quinta-feira, outubro 30, 2014

DRUIDA WIRELESS

Em Vira-Lata na Via Láctea, Tom Zé vem com CD sem tema e cheio de novidades

Tom Zé faz concha com a mão para te ouvir melhor. Foto: André Conti
Em seu mais recente códice, o druida de Irará conjurou visões do futuro em sua bola de cristal wireless e previu que o porvir da Geração Y não vai ser muito diferente do da Geração Z, da Geração Saúde, da Geração Coca-Cola e muito menos do da Geração das Utopias.

“Daqui a alguns anos / vamos ter de governar, infelizmente governar / Oh, e os nossos ideais, ai, quem diria / no mesmo camburão da burguesia / Uma renca de parentes atender / nos ritos e delitos do poder / Puta, que tragédia / desaba sobre nós! / logo depois que a ilusão tem voz”, recita um melancólico e sardônico Tom Zé logo na faixa de abertura do seu novo álbum, Vira lata na Via Láctea.

“Este é meu primeiro disco, desde 1976, que sai sem um tema central. São várias músicas sobre assuntos diferentes em cada uma”, conta Tom Zé, por telefone, de São Paulo.

“No caso da faixa Geração Y, eu tive uma tendência imediata de simpatizar com ela por que voltaram a dar atenção a ética. A última vez que ouvi falar em ética foi na minha infância em Irará”, afirma.

“Imagine a tarefa dessas criaturas quando forem chamadas a governar. Isso me inspirou no refrão como se fosse uma tragédia, por que se vai entrar num campo de trabalho onde a ética é chutada para escanteio, que é a política”, observa Tom Zé.



Milton e Caetano

Com lançamento on line (via iTunes) marcado para hoje anteontem, Vira lata na Via Láctea terá sua versão em CD chegando às lojas no fim desta semana, início da semana que vem.

Inspirado (e quando ele não o foi?), o artista volta seu olhar crítico, irônico e poético em várias direções: Esquerda, Grana e Direita (autoexplicativa), a mídia impressa (Banca de Jornal, parceria com Criolo), a usura (Mamon), Irará (duas faixas: Guga na Lavagem e Irará Irá Lá), patrulha ideológica (Papa Perdoa) e até para o próprio umbigo (A Boca da Cabeça), entre outros temas.

Este também deve ser o álbum de Tom Zé com o maior número de parcerias e participações.

Além de Criolo, outros nomes significativos da atual nova MPB comparecem, como as bandas O Terno, Trupe Chá de Boldo e Filarmônica da Pasárgada, os músicos SILVA, Kiko Dinucci (Metá Metá) e Daniel Maia.

Mas surpresa mesmo é ouvir Tom Zé cantando em dueto com Milton Nascimento (em Pour Elis, homenagem a Elis Regina) e Caetano Veloso (Pequena Suburbana).

“Fiz essa letra em 1987, a partir de uma carta que Fernando Faro escreveu para um vídeo do aniversário de morte da Elis. Quando li, eu ‘puxa, isso tá tão bem escrito’! Comecei a cantar de brincadeira e fiz uma música dando mais importância a melodia, coisa que nem sempre eu faço. Quando Marcus Preto (jornalista, atualmente produzindo a biografia de Tom Zé) viu, disse ‘isso é a cara do Milton. Milton gostou e gravou”, relata o músico.

Já Caetano, sobre quem pesavam acusações de ter “abandonado” o iraraense durante o ostracismo que este viveu após a Tropicália, Tom Zé faz questão de desfazer a noção.

“Nunca teve abandono. Cada pessoa estava do seu lado, se virando com seus problemas. Não é possível ninguém carregar ninguém no colo. Tem um ditado que é assim: ‘Se uma pessoa estiver se afogando e a outra quiser salvar, morrem os dois’”, afirma.

“A verdade é que ele e Gilberto Gil fizeram, com o Tropicalismo, o campo artístico mais profícuo do movimento. A música acabou sendo a estrela principal do Tropicalismo. Isso se deve a ele e ao Gil, os quais,  quer queira, quer não, são pessoas que podem ser chamadas de gênios”, diz.

Mesmo sem tema específico, é a política que está no centro de Vira Lata na Via Láctea. Em Esquerda, Grana e Direita, ele cita Paulo Freire: “Quando o trabalhador cresce na sociedade e tem oportunidade de ser protagonista da História – ele pratica o método do opressor porque foi o único método que aprendeu; então, ele só sabe agir como o opressor”.

Seria este um recado com destinatário certo, Tom Zé?

"Bom, o Paulo Freire é um dos fundadores do PT e sim, realmente o PT está incluído naquela frase. Quando o operário se torna o personagem central da história da nação, ele começa a agir como opressor,  por que foi o único método que ele aprendeu. E se você exigir mais do PT, é normal ficar decepcionado, tem que se conformar com essa modificação que o Paulo tinha previsto", despista o esperto.

Neste fim de semana, Tom Zé faz o show de lançamento do álbum no Sesc Vila Mariana.

Salvador? “Espero os empresários da cidade me chamarem. Já tem alguma conversa, mas ninguém acertou nada ainda. Sei que meus três últimos shows na Concha Acústica foram lotados. Sério, nunca imaginei isso”, ri o artista.

Tom Zé / Vira lata na Via Láctea / Pommela / R$ 24,90



terça-feira, outubro 28, 2014

SANITÁRIO SEXY LANÇA PRIMEIRO CD VELOZ, PESADO E SACANA

Sanitário Sexy, rapaziada endiabrada de Juazeiro. Foto: Bruce Wagner
Ano passado eles estiveram aqui representando Juazeiro e o norte do estado em uma leva de colunas abordando bandas de rock do interior da Bahia.

Agora eles voltam, lançando Metáfora, seu primeiro álbum cheio, gravado durante  retiro de uma semana em um sítio.

Senhoras e senhores, o power trio mais veloz, sujo, sacana e rock ‘n’ roll da Bahia: Sanitário Sexy.

Caceteiro, muito bem gravado e executado, mixado por Chuck Hipólitho (Vespas Mandarinas), o CD do Sanitário terá show de lançamento em Juazeiro  sexta-feira, dentro do projeto mensal A Praça Convida.

“Gravamos tudo em julho último”, conta Armando Rafael (voz e guitarra).

“Conseguimos o sítio de um amigo, levamos o Iago Guimarães (técnico de som) e ficamos lá uma semana. Foi um meio de concentrar e tentar produzir de forma que o ambiente influenciasse de alguma forma”, conta.

O álbum foi viabilizado junto aos amigos e fãs do trio, que colaboraram no crowdfunding via Catarse.

“Foi uma correria danada, desde a gravação até agora. E a edição física só chega da fábrica em dezembro. Mas valeu, o disco mal saiu na internet e um monte de gente já enviou elogios”, afirma.

Ska com sanfona

Agora, só por que o Sanitário tem uma abordagem estritamente rock ‘n’ roll, isso não quer dizer que eles também não valorizem suas origens.

A faixa Não Valho Nada é um ska envenenado pela sanfona nervosa de Filas Souza.

“Ele é daqui da região e toca forró. É um cara de vinte e poucos anos, amigão de Lucas (Aquino, baixista). O cara foi lá e gravou a parte dele do jeito que ele quis. Deixamos a criação rolar livre”, conta.

“Essa música inclusive vai ser nosso primeiro clipe. Foi gravado lá mesmo no sítio e sai em dezembro, com direção de Rodrigo Pezão”, acrescenta.

Agora quem se perguntou como uma banda estreante lá de Juazeiro conseguiu que Chuck Hipólitho, de São Paulo, mixasse seu CD, a resposta é simples: moral.

“Mandamos um email e, para nossa surpresa, ele já nos conhecia. Ele disse: mande que eu faço’. Em poucos dias ele já tinha a master pronta e elogiou bastante. Foi uma ideia de última hora que deu certo”, conta.

Em janeiro, Armando, Lucas e Victor Flores (bateria) partem para shows pela Bahia e Nordeste.

“Em Salvador tocamos em janeiro. Iniciamos agora a tour do CD”, conclui Armando.

Ouça, baixe: www.sanitariosexy.com.br



NUETAS

Carnaval das trevas

Separem suas cruzes, patuás e dentes de alho. Na sexta-feira, as criaturas do além invadirão o Pelourinho na Noite das Bruxas, uma animadíssima festa de Halloween comandada pela banda gótica-industrial Desrroche. Vai ser um verdadeiro Carnaval das trevas, com direito a zombie walk, cosplayers e revivalistas da Era Vitoriana preparando um chá das cinco (17 horas em ponto). O som começa às 18 horas, com DJ Hevlin, e segue até a meia- noite, com a banda Almas Mortas, DJ Brutuz,  Desrroche, E.O.A.M (Echoes Of A Mind, de João Pessoa) e Gothic Intoxication. No Largo Pedro Archanjo, grátis.

Alarde com Lo Han

A banda paulista Alarde se apresenta neste sábado, em turnê de lançamento do CD Abismo ao Redor. O som é rock com toques de jazz e música brasileira. A Lo Han faz as honras da casa. Dubliners, 22 horas, R$ 10.

domingo, outubro 26, 2014

TERRORISMO CULTURAL A MODA DA CALIFÓRNIA (ÜBBER ALLES)


Jello a frente do DK no Reino Unido, em 1980. Foto: Mick McGee
Lançado no Brasil, livro de Alex Ogg relata início do Dead Kennedys, banda punk fundamental

Fazer uma banda de punk rock é muito fácil.

Mas ser lembrado, décadas depois, como uma das representações punks mais influentes, corrosivas, avant garde, ameaçadoras e engraçadas de todos os tempos é outra história: é a história do quarteto norte-americano Dead Kennedys, que agora tem parte de sua  trajetória narrada em livro.

Dead Kennedys - Fresh Fruit for Rotting Vegetables [Os Primeiros Anos], de Alex Ogg, traça o início da banda formada em 1978 em San Francisco, uma das cidades mais prafrentex dos Estados Unidos e na qual, já nessa época, havia um pequeno movimento embrionário de bandas e ativistas punks.

A narrativa de Ogg cobre apenas o período inicial do DK, entre meados dos anos 1970 e 1981, quando eles lançaram seu primeiro LP, o superlativo Fresh Fruit for Rotting Vegetables.

Músico de certa experiência em bandas de bar, o guitarrista Raymond John Pepperell, mais conhecido como East Bay Ray, colocou um anúncio em um jornal alternativo, buscando músicos para formar “uma banda punk ou new wave”.

Logo um tal de Eric Boucher,  que foi do Colorado para a Califórnia em busca de oportunidades, respondeu. Apesar de estar há pouco tempo em San Francisco, ele já era conhecido nos inferninhos da cidade, como um dos malucos locais.

Cartaz de campanha de Jello
“Parte do que levou as pessoas a nos assistir pela primeira vez foi ‘Ah, esse cara tem uma banda agora. Vamos ver o que é’”, conta Eric, ou melhor, Jello Biafra, vocalista do DK.

Plataforma eleitoral

Assim como um acidente de avião ocorre por conta de vários fatores em conjunto, uma banda também só se torna fundamental quando há uma espécie de encontro entre pessoas que, sozinhas, jamais alcançariam os mesmos resultados de que capazes em conjunto.

O Dead Kennedys é um desses casos. Quando East Bay Ray, um guitarrista criativo, fã de surf music e Frank Zappa, se encontrou com Jello Biafra, frontman frenético e destemido terrorista cultural, o resultado foi uma das bandas mais explosivas e subversivas da história do rock.

Biafra era tão ousado que, em 1979, concorreu à prefeitura de San Francisco. Sua plataforma previa decretos como obrigar os executivos a se vestirem de palhaços no horário comercial e erigir uma estátua de Dan White (assassino do ativista gay Harvey Milk), somente para servir de alvo para ovos e carne podre, além da legalização de squats (ocupações) e a proibição da circulação de carros no centro.

Biafra terminou a eleição em quarto (entre dez candidatos), com 6.591 votos.



A ótima HQ biográfica incluída no livro
O primeiro álbum do DK elevou o então nascente subgênero do hardcore ao status de arte.

“Fresh Fruit oferecia uma combinação perfeita de humor e polêmica amarrada a um suporte musical que era tão raivoso e criativo quanto os devastadores ataques verbais de Biafra”, observa Alex Ogg, no prefácio.

Foi de Fresh Fruit que saíram verdadeiros clássicos não apenas do punk, mas do rock universal, como California Übber Alles, Holiday in Cambodia,  Kill the Poor e Drug Me, entre outras

No livro, Ogg relata tim tim por tim tim cada detalhe da criação, arranjo e gravação desses petardos, com direito a confrontação dos depoimentos entre os membros, já que, desde 1986, Biafra e os membros remanescentes do DK travam uma verdadeira batalha jurídica e verbal, disputando, bem, basicamente tudo, da autoria do logotipo à ordem das canções.

Em texto leve e bem humorado, Ogg também traça perfis acurados dos membros do DK, além de seus primeiros passos como músicos e ativistas.

A edição ainda conta com vasto material gráfico, como as inestimáveis fotos de Ruby Ray, flyers, cartazes, as colagens de Jello no poster que vinha encartado no Fresh Fruit e trechos de uma HQ biográfica da banda.

Um livro recomendadíssimo não apenas aos fãs do DK, mas a qualquer um que valorize o pensamento livre, a anarquia como filosofia de vida e a independência artística.

Dead Kennedys - Fresh Fruit for Rotting Vegetables [Os Primeiros Anos] /  Alex Ogg / Ideal/ 240 p./ R$ 39,90 / Capa dura: R$ 59,90
R$59,90
R$59,90



sexta-feira, outubro 24, 2014

O APOGEU DAS JOVENS RAINHAS

O CD duplo e DVD ao vivo Live at the Rainbow ’74  traz dois shows do Queen gravados há 40 anos, com uma banda ainda bem pesada

Uma das bandas de rock mais populares de todos os tempos, o Queen é imediatamente associado à shows apoteóticos em arenas lotadas de fãs, todos batendo palmas em conjunto nos breaks de Radio Ga Ga ou cantando Love of My Life em coro.

Só que o Queen, a despeito do gigantismo pop que atingiu em fins dos anos 1970, início dos 80, também começou pequeno.

O DVD ao vivo e CD duplo Live at the Rainbow ’74 traz o quarteto liderado por Fred Mercury em um estágio intermediário entre os pubs e os estádios.

Gravados há 40 anos, o pacote traz dois shows  do Queen no palco do mítico Rainbow Theatre de Finsbury Park, em Londres.

Fundado em 1930 como cinema, o elegante prédio em estilo art noveau abrigou apresentações de praticamente todo mundo que importa no rock britânico, a partir dos anos 1960.

De templo do rock, o Rainbow passou a ser templo da Igreja Universal do Reino de Deus, desde 1995.

Deuses do rock

Mas em 1974 quem ainda dava as cartas por lá eram os deuses do rock.

Naquele ano, o Queen lançou nada menos que dois álbuns de estúdio: Queen II, em março. E Sheer Heart Attack, em novembro.

No CD duplo ao vivo do Rainbow, o disco um traz o show de lançamento do Queen II, em março.

E o disco dois, o show do Sheer Heart Attack, em novembro.

Já o DVD traz a íntegra do show de novembro, com alguns trechos (quatro faixas) do show de março, como extras.

O filme que traz o show em DVD foi restaurado, após parecer em VHS na caixa Box of Tricks, de 1991.

Desnecessário dizer que o registro, para os fãs da banda e do rock clássico, é absolutamente inestimável.

Em ambos os shows, Fred, Brian May (guitarra), John Deacon (baixo) e Roger Taylor (bateria) são capturados no auge da juventude.

Diante de 3.040 pessoas (a lotação máxima do Rainbow), o quarteto desfiou o repertório com que contava na ocasião.

Por isso mesmo, o segundo show, já com o repertório do ótimo LP Sheer Heart Attack, é mais interessante.



Ou seja: se você é fã do Queen que toca no rádio, este disco / DVD não é para você. Aqui não tem as já citadas Love of My Life ou Radio Ga Ga.

Muito Menos I Want Break Free ou os hits mais bacanas, como We Are The Champions, Bohemian Rhapsody ou Crazy Little Thing Called Love.

Em Live at the Rainbow ’74, o mais perto que o fã vai chegar de um hit está em faixas mais antigas porém fodonas e bem conhecidas, como Killer Queen, Now I’m Here e Stone Cold Crazy.

Isto torna o material inferior? Pelo contrário, pois traz para o fã de boa cepa um raro registro da banda em seus primeiros anos – afiadíssima e lutando com unhas e dentes para se consolidar em um cenário dominado por gigantes como Led Zeppelin, Rolling Stones etc.

No DVD, de ótima qualidade audiovisual, vemos uma banda crua e pesada em um show pobre  de recursos visuais–  fora a iluminação convencional, a fumaça de gelo seco e as roupas extravagantes dos músicos.

Mas já é possível perceber que  Fred Mercury, em 1974, já dispunha de todas as ferramentas que o tornariam um dos maiores frontmen da história do  showbusiness.

Sem o bigodinho e cabeludo, Fred magnetiza a plateia do início ao fim de uma apresentação simplesmente gloriosa.

Queen: Live At The Rainbow´74 / Universal / DVD: R$ 41,90 / CD duplo: R$ 42,90


quarta-feira, outubro 22, 2014

NOVA DOSE DUPLA DE PODCAST ROCKS OFF: PÓS-BEATLES E HENDRIX

Agora aguenta, nego.

Have a seat, man.
Neste primeiro episódio, Beatles Pós-Beatles.

Nei Bahia, Miguelo Cordeiro, Osvaldo Braminha Silveira Jr. e os convidados Márcio Rocks Martinez e este blogueiro discutem o status e o legado dos Fab Four pós-1970.

Ou pelo menos, tentamos.

Ao lado, uma bela estátua de John Lennon, que está em uma praça da capital cubana, Havana.

Quem a inaugurou foi o próprio Fidelzão.

Leia mais sobre essa estátua aqui.








Já nessa época, groupies caíam aos seus pés
O segundo episódio é uma apreciação de um menino aí que tocava guitarra, um tal de Jimi... Jimi...

Jimi o que mesmo? Ah! Hendrix.

Ao lado, uma das fotos do jovem James no seu tempo no exército, quando tocava na banda do quartel e era paraquedista.

Saiba mais sobre essa fase da vida de Hendrix aqui.












terça-feira, outubro 21, 2014

MURILO SÁ, BAIANO RESIDENTE EM SÃO PAULO LANÇA PRIMEIRO ÁLBUM POR SELO GAÚCHO 180

Murilo Sá, foto Cisco Vasques
O baiano residente em São Paulo Murilo Sá até que já tem certa estrada.

Há uns dez anos, fazia parte de uma banda local que chamava mais atenção pelo nome esdrúxulo do que pelo som: Associação Mr. Harry Haller & O Samba do Patinho Feio, na qual também se iniciou um nome hoje marcante no cenário, Heitor Dantas (líder da Laia Gaiatta).

Em 2007, se mandou para a capital paulista, aonde vive e trabalha até hoje, como designer gráfico.

Lá, integrou a banda Margot, com os caras que tocavam na Soma, outro grupo local extinto. Durante breve estadia por lá, o ex-Dead Billies Glauber Guimarães fez uma dupla com Murilo, a Tanpura.

“Heitor e Glauber são dois dos meus melhores amigos”, conta Murilo por telefone, direto do seu apartamento, na badalada Rua Augusta.

“Em 2004, 2005, a gente tocava muito no Nhô Caldos (bar do Rio Vermelho, extinto). Foi lá que conheci Glauber. Nos identificamos muito e fiz umas músicas com ele, assinando como Murilo Goodgroves, que é o sobrenome de minha avó, que era descendente de ingleses”, diz.

Selo gaúcho, vinil

Depois de perceber que o sobrenome inglês atrapalhava mais do que ajudava, trocou para seu outro nome de família.

Em 2012, depois de mais algumas tentativas de formar bandas em São Paulo, resolveu se assumir como artista solo, para começar a gravar logo suas composições.

O resultado está no álbum que ele lança justamente hoje, pelo selo gaúcho 180: Sentido Centro.

“É o meu primeiro trabalho a sair físico, em CD. Pretendo lança-lo em vinil também, até por que o selo 180 é especializado em vinil. O meu é o primeiro CD que eles lançam”, conta.

O título, Sentido Centro, tem na verdade, dois sentidos: o centro de si mesmo e o óbvio, da cidade. "Moro bem aqui na Augusta, no olho do furacão. Tem muito a ver com essa mudança para esse apartamento e essa pilha do Centro de São Paulo. Aí um dia eu tava voltando para casa de ônibus e os pontos nas principais avenidas sempre indicam 'sentido centro' ou 'sentido bairro tal'. Eu tava com um caderninho anotando e vi: 'sentido centro' Anotei e vi que tinha tudo a ver com as músicas e essa fase da minha vida, que é mais centrada, mais em contato comigo mesmo", relata Murilo.

Consistente, Sentido Centro deixa fácil entender por que chamou a atenção de um selo gaúcho, pois tem muito a ver com o rock praticado lá nos pampas: namora com a Jovem Guarda, corteja a psicodelia e casa com  linguagem contemporânea que atualiza ambos os estilos.

Em breve, o rapaz e sua banda de acompanhamento, a Grande Elenco, arrumam as malas e partem para uma série de shows pelo sul, passando por Curitiba, Porto Alegre e Passo Fundo, cidade-sede do 180.

“Em janeiro penso seriamente em ir para Salvador. Se não conseguir levar minha banda, vou contar com Heitor e a Laia para me acompanhar”, avisa.

Ouça, baixe: www.murilo-sa.com



NUETAS

Statik e Motrícia

O power trio stoner metal carioca Statik Majik se apresenta sábado (25) no Dubliner’s Irish Pub. Quem for lá também vai conferir a volta da banda local Motrícia (ex-Mortícia), de Leonardo Leão e Álvaro Tatoo, que andou sumida. Olha o horário, que ótimo: 15 horas, R$ 20.

Jonsóns e Teenage

E Os Jonsóns não param: hoje tem show no Largo Quincas Berro D'água, com a Teenage Buzz. 20 horas, gratuito.

Suínga no Pelô

Também hoje,  quem curte um som, digamos, mais malemolente, pode conferir a Suinga no Largo Pedro Archanjo, a partir das 21 horas. Gratuito.

Cascadura e uruguaio

Cascadura e o uruguaio José Soba se apresentam na Arena do Teatro Sesc Pelourinho. Sábado, 20h30, R$ 10 e R$ 5.

sábado, outubro 18, 2014

CAPOEIRISTA ENCARA PIRATAS NO FAROL DA BARRA E EM PRAIA DO FORTE

HQ: Nova aventura do personagem criado por Flávio Luiz foi financiada pelos leitores

Residente em São Paulo há quase dez anos, o cartunista baiano Flávio Luiz teve de recorrer ao crowdfunding para conseguir lançar seu novo álbum de HQ, Aú, o Capoeirista e o Fantasma do Farol (Papel A2).

Estrelada pelo jovem e heroico lutador baiano criado por Flávio, o capoeirista Aú, a HQ dá continuidade às aventuras do personagem, iniciadas no álbum Aú, O Capoeirista (2008).

Recebido com aplausos da crítica, aquele primeiro álbum foi adotado e recomendado em um projeto de reforço escolar pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo.

O resultado se refletiu nos quase nove mil exemplares vendidos. Mesmo assim, Flávio conta que nenhuma editora se animou em lançar a segunda aventura do capoeirista.

“Passei mais de um ano com a carta da Lei  Rouanet (que dá a possibilidade de destinar o que se paga de imposto de renda para viabilizar projetos culturais) e não achei quem se interessasse”, diz.

“Ou melhor: até achei,  mas  que, além da isenção, queria também participação nos ‘lucros’, interferência no processo criativo, mudanças ideológicas e  etc. Me reservei o direito de declinar”, acrescenta Flávio.

Sujeito teimoso, que não desiste facilmente, Flávio partiu para o financiamento coletivo na plataforma Kickante.

“Como não abri mão de manter a qualidade gráfica do primeiro álbum (capa dura, papel cuchê), tive que reduzir a tiragem e secar o projeto ao máximo, sem direcionar verba para custos de criação ou assessoria de imprensa etc”, relata.

“Foi só custo de impressão, revisão do texto e correios para os colaboradores. E ainda assim, tive que negociar quase metade do que precisava arrecadar em permuta para serviços de publicidade, como mascotes, marcas e storyboards”, diz.

O sacrifício valeu: o álbum saiu e mantém o “padrão Flávio Luiz de qualidade”, com desenhos de encher os olhos e uma aventura vibrante para todas as idades, ambientada na Bahia.

Do Farol à Praia do Forte

Na HQ, Aú, seu melhor amigo Dó e o mico Licuri se envolvem no mistério que cerca o naufrágio de uma caravela, afundada por piratas em plena Baía de Todos os Santos.

Nos dias de hoje, quando Aú visita uma exposição no Museu Náutico (no Farol da Barra), acaba embarcando em uma aventura que o põe frente a frente com bandidos, nas ruínas de um casarão na Praia do Forte.

“Minha inspiração vem sempre do que me foi marcante na infância. Desenhos animados como Scooby-Doo, Johnny Quest e álbuns europeus de quadrinhos como Asterix e Spirou”, conta Flávio.

“Tentei dar uma valorizada num detalhamento mais trabalhado da arte, caprichar na retratação das locações familiares a quem vive em Salvador e, claro, mantendo uma ‘licença poética’ em alguns casos, para ter liberdade de contar a história nesses  locais”, detalha.

Com o livro lançado em São Paulo, Flávio prevê que só poderá vir à Salvador fazer uma tarde de autógrafos mais para o fim do ano: “Acho que só em dezembro, mesmo”, lamenta.

Agora ele já pensa em um terceiro álbum para o personagem, bem como outros lançamentos de sua produção de quadrinhos: “Tenho a esperança de lançar ainda vários números. Quanto mais fácil conseguir apoio e patrocínio ,mas rápido entre um numero e outro terei como dar conta e apresentar uma nova aventura”, afirma.

“Antes, quero ver se consigo, para 2015, lançar um livro da (série de tiras) Rota 66, com o melhor dos quatro anos que publiquei  em um jornal de Salvador, no começo dos anos 2000. Também já tenho um roteiro para um álbum d’O Cabra 2. Mas dessa vez só tendo editoras interessadas”, conclui.

Aú, o Capoeirista e o Fantasma do Farol  / Flávio Luiz / Papel A2/ 48 p./ R$ 55/ www.flavioluiz.net





sexta-feira, outubro 17, 2014

NOITE DE VETERANOS DO BROCK

Totalmente diferentes entre si, Ira! e Biquíni Cavadão compartilharam os dias de glória do BRock nos anos 1980. Hoje elas compartilham também o palco do Bahia café Hall.

A primeira faz seu primeiro show em Salvador desde a volta a atividade, depois de sete anos parada, após uma briga feia entre os membros e o empresário.

Já o Biquíni, que nunca parou, traz à cidade o show do último CD, Roda-Gigante.

Como o Biquíni é meio que habituê de festas e luaus de blocos de Carnaval, a expectativa maior recai sobre os ombros da dupla remanescente do Ira!, Nasi (vocal) e Edgard Scandurra (guitarra).

“Olha, os shows desde a volta tem sido acima de nossas melhores expectativas”, garante Nasi, por telefone.

“Tanto na parte musical quanto pessoal, a banda está entrosadíssima. Posso dizer com certeza: este é um dos melhores momentos de nossa carreira, desde que formamos o Ira!, em 1981”, afirma.

Com os músicos de acompanhamento Daniel Rocha (baixo), Evaristo Pádua (bateria) e Johnny Boy (teclados), o novo Ira! já soltou uma faixa inédita: ABCD. E Nasi diz que vem mais coisa nova por aí.

“Vamos pensar com muita calma, mas no prazo médio de um ano, o público pode esperar um novo disco e um novo DVD. Mas estamos maturando bem, porque nossa ideia é que esse material tem que estar a altura de nossos melhores trabalhos”, reitera.

Para o show de hoje, a expectativa é das melhores – até por que será um show de hits. E Nasi sabe que o público local é devotado: “O roqueiro baiano é muito retado – como vocês dizem aí. Talvez até pela primazia da cultura carnavalesca”, diz.

“O próprio rock baiano é radical, tanto artistas quanto público. Você tira por Raul, Camisa de Vênus, Pitty, Edy Star, Úteros em Fúria, Dead Billies. O rock aí sempre teve muita personalidade”, percebe Nasi.

"Então esperamos esse show com muita alegria, pois tenho muitas lembranças dos shows espetaculares que já fizemos na Concha Acústica (atualmente em reforma). Esperamos voltar lá também, mas o público deste show terá a oportunidade de nos ver depois muito tempo. Acho que o Ira! está sem tocar aí há uns 10 anos. Se não me engano, nosso último show em Salvador foi na turnê no Acústico MTV, acho que no Festival de Verão de 2005. Então é um grande hiato que esperamos concluir hoje em grande estilo, pois Salvador sempre foi uma praça de shows incandescentes", diz.

Nessa volta, Nasi diz que nem ele nem Edgard pretendem repetir os erros que levaram a separação de 2007, abrindo espaço para ambos tocarem seus projetos paralelos entre uma atividade e outra do Ira!.

"Até para não repetirmos os erros do passado, a ideia é ter alternância entre prioridades. A prioridade agora é o Ira!, pelo menos até o fim de 2015. Depois vamos dar prioridade aos trabalhos solos, com shows e álbuns, pois eles também continuam. O Edgard também esta planejando e lançando as coisas dele", conta.

Nasi aproveita e anuncia que está produzindo dois documentários para o Canal Brasil, um deles em parceria com o jornalista André Barcinski (do livro Pavões Misteriosos).

"Tenho dois projetos de vídeo. O primeiro é um musical no Canal Brasilm que também será lançado como um DVD ao vivo no estúdio. Deve ter 60% do repertório das músicas do meu último álbum, o Perigoso, mais algumas novidades", conta.

"O segundo é um projeto que faz parte da minha vida e é uma das minhas paixões. Estou produzindo com André Barcinski um documentário que retrata o culto de Ifá no Brasil, com foco no odudua (orixá) que tem sede aqui em São Paulo. Vamos acompanhar o trabalho de altos sacerdotes africanos, como Baba King, meu sacerdote, que mora no Brasil há 30 anos. Vem gente do mundo todo, do leste europeu, da Europa ocidental, dos Estados Unidos e América do Sul para se iniciar com ele. O documentário vai até a África, em Agbeokuta para contar a história desse culto, algo que vamos produzir ao longo de 2015", descreve Nasi.




Biquíni de respeito

Na estrada há 28 anos, o Biquíni Cavadão é uma das poucas bandas de sua geração que nunca parou.
Para o vocalista Bruno Gouveia, a longevidade é decorrente de uma postura.

“Acredito que tudo se resume em respeito. Respeito entre nós, nosso público, os profissionais de imprensa, contratantes etc”, responde, por email.

Claro que nem tudo se resume só a isso. Talvez mais do que respeito, o Biquíni sempre demonstrou um faro apurado para boas oportunidades de carreira e ampliação do seu público, não hesitando em firmar parcerias com compositores de largo alcance popular, como o baiano Manno Goes.

“Manno, além de amigo, é excelente compositor. Dani e Em Algum lugar no Tempo, compostas com ele, foram singles da banda nos últimos anos. Buscamos parcerias que nos proporcionem bom resultados musicais”, afirma.

Sobre o último álbum, Bruno acha que "Com certeza é um disco especial. A faixa título foi indicada ao Grammy (Latino) e o disco foi recebido muito bem por críticos e público. Isso sempre nos dá um estímulo a mais", conclui.

Ira! & Biquini Cavadão / Hoje, 21 horas / Bahia Café Hall / Pista: R$ 60, Área Vip: R$ 90, Camarote: R$ 120 / Classificação: 14 anos


quinta-feira, outubro 16, 2014

COMO REVISIONISMO HISTÓRICO É ACANHADO, MAS COMO COMPÊNDIO DE HISTÓRIAS NÃO CONTADAS, PAVÕES MISTERIOSOS É ESPETACULAR


A narrativa de Barcinski é ano a ano, começando em 73, com Secos e Molhados...
A bibliografia musical brasileira, ainda que deficiente (por incrível que pareça) já deu bastante destaque a determinados artistas e períodos da nossa música popular, como a era do rádio, a bossa nova, a tropicália, a jovem guarda e o rock dos anos 1980.

Os anos 1970 e o início da década seguinte, contudo, meio que permaneceram à sombra desses períodos supostamente mais frutíferos.

Agora, o livro Pavões Misteriosos - 1973 - 1984: A explosão da música pop no Brasil,  do jornalista André Barcinski, tenta, de forma até despretensiosa, preencher essa lacuna e fazer justiça a um período comumente visto como menor por muitos críticos e músicos.

“Meu objetivo foi traçar um panorama geral da época e tentar responder algumas questões que sempre me intrigaram”, escreve André Barcinski, na introdução.

“Por que tantos discos bons foram lançados no Brasil no meio dos anos 1970 e por que a qualidade dos lançamentos caiu logo depois? Como o crescimento da indústria musical afetou nossa música? (...) Por fim, (...) como surgiram no país tantos ‘pavões misteriosos’ – Ney Matogrosso, Tim Maia, Pepeu Gomes, Raul Seixas, Ritchie e vários outros – artistas que, nas palavras de Raul Seixas, ‘não tinham nada a ver com a linha evolutiva da música popular brasileira’”, pergunta-se.

...passando pelas Frenéticas no fim dos anos 1970...
Para Barcinski, o período entre 1973 e 1975 foi um dos melhores da música brasileira em todos os tempos, quando foram lançadas obras-primas como Secos & Molhados, Gita (Raul Seixas), Racional Vol. 1 (Tim Maia), A Tábua de Esmeraldas (Jorge Ben), O Romance do Pavão Mysteriozo (Ednardo), Paebiru (Zé Ramalho e Lula Côrtes), Na Rua, na chuva, na fazenda (Hyldon), Sweet Edy (Edy Star) e outros.

Mas nem só de obras-primas de grandes artistas se apóia a pesquisa de Barcinski.

Dividido em capítulos dedicados a cada ano do período estudado, ele desvela histórias praticamente ignoradas da música pop brasuca, como a onda dos falsos gringos (Fábio Júnior, Morris Albert), a patrulha ideológica que perseguiu Guilherme Arantes e  Fafá de Belém, a explosão da discoteca (Frenéticas, Harmony Cats), ídolos fabricados (Sidney Magal, Gretchen), a MPB odara (Realce, de Gil), o mercado infantil (Turma do Balão Mágico, Xuxa) e, por fim, a espantosa história de ascenção e queda do cantor Ritchie.

Pau de guaraná

...e terminando com a derrocada de Ritchie, pós-Menina Veneno
Com seu texto enxuto, que dá ênfase aos fatos pesquisados e / ou narrados pelos seus quase 70 entrevistados, Barcinski escreveu um livro que se lê com gosto, dadas as muitas revelações de histórias de bastidores e o alto grau de loucura – própria da época e dos artistas, rendendo causos divertidíssimos.

Um desses está no capítulo 1977: Na nossa festa vale tudo, em que Barcinski faz um grande relato da era disco desde suas origens nos Estados Unidos, mas também traz  um causo inestimável de Leiloca, astróloga e cantora do grupo As Frenéticas, que, na época, teve um caso com Raul Seixas.

Em um hotel no Nordeste, “o Maluco Beleza foi ao quarto da ex e ficou curioso com um pedaço de pau que viu em cima da mesa: ‘Leiloca, que barato é esse?’ ‘É um galho de guaraná, trouxe lá de Manaus’. ‘E dá barato isso aí?’. ‘Não sei, mas vamos tirar a prova já’”.

Solicitado um ralador de queijo na recepção do hotel, “ralamos o toco de guaraná e cheiramos tudo. E não é que deu o maior barato?”, jura Leiloca.

Mais do que uma peça de revisionismo histórico (peso que o autor parece querer evitar), Pavões Misteriosos é um delicioso compêndio de histórias de bastidores não contadas de ídolos (muitos deles esquecidos) e  heróis ocultos de nossa música popular.

Alem disso, Barcinski ajuda a entender a própria evolução da indústria fonográfica brasileira, já que, foi justamente nesse período que esta começou a se profissionalizar, processo que desembocou no empoderamento dos  departamentos de marketing e subsequente derrocada da criatividade e liberdade artística.

Pavões Misteriosos - 1973 - 1984: A explosão da música pop no Brasil / André Barcinski / Três Estrelas / 256 páginas / R$ 42

quarta-feira, outubro 15, 2014

NOVO RITMO PARA A ORQUESTRA SINFÔNICA DA BAHIA

Osba anuncia abertura de licitação para transferir administração para Organização Social sem fins lucrativos, mas com obrigação de levantar fundos

A Orquestra Sinfônica da Bahia na sua casa: o TCA. Fotos: Adenor Gondim
Um dos corpos estáveis do Teatro Castro Alves, a Orquestra Sinfônica da Bahia promete entrar em uma nova e decisiva fase a partir do ano que vem.

Após anos de muita discussão e debate, a Osba inicia em dezembro um processo de publicização.

Trocando em miúdos: sua gestão passará das mãos do governo estadual para uma figura jurídica conhecida como OS: Organização Social.

Antes que haja malentendidos, porém, os representantes da Osba junto ao governo se apressam para esclarecer que não se trata de uma privatização.

“O processo confere apenas a gestão gerencial. Não é uma terceirização do serviço, nem uma transferência de um bem do estado. Apenas transferimos a gestão”, afirma Moacyr Gramacho, diretor do Teatro Castro Alves.

“O estado lança o edital para a OS, que é uma figura jurídica de direito privado. Não é uma empresa, não pode ter fim lucrativo. E a OS que assumir a Osba  terá que atingir metas que nós, do estado, estamos determinando”, diz.

A previsão de Gramacho é que “na primeira quinzena de dezembro espero já termos escolhido a OS que vai operar a Osba. E no início de janeiro, comecemos operando no novo sistema”.

Neste novo sistema, o estado continuará repassando uma verba mensal para a manutenção da orquestra, mas a OS terá que buscar, junto a empresas privadas, patrocínio extra para atingir as metas determinadas pelo governo.

Gramacho diz que esse orçamento, que hoje é de R$ 8 milhões / ano, “deve passar para R$ 13 milhões a partir de 2015. Isso ainda tem que ser aprovado”, diz.

O sistema de OS desenhado para a Osba é exclusivo da Bahia e fruto de discussão que já se estendia há  anos nos âmbitos da Secult - Funceb - TCA, mas foi bastante aprofundada durante dois seminários realizados em 2012 e 2013.

Carlos Prazeres, maestro: confiante
Maestro e curador da Osba desde 2011, Carlos Prazeres lembra que foi o secretário estadual de cultura, Albino Rubim, quem sugeriu os encontros com músicos e administradores de orquestras de todo o  Brasil no TCA.

“Foi uma pesquisa profunda realizada por nós e pela Secult, que resultou em dois relatórios que são um legado  não só para a Osba, mas para a comunidade sinfônica do Brasil inteiro”, afirma.

“Estudamos a fundo como uma orquestra se desenvolve no regime público e como se desenvolve no modelo publicizado (OS). E vimos que há problemas e fragilidades em ambos. Não existe modelo perfeito”, admite Prazeres.

Ainda assim, ele diz acreditar que o formato de OS proposto para a Osba  é “o modelo mais apropriado”.

“Esse formato  baiano não permite que o funcionário público cedido a OS perca seus direitos. Pelo contrario: os músicos temporários que são REDA (Regime Especial de Direito Administrativo) vão passar ser regidos pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), o que melhora a vida deles,  terão carteira assinada”, detalha Prazeres.

Visto como um dos responsáveis por levantar o moral da Orquestra junto ao público e ao estado nos últimos anos, Prazeres poderá não fazer parte dessa nova fase.

“Não, eu não vou com ‘o pacote’”, confirma.

“Vou ter que fazer minha própria proposta de OS e torço para continuar, até por que a Osba é meu projeto de vida. Acredito que ela ainda vai ser uma grande referência. É uma orquestra muito especial, seus músicos tem muita vontade de crescer”, acrescenta.

O fato é que Prazeres está confiante no futuro da Orquestra sob o novo regime. “É realmente uma forma única no Brasil,  uma forma estudada. Estudamos inclusive o que o governo espera da atividade sinfônica na Bahia”, conta.

Entre os músicos da Osba, a expectativa é grande. Grupo que sempre atuou com um corpo abaixo do número ideal de membros, a Osba já passou por situações difíceis, atuando em estrutura precária, com direito a protestos públicos e cisões.

Hoje, a Osba parece mais unida – ao menos, vista de fora. Ainda assim, a solução da OS não é uma unanimidade.

Gilberto Santiago, percussionista: desconfiado
“A gente como músico profissional e funcionário público fica desconfiado, naturalmente”, afirma o percussionista Gilberto Santiago.

“Não tenho ainda clareza de como isso vai acontecer. Talvez isso esteja ligado a minha posição ideológica de que o estado deveria ter sim, condições de tocar uma orquestra. Mas reconheço que é um caminho mais longo”, diz.

“O que me preocupa é que em breve haverá dois grupos diferentes atuando na orquestra: os REDAS que se tornarão CLT (mais os que virão) e os funcionários públicos. Esse grupo que é servidor publico, como vai interagir ideologicamente com esse outro grupo?”, pergunta-se Gilberto.

Trompetista da Osba e atual Diretor da Escola de Música da Ufba, Heinz Karl Schwebel vê com bons olhos o processo: “Sou a favor, sim. Acho que a Osba experimentou três décadas dentro de um sistema que provou não atender as expectativas para se tornar um corpo artístico de alto nível”.

“Agora, é uma tentativa. Não há garantia de sucesso. Mas há exemplos de tentativas bem sucedidas. Ou se continua nesse modelo ou se experimenta uma coisa nova. Sou a favor do novo”, conclui.

Um dos casos de tentativa bem sucedida a que Heinz se refere é a OSESP (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo), que migrou para OS em 2005.

“Pela nossa experiência, a gestão através do modelo de OS trouxe ganhos enormes na capacidade de planejamento, profissionalização da gestão, legalização das relações jurídicas e laborais, flexibilidade na contratação específica (sobretudo de artistas) e autonomia de decisão sobre o projeto artístico”, conta Marcelo Lopes, atual diretor executivo da Osesp.

“Adicionalmente, uma grande vantagem é o aumento das fontes de financiamento, com maior participação da sociedade”, acrescenta.

Já a jornalista Heloísa Fischer, fundadora do anuário VivaMúsica! e grande incentivadora da atividade sinfônica no país, diz que, “pelos exemplos que conheço, não tem comparação. O trabalho rende muito mais. E quando você rende melhor como organização artística, você rende melhor artisticamente”, aposta.

terça-feira, outubro 14, 2014

COM O PODCAST ROCKS OFF SÓ SE VIVE DUAS VEZES

"Vou encaçapar minhas bolas, gata. Todas elas"
Dose dupla de Rocks Off no seu juízo, baby!

No primeiro, nosso trio terrível (Nei Bahia, Miguel Cordeiro e Osvaldo Braminha Silveira Jr.) analisa Leonard Cohen, o melhor poeta judeu do rock - depois de Bob Dylan, claro.

Ou não?

"Baby, I was born in a suit".

Ah, OK, Leonardo, você venceu.

Bob, relaxa aí, valeu?










"Cara, acho que perdi meu septo nasal. Alguém viu ele por aí?".
E neste segundo, alguma novidades, com destaque para o lançamento do pacote CSNY 1974, que traz o registro de uma das turnês mais apocalípticas da história do rock, a do Crosby Stills Nash & Young no fatídico ano de 1974.

Diz que foi no camarim de um show desses que o velho Neil perdeu o septo nasal no case da guitarra de David Crosby .

E nunca mais encontrou - entre outras lendas.

 

OS JONSÓNS LANÇAM PRIMEIRO ÁLBUM E FAZEM SHOW COM HONKERS E PLÁSTICO LUNAR (SE)

Os Jonsóns, foto de Carla Galrão
Sábado tem um showzão para quem curte rock independente sem concessões.

A banda sergipana Plástico Lunar, muito respeitada no circuito roqueiro nacional pelo seu som psicodélico, e as locais The Honkers (instituição do rock baiano que dispensa apresentações) e Os Jonsóns se apresentam no Dubliner’s Irish Pub.

Esta última já esteve na coluna há uns dois ou três anos, logo que surgiu com seu estilo único no cenário local, de rock gaúcho made in Bahia.

Fãs de Cascavelletes, Júpiter Maçã, Graforréia Xilarmônica e Frank Jorge podem se jogar sem medo: Os Jonsóns honram a tradição gauchesca de fazer rock influenciado pela Jovem Guarda com toques de psicodelia e letras irônicas divertidas.

Um bom exemplo é a letra de Dia Triste: “Você suou o dia inteiro / O seu chefe é um idiota / A sua mente tá na rota / do desespero / Muita decepção / em um só  dia  / Você descobre que sua banda predileta mudou / de filosofia / (...) / Um dia triste no Rio Vermelho”.

Dia Triste e outras mais ou menos no mesmo nível estão no álbum EPgrafia Completa, que a banda lança no show de sábado.

“O disco é uma coletânea dos três EPs que já lançamos”, conta Marco Aurélio (baixo e vocal).

“Esse último ano tem sido bem produtivo pra gente. Além de termos evoluído como músicos, conseguimos fazer muitos shows legais pela Bahia e pelo Nordeste”, relata.



Pó da estrada é vitamina

Em julho último, Marco Aurélio, Ulisses Salomão (guitarra e vocal), Leonardo Leal (trompete) e Marcelo Bastos (bateria) se enfiaram em um carro e se apresentaram em  Fortaleza, Aracaju e João Pessoa.
Na Bahia, já tocaram em palcos de Vitória da Conquista, Feira de Santana, Conceição do Coité, Cruz das Almas e Candeias.

“Rapaz, Cruz das Almas tem uma cena legal, sabia? Tem uma casa de show com boa estrutura, um coletivo atuante. Bem aqui do lado e a gente acaba não se atentando muito. Foi muito divertido tocar lá”, elogia.

“Mas viajar pra tocar  sempre é bom, né? A poeira da estrada é a vitamina do rock”, nota.

Estimulados, Os Jonsóns seguem cheios de planos para continuar tocando e viajando.

“Depois do show de sábado teremos um outro semana que vem (terça, dia 21), no Largo Quincas Berro d’Água (Pelourinho) com a Teenage Buzz”, diz.

“Aí em 20 de novembro voltamos a Candeias. Estamos negociando novas datas em Conquista e Aracaju, que são  cidades que nos receberam muito bem”, planeja Marco Aurélio.

O impressionante de toda essa movimentação d’Os Jonsóns é que ela é 100% independente.

“Na verdade, só contamos com o auxilio de um edital da Secult em um show no Pelourinho. Mas o resto, até agora, temos conseguido na nossa batalha mesmo”, corrige o músico.

“Mas isso é algo histórico no undergroud baiano. Você tem que fazer tudo com suas próprias mãos”, conclui.

Os Jonsóns, Plástico Lunar (SE) e The Honkers / Sábado, 22 horas / Dubliners Irish Pub / R$15

Ouça: www.soundcloud.com/osjonsons




NUETAS

Folha de Chá no Pelô

A banda de reggae Folha de Chá é, formalmente, um trio de baixo, guitarra e bateria. Mas quem for hoje prestigiar a estreia do show Casa de Farinha vai se depara com uma big band no palco do Largo Pedro Archanjo, com direito a naipe de metais, dois percussionistas, teclados etc. Ah! E ainda tem uma participação especial do cantor Rafael Pondé. Hoje, 21 horas, com entrada gratuita.

Lo Han no Portela

Lo Han, Overturn, Noite Vermelha e Instinto Secreto  fazem prévia do Itaparica Moto Praia 2014 nesta quinta-feira, no Portela Café. 20 horas, R$ 20.

Tabuleiro e Giovani

Giovani Cidreira e Tabuleiro Musiquim fazem show no Dubliner’s, com canja de Josy Lélis. Sexta, 22 horas, R$ 15.

quinta-feira, outubro 09, 2014

MICRO-RESENHAS, E DAÍ? VAI CHORAR, É?

Aquele toque beatle

O segundo álbum da banda pós-Oasis de Liam Gallagher vem com produção mais moderna  – no bom sentido – de Dave Sitek (TV On The Radio), mas sem perder aquele acento beatle que marca toda a carreira do guitarrista vocalista. Audição agradável, com um toque de estranheza. Beady Eye / BE / Sony Music / R$ 27,90









A honestidade do rock ortodoxo

Ortodoxa, a banda paulista Ted Marengos canta em inglês e pratica classic rock como se fosse 1974. Os estilos vão do hard rock ao folk. Há até uma releitura para Ohio, do Crosby Stills Nash & Young. Nada contra: antes uma cópia honesta à originalidade árida (ou chata, mesmo) da “nova” MPB pós-Los Hermanos. Ted Marengos / First Prints / Independente / Preço não divulgado









Vanguarda universitária

O segundo álbum do trio paulista O Terno até que começa legal, com o metabrega Bote ao Contrário e a psicodelia de O Cinza. Mas logo sucumbe a um certo experimentalismo universitário de dar sono. Pena, pois potencial não lhe falta. O Terno / O Terno / Independente / R$ 24,90 / Baixe grátis: www.oterno.com.br










Guitarra Made in Brazil

O veterano guitarrista Tony Babalu (ex-Made in Brazil) apresenta seis belos temas instrumentais neste álbum gravado ao vivo no estúdio. O som vai na linha jazz easy listening, com texturas suaves e solos melodiosos, como em Halley 86. Tony Babalu / Live Sessions at Mosh / Amellis Records / R$ 24,90









Um contrabaixo ao sol

O contrabaixista Zéli Silva sai da sombra do músico de acompanhamento e faz um elo álbum de jazz brasileiro com colaboradores de primeira linha, como Tatiana Parra, Chico Pinheiro, Arismar do Espírito Santo, Léa Freire e outros. Zéli Silva /  Una: Zéli Silva convida / Independente / R$ 24,90








Feminismo em cartuns

Cartunista e feminista até o osso, a alemã Franziska Becker finalmente é publicada no Brasil nesta bela coletânea que inaugura o selo de HQs Barricada, da Editora Boitempo. Mesmo com boa parte do material produzido nos anos 1970, ainda é bem atual. Política, moda, trabalho, religião, sexo etc em cartuns matadores. Último aviso / Franziska Becker /  Barricada/ 130 p./ R$ 49






Barroco, latino e asmático

Obra máxima do cubano Lezama Lima (1910- 1976), Paradiso é uma radicalização do barroco na literatura latina, no qual mais valem as imagens e sugestões literárias do que a trama em si. Esta, meio autobiográfica,  se desenvolve em torno de um idoso asmático às voltas com  suas muitas memórias e divagações. Paradiso / José Lezama Lima / Estação Liberdade / 612 p. / R$ 74






Noites sem dormir

O famoso relato multivocal e sem rodeios do underground novaiorquino entre os anos 1960 e 70 ganha nova edição em versão pocket em um único volume (a edição pocket anterior era dividido em dois). Das orgias na Factory de Andy Warhol às muitas noites sem dormir no CBGB’s, uma sequência de causos roqueiros às vezes hilariantes, às vezes  assombrosos e até tristes. Mate-me por favor / Legs McNeil, Gillian McCain / L&PM/ 464 p./ R$ 42






Assim ou Asimov?

Um dos maiores épicos da ficção científica, a trilogia Fundação saiu entre 1942 e 1953. A pedidos dos fãs, Isaac Asimov ampliou a mitologia da série nos anos 1980, com mais quatro livros: dois pré e dois pós-eventos da trilogia original. Este é um dos “pré”. Como tudo que Asimov fazia, é entretenimento com (muito) cérebro. Origens da Fundação / Isaac Asimov / Aleph / 408 p./ R$ 54







A odisseia de Homer. Não o Simpson.

O experiente autor infantojuvenil Luiz Antonio Aguiar arrisca narrara vida do autor grego Homero, autor de Ilíada e Odisseia. Como ninguém sabe direito da vida do homem, nem mesmo se ele realmente escreveu esses livros, Luiz solta a imaginação e cria uma grande aventura épica. Homero: aventura mitológica / Luiz Antonio Aguiar / Galera Record/ 248 p./ R$ 58







Só cantar  bem não é o bastante

Cantora de certo sucesso nos anos 1990, a canadense Sarah McLachlan oscila perigosamente entre a grandiloquência e a diabetes em seu novo álbum, Shine On. Ser dona de uma linda voz e senhora de técnica refinada nem sempre é o bastante. Sarah McLachlan / Shine On / Universal / R$ 29,90








Beethoven, bitch!

Patrimônio nacional, o pianista Nelson Freire executa aqui, sob a regência de Riccardo Chailly, o Concerto Para Piano nº 5 (Imperador) (não confundir com a 5ª Sinfonia, aquela do tchan-nan-nan-nan) e a Sonata Nº 32, de Beethoven. Não dá para ser melhor que isto. Nelson Freire, Riccardo Chailly / Concerto Nº 5 Emperor / Universal / R$ 29,90






Punkcreas rock

O segundo EP do quinteto local Pancreas traz  um rock despretensioso e debochado, com ênfase na boa interação entre a dupla de guitarristas. Destaque para Ela Gosta de Forró com cara de hit e a balada ginecológica Priscilla. Pancreas / Na Esquina / Independente / Baixe: soundcloud.com/pancreasrocknroll 









Madeira de dar em doido

O quarteto de violões Maogani presta belo tributo ao verter as obras para piano de Ernesto Nazareth (1863 - 1934) em arranjos para cordas. Tango brasileiro, polca, valsa e foxtrot em sofisticação erudita. Maogani / Pairando - Maogani interpreta Nazareth / Biscoito Fino / Preço não divulgado








800 páginas para te convencer a ter juízo

Muito já se estudou sobre as religiões, suas fundações, contradições, massacres. A descrença, contudo, é pouco pesquisada. Aqui, o historiador Georges Minois busca preencher a lacuna, indo desde a Antiguidade Clássica até o Século 21. Com quase 800 páginas, pode-se dar a missão como cumprida. História do Ateísmo / Georges Minois / Editora Unesp/ 762 p./ R$ 84/ editoraunesp.com.br






Pantera, vista do baixo

Uma das bandas que renovaram o heavy metal nos anos 1990, a texana Pantera teve fim abrupto (e definitivo) quando o guitarrista Darrell Dimebag Abbott foi abatido a tiros em pleno palco, em 2004 (durante um show de sua banda Damage Plan). Neste livro, a história da banda é contada pela visão do baixista Rex Brown. Drogas, sexo, caos absoluto etc. Verdade Oficial: nos bastidores do Pantera / Rex Brown e Mark Eglinton / Ideal / 288 p./ R$ 39,90/ edicoesideal.com








Ato final

O sexto e último EP da banda Orange Poem traz Teago Oliveira (Maglore) nos vocais em três faixas sombrias e de acento prog rock linha Pink Floyd – com direito a homenagem. Experimento  interessante, vale ouvir. The Orange Poem / Crowd / Independente / Baixe: elmirdad.blogspot.com.br









A Augusta vive

Um raro representante do (hoje combalido) rock paulista que soa interessante, o quarteto Inky mistura indie rock, eletrônica e a velha new wave em um som ao mesmo tempo energético e climático. Ouça: Echoes in The Groove e Massive. Inky / Primal Swag / Independente / Preço não divulgado









Já ouviu? Já.....

Crispim Soares é um quarteto indie rock moderninho de Blumenau e este é seu primeiro álbum. Acrescenta pouco ao que já se ouviu nessa seara já tão batida, mas mantém a aura cool nas faixas O Leão e Sobrenome. Crispim Soares / Algumas Pessoas Dançam / Preço não divulgado / crispimsoares.com









Sempre teremos Paris?

Uma série de assassinatos estranhos na Paris da Belle Epóque levam o livreiro Victor Legris a investigar o que, afinal, está acontecendo. Premiado, este romance é elogiado não só pelo mistério e suspense, mas também pela ambientação caprichada, por captar o clima da Cidade Luz. Assassinato na Torre Eiffel / Claude Izner / Vestígio/ 256 p./ R$ 29,90/ grupoautentica.com.br







Diversão ectoplasmática

O escritor Claudio Blanc selecionou e adaptou 13 contos de assombração clássicos. Tem Lovecraft, Maupassant, Stevensson, Tchekov, Le Fanu, Conan Doyle, Yeats e claro, Poe. As ilustrações macabras de Kako ajudam a criar o clima. Para ler nas noites de chuva.Avantesmas: 13 histórias clássicas de fantasmas / Claudio Blanc e Kako Autêntica/ 208 p./ R$ 39/ grupoautentica.com.br






Há quem não goste

Deus da soul music sensual mas nunca vulgar, Reverendo Al Green tem essa coletânea de 1975 lançada no Brasil. Ou seja: é só o filé. Citar faixas é até covardia, mas estão aqui Let’s Stay Together, Love And Happiness, Tired of Being Alone etc. E ainda tem gente que ouve MC Guimê. Lord have mercy! Al Green / Greatest Hits / Deck / R$ 29,90







Moz preocupado

Cinco anos desde o último álbum de inéditas, e eis o Príncipe da Dor e da Discórdia de volta ao seu ofício. Em 12 faixas, uma geral na geopolítica (World Peace...), na barbárie (Istanbul) e nas prisões irlandesas (Mountjoy). Moz está preocupado com o mundo, gente. Morrissey / World Peace Is None of Your Business / Universal / R$ 29,90







Dupla esquecida

Hoje meio esquecida, dupla Luhli & Lucina já teve canções gravadas por grandes nomes da MPB. Neste belo tributo, o cantor Dhenni Santos e seu vozeirão grave recuperam 20 composições (há inéditas) em arranjos prefrentex. Bonito. Dhenni Santos / Pedra de Rio: A Obra de Luhli e Lucina / Mills / Preço não divulgado








As duas únicas coisas

Vovó já dizia: as únicas coisas certas na vida são a morte e os impostos. Os últimos ainda se pode (mas não se deve) sonegar. Já a morte... Neste livro fofo, a morte, de vários pontos de vista. Se você é um dinossauro, todos os seus amigos estão mortos. Se você é uma fita cassete, todos os seus amigos estão ultrapassados - e assim por diante. Todos meus amigos estão mortos / Avery Monsen e Jory John / Ideal/ 96 p./ R$ 19,92/ idealshop.com.br




O terceiro episódio

Comparada por Arthur C. Clarke (2001: Uma Odisseia no Espaço) ao Senhor dos Aneis de Tolkien, tamanha a sua grandiosidade, a saga Duna, de Frank Herbert tem seu terceiro volume lançado. Nove anos após os eventos de O Messias de Duna, os filhos de Paul Atreides vivem sob o jugo de sua tirânica tia. FC épica, de tons ecológicos. Filhos de Duna / Frank Herbert / Aleph/ 432 p./ R$ 54/editoraaleph.com.br

 





O rei da comédia farsesca

A mais famosa peça de Oscar Wilde (1854-1900) é uma comédia farsesca que, como tudo  mais que ele fazia, evidenciava o jogo de aparências e as frivolidades da aristocracia e da alta sociedade. Muitas de suas frases mais famosas estão aqui, como “Estou enjoado de tanta inteligência. Todos hoje são tão sagazes. (...) Como eu gostaria que ainda restassem alguns imbecis”. A Importância de Ser Prudente / Oscar Wilde / L&PM/ 104 p./  R$ 16,90/ E-book: R$ 11,90/  lpm.com.br