tinha criança lendo pequenas partituras na sala de aula”, diz.
A cantora soprano Irma Ferreira foi uma dessas professoras.
“Era impressionante ver a reação das crianças ao receber essas informações. A maioria delas nunca ouviu nada na vida, além de pagode e arrocha”, conta.
“Quando elas ouviam, pela primeira vez na vida, o som de uma flauta transversal ou até quando eu cantava, algumas chegavam a se emocionar”, lembra Irma.
A experiência foi importante para os jovens músicos da Orquestra, que também aprendiam enquanto ensinavam às crianças. “Passamos a ver a música de outra perspectiva. Ser músico não é só tocar um instrumento, é também propagar um conhecimento”, afirma a cantora.
Ainda com patrocínio da empresa petroquímica, a OBSS gravou um CD com 13 faixas, chamado Bandeira do Divino.
No repertório, composições de Alberto Nepomuceno (Cantiga), Waldir Azevedo (Brasileirinho) e Anacleto de Medeiros (Os Bohêmios), além de músicas da cultura popular de Ilhéus, Barra do Pojuca e outras três da safra atonal do próprio Fred Dantas.
Infelizmente, o projeto, apesar de promissor, teve fim com a saída da Basf. “Alegaram a crise”, diz Fred.
Isto foi em 2014.
Sem dinheiro, os músicos da orquestra abandonaram a música para se dedicar a trabalhos convencionais.
“Jovens realmente promissores tiveram de trabalhar com telemarketing e em caixas de supermercados, para ajudar a sustentar suas famílias”, relata.
Alguns poucos, o maestro ainda conseguiu aproveitar em sua orquestra profissional de baile, como o saxofonista Reinan Proença e o baterista Lucas Paulo.
“E meu contramestre, Mário Douglas, agora é regente da Oficina de Frevos e Dobrados”, conta.
“Já Maicon Oliveira, um flautista excelente, foi estudar enfermagem. Os irmãos Henrique (sax) e Vinícius (clarineta) foram estudar Engenharia. Por outro lado, Irma Ferreira segue o curso de Canto da Ufba. Já Daniela Natali e David Brito foram para a Neojibá”, relata o maestro.
Só quem não teve o destino definido foi a OBSS.
“Agora, a Orquestra está parada. A perspectiva é esperar que La Fabbrica demonstre interesse em buscar outro patrocinador local. Ou então buscar espaço no mercado baiano através de produtores culturais”, conclui Fred Dantas.
10 de junho: a OBSS faz "último concerto" no TCA. Ft Alessandra Nohvais |
Quando este chega ao portão para receber a reportagem de A TARDE, logo tranquiliza: “Não morde, não. Só é carente. Se fizer carinho, não vai largar mais de você”. Não deixa de ser uma ameaça.
É terça-feira, 14 de junho. Fred ainda digere o sucesso do concerto da Orquestra Brasileira de São Salvador na sexta-feira última (10).
Regente e diretor musical da Orquestra desde 2011, o conjunto de vinte jovens músicos fez um raro concerto em Salvador dentro da programação do 21º Festival de Música Instrumental da Bahia.
“Foi um sucesso acachapante”, entusiasma-se.
“Eu insisti com Zeca (Freitas, curador do festival) para inclui-la por que sabia que seria assim. Era o endereço certo para a Orquestra, o público certo. (Fernando) Marinho (um dos organizadores) me disse que foi a única atração do festival inteiro que recebeu pedidos de bis de pé”, afirma o maestro.
Agora, a má notícia: por enquanto, este foi o último concerto da Orquestra Brasileira de São Salvador. A razão, óbvio, é a de sempre: não há patrocínio para que ela continue seus trabalhos.
Antes que haja mal-entendido, é bom esclarecer: a orquestra de que se fala aqui não é a Oficina de Frevos e Dobrados, que tornou Fred famoso em solo baiano desde os anos 1980. Esta vai bem, obrigado.
“O repertório da OBSS é bem específico. Ela traz como proposta uma leitura da música brasileira, um resgate de modinhas de Carlos Gomes, Villa-Lobos e Alberto Nepomuceno, além de fazer um passeio pelas músicas regionais do Brasil”, conta.
Vida breve
Fred assumiu a Orquestra em 2011, quando a telefônica Tim encerrou seu projeto de educação musical Música nas Escolas.
“Aí uma empresa de São Paulo, chamada La Fabbrica Comunicação e Marketing, assumiu o projeto e conseguiu um novo financiamento junto à Basf, para criar uma orquestra com os alunos remanescentes”, conta Fred.
Convidado para assumir a direção artística da Orquestra, Fred impôs como condição deixar de tocar o material imposto por São Paulo no tempo da Tim.
“Meu objetivo foi chegar na música atonal contemporânea. Não queria ver os meninos tocando feijão com arroz”, diz.
Como contrapartida ao patrocínio, Fred e os jovens músicos da Orquestra passaram a dar aulas de educação musical em escolas públicas das comunidades carentes de Camaçari, onde a Basf está instalada no Pólo Petroquímico.
“Esses jovens professores tiveram uma atuação de pedagogia musical arrasadora. Em coisa de um ano, tinha criança lendo pequenas partituras na sala de aula”, diz.
Fred rege e Irma Ferreira canta. Foto: Alessandra Nohvais |
“Era impressionante ver a reação das crianças ao receber essas informações. A maioria delas nunca ouviu nada na vida, além de pagode e arrocha”, conta.
“Quando elas ouviam, pela primeira vez na vida, o som de uma flauta transversal ou até quando eu cantava, algumas chegavam a se emocionar”, lembra Irma.
A experiência foi importante para os jovens músicos da Orquestra, que também aprendiam enquanto ensinavam às crianças. “Passamos a ver a música de outra perspectiva. Ser músico não é só tocar um instrumento, é também propagar um conhecimento”, afirma a cantora.
Ainda com patrocínio da empresa petroquímica, a OBSS gravou um CD com 13 faixas, chamado Bandeira do Divino.
No repertório, composições de Alberto Nepomuceno (Cantiga), Waldir Azevedo (Brasileirinho) e Anacleto de Medeiros (Os Bohêmios), além de músicas da cultura popular de Ilhéus, Barra do Pojuca e outras três da safra atonal do próprio Fred Dantas.
Infelizmente, o projeto, apesar de promissor, teve fim com a saída da Basf. “Alegaram a crise”, diz Fred.
Isto foi em 2014.
Sem dinheiro, os músicos da orquestra abandonaram a música para se dedicar a trabalhos convencionais.
“Jovens realmente promissores tiveram de trabalhar com telemarketing e em caixas de supermercados, para ajudar a sustentar suas famílias”, relata.
Pós-concerto, Fred aguarda decisão da La Fabbrica. Ft: Alessandra Nohvais |
“E meu contramestre, Mário Douglas, agora é regente da Oficina de Frevos e Dobrados”, conta.
“Já Maicon Oliveira, um flautista excelente, foi estudar enfermagem. Os irmãos Henrique (sax) e Vinícius (clarineta) foram estudar Engenharia. Por outro lado, Irma Ferreira segue o curso de Canto da Ufba. Já Daniela Natali e David Brito foram para a Neojibá”, relata o maestro.
Só quem não teve o destino definido foi a OBSS.
“Agora, a Orquestra está parada. A perspectiva é esperar que La Fabbrica demonstre interesse em buscar outro patrocinador local. Ou então buscar espaço no mercado baiano através de produtores culturais”, conclui Fred Dantas.
DESOVANDO MAIS ALGUMAS MICRO-RESENHAS (BEM) ATRASADAS....
Chopin via pianos velhos
Sobre mitos
Subintitulado Estrutura mítica para escritores, este estudo do roteirista de Hollywood retoma os conceitos do clássico O herói de mil faces (1949), de Joseph Campbell, sobre como todas as grandes histórias já contadas pela humanidade parecem compartilhar da mesma estrutura. Obra de referência, em 3ª edição. A jornada do escritor / Christopher Vogler / Aleph/ 488 p. / R$ 69,90
Excesso de fofura
Com dois álbuns já publicados, a webcomic Como eu realmente..., da cartunista carioca Fernanda Nia, coloca a própria autora (na pele da personagem Niazinha) diante de situações cotidianas contemporâneas, mostrando como é possível ter atitudes mais positivas. Há um excesso de fofura no desenho, mas este é compensado pelo humor e inteligência da moça. Como eu realmente... - Volumes 1 e 2 / Fernanda Nia / Nemo/ 80 p. / R$ 29,90
Na casa do Senhor não existe satanás, xô, satanás!
Um especialista na figura literária do diabo cai na maior fria ao viajar com a filha para Veneza e testemunhar um fenômeno sobrenatural. De arrepiar, este livro foi premiado com o International Thriller Award 2014, sendo apontado como “o filho d’O Código Da Vinci com O Exorcista”. Breve no cinema, em filme de Robert Zemeckis. O Demonologista / Andrew Pyper / DarkSide Books/ 320 p./ R$ 49,90
Marguerite vê Mishima
Em 1970, o consagrado escritor japonês Yukio Mishima cometeu seppuku (suicídio ritual japonês) diante de uma tropa em um quartel de Tóquio. Neste ensaio, a famosa intelectual francesa investiga essa personalidade perturbada e as motivações que o levaram ao ato. Mishima Ou A Visão Do Vazio / Marguerite Yourcenar / Estação Liberdade/ 128 p./ R$ 33
Chá sonoro
Radicado em São Paulo, o cearense Talles Lucena traduz em música sua experiência xamânica com o chá do ayahuasca em cinco faixas longas e viajandonas. Interessante, mas é preciso estar aberto ao “transe” proposto aqui. T4les / A flight into the occult / Brechó DiscoS/ R$ 10
Talento inegável
Surpreendente estreia da pianista e cantora mineira. Em arranjos espartanos, ela desnuda até o osso a beleza de canções de Caymmi, Milton, Tom, Gonzaga e até Björk em interpretações cheias de entrega e paixão. Bravo. Andrea dos Guimarães / Desvelo / Independente - Tratore / R$ 27,90
Bom quinteto local
Liderada pela cantora Sohl, o quinteto A Flauta Vértebra é uma boa surpresa da cena local, com um rock pop acessível e bem feito. A menina se destaca com sua interpretação emocionada e voz forte. A princípio, as letras politizadas soam algo ingênuas, mas pensando bem, talvez elas digam o que precisa ser dito. A Flauta Vértebra / A Flauta Vértebra / Brechó - Big Bross / R$ 10
Mestre das teclas
Mestre do piano bossa samba jazz, pioneiro da gravação independente, Antonio Adolfo solta mais uma coleção de composições autorais de sofisticação absoluta e muito bem acompanhado. Som brasileiro e universal. Antonio Adolfo / Tema / AAM Music / R$ 29
Campestre e moderno
Um brasileiro (Raphael Evangelista, violoncelo) e um argentino (Mauricio Candussi, teclados), formam o duo Finlandia. No quinto álbum, o som é instrumental, campestre e moderno. Boa alquimia sonora multicultural. Finlandia / Mundo Rural / Independente / Baixe: finlandiamusica.com.br
Quem inventou o amor?
Professoras do Departamento de Psicologia da Universidade de Barcelona, as autoras realizam extenso e profundo estudo sobre o amor. Elas defendem que este não é um sentimento isolado, mas um “complexo de sentimentos”. Como construímos universos: Amor, cooperação e conflito / Montserrat M. Marimón e Genoveva S. Vilarrasa / Editora Unesp/ 353 p./ R$ 59
O livro que deu origem a série
Com a volta da franquia ao cinema, Jurassic Park, o romance de Michael Crichton que deu origem à série, volta às livrarias em bela edição da Aleph. A trama é conhecida: após clonar animais pré-históricos, milionário abre um zoológico de dinossauros. Inclui posfácio de Marcelo Hessel (Omelete) e entrevista com o autor. Jurassic Park / Michael Crichton / Aleph/ 528 p./ R$ 49,90
Porres literários em SP
O blogueiro baiano Tarcísio Buenas estreia em livro com uma coletânea de textos publicados em seu blog. Em suas páginas, a nada mole vida de um roqueiro baiano vivendo em São Paulo, entre porres, bandas underground e mulheres. Conheça seu blog, Puro Malte. 18 de Maio, Quanto Tens Por Dizer... / Tarcísio Buenas / Buenas Books / 116 p. / R$ 25 / Vendas: buenasrocks@gmail.com
Sabedoria de veterano
Herói incompreendido da geração considerada brega pela intelectualidade dos anos 1970, Odair José abraça o rock no novo álbum, cuja faixa de abertura já diz a que veio com riffs que parecem ter saído da gaveta de Angus Young. Mais jovem do que muito garotão barbudo por aí. Odair José / Dia 16 / Saravá Discos / R$ 19,90
Back to the future
O carioca Sergio Pi estreia em álbum no ritmo do pop vintage circa 1977 - 83, cheio de texturas AOR que até hoje domina as FMs. A voz é curtinha, mas a produção é de primeira, o clima é alto astral e favorece passinhos de dança. Sergio Pi / Meu pop é black power / Lab 344 / R$ 25,90
Recuerdos de turnê
O senhor Leonard nunca decepciona: neste ao vivo gravado em passagens de som da última turnê, releituras (Field Commander Cohen, Joan of Arc) e duas inéditas lindas: Got a Little Secret e Never Gave Nobody Trouble. Leonard Cohen / Can't Forget: A Souvenir Of The Grand Tour / Sony Music / R$ 24,90
Prodigioso piloto automático
Por mais simpático que se possa ser ao Prodigy, fica difícil não acreditar que a banda até hoje não superou a ressaca pós-sucesso arrasador do LP The Fat of The Land (1996). Este novo álbum é OK (e feroz, claro) mas a sensação de piloto automático persiste. The Prodigy / The Day Is My Enemy / Lab 344 / R$ 29,90
Paraíba punk!
É simplesmente inacreditável o esporro produzido pelo trio paraibano Zefirina Bomba em seu terceiro álbum, de mizerentos nove minutos em nove faixas sangrentas. Eta, punk rock duzinferno. Zefirina Bomba / Hey Hey Mizerasound / Sub Folk - Monstro - Brechó - Big Bross / R$ 10 / Baixe: zefirina.bandcamp.com
Transex mesmo, e daí?
Autor do belíssimo As Virgens Suicidas (depois filme de Sofia Coppola), Jeffrey Eugenides conta neste livro a saga familiar (ao longo de três gerações) e pessoal da garota Calíope, que aos 14 anos se torna menino e passa a se chamar Cal. Premiada com o Pulitzer, esta é sua obra mais aclamada. Middlesex / Jeffrey Eugenides / Companhia das Letras/ 576 p./ R$ 59,90/ E-book: R$ 39,90
Não perca a cabeça
Romance de suspense do gaúcho Leonardo Brasiliense, autor de outros nove livros e duas vezes premiado com o Jabuti. Aqui, narra o caos que toma conta de uma pequena cidade após o sumiço de uma relíquia religiosa. Relíquia esta que surge no quarto de um jovem. Amedrontado, ele a mantém escondida, por não saber como devolvê-la. Decapitados / Leonardo Brasiliense / Benvirá/ 120 p./ R$ 29,90
Recuerdos dos tempos do Led...
O escocês Martin Millar é da escola Nick Hornby: sua literatura é leve, engraçada e recheada de referências ao rock e cultura pop costuradas com habilidade na narrativa. Aqui, ele relembra o show do Led Zeppelin em Glasgow, quando tinha 12 anos. Angústia adolescente e rock n’ roll: uma combinação imbatível até em livro. Suzy, Led Zeppelin e Eu / Martin Millar / Ideal/ 176 p./ R$ 39,90
Duo ducacete
Gigantes do instrumental, Gilson Peranzzetta (piano) & Mauro Senise (saxes, flautas) quebram tudo neste belo álbum gravado ao vivo. Entre autorais, versões vívidas para Só Louco (Caymmi), Aqui Ó (Horta, Brandt) e Deixa (Powell, Vinícius). Rico. Gilson Peranzzetta & Mauro Senise / Dois na roda / Fina Flor / R$ 30
Baiano grava Bukowski
O baiano Tony Lopes se arma de iPad com Garage Band musica poemas de Charles Bukowski traduzidas por Fernando Koproski. Entre rugidos e ruídos, estilhaços poéticos. Os Elefantes Elegantes / Os Elefantes Elegantes Mergulham na Poesia Ácida de Charles Bukowski / São Rock - Brechó - Big Bross / R$ 10
Brazucas regravam hermanos
Bela iniciativa do site Scream & Yell, que chamou artistas brasileiros para regravar clássicos do pop latino. Como toda coletânea, há altos e baixos. Da Bahia, temos André LR Mendes com El Fantasma, da banda Árbol (Argentina). Vários artistas / Somos Todos Latinos / Independente / Baixe: screamyell.com.br
Filha de alemão com japonesa, a pianista erudita revelação Alice Sara Ott se junta ao compositor islandês Ólafur Arnalds neste tocante tributo a Chopin. Executado em pianos velhos, aqui o que conta é a emoção e a ambiência. Belo. Ólafur Arnalds & Alice Sara Ott / The Chopin Project / Universal / R$ 26,90
Sobre mitos
Subintitulado Estrutura mítica para escritores, este estudo do roteirista de Hollywood retoma os conceitos do clássico O herói de mil faces (1949), de Joseph Campbell, sobre como todas as grandes histórias já contadas pela humanidade parecem compartilhar da mesma estrutura. Obra de referência, em 3ª edição. A jornada do escritor / Christopher Vogler / Aleph/ 488 p. / R$ 69,90
Excesso de fofura
Com dois álbuns já publicados, a webcomic Como eu realmente..., da cartunista carioca Fernanda Nia, coloca a própria autora (na pele da personagem Niazinha) diante de situações cotidianas contemporâneas, mostrando como é possível ter atitudes mais positivas. Há um excesso de fofura no desenho, mas este é compensado pelo humor e inteligência da moça. Como eu realmente... - Volumes 1 e 2 / Fernanda Nia / Nemo/ 80 p. / R$ 29,90
Na casa do Senhor não existe satanás, xô, satanás!
Um especialista na figura literária do diabo cai na maior fria ao viajar com a filha para Veneza e testemunhar um fenômeno sobrenatural. De arrepiar, este livro foi premiado com o International Thriller Award 2014, sendo apontado como “o filho d’O Código Da Vinci com O Exorcista”. Breve no cinema, em filme de Robert Zemeckis. O Demonologista / Andrew Pyper / DarkSide Books/ 320 p./ R$ 49,90
Marguerite vê Mishima
Em 1970, o consagrado escritor japonês Yukio Mishima cometeu seppuku (suicídio ritual japonês) diante de uma tropa em um quartel de Tóquio. Neste ensaio, a famosa intelectual francesa investiga essa personalidade perturbada e as motivações que o levaram ao ato. Mishima Ou A Visão Do Vazio / Marguerite Yourcenar / Estação Liberdade/ 128 p./ R$ 33
Chá sonoro
Radicado em São Paulo, o cearense Talles Lucena traduz em música sua experiência xamânica com o chá do ayahuasca em cinco faixas longas e viajandonas. Interessante, mas é preciso estar aberto ao “transe” proposto aqui. T4les / A flight into the occult / Brechó DiscoS/ R$ 10
Talento inegável
Surpreendente estreia da pianista e cantora mineira. Em arranjos espartanos, ela desnuda até o osso a beleza de canções de Caymmi, Milton, Tom, Gonzaga e até Björk em interpretações cheias de entrega e paixão. Bravo. Andrea dos Guimarães / Desvelo / Independente - Tratore / R$ 27,90
Bom quinteto local
Liderada pela cantora Sohl, o quinteto A Flauta Vértebra é uma boa surpresa da cena local, com um rock pop acessível e bem feito. A menina se destaca com sua interpretação emocionada e voz forte. A princípio, as letras politizadas soam algo ingênuas, mas pensando bem, talvez elas digam o que precisa ser dito. A Flauta Vértebra / A Flauta Vértebra / Brechó - Big Bross / R$ 10
Mestre das teclas
Mestre do piano bossa samba jazz, pioneiro da gravação independente, Antonio Adolfo solta mais uma coleção de composições autorais de sofisticação absoluta e muito bem acompanhado. Som brasileiro e universal. Antonio Adolfo / Tema / AAM Music / R$ 29
Campestre e moderno
Um brasileiro (Raphael Evangelista, violoncelo) e um argentino (Mauricio Candussi, teclados), formam o duo Finlandia. No quinto álbum, o som é instrumental, campestre e moderno. Boa alquimia sonora multicultural. Finlandia / Mundo Rural / Independente / Baixe: finlandiamusica.com.br
Quem inventou o amor?
Professoras do Departamento de Psicologia da Universidade de Barcelona, as autoras realizam extenso e profundo estudo sobre o amor. Elas defendem que este não é um sentimento isolado, mas um “complexo de sentimentos”. Como construímos universos: Amor, cooperação e conflito / Montserrat M. Marimón e Genoveva S. Vilarrasa / Editora Unesp/ 353 p./ R$ 59
O livro que deu origem a série
Com a volta da franquia ao cinema, Jurassic Park, o romance de Michael Crichton que deu origem à série, volta às livrarias em bela edição da Aleph. A trama é conhecida: após clonar animais pré-históricos, milionário abre um zoológico de dinossauros. Inclui posfácio de Marcelo Hessel (Omelete) e entrevista com o autor. Jurassic Park / Michael Crichton / Aleph/ 528 p./ R$ 49,90
Porres literários em SP
O blogueiro baiano Tarcísio Buenas estreia em livro com uma coletânea de textos publicados em seu blog. Em suas páginas, a nada mole vida de um roqueiro baiano vivendo em São Paulo, entre porres, bandas underground e mulheres. Conheça seu blog, Puro Malte. 18 de Maio, Quanto Tens Por Dizer... / Tarcísio Buenas / Buenas Books / 116 p. / R$ 25 / Vendas: buenasrocks@gmail.com
Sabedoria de veterano
Herói incompreendido da geração considerada brega pela intelectualidade dos anos 1970, Odair José abraça o rock no novo álbum, cuja faixa de abertura já diz a que veio com riffs que parecem ter saído da gaveta de Angus Young. Mais jovem do que muito garotão barbudo por aí. Odair José / Dia 16 / Saravá Discos / R$ 19,90
Back to the future
O carioca Sergio Pi estreia em álbum no ritmo do pop vintage circa 1977 - 83, cheio de texturas AOR que até hoje domina as FMs. A voz é curtinha, mas a produção é de primeira, o clima é alto astral e favorece passinhos de dança. Sergio Pi / Meu pop é black power / Lab 344 / R$ 25,90
Recuerdos de turnê
O senhor Leonard nunca decepciona: neste ao vivo gravado em passagens de som da última turnê, releituras (Field Commander Cohen, Joan of Arc) e duas inéditas lindas: Got a Little Secret e Never Gave Nobody Trouble. Leonard Cohen / Can't Forget: A Souvenir Of The Grand Tour / Sony Music / R$ 24,90
Prodigioso piloto automático
Por mais simpático que se possa ser ao Prodigy, fica difícil não acreditar que a banda até hoje não superou a ressaca pós-sucesso arrasador do LP The Fat of The Land (1996). Este novo álbum é OK (e feroz, claro) mas a sensação de piloto automático persiste. The Prodigy / The Day Is My Enemy / Lab 344 / R$ 29,90
Paraíba punk!
É simplesmente inacreditável o esporro produzido pelo trio paraibano Zefirina Bomba em seu terceiro álbum, de mizerentos nove minutos em nove faixas sangrentas. Eta, punk rock duzinferno. Zefirina Bomba / Hey Hey Mizerasound / Sub Folk - Monstro - Brechó - Big Bross / R$ 10 / Baixe: zefirina.bandcamp.com
Transex mesmo, e daí?
Autor do belíssimo As Virgens Suicidas (depois filme de Sofia Coppola), Jeffrey Eugenides conta neste livro a saga familiar (ao longo de três gerações) e pessoal da garota Calíope, que aos 14 anos se torna menino e passa a se chamar Cal. Premiada com o Pulitzer, esta é sua obra mais aclamada. Middlesex / Jeffrey Eugenides / Companhia das Letras/ 576 p./ R$ 59,90/ E-book: R$ 39,90
Não perca a cabeça
Romance de suspense do gaúcho Leonardo Brasiliense, autor de outros nove livros e duas vezes premiado com o Jabuti. Aqui, narra o caos que toma conta de uma pequena cidade após o sumiço de uma relíquia religiosa. Relíquia esta que surge no quarto de um jovem. Amedrontado, ele a mantém escondida, por não saber como devolvê-la. Decapitados / Leonardo Brasiliense / Benvirá/ 120 p./ R$ 29,90
Recuerdos dos tempos do Led...
O escocês Martin Millar é da escola Nick Hornby: sua literatura é leve, engraçada e recheada de referências ao rock e cultura pop costuradas com habilidade na narrativa. Aqui, ele relembra o show do Led Zeppelin em Glasgow, quando tinha 12 anos. Angústia adolescente e rock n’ roll: uma combinação imbatível até em livro. Suzy, Led Zeppelin e Eu / Martin Millar / Ideal/ 176 p./ R$ 39,90
Duo ducacete
Gigantes do instrumental, Gilson Peranzzetta (piano) & Mauro Senise (saxes, flautas) quebram tudo neste belo álbum gravado ao vivo. Entre autorais, versões vívidas para Só Louco (Caymmi), Aqui Ó (Horta, Brandt) e Deixa (Powell, Vinícius). Rico. Gilson Peranzzetta & Mauro Senise / Dois na roda / Fina Flor / R$ 30
Baiano grava Bukowski
O baiano Tony Lopes se arma de iPad com Garage Band musica poemas de Charles Bukowski traduzidas por Fernando Koproski. Entre rugidos e ruídos, estilhaços poéticos. Os Elefantes Elegantes / Os Elefantes Elegantes Mergulham na Poesia Ácida de Charles Bukowski / São Rock - Brechó - Big Bross / R$ 10
Brazucas regravam hermanos
Bela iniciativa do site Scream & Yell, que chamou artistas brasileiros para regravar clássicos do pop latino. Como toda coletânea, há altos e baixos. Da Bahia, temos André LR Mendes com El Fantasma, da banda Árbol (Argentina). Vários artistas / Somos Todos Latinos / Independente / Baixe: screamyell.com.br
terça-feira, junho 21, 2016
DECLINIUM FAZ SHOW HOJE PARA LANÇAR DOCUMENTÁRIO
Com 16 anos de estrada, a Declinium é, provavelmente, o mais bem guardado segredo do rock baiano.
Fundada em Dias D’ávila e hoje baseada em Camaçari, a banda tem, muito provavelmente, a mais bela voz do rock baiano: o senhor Erivaldo Reis, o popular Oreah.
É possível que, ao ouvi-lo pela primeira vez, o ouvinte mais desavisado pense de cara: “Renato Russo”.
E faz sentido: o vozeirão à Jerry Adriani – grave, profundo, arrepiante –, aliado às guitarras encharcadas de pedal chorus e as levadas soturnas da Declinium podem mesmo levar a uma comparação à Legião Urbana.
Mas seria extremamente injusto reduzi-los a isto. Consistente, a banda já ultrapassou a fase da cópia há muito tempo, criando uma personalidade própria, capaz de ganhar fãs apaixonados.
Um deles é o baixista e videomaker Arthur Caria (leia-se Clipoems), que, em codireção com Fernando UDO e a assistência de Candido Martinez (Estúdio Casarão) e Nuno Nascimento, acaba de lançar no You Tube um documentário com cerca de 15 minutos sobre o quarteto: Marte: Uma ode Audiovisual à Declinium.
Nele, outros fãs ilustres dão depoimentos sobre a banda, como o Doutor em Letras e Linguística Sandro Ornellas e o escritor Lima Trindade (da revista Verbo 21).
"Quando Edvaldo (ex-guitarrista) foi morar um tempo em Curituba, decidimos fazer um EP novo. Fizemos o Marte, que deu certo, teve uma boa aceitação junto à galera. Éramos mais focados no pós-punk mais soturno, aí partimos para uma amplitude maior de referências - dentro do rock inglês - tipo Stone Roses, o lance mais baggy, então nosso som foi mudando um pouco. Isso refletiu bastante na voz. Passei a ouvir mais coisas que não tinha tanto a ver com a banda. Aí conhecemos o Caria, que adorou o trabalho da banda. Ele ouviu o EP e resolveu fazer nosso primeiro clipe pela produtora dele. E escolheu a música Marte e aí aconteceu, rolou", relata Oreah.
Único membro original ainda na banda, ele conta que a atual formação já está há cinco anos na atividade: “Sempre fui o mais persistente. O pessoal foi saindo por que achava que a banda atrapalhava o trabalho e tal”.
Com Oreah (voz e baixo), Edvaldo Filho e Leandro Rodrigues (guitarras) e Ericson França (bateria), a Declinium lançou, em 2014, seu último registro : o arrasador EP Marte, com cinco faixas.
“Vamos gravar outro EP, mas para gravar, a gente mesmo se banca. Só contamos com a distribuição do selo Brechó”, diz Oreah.
Hoje, a Declinium faz show no Dubliner’s com a banda Pancreas, para lançar o documentário de Arthur, que será exibido.
“A música independente da Bahia existe, é forte e tem qualidade. Só falta o grande público, as casas de show e os empresários abrirem os olhos. Muitos ainda enxergam essa cena como se fosse mambembe, mal feita – e não é. Quem está envolvido tem a meta de se tornar cada vez mais profissional”, conclui.
Quanto Vale o Show? com Declinium e Pancreas / Hoje, 20 horas / Dubliner's Irish Pub / pague quanto quiser / www.facebook.com/Declinium.Rock
NUETAS
Pausa junina
Cidade meio vazia, chuva e pausa nos eventos do rock. Por isso, as dicas aqui são para a semana que vem, OK?
Power blues
O power trio Pedrão, Uzeda & Candido toca quinta-feira (29) no Rhoncus Bar, 22 horas.
Indominus, Blessed
No 1º de julho (sexta-feira), as bandas Indominus e Blessed in Fire se apresentam no Taverna. A Indominus é nova, mas formada por veteranos do metal: Ronaldo Pitanga (o vozeirão da banda Síncope), André "McGyver" Poveda (guitarra, da lendária Zona Abissal), Márcio Farias (baixo, ex-Facção) e Ákillas (bateria). 22 horas, R$ 10.
Fundada em Dias D’ávila e hoje baseada em Camaçari, a banda tem, muito provavelmente, a mais bela voz do rock baiano: o senhor Erivaldo Reis, o popular Oreah.
É possível que, ao ouvi-lo pela primeira vez, o ouvinte mais desavisado pense de cara: “Renato Russo”.
E faz sentido: o vozeirão à Jerry Adriani – grave, profundo, arrepiante –, aliado às guitarras encharcadas de pedal chorus e as levadas soturnas da Declinium podem mesmo levar a uma comparação à Legião Urbana.
Mas seria extremamente injusto reduzi-los a isto. Consistente, a banda já ultrapassou a fase da cópia há muito tempo, criando uma personalidade própria, capaz de ganhar fãs apaixonados.
Um deles é o baixista e videomaker Arthur Caria (leia-se Clipoems), que, em codireção com Fernando UDO e a assistência de Candido Martinez (Estúdio Casarão) e Nuno Nascimento, acaba de lançar no You Tube um documentário com cerca de 15 minutos sobre o quarteto: Marte: Uma ode Audiovisual à Declinium.
Nele, outros fãs ilustres dão depoimentos sobre a banda, como o Doutor em Letras e Linguística Sandro Ornellas e o escritor Lima Trindade (da revista Verbo 21).
"Quando Edvaldo (ex-guitarrista) foi morar um tempo em Curituba, decidimos fazer um EP novo. Fizemos o Marte, que deu certo, teve uma boa aceitação junto à galera. Éramos mais focados no pós-punk mais soturno, aí partimos para uma amplitude maior de referências - dentro do rock inglês - tipo Stone Roses, o lance mais baggy, então nosso som foi mudando um pouco. Isso refletiu bastante na voz. Passei a ouvir mais coisas que não tinha tanto a ver com a banda. Aí conhecemos o Caria, que adorou o trabalho da banda. Ele ouviu o EP e resolveu fazer nosso primeiro clipe pela produtora dele. E escolheu a música Marte e aí aconteceu, rolou", relata Oreah.
Único membro original ainda na banda, ele conta que a atual formação já está há cinco anos na atividade: “Sempre fui o mais persistente. O pessoal foi saindo por que achava que a banda atrapalhava o trabalho e tal”.
Com Oreah (voz e baixo), Edvaldo Filho e Leandro Rodrigues (guitarras) e Ericson França (bateria), a Declinium lançou, em 2014, seu último registro : o arrasador EP Marte, com cinco faixas.
“Vamos gravar outro EP, mas para gravar, a gente mesmo se banca. Só contamos com a distribuição do selo Brechó”, diz Oreah.
Hoje, a Declinium faz show no Dubliner’s com a banda Pancreas, para lançar o documentário de Arthur, que será exibido.
“A música independente da Bahia existe, é forte e tem qualidade. Só falta o grande público, as casas de show e os empresários abrirem os olhos. Muitos ainda enxergam essa cena como se fosse mambembe, mal feita – e não é. Quem está envolvido tem a meta de se tornar cada vez mais profissional”, conclui.
Quanto Vale o Show? com Declinium e Pancreas / Hoje, 20 horas / Dubliner's Irish Pub / pague quanto quiser / www.facebook.com/Declinium.Rock
NUETAS
Pausa junina
Cidade meio vazia, chuva e pausa nos eventos do rock. Por isso, as dicas aqui são para a semana que vem, OK?
Power blues
O power trio Pedrão, Uzeda & Candido toca quinta-feira (29) no Rhoncus Bar, 22 horas.
Indominus, Blessed
No 1º de julho (sexta-feira), as bandas Indominus e Blessed in Fire se apresentam no Taverna. A Indominus é nova, mas formada por veteranos do metal: Ronaldo Pitanga (o vozeirão da banda Síncope), André "McGyver" Poveda (guitarra, da lendária Zona Abissal), Márcio Farias (baixo, ex-Facção) e Ákillas (bateria). 22 horas, R$ 10.
quinta-feira, junho 16, 2016
ARTES MARCIAIS E FANTASIA
Estreias: Apesar de baseadas em HQs e com muita porrada, Tartarugas Ninja: Fora das Sombras e Black Butler - O Mordomo de Preto são filmes bem diferentes entre si
Duas extravagantes produções que correm por fora dessas grandes editoras estreiam nas telas, com muita pancadaria: As Tartarugas Ninja: Fora das Sombras e Black Butler - O Mordomo de Preto.
Fora das Sombras é o segundo filme dos quelônios mutantes mestres do ninjutsu, desde que o produtor Michael Bay (que também comanda a série Transformers), assumiu a franquia em 2014.
Já Black Butler é, de fato, uma raridade em telas locais: uma produção japonesa, baseada no mangá homônimo de grande popularidade.
Mas atenção: o filme só entra em cartaz semana que vem (dia 23), e com exclusividade no Cinépolis Bela Vista, dentro do seu Projeto Cinema de Arte.
Jabuti é a mãe
Criadas pela dupla Kevin Eastman e Peter Laird, as Tartarugas Ninjas surgiram nos longínquos anos 1980 como uma paródia das HQs do Demolidor de Frank Miller, com suas hordas de ninjas lutando nas ruas imundas de Hell’s Kitchen.
Sucesso nas HQs, não tardaram em ser levadas à TV e ao cinema. Com isso, sua pegada inicial, mais “suja” e sangrenta, foi suavizada em séries de desenhos animados e filmes (lançados em 1990, 91 e 93) dirigidos ao publico infantil.
Nesta leva mais recente de filmes produzidos pelo megalomaníaco Michael Bay, a abordagem infantilizada continua. Nem uma gota de sangue espirra na tela.
A boa notícia é que há um aparente esforço para dar uma personalidade delineada para cada Tartaruga.
Leonardo, por exemplo, surge como um líder natural, sendo o mais sério e disciplinado do quarteto. Já Donatello (ou Donnie), é o expert em tecnologia. Michelangelo (Mikey) é o adolescente gaiato. E Rafael é o fortão.
Na trama, acompanhamos as Tartarugas e sua aliada na imprensa, a repórter April O’Neill (Megan Fox), às voltas com a ameaça do vilão Destruidor, que voltou à cena e ainda fez um pacto com o conquistador interdimensional Krang, para – claro – conquistar a Terra.
O fan service (prática de dar aos fãs exatamente aquilo que eles esperam) surge no próprio Krang (basicamente um chiclete mastigado com rosto, que vive na barriga de um robô), dos capangas mutantes Bebop (o javali de moicano roxo) e Rocksteady (o rinoceronte) e de Casey Jones, o aliado das Tartarugas que atua com máscara e taco de hóquei.
Com muitas cenas de pancadaria e perseguição por terra, mar (rio, na verdade) e ar, o filme se desenvolve ligeiro como uma refeição completa no fast food de sua preferência: colorido, divertido e sem consistência.
Até aí, tudo bem. Só não as chame de jabutis. Ou Rafael quebra seu nariz.
O mordomo não é culpado
Completamente diferente em estética, ritmo e estilo é Black Butler - O Mordomo de Preto, baseado em um mangá publicado no Brasil pela Panini Comics.
Na verdade, esta produção japonesa chega mesmo a ser sofisticada, em comparação às Tartarugas Ninjas.
Na trama, acompanhamos Sebastian (Hiro Mizushima), um misterioso mordomo cheio de habilidades, cuja missão é servir e proteger a jovem Kiyoharu (Ayame Gôriki), cujos pais foram assassinados na infância, tornando-se herdeira de um império.
Apesar de intrincada, a trama, que ainda engloba tráfico de drogas experimentais, disputas políticas e pactos demoníacos, não chega a ser confusa.
Bem ao estilo narrativo pop japonês, cada detalhe é explicado quase à exaustão.
O que realmente difere este filme do tradicional cinema-pipoca norte-americano é o ritmo da narrativa, que equilibra bem os tempos fortes e calmos, como um bom filme noir.
O visual limpo e sofisticado – incluindo fotografia, figurinos e cenário – é outro atrativo.
As Tartarugas Ninja: Fora das Sombras (Teenage Mutant Ninja Turtles: Out of the Shadows) / Dir.: David Green / Com Megan Fox, Will Arnett, Stephen Amell, Tyler Perry / Cinemark, Cinépolis Shopping Salvador Norte, Cinépolis Bela Vista, Espaço Itaú de Cinema - Glauber Rocha, Orient Shopping Center Lapa, UCI Orient Shopping Barra, UCI Orient Shopping da Bahia, UCI Orient Shopping Paralela / 10 anos
Black Butler - O Mordomo de Preto (Kuroshitsuji) / dir.: Kentaro Ohtani e Keiichi Sato / Com Hiro Mizushima, Ayame Gôriki, Yuku, Masatô Ibu / Cinépolis Bela Vista / 14 anos
Sebastian, o implacável e misterioso mordomo faixa-preta de Black Butler |
Nem só dos filmes da Marvel e DC vivem os fãs de quadrinhos, fantasia e ação.
Duas extravagantes produções que correm por fora dessas grandes editoras estreiam nas telas, com muita pancadaria: As Tartarugas Ninja: Fora das Sombras e Black Butler - O Mordomo de Preto.
Fora das Sombras é o segundo filme dos quelônios mutantes mestres do ninjutsu, desde que o produtor Michael Bay (que também comanda a série Transformers), assumiu a franquia em 2014.
Já Black Butler é, de fato, uma raridade em telas locais: uma produção japonesa, baseada no mangá homônimo de grande popularidade.
Mas atenção: o filme só entra em cartaz semana que vem (dia 23), e com exclusividade no Cinépolis Bela Vista, dentro do seu Projeto Cinema de Arte.
April O'Neill (Megan Fox) passa uma chuva com Mikey, Leo e Rafa |
Criadas pela dupla Kevin Eastman e Peter Laird, as Tartarugas Ninjas surgiram nos longínquos anos 1980 como uma paródia das HQs do Demolidor de Frank Miller, com suas hordas de ninjas lutando nas ruas imundas de Hell’s Kitchen.
Sucesso nas HQs, não tardaram em ser levadas à TV e ao cinema. Com isso, sua pegada inicial, mais “suja” e sangrenta, foi suavizada em séries de desenhos animados e filmes (lançados em 1990, 91 e 93) dirigidos ao publico infantil.
Nesta leva mais recente de filmes produzidos pelo megalomaníaco Michael Bay, a abordagem infantilizada continua. Nem uma gota de sangue espirra na tela.
A boa notícia é que há um aparente esforço para dar uma personalidade delineada para cada Tartaruga.
Bebop, o javali de moicano roxo, burro como uma porta |
Na trama, acompanhamos as Tartarugas e sua aliada na imprensa, a repórter April O’Neill (Megan Fox), às voltas com a ameaça do vilão Destruidor, que voltou à cena e ainda fez um pacto com o conquistador interdimensional Krang, para – claro – conquistar a Terra.
O fan service (prática de dar aos fãs exatamente aquilo que eles esperam) surge no próprio Krang (basicamente um chiclete mastigado com rosto, que vive na barriga de um robô), dos capangas mutantes Bebop (o javali de moicano roxo) e Rocksteady (o rinoceronte) e de Casey Jones, o aliado das Tartarugas que atua com máscara e taco de hóquei.
Com muitas cenas de pancadaria e perseguição por terra, mar (rio, na verdade) e ar, o filme se desenvolve ligeiro como uma refeição completa no fast food de sua preferência: colorido, divertido e sem consistência.
Até aí, tudo bem. Só não as chame de jabutis. Ou Rafael quebra seu nariz.
O mordomo não é culpado
Modelos japoneses, Hiro Mizushima e Ayame Gôriki protagonizam Black Butler |
Na verdade, esta produção japonesa chega mesmo a ser sofisticada, em comparação às Tartarugas Ninjas.
Na trama, acompanhamos Sebastian (Hiro Mizushima), um misterioso mordomo cheio de habilidades, cuja missão é servir e proteger a jovem Kiyoharu (Ayame Gôriki), cujos pais foram assassinados na infância, tornando-se herdeira de um império.
Apesar de intrincada, a trama, que ainda engloba tráfico de drogas experimentais, disputas políticas e pactos demoníacos, não chega a ser confusa.
Bem ao estilo narrativo pop japonês, cada detalhe é explicado quase à exaustão.
O que realmente difere este filme do tradicional cinema-pipoca norte-americano é o ritmo da narrativa, que equilibra bem os tempos fortes e calmos, como um bom filme noir.
O visual limpo e sofisticado – incluindo fotografia, figurinos e cenário – é outro atrativo.
As Tartarugas Ninja: Fora das Sombras (Teenage Mutant Ninja Turtles: Out of the Shadows) / Dir.: David Green / Com Megan Fox, Will Arnett, Stephen Amell, Tyler Perry / Cinemark, Cinépolis Shopping Salvador Norte, Cinépolis Bela Vista, Espaço Itaú de Cinema - Glauber Rocha, Orient Shopping Center Lapa, UCI Orient Shopping Barra, UCI Orient Shopping da Bahia, UCI Orient Shopping Paralela / 10 anos
Black Butler - O Mordomo de Preto (Kuroshitsuji) / dir.: Kentaro Ohtani e Keiichi Sato / Com Hiro Mizushima, Ayame Gôriki, Yuku, Masatô Ibu / Cinépolis Bela Vista / 14 anos
quarta-feira, junho 15, 2016
LIMBO: ROCK E ATIVISMO MADE IN ALAGOINHAS
Limbo, foto Haze Estúdio de Criação |
Notícia nova: Alagoinhas é um dos destaques desta nova cena baiana.
E a banda Limbo, na ponta de lança do movimento cultural da cidade, se apresenta em Salvador neste sábado, dentro da programação (gratuita!) do NHL Festival 6, no Dubliner’s.
Com um EP intitulado Milequatro lançado no ano passado, a Limbo apresenta boas composições em inglês e português de sabor pós-grunge, pesado e psicodélico.
Aluno de Direito em Salvador, Zé Neto (o cabeludo de poncho na foto) responde pelos vocais, guitarra e teclado na banda. Articuladíssimo, ele quase esquece de falar da própria banda para vender a cena cultural de sua cidade como um todo: “Alagoinhas pulsa potencial. Tem muita gente criativa aqui, desde o início da cidade (fundada em 1853 por um padre português)”, diz.
“Aqui tem marcas fortes de arte, é uma cidade muito expressiva”, garante Zé, que do alto dos seus 19 anos, deixa muito roqueiro velho com suas ideias reaças no chinelo.
Rapaziada consciente
Limbo live. Foto Haze |
“Entendemos que o governo deve suprir a necessidade popular de acesso a cultura. Então tentamos viabilizar apresentações gratuitas, até para as pessoas daqui verem que Alagoinhas tem banda de rock, que é possível”, afirma.
“Não precisamos ficar se anulando. As práticas digitais de produção e difusão estão aí, então o que temos feito envolve isso, como a Caminhada Cultural da Cidade. Precisamos nos reconectar com as raízes, parar de olhar pra fora e olhar para Alagoinhas, ver o que temos, porque tem – só que as vezes tá escondido”, diz Zé.
Como o espaço aqui é limitado, não dá para falar de todos os artistas e espaços culturais citados, como o artista plástico Litho Silva, as bandas Inventura e Reggae Zambê, o Let's Go Pub, artista gráfico Antonio Lins, o grafiteiro Pinho Blures, a Casa do Boi Encantado e o coletivo Na Lata Cultural, mas fica o registro.
Formada por Zé, Levi (guitarra), Vagner (baixo), Victor (bateria) e Hiran (backing vocals), a Limbo, garante o artista, está em plena mutação.
“Nas novas músicas, vamos desenvolver uma linguagem nova. Antes vamos soltar um single ainda esse ano, gravado no Irmão Carlos, que vai sair na coletânea Ponto Sonoro, que ele lança em breve”, avisa.
NHL Festival 6 Especial Dia da Música apresenta: My Magical Glowing Lens (ES), SOFT PORN, Van der Vous, Limbo, Zaul, Barrunfo do Samba / Sábado, 19 horas / Dubliners Irish Pub / Grátis
NUETAS
Neto Lobo e Corisco
Neto Lobo & A Cacimba e Capitão Corisco & Bando Virado no Mói de Coentro cantam os maiores compositores nordestino no Projeto Salve Nordeste. Amanhã, 21 horas, Praça Pedro Archanjo, gratuito.
Ayam no Rockambo
O Rockambo de junho traz o incrível Ayam Ubráis Barco, Tabuleiro Musiquim e Gazumba. Sexta, 22 horas, Taverna Music Bar, R$ 15, R$ 10 (lista).
Wander Wildner quinta no Portela
O astro do rock gaúcho Wander Wildner é a atração do evento Quintas Artesanais no Portela Café, nesta quinta-feira. O músico, notabilizado nacionalmente nos anos 1980 à frente da pioneira banda punk Os Replicantes, traz a cidade o show do seu último álbum, Wanclub - Música para dançar Vol. 59. O disco, viabilizado em crowdfunding, é uma coletânea de hits como Um Lugar do Caralho, Eu Tenho Uma Camiseta Escrita Eu Te Amo, Bebendo Vinho e Surfista Calhorda – tudo regravado ao vivo em estúdio, marcando os 20 anos de sua carreira solo. No evento, a casa ainda oferece carta de cervejas artesanais e discotecagem do DJ Big Bross.
segunda-feira, junho 13, 2016
TODAS AS NOTAS PARA LUGUITA
Luciano Souza, lenda do jazz rock brasileiro, morre de insuficiência respiratória e deixa em conclusão o CD de inéditas Alma
Texto de Zezão Castro, fã número 1 e produtor executivo dos seus três últimos álbuns
Quando o programa Jovem Guarda, da TV Record, lançava moda na programação televisiva para o público jovem brasileiro com Roberto, Erasmo e Wanderléa, as demais emissoras davam seus pulos e imitavam o formato.
Um desses êmulos televisivos foi o Programa O Bom, da TV Excelsior, apresentado por Eduardo Araújo e Silvinha. A grade era formada por uma espécie de “time B” da Jovem Guarda.
Desse grupo participavam Os Incríveis, Os Brasas, Sérgio Reis, Enza Flori e também Os Minos, um grupo de garotos que saíram da Bahia com o nome de Os Príncipes do Yé,Yé,Yé e, após o grego Minus Matzas pegá-los para garotos propaganda de sua loja de roupas, (Minos Ports), foi rebatizado em homenagem ao rei de Creta.
Os guris eram Pepeu Gomes (baixo e vocal) 14, Jorginho Gomes (bateria), 11, Ricardo Souza (guitarra base) 12, e Luciano Souza, (guitarra solo) 10.
Foram de Kombi pela Rio-Bahia até São Paulo. Luciano, no dizer de Pepeu Gomes “era o macaquinho da banda”.
Todos engomadinhos e de terno, como Os Beatles, os guris eram atração fixa. E o tal macaquinho, desde 1966, antes de os discos de Jimi Hendrix serem lançados no Brasil, já tocava com a guitarra nas costas desde os tempos de Salvador.
Franzino, parecia ser menor do que o instrumento. Num certo dia, Eduardo Araújo lançou um concurso pra ver quem tocava mais entre todos os grupos do programa. Já eram quinteto após a entrada do solista vocal Leif Ericksson.
Pois bem, Os Incríveis ganharam na primeira edição da “competição” porque Manito, que era saxofonista (multi-instrumentista, na verdade) tocou teclados com o nariz.
O empresário dos Minos, Seo Dilson (pai de Luciano e Ricardo), enérgico que só ele, sempre dizia: “Vocês podem não ser os maiores mas tem que ser os melhores”. Retou-se e emendou, “Luciano, na próxima semana você vai tocar com o pé”.
Quando foi na outra semana, após as narigadas dos Incríveis, o guri de 10 anos colocou a guitarra virada pra cima apoiada num cavalete, a banda atacou e ele, com um pé, deslizava a sola da bota (revestida com uma chapa de ferro), no braço do instrumento. Com a mão direita, paletava na parte debaixo, perto dos captadores.
Desbancaram Os Incríveis.
Falecido ao dar entrada no Hospital Geral do Estado no último dia 7 de junho devido à insuficiência respiratória provocada por enfisema pulmonar, Luciano Mário Soares Souza, o Luguita, já poderia ter parado aí.
Ainda bem que não parou e foi até os 58 anos.
Conhecido por ser o músico dos músicos, esta lenda do jazz rock brasileiro ganhou de Luis Vagner (Os Brasas), já nos anos 70, o citado apelido de Luguita, de Luciano + guitarra. E era verdade. Eu o vi pela primeira vez em 1995, na Jam do Mam.
Fiquei chocado.
A sensação era a de que, se o braço da guitarra medisse 1 km² ele tocaria em todas as notas do perímetro. De quebra, Dom Lula Nascimento na bateria.
Eu fazia questão de, toda vez que ele estava gravando os dois CDs que produzi, (Virtuose, de 2008 e Olhando o Acordar da Esperança, de 2013) sentar-me no chão do estúdio Casa das Máquinas, de Tadeu, para ser bombardeado pela radiação.
Sem essa de sala de isolamento.
Adolescente, de 13 anos, trabalhava num banco no Comércio, em Salvador, quando viu pela vidraça a trupe dos Novos Baianos.
O ex-companheiro Pepeu, uma menina com o espelho na testa, além de outros magrelos cabeludos. A galera olhou pra o “jovem-futuro-quase-bancário” e começaram a fazer gestos, chamando pra rua e tocando guitarras imaginárias, sugerindo que ali jamais seria o seu lugar.
Às vezes ele e o irmão Ricardo ficavam cada um com sua guitarra Snake, imitando carros de fórmula 1 se ultrapassando, controlando e descontrolando a microfonia em paletadas esquizóides para descabelamento da mãe, dona Nair, responsável por segurar muitas ondas do filho até o fim da vida do músico.
Em 1972, ele passou a integrar o power trio de rock progressivo baiano Creme, com Jaime Sodré (bateria) e Moisés Gabrielli (baixo e vocal). Entrou substituindo Perinho Santana que tinha ido tocar com Luiz Melodia.
Após sair do Creme, em 1975, Luciano vai aventurar em Sampa e Eduardo Araújo, que empregava Os Minos no passado, o convida para tocar guitarra com ele e a esposa Sylvinha em sua nova banda, que contava também com Lanny Gordin.
Seu exame de ingresso na banda foi ouvir as bases do LP Sou Filho Deste Chão, de Eduardo Araújo e Sylvinha e, na mesma hora, colar a guitarra.
Coisa pouca sempre foi bobagem...
Nessa época, Piska, do Casa das Máquinas o viu tocar e, simplesmente lhe deu a guitarra Royer de dois braços que tinha sido de Steve Hackett, do Gênesis.
Em 1977, passa a integrar o conjunto de rock Som Nosso de Cada Dia, onde imprimiu mais brasilidade ao progressivismo do grupo paulistano fundado por Manito (ex-Os Incríveis) Pedrão Baudanza (baixo) Pedrinho (bateria) e outros.
Era um tempo em que os caras tomavam ácido lisérgico até pra gripe.
“Eu sou da geração do ácido, Zé, esse pessoal de hoje só toma porcaria e fuma cocô de cavalo”, desabafava.
No início dos 1980, passa a integrar a banda de Baby Consuelo e de Pepeu Gomes, excursionando pelo Brasil e Europa.
No mesmo ano, integra na qualidade de convidado especial do 1º Festival Instrumental da Bahia onde toca com o pianista de jazz Jeff Gardner.
Discreto, sem estrelismos, Luciano (o Baby) era sideral. Conseguia, ainda, ser melhor pessoa do que
músico. Pra tocar com Luciano só Lula Nascimento, costumavam dizer os músicos.
Quando pude juntá-los em CD, no Virtuose, em 2008, (com Didi Gomes!!) eu próprio pensei, que, se um raio me fulminasse naquele momento, eu morreria feliz.
O guitarrista deixou também gravado o CD Alma, que está em fase de conclusão, mas ainda sem data para lançamento.
Da próxima vez que uma sonda partir pro fim de linha do universo com lembrancinhas da Terra vou solicitar à Nasa para colocar seus CDs no balaio com a seguinte mensagem: Quando superarem isso, apareçam (e tragam a seda).
DISCOGRAFIA DE LUCIANO SOUZA
Trabalhos Autorais
CD – Virtuose – Projeto contemplado pelo Fundo de Cultura 2008, da Secretaria
Estadual de Cultura.
CD – Olhando o Acordar da Esperança – Projeto contemplado pelo Edital de Demandas
Espontâneas 2013 da Secretaria Estadual de Cultura.
Com Os Minos
Compacto Vem meu bem/ Fingindo me amar
Compacto Febre de Minos /Menina. Copacabana, 1967.
Com o Som Nosso de Cada Dia
Compacto Black Rio / Identificação, CBS, 1978.
Como músico acompanhante
Arnaud Rodrigues – LP Som do Paulinho, Som Livre, 1976.
Eduardo Araújo e Sylvinha – Sou Filho Desse Chão, Beverly, 1976.
Roze – LP Acorde, Chantecler, 1979.
Projeto Pixinguinha, Governo do Estado da Bahia – 1981.
CD Trilhas Urbanas – Antologia Musical da Cidade do Salvador, (com o Jazz Rock
Quartet), Fundação Gregório de Mattos, 2007. Coletânea de Artistas.
Texto de Zezão Castro, fã número 1 e produtor executivo dos seus três últimos álbuns
Luciano e sua melhor amiga, em foto de Nancy Viegas |
Um desses êmulos televisivos foi o Programa O Bom, da TV Excelsior, apresentado por Eduardo Araújo e Silvinha. A grade era formada por uma espécie de “time B” da Jovem Guarda.
Desse grupo participavam Os Incríveis, Os Brasas, Sérgio Reis, Enza Flori e também Os Minos, um grupo de garotos que saíram da Bahia com o nome de Os Príncipes do Yé,Yé,Yé e, após o grego Minus Matzas pegá-los para garotos propaganda de sua loja de roupas, (Minos Ports), foi rebatizado em homenagem ao rei de Creta.
Os guris eram Pepeu Gomes (baixo e vocal) 14, Jorginho Gomes (bateria), 11, Ricardo Souza (guitarra base) 12, e Luciano Souza, (guitarra solo) 10.
Foram de Kombi pela Rio-Bahia até São Paulo. Luciano, no dizer de Pepeu Gomes “era o macaquinho da banda”.
Todos engomadinhos e de terno, como Os Beatles, os guris eram atração fixa. E o tal macaquinho, desde 1966, antes de os discos de Jimi Hendrix serem lançados no Brasil, já tocava com a guitarra nas costas desde os tempos de Salvador.
Franzino, parecia ser menor do que o instrumento. Num certo dia, Eduardo Araújo lançou um concurso pra ver quem tocava mais entre todos os grupos do programa. Já eram quinteto após a entrada do solista vocal Leif Ericksson.
Pois bem, Os Incríveis ganharam na primeira edição da “competição” porque Manito, que era saxofonista (multi-instrumentista, na verdade) tocou teclados com o nariz.
O empresário dos Minos, Seo Dilson (pai de Luciano e Ricardo), enérgico que só ele, sempre dizia: “Vocês podem não ser os maiores mas tem que ser os melhores”. Retou-se e emendou, “Luciano, na próxima semana você vai tocar com o pé”.
Quando foi na outra semana, após as narigadas dos Incríveis, o guri de 10 anos colocou a guitarra virada pra cima apoiada num cavalete, a banda atacou e ele, com um pé, deslizava a sola da bota (revestida com uma chapa de ferro), no braço do instrumento. Com a mão direita, paletava na parte debaixo, perto dos captadores.
Desbancaram Os Incríveis.
Falecido ao dar entrada no Hospital Geral do Estado no último dia 7 de junho devido à insuficiência respiratória provocada por enfisema pulmonar, Luciano Mário Soares Souza, o Luguita, já poderia ter parado aí.
Ainda bem que não parou e foi até os 58 anos.
Conhecido por ser o músico dos músicos, esta lenda do jazz rock brasileiro ganhou de Luis Vagner (Os Brasas), já nos anos 70, o citado apelido de Luguita, de Luciano + guitarra. E era verdade. Eu o vi pela primeira vez em 1995, na Jam do Mam.
Fiquei chocado.
A sensação era a de que, se o braço da guitarra medisse 1 km² ele tocaria em todas as notas do perímetro. De quebra, Dom Lula Nascimento na bateria.
Eu fazia questão de, toda vez que ele estava gravando os dois CDs que produzi, (Virtuose, de 2008 e Olhando o Acordar da Esperança, de 2013) sentar-me no chão do estúdio Casa das Máquinas, de Tadeu, para ser bombardeado pela radiação.
Sem essa de sala de isolamento.
Adolescente, de 13 anos, trabalhava num banco no Comércio, em Salvador, quando viu pela vidraça a trupe dos Novos Baianos.
O ex-companheiro Pepeu, uma menina com o espelho na testa, além de outros magrelos cabeludos. A galera olhou pra o “jovem-futuro-quase-bancário” e começaram a fazer gestos, chamando pra rua e tocando guitarras imaginárias, sugerindo que ali jamais seria o seu lugar.
Às vezes ele e o irmão Ricardo ficavam cada um com sua guitarra Snake, imitando carros de fórmula 1 se ultrapassando, controlando e descontrolando a microfonia em paletadas esquizóides para descabelamento da mãe, dona Nair, responsável por segurar muitas ondas do filho até o fim da vida do músico.
Em 1972, ele passou a integrar o power trio de rock progressivo baiano Creme, com Jaime Sodré (bateria) e Moisés Gabrielli (baixo e vocal). Entrou substituindo Perinho Santana que tinha ido tocar com Luiz Melodia.
Após sair do Creme, em 1975, Luciano vai aventurar em Sampa e Eduardo Araújo, que empregava Os Minos no passado, o convida para tocar guitarra com ele e a esposa Sylvinha em sua nova banda, que contava também com Lanny Gordin.
Seu exame de ingresso na banda foi ouvir as bases do LP Sou Filho Deste Chão, de Eduardo Araújo e Sylvinha e, na mesma hora, colar a guitarra.
Coisa pouca sempre foi bobagem...
Nessa época, Piska, do Casa das Máquinas o viu tocar e, simplesmente lhe deu a guitarra Royer de dois braços que tinha sido de Steve Hackett, do Gênesis.
Em 1977, passa a integrar o conjunto de rock Som Nosso de Cada Dia, onde imprimiu mais brasilidade ao progressivismo do grupo paulistano fundado por Manito (ex-Os Incríveis) Pedrão Baudanza (baixo) Pedrinho (bateria) e outros.
Era um tempo em que os caras tomavam ácido lisérgico até pra gripe.
“Eu sou da geração do ácido, Zé, esse pessoal de hoje só toma porcaria e fuma cocô de cavalo”, desabafava.
No início dos 1980, passa a integrar a banda de Baby Consuelo e de Pepeu Gomes, excursionando pelo Brasil e Europa.
No mesmo ano, integra na qualidade de convidado especial do 1º Festival Instrumental da Bahia onde toca com o pianista de jazz Jeff Gardner.
Discreto, sem estrelismos, Luciano (o Baby) era sideral. Conseguia, ainda, ser melhor pessoa do que
músico. Pra tocar com Luciano só Lula Nascimento, costumavam dizer os músicos.
Quando pude juntá-los em CD, no Virtuose, em 2008, (com Didi Gomes!!) eu próprio pensei, que, se um raio me fulminasse naquele momento, eu morreria feliz.
O guitarrista deixou também gravado o CD Alma, que está em fase de conclusão, mas ainda sem data para lançamento.
Da próxima vez que uma sonda partir pro fim de linha do universo com lembrancinhas da Terra vou solicitar à Nasa para colocar seus CDs no balaio com a seguinte mensagem: Quando superarem isso, apareçam (e tragam a seda).
DISCOGRAFIA DE LUCIANO SOUZA
Trabalhos Autorais
CD – Virtuose – Projeto contemplado pelo Fundo de Cultura 2008, da Secretaria
Estadual de Cultura.
CD – Olhando o Acordar da Esperança – Projeto contemplado pelo Edital de Demandas
Espontâneas 2013 da Secretaria Estadual de Cultura.
Com Os Minos
Compacto Vem meu bem/ Fingindo me amar
Compacto Febre de Minos /Menina. Copacabana, 1967.
Com o Som Nosso de Cada Dia
Compacto Black Rio / Identificação, CBS, 1978.
Como músico acompanhante
Arnaud Rodrigues – LP Som do Paulinho, Som Livre, 1976.
Eduardo Araújo e Sylvinha – Sou Filho Desse Chão, Beverly, 1976.
Roze – LP Acorde, Chantecler, 1979.
Projeto Pixinguinha, Governo do Estado da Bahia – 1981.
CD Trilhas Urbanas – Antologia Musical da Cidade do Salvador, (com o Jazz Rock
Quartet), Fundação Gregório de Mattos, 2007. Coletânea de Artistas.
sábado, junho 11, 2016
ACHOU POUCO? ENTÃO TOMA MAIS MICRO-RESENHAS
Cabra psicodélico da peste
B&S pós-hype
A trupe indie escocesa que foi modinha há uns 15 anos segue ativa e chega ao nono LP fora da zona de conforto (indie folk fofo), investindo em faixas dance como The Party Line. Um álbum interessante de uma banda madura. Belle And Sebastian / Girls in Peacetime Want to Dance / Lab 344 / R$ 29,90
Leva pra igreja
Fenômeno do You Tube com o hit Take Me To Church (bela canção, de fato), o irlandês Andrew Hozier-Byrne lança seu primeiro álbum, disposto a não ser cantor de um único sucesso. E estreia bem, com um LP consistente, climático, adequado ao seu vozeirão. Hozier / Hozier / Universal / R$ 27,90
Seresta brasuca
O paulista Roberto Seresteiro apresenta aqui profunda e bela pesquisa da seresta brasileira, recuperando canções pouco conhecidas de Silvio Caldas, Mario Lago, Noel Rosa, João de Barro e outros. Muito brasileiro e bonito. Roberto Seresteiro / Cordiais Saudações / Por do Som / R$ 24,90
Melhor impossível
A banda carioca Matanza faz a linha Ramones / Motorhead: nunca muda. O que é legal e fideliza os fãs. No novo álbum, mais algumas daquelas adoráveis crônicas de crime e ódio embaladas em hardcore acelerado. Abra uma cerveja. Matanza / Pior cenário possível / Deck / R$ 24,90
Anarquia com arte
Anarquista notório, anti-igreja, anti-establishment etc, o italiano Fo tem aqui um de seus trabalhos mais importantes. Baseado em evangelhos apócrifos e contos medievais, apoiado na tradição da commedia dell’arte, Mistero Buffo faz graça da miséria humana, sempre explorada pelos poderosos e pela religião. Mistero Buffo / Dario Fo / SESI-SP Editora/ 120 p./ R$ 34,90
Só no Brasil essa raça desgraçada não é julgada
Nobel de Literatura em 2002, o húngaro Kertész sobreviveu primeiro a Auschwitz e depois à URSS, que dominou seu país no pós-guerra. Aqui, ele assume a persona de Martinez, torturador de um regime político ditatorial sul-americano, narrando suas memórias em primeira pessoa. História policial / Imre Kertész / Tordesilhas/ 120 p./ R$ 27,50/ E-book: R$ 19,50
Sobe!
O gênio de Arthur C. Clarke (2001: Uma Odisseia no Espaço) narra neste livro, publicado em 1979, a saga de um engenheiro visionário que quer construir um elevador da Terra até o espaço. Dois milênios antes, um chefe tribal em uma ilha exige de seus súditos a construção de um palácio no topo de um rochedo. O que um tem a ver com o outro? As fontes do paraíso / Arthur C. Clarke / Aleph / 352 p./ R$ 39,90
Uma dúzia de Doutores
Alienígena imortal que trafega pelo tempo e espaço, o Doutor já teve 12 encarnações terrestres ao longo das décadas em que seu seriado tem sido exibido pela BBC (TV Cultura no Brasil). Aqui, doze autores criam contos para cada Doutor. Boa introdução para novatos. Doctor Who: 12 doutores, 12 histórias / Vários autores / Rocco/ 480 p./ R$ 48/ E-book: R$ 29,50
Debatendo e andando
Considerado um renovador da prosa portuguesa, Almeida Garret (1799-1854) conta aqui a jornada de Carlos, um jovem liberal ao Vale do Santarém. No percurso, muita discussão política entre o protagonista e Frei Dinis, representante do velho absolutismo. A nata da língua portuguesa. Viagens na minha Terra / Almeida Garrett / L&PM/ 256 p./ R$ 16,90/ E-book: R$ 5
Kid Obi-Wan
Nos vinte anos que separam os episódios 3 e 4 da saga Star Wars, o mestre Jedi Obi Wan Kenobi viveu no planeta Tatooine, onde acompanhou, de longe, o crescimento de Luke Skywalker. Aqui, tudo o que ele viveu nesse período em um romance de estilo western, com o Jedi tirando onda de cowboy, tipo pistoleiro solitário. Star Wars - Kenobi / John Jackson Miller / Aleph/ 528 p./ R$ 39,90
Rumo ao desconhecido
Lisboa, 1553. Um dia antes de embarcarem em uma nau para o Brasil, o jovem noviço José de Anchieta conta para o menino Joaquim a saga dos europeus que se lançaram ao mar ávidos pela descoberta de novas terras e riquezas. Uma bela HQ de cunho educativo que não é chata. Descobrindo um Novo Mundo / Lillo Parra, Rogê Antônio e Akira Sanoki / Nemo/ 64 p./ R$ 42
Moderno há 90 anos
Escrito há quase 100 anos (1926), este tratado do filósofo inglês ainda hoje soa avançado ao fazer a defesa do ensino universal para meninas e meninos, além de debater a dualidade entre a educação do caráter e a educação para o conhecimento. Educação sexual e castigo físico também são temas aqui. Sobre a educação/ Bertrand Russell / Ed. Unesp/ 268 p./ R$ 38
Novas aventuras estéticas do menino Ronei
Estreia em EP do duo Ronei Jorge e João Meirelles, com cinco faixas e belo projeto gráfico de Lia Cunha. No som, canções de acento tropical desnudadas em arranjos mínimos, meio áridos. É cabeça – desejando ser coração. Tropical Selvagem / Idem / Independente / Preço não divulgado
Vigor amazonense
Boa estreia da banda amazonense Alaidenegão, que pratica uma mistura envenenada de rock e ritmos brasileiros. Diferente de boa parte da produção nortista recente, esta não é só bat-macumba pra turista. Som vigoroso e suingado. Alaídenegão / Senoide sensual / Deck / R$ 24,90
Careqa canta Waits
O adorável cabaré decadente de Tom Waits ganha releitura a altura com as versões brasileiras do prolífico Carlos Careqa. Na verdade, já é o segundo tributo do cantor ao mestre, mas parece a primeira vez, tamanho o frescor da sua abordagem. Carlos Careqa / Por um Pouco de Veneno: Carlos Careqa canta Tom Waits / Barbearia Espiritual Discos / R$ 30 (via Facebook)
Clássico absoluto da psicodelia nordestina, o LP de estreia (1974) da banda pernambucana Ave Sangria foi relançado em CD e LP com álbum ao vivo gravado no mesmo ano. Um barato, bicho! Ave Sangria / Ave Sangria e Perfumes Y Baratchos / Ripohlandya / CD: R$ 25 (cada) / LP: R$ 80 (Cada)
B&S pós-hype
A trupe indie escocesa que foi modinha há uns 15 anos segue ativa e chega ao nono LP fora da zona de conforto (indie folk fofo), investindo em faixas dance como The Party Line. Um álbum interessante de uma banda madura. Belle And Sebastian / Girls in Peacetime Want to Dance / Lab 344 / R$ 29,90
Leva pra igreja
Fenômeno do You Tube com o hit Take Me To Church (bela canção, de fato), o irlandês Andrew Hozier-Byrne lança seu primeiro álbum, disposto a não ser cantor de um único sucesso. E estreia bem, com um LP consistente, climático, adequado ao seu vozeirão. Hozier / Hozier / Universal / R$ 27,90
O paulista Roberto Seresteiro apresenta aqui profunda e bela pesquisa da seresta brasileira, recuperando canções pouco conhecidas de Silvio Caldas, Mario Lago, Noel Rosa, João de Barro e outros. Muito brasileiro e bonito. Roberto Seresteiro / Cordiais Saudações / Por do Som / R$ 24,90
Melhor impossível
A banda carioca Matanza faz a linha Ramones / Motorhead: nunca muda. O que é legal e fideliza os fãs. No novo álbum, mais algumas daquelas adoráveis crônicas de crime e ódio embaladas em hardcore acelerado. Abra uma cerveja. Matanza / Pior cenário possível / Deck / R$ 24,90
Anarquia com arte
Anarquista notório, anti-igreja, anti-establishment etc, o italiano Fo tem aqui um de seus trabalhos mais importantes. Baseado em evangelhos apócrifos e contos medievais, apoiado na tradição da commedia dell’arte, Mistero Buffo faz graça da miséria humana, sempre explorada pelos poderosos e pela religião. Mistero Buffo / Dario Fo / SESI-SP Editora/ 120 p./ R$ 34,90
Só no Brasil essa raça desgraçada não é julgada
Nobel de Literatura em 2002, o húngaro Kertész sobreviveu primeiro a Auschwitz e depois à URSS, que dominou seu país no pós-guerra. Aqui, ele assume a persona de Martinez, torturador de um regime político ditatorial sul-americano, narrando suas memórias em primeira pessoa. História policial / Imre Kertész / Tordesilhas/ 120 p./ R$ 27,50/ E-book: R$ 19,50
Sobe!
O gênio de Arthur C. Clarke (2001: Uma Odisseia no Espaço) narra neste livro, publicado em 1979, a saga de um engenheiro visionário que quer construir um elevador da Terra até o espaço. Dois milênios antes, um chefe tribal em uma ilha exige de seus súditos a construção de um palácio no topo de um rochedo. O que um tem a ver com o outro? As fontes do paraíso / Arthur C. Clarke / Aleph / 352 p./ R$ 39,90
Uma dúzia de Doutores
Alienígena imortal que trafega pelo tempo e espaço, o Doutor já teve 12 encarnações terrestres ao longo das décadas em que seu seriado tem sido exibido pela BBC (TV Cultura no Brasil). Aqui, doze autores criam contos para cada Doutor. Boa introdução para novatos. Doctor Who: 12 doutores, 12 histórias / Vários autores / Rocco/ 480 p./ R$ 48/ E-book: R$ 29,50
Debatendo e andando
Considerado um renovador da prosa portuguesa, Almeida Garret (1799-1854) conta aqui a jornada de Carlos, um jovem liberal ao Vale do Santarém. No percurso, muita discussão política entre o protagonista e Frei Dinis, representante do velho absolutismo. A nata da língua portuguesa. Viagens na minha Terra / Almeida Garrett / L&PM/ 256 p./ R$ 16,90/ E-book: R$ 5
Kid Obi-Wan
Nos vinte anos que separam os episódios 3 e 4 da saga Star Wars, o mestre Jedi Obi Wan Kenobi viveu no planeta Tatooine, onde acompanhou, de longe, o crescimento de Luke Skywalker. Aqui, tudo o que ele viveu nesse período em um romance de estilo western, com o Jedi tirando onda de cowboy, tipo pistoleiro solitário. Star Wars - Kenobi / John Jackson Miller / Aleph/ 528 p./ R$ 39,90
Rumo ao desconhecido
Lisboa, 1553. Um dia antes de embarcarem em uma nau para o Brasil, o jovem noviço José de Anchieta conta para o menino Joaquim a saga dos europeus que se lançaram ao mar ávidos pela descoberta de novas terras e riquezas. Uma bela HQ de cunho educativo que não é chata. Descobrindo um Novo Mundo / Lillo Parra, Rogê Antônio e Akira Sanoki / Nemo/ 64 p./ R$ 42
Moderno há 90 anos
Escrito há quase 100 anos (1926), este tratado do filósofo inglês ainda hoje soa avançado ao fazer a defesa do ensino universal para meninas e meninos, além de debater a dualidade entre a educação do caráter e a educação para o conhecimento. Educação sexual e castigo físico também são temas aqui. Sobre a educação/ Bertrand Russell / Ed. Unesp/ 268 p./ R$ 38
Novas aventuras estéticas do menino Ronei
Estreia em EP do duo Ronei Jorge e João Meirelles, com cinco faixas e belo projeto gráfico de Lia Cunha. No som, canções de acento tropical desnudadas em arranjos mínimos, meio áridos. É cabeça – desejando ser coração. Tropical Selvagem / Idem / Independente / Preço não divulgado
Vigor amazonense
Boa estreia da banda amazonense Alaidenegão, que pratica uma mistura envenenada de rock e ritmos brasileiros. Diferente de boa parte da produção nortista recente, esta não é só bat-macumba pra turista. Som vigoroso e suingado. Alaídenegão / Senoide sensual / Deck / R$ 24,90
Careqa canta Waits
O adorável cabaré decadente de Tom Waits ganha releitura a altura com as versões brasileiras do prolífico Carlos Careqa. Na verdade, já é o segundo tributo do cantor ao mestre, mas parece a primeira vez, tamanho o frescor da sua abordagem. Carlos Careqa / Por um Pouco de Veneno: Carlos Careqa canta Tom Waits / Barbearia Espiritual Discos / R$ 30 (via Facebook)
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