Blog (que, nos seus primórdios, entre 2004-05, foi de um programa de rádio) sobre rock e cultura pop. Hoje é o blog de Chico Castro Jr., jornalista formado pela Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia. Atualmente, é repórter do Caderno 2+ do jornal A Tarde, no qual algumas das matérias vistas aqui foram anteriormente publicadas. Assina a coluna Coletânea, dedicada à música independente baiana. Nossa base é Salvador, Bahia, a cidade do axé, a cidade do terror.
quinta-feira, abril 30, 2009
HQ FOI TEMA DA ÚLTIMA MESA-REDONDA DA BIENAL DO LIVRO
Praticamente no apagar das luzes da Bienal do Livro, domingo à noite, uma mesa-redonda na Arena Jovem Oi reuniu três feras baianas e uma francesa das HQs para debater o atual momento do mercado, na sessão intitulada A Explosão dos Quadrinhos.
No centro da arena, Antônio Cedraz (Turma do Xaxado), Flávio Luiz (Aú, O Capoeirista), Rezende (Pau de Sebo) e Benoit Peeters (Les Cités Obscures), que está no País dentro do âmbito das atividades do Ano da França no Brasil.
Um bom público lotou a arquibancada do espaço, incluindo outros quadrinistas locais, pesquisadores da Facom-Ufba, fãs de HQ e passantes.
De acordo com o título da mesa-redonda, todos os participantes concordaram que, de fato, os quadrinhos vivem uma nova fase de expansão e popularidade, no qual outras mídias (cinema, games, TV, internet), vêm beber direto na fonte da arte sequencial para criar novos produtos.
Outro bom sinal é a crescente adoção de obras de HQ como instrumentos paradidáticos e sugestões de leituras pelo MEC nas escolas públicas e privadas.
valorização – “HQ é coisa de criança, sim, mas não só. O Benoit aqui pode falar que, guardadas as devidas proporções, vivenciamos hoje no Brasil o que se viveu na França 50 anos atrás, que é a valorização do quadrinho de autor. Lá se faz HQ adulta há mais de 5 décadas. Então, trata-se de uma forma de cultura e arte e é bom que se respeite isso“, proclamou Flávio, feliz com a boa aceitação do seu álbum Aú, O Capoeirista.
“Foram 2 mil exemplares. Eu fiquei com 1.300 pois 700 foram pra contrapartida social. Agora só tenho 35 na minha mão. E mais: a Secretaria de Educação de São Paulo incluiu o Aú na sua lista de leituras recomendadas“, contou.
Já Cedraz, ainda com mais tempo de estrada que Flávio, caminha firme e forte para ser o maior nome dos quadrinhos baianos em todos os tempos.
Sua Turma do Xaxado (publicada diariamente em cores no Caderno 2) é um sucesso para onde quer que se olhe. Além das tiras no A TARDE e em outros jornais Brasil afora, há uma infinidade de materiais publicados com a turminha do sertão baiano, como livrinhos, coletâneas de tiras e álbuns especiais.
Dono de um humor inteligente e sutil, Cedraz agrada igualmente a crianças e adultos com suas tiras que divertem e fazem pensar sobre assuntos pouco comuns no gênero, como coronelismo, analfabetismo, seca e outros assuntos muito sérios.
Ganhador de seis prêmios HQ Mix, Cedraz já derrotou nessa disputa gigantes como Maurício de Sousa e Ziraldo com seu trabalho. “Olha, tá assim de editora grande do Sul querendo publicar o Xaxado. Mas eu continuo perseguindo meu sonho com uma editora pequena aqui mesmo na Bahia“, declarou, com a fibra sertaneja que lhe é peculiar.
Já Benoit Peeters falou um pouco sobre a tradição franco-belga de HQ (iniciada por Hergé, criador do Tintim), uma das três maiores de todos os tempos, ao lado da americana e da japonesa.
“Ele foi o pai das HQs franco-belgas. Já na década de 30, 40, Hergé abordava temas muito sérios, mas sem deixar o humor de lado. Ele era muito rigoroso, tanto nos roteiros quanto nos desenhos, e esse alto padrão de exigência se tornou a maior característica da escola franco-belga“, disse.
segunda-feira, abril 27, 2009
15 ANOS DE LAMA & CAOS
CD abre-alas da da geração manguebeat revelou talentos de Chico Science & Nação Zumbi para o mundo
A primeira vez que o Brasil ouviu falar em manguebeat foi em março de 1993. Uma nota na saudosa revista Bizz anunciava: "Da lama para a fama – Recife inventa o mangue-beat".
Naquele primeiro momento, com os ouvidos planetários afogados pelos tsunamis do grunge e do funk metal, é lícito dizer que quase ninguém – fora de Recife – deu muita bola para aquela galera de chapéu de palha e pinta de estudante de comunicação.
A imprensa nacional, depois da dica, contudo, voltou-se para Pernambuco, para saber o que, de fato, estava acontecendo por lá. Logo, diversos veículos de comunicação começaram a apontar o movimento recifense como a grande novidade musical da década.
Naquele mesmo mês de março, a MTV apresentou um especial com Chico Science & Nação Zumbi. Em abril, o agitador cultural Paulo André Pires organizou a primeira edição do festival Abril Pro Rock, que ainda acontece todos os anos até hoje.
Em julho, após alguns shows na cidade-natal e apenas uma única apresentação em São Paulo e outra em Belo Horizonte, Chico Science & Nação Zumbi foram contratados pela major Sony Music.
Mais ligeiro do que se pronuncia “afrociberdelia“, a gravadora enfurnou o grupo no histórico estúdio Nas Nuvens, no Rio de Janeiro, sob o comando do experiente produtor Liminha – uma escolha que, mais tarde se revelaria equivocada.
O ex-baixista dos Mutantes, um craque na gravação de bandas mais tradicionais, nunca entendeu muito bem a essência do som da banda, baseada nos tambores de maracatu, nas levadas funky do baixista Dengue e nos riffs pesados do guitarrista Lúcio Maia, ambos dois dos melhores instrumentistas de sua geração.
De um modo ou de outro, em janeiro de 1994, o LP, intitulado Da Lama Ao Caos, já estava finalizado. O lançamento, contudo, só se deu em abril daquele ano. Como tudo o que é muito novo e arrojado, o som da CSNZ não foi assimilado logo de cara, nem pela crítica, nem pelo público.
Além da estrutura oferecida pela major, que incluiu clipe (A Cidade) em alta rotação na MTV e música (A Praieira) em trilha sonora de novela da Globo, e, consequentemente, tocando em algumas rádios, os shows de lançamento que a banda começou a fazer Brasil afora não deixaram dúvidas: Chico Science & Nação Zumbi, ao vivo, eram a experiência mais poderosa que se poderia ter diante de uma banda tocando em cima de um palco.
Se, no disco, o som do grupo parecia padecer de uma certa inanição (ah, Liminha!), no show, a banda crescia sobre a audiência de forma avassaladora, sem deixar espaço para hesitações, tédio ou incertezas: era ouvir, ver e chapar geral.
O resto, com a subsequente consagração a partir do segundo álbum, o bem melhor resolvido Afrociberdelia (1996) – produzido por Bid –, e a trágica morte de Chico em fevereiro de 1997, após um acidente de carro, é história.
O legado que Chico Science e seus companheiros da Nação Zumbi, Mundo Livre SA e outros membros da gangue, como Renato L. (co-autor do manifesto Caranguejos com Cérebro e hoje Secretário Municipal de Cultura do Recife), Hélder Aragão (o DJ Dolores), H.D. Mabuse e outros deixaram é imenso.
A cena musical recifense, até então adormecida, ainda hoje é uma das mais ricas do Brasil. Já há até bandas que renegam o movimento, como aquelas ligadas ao grupo Coquetel Molotov, responsável por organizar um badalado festival anual.
Na Bahia, até Daniela Mercury pegou uma carona, incorporando A Cidade ao repertório do seu show durante algum tempo.
A propósito, a Sony Music anunciou que vai relançar em discos de vinil uma série de 40 álbuns de estreia. Da Lama Ao Caos é um deles, ao lado de Engenheiros do Hawaii, João Bosco e Vinícius Cantuária.
faixa a faixa
{ 1}Monólogo ao Pé do Ouvido
Em uma intro climática, quase grandiloquente, Chico apresenta a proposta estético-política do Manguebeat: “Modernizar o passado / é uma evolução musical / Cadê as notas que estavam aqui? / Não preciso delas / Basta deixar tudo soando bem aos ouvidos / O medo dá origem ao mal / O homem coletivo sente a necessidade de lutar / (...) / Viva Zapata! Viva Sandino! Viva Zumbi! Antônio Conselheiro / Todos os Panteras Negras / Lampião, sua imagem e semelhança“.
{ 2}Banditismo Por Uma Questão de Classe
Lúcio Maia apresenta seus riffs matadores. O Maracatu – inebriante – toma conta do ambiente. A letra aprofunda a visão romântica de Chico acerca do banditismo por causas sociais.
{ 3}Rios, Pontes & Overdrives
O Recife visto pela ótica do mangue: “impressionantes esculturas de lama“.
{ 4}A Cidade
Um dos hits do disco, de letra forte, marcante.
{ 5}A Praieira
O 2º hit de refrão genial: “uma cerveja antes do almoço / é muito bom pra ficar pensando melhor“. Trata da Revolução Praieira pernambucana (1848): “Vou lembrando a Revolução“.
{ 6}Samba Makossa
Lúcio Maia, o versátil, e o frescor da guitarra africana, high life. “Vamos todos celebrar!“.
{ 7}Da Lama Ao Caos
Chico chega à conclusão definidora do Mangue: “Que eu me organizando / posso desorganizar“. E vice-versa.
{ 8}Maracatu de Tiro Certeiro
A neurose urbana está afetando Chico: “Não encosta em mim / que hoje eu não tô pra conversa“. Uma faixa tensa.
{ 9}Salustiano Song
Lindo instrumental viajandão, cortesia de Lúcio Maia.
{ 10}Antene-se
Chico e sua profissão de fé: “Sou! Sou! Sou! Mangueboy!“
{ 11}Risoflora
A declaração sincera de um caranguejo apaixonado.
{ 12}Lixo do Mangue
Um segundo instrumental.
{ 13}Computadores Fazem Arte
A faixa de Zero Quatro, profética.
{ 1}Côco Dub (Afrociberdelia)
A pré-visão do que estava por vir.
Da Lama ao Caos
Chico Science & Nação Zumbi
Sony Music
R$ 12,90
www.nacaozumbi.com.br
ENTREVISTA: FRED ZERO QUATRO
“O movimento queria botar Recife no circuito”
Um dos idealizadores do movimento Manguebeat fala sobre os primórdios e o presente da cena
Apesar de, quando se fala em Manguebeat, o primeiro nome que vem a mente ser mesmo o de Chico Science, pode-se dizer que Fred Zero Quatro era como a eminência parda do movimento. Na ativa com sua banda Mundo Livre S.A. desde 1984, foi da cabeça dele e de Renato L. (de Lins) que nasceu o manifesto que estabeleceu as diretrizes do Manguebeat, Caranguejos com Cérebro (1992).
Jornalista formado pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Fred nasceu em Jaboatão dos Guararapes (Região Metropolitana do Recife) em 11 de julho de 1965, no seio de uma família classe média. No início dos anos 80, influenciado pelo punk rock, funda sua primeira banda, Trapaça.
Mais tarde, apaixona-se pela batida única do violão de Jorge Ben. Com seus irmãos, forma a Mundo Livre S.A., onde amadurece sua veia lírica ácida. No início, ninguém no circuito intelectual / artístico pernambucano entende sua proposta de aliar o cavaquinho do samba e a guitarra do rock.
Aclamada pela crítica e com um público fiel em todo o Brasil, a banda segue firme e forte na independência, já com sete álbuns em uma carreira que se caracteriza pela coerência artística.
Desde o primeiro, o clássico Samba Esquema Noise (1994) até o mais recente, Combat Samba - E Se a Gente Sequestrasse o Trem das Onze? (2008), é possível perceber a sua veia cronista das realidades sociais e sentimentais de um País, um continente (América do Sul) e uma cidade (Recife) em constante convulsão social.
Quinze anos depois do lançamento do Da Lama Ao Caos, como você vê o desenvolvimento da proposta do movimento manguebeat? Ainda existe um movimento?
Fred Zero Quatro | Tem uma música nova que vamos gravar mês que vem (Ela é Indie), que diz: "ninguém entende um mangueboy". Entre outras coisas que são difíceis de assimilar, por parte de vários setores da imprensa e até do público, é que é dificil definir o que é um mangueboy. Quando você pergunta se ainda existe um movimento, isso vem do que você qualifica como mangue. O que havia era uma movimentação que queria colocar Recife no circuito cultural e, com isso, injetar energia na lama, reenergizar a cidade, colocá-la no circuito das ideias. Nesse sentido, a cena está mais viva do que nunca. Claro, dentro desse cenário atual de desconstrução da indústria fonográfica, onde há toda uma tentativa de se construir um novo modelo de indústria de entretenimento e tudo isso mexendo com a cadeia produtiva. O Abril Pro Rock está aí, com várias atrações locais. Então você tem uma noite sem grandes atrações nacionais que atrai 4 mil pessoas. Tinha o Volver, Johnny Hooker, o próprio Mundo Livre S.A. Houve uma renovação de público também, a nossa foi uma noite "sub-17", como chamou a imprensa local. Temos feito shows em todo o Brasil, e eu vejo muito moleque novo com idade para ser meu filho na platéias. Tem também o (Festival) Coquetel Molotov, com bom público para uma proposta bem alternativa, o carnaval multicultural com o (Festival) Recbeat... Essa própria noção de diversidade que era um dos fundamentos de nossa proposta está consolidada. Hoje, o Renato L (co-autor do manifesto Caranguejos Com Cérebro) é o Secretário Municipal de Cultura. Na verdade, eu é que fui convidado, mas não pude assumir e indiquei o Renato.
Qual a maior qualidade e o maior defeito do disco em si? Lembro que o Liminha foi muito criticado na época...
FZQ - Chico tinha uma outra ideia, né? Eles queriam o (Arto) Lindsay na época, mas aí, quando você entra numa major como a Sony, você entra numa linha de montagem e tem que cair na real muito rápido, é meio brutal. Liminha não era o produtor ideal, isso é uma ideia consolidada – sem negar a experiência e a competência do cara. É uma questão de afinidade, de identificação. Já com o Lindsay havia isso, ele morou muito tempo no Pernambuco, era familiarizado com os maracatus. Nesse sentido, o disco perdeu. Principalmente para quem já conhecia a porrada que era ao vivo, ficou brochante. Por outro lado, na época, antes de gravar, a banda ainda não tinha um repertório completo, até gravaram uma musica minha (Computadores Fazem Arte) e outras que ele compôs na bucha. No show rolava até Ira! e outras as coisas que gostava. O repertório completo a gente só conheceu mesmo quando o LP saiu. Foi aí que a gente viu a riqueza do que eles criaram, as dinâmicas, as batidas, a variedade de ritmos... Mesmo com o peso diluído, Da Lama Ao Caos ainda é considerado, 15 anos depois, um dos grandes discos do pop brasileiro.
Como vc vê as bandas atuais de Recife que meio que renegam o movimento manguebeat, como a dupla The New Folks (foto ao lado), Volver e outras?
FZQ - Esses caras da Volver são conhecidos por serem bons de marketing, eles são bons em levantar uma polêmica. Lembro que na época, o próprio Chico foi criticado por ter o "Science" no nome, coisas assim. Acaba sendo uma espécie de saia justa, pois com o manguebeat fica difícil você ter uma posição antagonista em relação ao movimento justamente por não ter uma definição muito exata do que é isso. Ele surgiu apoiado no conceito do multiculturalismo, então fica difícil você ser antagônico ao mangue por que quase todo mundo sempre acaba tendo algum legado ou herança dele. O Mundo Livre SA tem 25 anos, e o que existia antes simplesmente... (pára e pensa) Essas bandas seriam ridicularizadas, não teriam público. (Antes do manguebeat) O Mundo Livre S.A. era vaiado aonde quer que tocasse, porque o ambiente era marcado pelo armorial, pelo conservador e tal. Qualquer artista novo tem a obrigação de se mostrar, de buscar um conceito original, uma linguagem própria. Se o objetivo é criar polêmica, não acho que (essa) mereça ser levada tanto a sério. Uma coisa que pouca gente leva a sério, que quase ninguém comenta, é um lance que li em um livro chamado O culto do amador (Jorge Zahar Editores), de Andrew Keen, que é um estudo muito sério e fundamentado sobre as pretensões dessa "revolução" da internet de abolir a distinção entre quem produz e quem consome conteúdo, essa coisa dos blogs e da Wikipédia, de menosprezar a experiência, o expertise, o conhecimento acumulado – e eu vejo pouca discussão sobre isso. Como essa coisa do "jornalismo cidadão", baseado em achismo, em boato... Tem carinhas que tem um blog há um ano e já se acham "A Referência“ em música. É preciso questionar o papel da imprensa cultural hoje em dia, com essa enxurrada de blogs e sites. Alguns blogs criados por meninos que mal saíram da faculdade são de uma arrogância assombrosa.
É “Manguebeat“ ou “Manguebit“? Você prefere bit, né?
FZQ - Na verdade, eu me sinto um pouco responsável pela confusão, por que foi uma coisa deliberada. Depois de amanhã (sexta-feira, 24 de abril) vai ser inaugurado o Memorial Chico Science, do qual sou curador. E eles me pediram uma frase pra a placa, aí peguei um trecho de Manguetown: "vou pintando / segurando a parede do meu quintal / Manguetown". Na época eu achei isso de um brilho, de uma felicidade tão grande, que eu disse: ‘tenho que fazer minha versão disso‘, que acabou sendo (a faixa) Manguebit, também como uma forma de sugerir uma coisa dúbia mesmo, se era uma batida ou algo mais. Mas era ao mesmo tempo uma coisa que trazia a riqueza sonora e também o lance da parabólica fincada na lama do mangue, da informação livre, da tecnologia e tal. Eu já presumia que esse título da música ia gerar especulação, confusão. Até por que, quando o Chico pensou numa cena, ele pensou só em mangue. O “beat“ e o “bit“ vieram depois.
Sua banda faz 25 anos também esse ano. O que você está planejando para marcar a ocasião?
FZQ - No dia 1º de maio embarcamos para fazermos alguns shows nas regiões Sul e Sudeste. Então aproveitaremos a estadia em São Paulo durante alguns dias em maio para gravar um single de duas músicas com o (produtor) Dudu Marote. Se tudo der certo, ele pode produzir o nosso próximo CD inteiro. Já temos até o nome: Durar é Viver. (risos) Espero que saia até o início do segundo semestre. O Paulo André (empresário da banda) já está até negociando com alguns selos estrangeiros da Europa e Estados Unidos.
Como foi o show no Abril Pro Rock, a “noite sub-17“?
FZQ - (Risos). Pô, foi massa, até estreamos ao vivo aquela música nova, Ela é Indie. A recepção da garotada foi muito boa.
Nascido Fred Rodrigues Montenegro, adotou a alcunha Zero Quatro por causa dos dois últimos números do seu RG. Nos anos 80, era um garoto punk que andava de coturnos e camisetas rasgadas pelas ruas do Recife. No final da década, conheceu, através de amigos, Francisco de Assis França, o Chico Science, Jorge Du Peixe e Lúcio Maia, entre outros membros da Nação Zumbi. Montou a banda Mundo Livre S.A. determinado a resolver a equação Jorge Ben + Johnny Rotten = ? É co-autor dos dois manifestos do Manguebeat. Tem fixação por garotas de biquini branco.
A primeira vez que o Brasil ouviu falar em manguebeat foi em março de 1993. Uma nota na saudosa revista Bizz anunciava: "Da lama para a fama – Recife inventa o mangue-beat".
Naquele primeiro momento, com os ouvidos planetários afogados pelos tsunamis do grunge e do funk metal, é lícito dizer que quase ninguém – fora de Recife – deu muita bola para aquela galera de chapéu de palha e pinta de estudante de comunicação.
A imprensa nacional, depois da dica, contudo, voltou-se para Pernambuco, para saber o que, de fato, estava acontecendo por lá. Logo, diversos veículos de comunicação começaram a apontar o movimento recifense como a grande novidade musical da década.
Naquele mesmo mês de março, a MTV apresentou um especial com Chico Science & Nação Zumbi. Em abril, o agitador cultural Paulo André Pires organizou a primeira edição do festival Abril Pro Rock, que ainda acontece todos os anos até hoje.
Em julho, após alguns shows na cidade-natal e apenas uma única apresentação em São Paulo e outra em Belo Horizonte, Chico Science & Nação Zumbi foram contratados pela major Sony Music.
Mais ligeiro do que se pronuncia “afrociberdelia“, a gravadora enfurnou o grupo no histórico estúdio Nas Nuvens, no Rio de Janeiro, sob o comando do experiente produtor Liminha – uma escolha que, mais tarde se revelaria equivocada.
O ex-baixista dos Mutantes, um craque na gravação de bandas mais tradicionais, nunca entendeu muito bem a essência do som da banda, baseada nos tambores de maracatu, nas levadas funky do baixista Dengue e nos riffs pesados do guitarrista Lúcio Maia, ambos dois dos melhores instrumentistas de sua geração.
De um modo ou de outro, em janeiro de 1994, o LP, intitulado Da Lama Ao Caos, já estava finalizado. O lançamento, contudo, só se deu em abril daquele ano. Como tudo o que é muito novo e arrojado, o som da CSNZ não foi assimilado logo de cara, nem pela crítica, nem pelo público.
Além da estrutura oferecida pela major, que incluiu clipe (A Cidade) em alta rotação na MTV e música (A Praieira) em trilha sonora de novela da Globo, e, consequentemente, tocando em algumas rádios, os shows de lançamento que a banda começou a fazer Brasil afora não deixaram dúvidas: Chico Science & Nação Zumbi, ao vivo, eram a experiência mais poderosa que se poderia ter diante de uma banda tocando em cima de um palco.
Se, no disco, o som do grupo parecia padecer de uma certa inanição (ah, Liminha!), no show, a banda crescia sobre a audiência de forma avassaladora, sem deixar espaço para hesitações, tédio ou incertezas: era ouvir, ver e chapar geral.
O resto, com a subsequente consagração a partir do segundo álbum, o bem melhor resolvido Afrociberdelia (1996) – produzido por Bid –, e a trágica morte de Chico em fevereiro de 1997, após um acidente de carro, é história.
O legado que Chico Science e seus companheiros da Nação Zumbi, Mundo Livre SA e outros membros da gangue, como Renato L. (co-autor do manifesto Caranguejos com Cérebro e hoje Secretário Municipal de Cultura do Recife), Hélder Aragão (o DJ Dolores), H.D. Mabuse e outros deixaram é imenso.
A cena musical recifense, até então adormecida, ainda hoje é uma das mais ricas do Brasil. Já há até bandas que renegam o movimento, como aquelas ligadas ao grupo Coquetel Molotov, responsável por organizar um badalado festival anual.
Na Bahia, até Daniela Mercury pegou uma carona, incorporando A Cidade ao repertório do seu show durante algum tempo.
A propósito, a Sony Music anunciou que vai relançar em discos de vinil uma série de 40 álbuns de estreia. Da Lama Ao Caos é um deles, ao lado de Engenheiros do Hawaii, João Bosco e Vinícius Cantuária.
faixa a faixa
{ 1}Monólogo ao Pé do Ouvido
Em uma intro climática, quase grandiloquente, Chico apresenta a proposta estético-política do Manguebeat: “Modernizar o passado / é uma evolução musical / Cadê as notas que estavam aqui? / Não preciso delas / Basta deixar tudo soando bem aos ouvidos / O medo dá origem ao mal / O homem coletivo sente a necessidade de lutar / (...) / Viva Zapata! Viva Sandino! Viva Zumbi! Antônio Conselheiro / Todos os Panteras Negras / Lampião, sua imagem e semelhança“.
{ 2}Banditismo Por Uma Questão de Classe
Lúcio Maia apresenta seus riffs matadores. O Maracatu – inebriante – toma conta do ambiente. A letra aprofunda a visão romântica de Chico acerca do banditismo por causas sociais.
{ 3}Rios, Pontes & Overdrives
O Recife visto pela ótica do mangue: “impressionantes esculturas de lama“.
{ 4}A Cidade
Um dos hits do disco, de letra forte, marcante.
{ 5}A Praieira
O 2º hit de refrão genial: “uma cerveja antes do almoço / é muito bom pra ficar pensando melhor“. Trata da Revolução Praieira pernambucana (1848): “Vou lembrando a Revolução“.
{ 6}Samba Makossa
Lúcio Maia, o versátil, e o frescor da guitarra africana, high life. “Vamos todos celebrar!“.
{ 7}Da Lama Ao Caos
Chico chega à conclusão definidora do Mangue: “Que eu me organizando / posso desorganizar“. E vice-versa.
{ 8}Maracatu de Tiro Certeiro
A neurose urbana está afetando Chico: “Não encosta em mim / que hoje eu não tô pra conversa“. Uma faixa tensa.
{ 9}Salustiano Song
Lindo instrumental viajandão, cortesia de Lúcio Maia.
{ 10}Antene-se
Chico e sua profissão de fé: “Sou! Sou! Sou! Mangueboy!“
{ 11}Risoflora
A declaração sincera de um caranguejo apaixonado.
{ 12}Lixo do Mangue
Um segundo instrumental.
{ 13}Computadores Fazem Arte
A faixa de Zero Quatro, profética.
{ 1}Côco Dub (Afrociberdelia)
A pré-visão do que estava por vir.
Da Lama ao Caos
Chico Science & Nação Zumbi
Sony Music
R$ 12,90
www.nacaozumbi.com.br
ENTREVISTA: FRED ZERO QUATRO
“O movimento queria botar Recife no circuito”
Um dos idealizadores do movimento Manguebeat fala sobre os primórdios e o presente da cena
Apesar de, quando se fala em Manguebeat, o primeiro nome que vem a mente ser mesmo o de Chico Science, pode-se dizer que Fred Zero Quatro era como a eminência parda do movimento. Na ativa com sua banda Mundo Livre S.A. desde 1984, foi da cabeça dele e de Renato L. (de Lins) que nasceu o manifesto que estabeleceu as diretrizes do Manguebeat, Caranguejos com Cérebro (1992).
Jornalista formado pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Fred nasceu em Jaboatão dos Guararapes (Região Metropolitana do Recife) em 11 de julho de 1965, no seio de uma família classe média. No início dos anos 80, influenciado pelo punk rock, funda sua primeira banda, Trapaça.
Mais tarde, apaixona-se pela batida única do violão de Jorge Ben. Com seus irmãos, forma a Mundo Livre S.A., onde amadurece sua veia lírica ácida. No início, ninguém no circuito intelectual / artístico pernambucano entende sua proposta de aliar o cavaquinho do samba e a guitarra do rock.
Aclamada pela crítica e com um público fiel em todo o Brasil, a banda segue firme e forte na independência, já com sete álbuns em uma carreira que se caracteriza pela coerência artística.
Desde o primeiro, o clássico Samba Esquema Noise (1994) até o mais recente, Combat Samba - E Se a Gente Sequestrasse o Trem das Onze? (2008), é possível perceber a sua veia cronista das realidades sociais e sentimentais de um País, um continente (América do Sul) e uma cidade (Recife) em constante convulsão social.
Quinze anos depois do lançamento do Da Lama Ao Caos, como você vê o desenvolvimento da proposta do movimento manguebeat? Ainda existe um movimento?
Fred Zero Quatro | Tem uma música nova que vamos gravar mês que vem (Ela é Indie), que diz: "ninguém entende um mangueboy". Entre outras coisas que são difíceis de assimilar, por parte de vários setores da imprensa e até do público, é que é dificil definir o que é um mangueboy. Quando você pergunta se ainda existe um movimento, isso vem do que você qualifica como mangue. O que havia era uma movimentação que queria colocar Recife no circuito cultural e, com isso, injetar energia na lama, reenergizar a cidade, colocá-la no circuito das ideias. Nesse sentido, a cena está mais viva do que nunca. Claro, dentro desse cenário atual de desconstrução da indústria fonográfica, onde há toda uma tentativa de se construir um novo modelo de indústria de entretenimento e tudo isso mexendo com a cadeia produtiva. O Abril Pro Rock está aí, com várias atrações locais. Então você tem uma noite sem grandes atrações nacionais que atrai 4 mil pessoas. Tinha o Volver, Johnny Hooker, o próprio Mundo Livre S.A. Houve uma renovação de público também, a nossa foi uma noite "sub-17", como chamou a imprensa local. Temos feito shows em todo o Brasil, e eu vejo muito moleque novo com idade para ser meu filho na platéias. Tem também o (Festival) Coquetel Molotov, com bom público para uma proposta bem alternativa, o carnaval multicultural com o (Festival) Recbeat... Essa própria noção de diversidade que era um dos fundamentos de nossa proposta está consolidada. Hoje, o Renato L (co-autor do manifesto Caranguejos Com Cérebro) é o Secretário Municipal de Cultura. Na verdade, eu é que fui convidado, mas não pude assumir e indiquei o Renato.
Qual a maior qualidade e o maior defeito do disco em si? Lembro que o Liminha foi muito criticado na época...
FZQ - Chico tinha uma outra ideia, né? Eles queriam o (Arto) Lindsay na época, mas aí, quando você entra numa major como a Sony, você entra numa linha de montagem e tem que cair na real muito rápido, é meio brutal. Liminha não era o produtor ideal, isso é uma ideia consolidada – sem negar a experiência e a competência do cara. É uma questão de afinidade, de identificação. Já com o Lindsay havia isso, ele morou muito tempo no Pernambuco, era familiarizado com os maracatus. Nesse sentido, o disco perdeu. Principalmente para quem já conhecia a porrada que era ao vivo, ficou brochante. Por outro lado, na época, antes de gravar, a banda ainda não tinha um repertório completo, até gravaram uma musica minha (Computadores Fazem Arte) e outras que ele compôs na bucha. No show rolava até Ira! e outras as coisas que gostava. O repertório completo a gente só conheceu mesmo quando o LP saiu. Foi aí que a gente viu a riqueza do que eles criaram, as dinâmicas, as batidas, a variedade de ritmos... Mesmo com o peso diluído, Da Lama Ao Caos ainda é considerado, 15 anos depois, um dos grandes discos do pop brasileiro.
Como vc vê as bandas atuais de Recife que meio que renegam o movimento manguebeat, como a dupla The New Folks (foto ao lado), Volver e outras?
FZQ - Esses caras da Volver são conhecidos por serem bons de marketing, eles são bons em levantar uma polêmica. Lembro que na época, o próprio Chico foi criticado por ter o "Science" no nome, coisas assim. Acaba sendo uma espécie de saia justa, pois com o manguebeat fica difícil você ter uma posição antagonista em relação ao movimento justamente por não ter uma definição muito exata do que é isso. Ele surgiu apoiado no conceito do multiculturalismo, então fica difícil você ser antagônico ao mangue por que quase todo mundo sempre acaba tendo algum legado ou herança dele. O Mundo Livre SA tem 25 anos, e o que existia antes simplesmente... (pára e pensa) Essas bandas seriam ridicularizadas, não teriam público. (Antes do manguebeat) O Mundo Livre S.A. era vaiado aonde quer que tocasse, porque o ambiente era marcado pelo armorial, pelo conservador e tal. Qualquer artista novo tem a obrigação de se mostrar, de buscar um conceito original, uma linguagem própria. Se o objetivo é criar polêmica, não acho que (essa) mereça ser levada tanto a sério. Uma coisa que pouca gente leva a sério, que quase ninguém comenta, é um lance que li em um livro chamado O culto do amador (Jorge Zahar Editores), de Andrew Keen, que é um estudo muito sério e fundamentado sobre as pretensões dessa "revolução" da internet de abolir a distinção entre quem produz e quem consome conteúdo, essa coisa dos blogs e da Wikipédia, de menosprezar a experiência, o expertise, o conhecimento acumulado – e eu vejo pouca discussão sobre isso. Como essa coisa do "jornalismo cidadão", baseado em achismo, em boato... Tem carinhas que tem um blog há um ano e já se acham "A Referência“ em música. É preciso questionar o papel da imprensa cultural hoje em dia, com essa enxurrada de blogs e sites. Alguns blogs criados por meninos que mal saíram da faculdade são de uma arrogância assombrosa.
É “Manguebeat“ ou “Manguebit“? Você prefere bit, né?
FZQ - Na verdade, eu me sinto um pouco responsável pela confusão, por que foi uma coisa deliberada. Depois de amanhã (sexta-feira, 24 de abril) vai ser inaugurado o Memorial Chico Science, do qual sou curador. E eles me pediram uma frase pra a placa, aí peguei um trecho de Manguetown: "vou pintando / segurando a parede do meu quintal / Manguetown". Na época eu achei isso de um brilho, de uma felicidade tão grande, que eu disse: ‘tenho que fazer minha versão disso‘, que acabou sendo (a faixa) Manguebit, também como uma forma de sugerir uma coisa dúbia mesmo, se era uma batida ou algo mais. Mas era ao mesmo tempo uma coisa que trazia a riqueza sonora e também o lance da parabólica fincada na lama do mangue, da informação livre, da tecnologia e tal. Eu já presumia que esse título da música ia gerar especulação, confusão. Até por que, quando o Chico pensou numa cena, ele pensou só em mangue. O “beat“ e o “bit“ vieram depois.
Sua banda faz 25 anos também esse ano. O que você está planejando para marcar a ocasião?
FZQ - No dia 1º de maio embarcamos para fazermos alguns shows nas regiões Sul e Sudeste. Então aproveitaremos a estadia em São Paulo durante alguns dias em maio para gravar um single de duas músicas com o (produtor) Dudu Marote. Se tudo der certo, ele pode produzir o nosso próximo CD inteiro. Já temos até o nome: Durar é Viver. (risos) Espero que saia até o início do segundo semestre. O Paulo André (empresário da banda) já está até negociando com alguns selos estrangeiros da Europa e Estados Unidos.
Como foi o show no Abril Pro Rock, a “noite sub-17“?
FZQ - (Risos). Pô, foi massa, até estreamos ao vivo aquela música nova, Ela é Indie. A recepção da garotada foi muito boa.
Nascido Fred Rodrigues Montenegro, adotou a alcunha Zero Quatro por causa dos dois últimos números do seu RG. Nos anos 80, era um garoto punk que andava de coturnos e camisetas rasgadas pelas ruas do Recife. No final da década, conheceu, através de amigos, Francisco de Assis França, o Chico Science, Jorge Du Peixe e Lúcio Maia, entre outros membros da Nação Zumbi. Montou a banda Mundo Livre S.A. determinado a resolver a equação Jorge Ben + Johnny Rotten = ? É co-autor dos dois manifestos do Manguebeat. Tem fixação por garotas de biquini branco.
quarta-feira, abril 22, 2009
GATURRO, O ANTI-GARFIELD
Gato hermano é hiperativo
Aos 38 anos, Nik já é um nome mais do que estabelecido no humor e nas artes gráficas da América Hispânica. Atuante desde os dezessete anos, o cartunista portenho começa a ficar conhecido no Brasil com os livros da sua principal criação, o Gaturro.
Desde o ano passado já foram publicados três livros com o personagem no País: Gaturro Volumes 1 e 2 e Gaturro Grandão.
Os dois primeiros, em formato horizontal, são coletâneas das tiras diárias e o último, mais recente, reúne as chamadas pranchas dominicais (historietas que costumam ter o tamanho de uma página de tablóide), tudo publicado pelo jornal bonaerense La Nación.
Com suas bochechas enormes, sorriso largo e observações sagazes, Gaturro é um enorme sucesso no país natal, tendo mais de trinta livros publicados por lá. A primeira vista, um Garfield sul-americano, esta impressão, como Nik explica na entrevista cai por terra quando se lê suas tiras.
Enquanto o brother ianque se caracteriza pela forma cínica com que zomba do seu dono apalermado (Jon) e do cachorro mais palerma ainda (Odie) entre uma lasanha e outra, o gato hermano está mais para um adolescente hiperativo, apaixonado pela gata da vizinha (a indiferente Ágata) e com um pendor para as artes cênicas.
Um anti-Garfield, portanto. Isso, porém, não livra Nik de demonstrar aqui e ali no seu humor influências claras de Jim Davis, criador do devorador de lasanhas.
Há pouco menos de um mês, Nik esteve em São Paulo, onde participou, ao lado do espanhol Javier de Isusi e do brasileiro Gualberto Costa, da mesa-redonda O Quadrinho Iberoamericano: Homenagem a Ziraldo, a quem ele considera um ídolo.
O evento foi no Instituto Cervantes, cuja filial baiana acenou com a vinda de Nik a Salvador no mês de setembro, para ministrar uma oficina.
Enquanto ele não vem ensinar sua técnica, vale saborear o humor inteligente do rapaz.
11 PERGUNTAS PARA NIK
1. O Gaturro foi uma inspiração completamente sua ou você partiu do seu próprio gato de estimação para cria-lo? E quanto a outros gatos dos quadrinhos? Você apontaria similiaridades dele com outros personagens?
NIK: Acredito que a inspiração para criar Gaturro veio um pouco dos animais de estimação que tive quando criança (duas gatas) e também muito de minha própria personalidade. Me sinto identificado em muitos aspectos com ele, sobretudo em sua insegurança, o fato de sentir-se um anti-herói, ser muito carinhoso, muito apegado e inquieto. Quando criança lia muito os quadrinhos de Snoopy, Asterix, Patoruzito, Tintin e Inodoro Pereyra. E na televisão, era apaixonado pela estética da Pantera Cor-de-Rosa, a gag pura e simples. De todos eles tenho influências. Para mim, esses personagens tinham vida própria, saíam do papel. Os outros gatos das historinhas de Gaturro têm um aspecto físico parecido com o dele, mas, de acordo com a personalidade de cada um, acrescento detalhes que os diferenciam. É o caso de Kathy Kit, a gata modelo, que tem os cabelos grandes e sempre está acompanhada de seu cachorrinho ou Gaturrinho, o sobrinho de Gaturro, que sempre está com sua chupeta na boca e tem um grande cacho na cabeça.
2. Por que ele tem bochechas tão grandes?
NIK: Na verdade, quando comecei a publicar, não tinha as bochechas tão grandes assim. Mas, com o passar dos anos, descobri que as formas bem redondas de suas bochechas davam a Gaturro muito mais expressividade e simpatia. Hoje, é uma marca registrada de Gaturro. Desenho o contorno das bochechas e já se sabe quem é.
3. Gaturro é um sucesso na América hispânica, Europa e agora também no Brasil. O que falta para que seja publicado pelos syndicates norte-americanos? Será que há uma conspiração secreta de felinos gringos (Garfield, Get Fuzzy) para impedir seu desembarque nos EUA?
NIK: Não, por favor, Garfield é o primo predileto de Gaturro… muito pelo contrário, estão tentando tirar o “green card” de Gaturro para que ele possa trabalhar lá, mas o departamento de imigrações tem dúvidas sobre dar um visto a um gato, e ainda por cima um gato latino-americano. Agora falando sério: Gaturro já está em um syndicate nos Estados Unidos, justamente no mesmo de Garfield (Universal Press Syndicate). O que acontece é que publicamos somente em diários para a comunidade latina dentro dos Estados Unidos, pois a tira ainda não foi traduzida para o inglês. Estamos trabalhando nisso e espero, em um futuro próximo, ter a possibilidade de publicar em jornais americanos.
4. Volta e meia, o Gaturro e a Ágata aparecem em versões de obras-primas de Dali, Boticelli ou mesmo disfarçado de personalidades como Einstein, Elvis, Lennon, Chaplin etc. É uma forma de educação visual para os jovens leitores - além de uma grande diversão para o desenhista e para os fãs?
NIK: Acho que é uma forma divertida de recorrer à história e aos grandes ícones da humanidade. A cultura geral está intimamente ligada à cultura visual, e sempre gostei de tomar parte desse processo de aprendizagem. Gaturro é lido por muitos adultos, mas fundamentalmente por crianças, e eu adoro que os pequenos tenham essa experiência visual similar à que tive quando garoto, lendo enciclopédias ou livros de pintura.
5. Boa parte da graça do humor feito com personagens animais é colocá-los diante de situações em que eles reagem como humanos. É o efeito cômico do absurdo. Como você lida com isso? É uma técnica que você sempre se preocupa em aplicar no momento da criação ou já uma coisa que você nem pensa mais, acontecendo de forma instintiva?
NIK: Em mim isso é instintivo. Estive rodeado de bichos de estimação desde pequeno e sempre os vi com expressões e trejeitos humanos. Ou pelo menos essa era minha visão deles. Os bichos de estimação eram um integrante a mais da casa, só faltavam falar.
6. Existem planos para um desenho animado do Gaturro?
NIK: Sim, já está sendo produzido o filme 3D do Gaturro, com lançamento previsto para 2010. E também há um projeto para transformá-lo em desenho animado na televisão.
7. Já chamaram o Gaturro de "Garfield Argentino"? Você fica chateado quando (e se) isso acontece?
NIK: A verdade é que Garfield e Gaturro são tão, mas tão diferentes que ninguém faz essa comparação. Basta ler duas ou três tiras de Gaturro para ver que a unica coisa que os une é o fato de ambos serem gatos. Gaturro é mais paquerador, propenso a se apaixonar, mas não tem sorte com as mulheres. É muito inseguro, uma espécie de anti-herói no estilo Maxwell Smart, o Agente 86.
8. A propósito, você conhece a tira Garfield Minus Garfield? Algum gaiato já te propôs fazer um "Gaturro Sin Gaturro"?
NIK: Para falar a verdade, não conheço essa versão.
9. A Argentina é um dos maiores celeiros de quadrinistas talentosos em todo o mundo. Quem foi seu mestre? Que nomes argentinos você aponta como suas principais influências?
NIK: Minhas maiores influências são obviamente Quino, Fontanarrosa, Sabat, Garaycochea e Ferro. Todos argentinos. Sempre gostei muito de Schultz, o criador de Snoopy, Waterson, criador do Calvin & Haroldo, Gary Larson. Da Europa, me fascina Sempé, Ronald Searle, Uderzo e o inesquecível Tintin, de Hergé, um clássico.
10. Você conhece os quadrinhos e os artistas brasileiros? Se sim, de quais você gosta?
NIK: A referência obrigatória é Ziraldo. Se não me engano, Ziraldo, Quino, Sempé e Mordillo nasceram todos no mesmo ano, quase no mesmo mês. Deve ter acontecido algum feito astrológico cheio de humor nesse ano. Também gosto e tenho visto quadrinhos de Maurício de Sousa, Fernando Gonsales, Chico Caruso, Millor, Edgar Vasques, Laerte... E viajo disposto a conhecer muito mais. Acho que Brasil, Argentina e Cuba são os líderes na produção de humoristas e ilustradores na América Latina.
11. É verdade que você virá a Salvador, Bahia, em setembro? Já conhece a cidade ou será a primeira vez?
NIK: Sim, muito provavelmente viaje. Conheço várias cidades brasileiras, mas será minha primeira visita à Bahia.
Gaturro Grandão
Nik
Catapulta Editores
96 p. | R$ 39.90
www.gaturro.com
Aos 38 anos, Nik já é um nome mais do que estabelecido no humor e nas artes gráficas da América Hispânica. Atuante desde os dezessete anos, o cartunista portenho começa a ficar conhecido no Brasil com os livros da sua principal criação, o Gaturro.
Desde o ano passado já foram publicados três livros com o personagem no País: Gaturro Volumes 1 e 2 e Gaturro Grandão.
Os dois primeiros, em formato horizontal, são coletâneas das tiras diárias e o último, mais recente, reúne as chamadas pranchas dominicais (historietas que costumam ter o tamanho de uma página de tablóide), tudo publicado pelo jornal bonaerense La Nación.
Com suas bochechas enormes, sorriso largo e observações sagazes, Gaturro é um enorme sucesso no país natal, tendo mais de trinta livros publicados por lá. A primeira vista, um Garfield sul-americano, esta impressão, como Nik explica na entrevista cai por terra quando se lê suas tiras.
Enquanto o brother ianque se caracteriza pela forma cínica com que zomba do seu dono apalermado (Jon) e do cachorro mais palerma ainda (Odie) entre uma lasanha e outra, o gato hermano está mais para um adolescente hiperativo, apaixonado pela gata da vizinha (a indiferente Ágata) e com um pendor para as artes cênicas.
Um anti-Garfield, portanto. Isso, porém, não livra Nik de demonstrar aqui e ali no seu humor influências claras de Jim Davis, criador do devorador de lasanhas.
Há pouco menos de um mês, Nik esteve em São Paulo, onde participou, ao lado do espanhol Javier de Isusi e do brasileiro Gualberto Costa, da mesa-redonda O Quadrinho Iberoamericano: Homenagem a Ziraldo, a quem ele considera um ídolo.
O evento foi no Instituto Cervantes, cuja filial baiana acenou com a vinda de Nik a Salvador no mês de setembro, para ministrar uma oficina.
Enquanto ele não vem ensinar sua técnica, vale saborear o humor inteligente do rapaz.
11 PERGUNTAS PARA NIK
1. O Gaturro foi uma inspiração completamente sua ou você partiu do seu próprio gato de estimação para cria-lo? E quanto a outros gatos dos quadrinhos? Você apontaria similiaridades dele com outros personagens?
NIK: Acredito que a inspiração para criar Gaturro veio um pouco dos animais de estimação que tive quando criança (duas gatas) e também muito de minha própria personalidade. Me sinto identificado em muitos aspectos com ele, sobretudo em sua insegurança, o fato de sentir-se um anti-herói, ser muito carinhoso, muito apegado e inquieto. Quando criança lia muito os quadrinhos de Snoopy, Asterix, Patoruzito, Tintin e Inodoro Pereyra. E na televisão, era apaixonado pela estética da Pantera Cor-de-Rosa, a gag pura e simples. De todos eles tenho influências. Para mim, esses personagens tinham vida própria, saíam do papel. Os outros gatos das historinhas de Gaturro têm um aspecto físico parecido com o dele, mas, de acordo com a personalidade de cada um, acrescento detalhes que os diferenciam. É o caso de Kathy Kit, a gata modelo, que tem os cabelos grandes e sempre está acompanhada de seu cachorrinho ou Gaturrinho, o sobrinho de Gaturro, que sempre está com sua chupeta na boca e tem um grande cacho na cabeça.
2. Por que ele tem bochechas tão grandes?
NIK: Na verdade, quando comecei a publicar, não tinha as bochechas tão grandes assim. Mas, com o passar dos anos, descobri que as formas bem redondas de suas bochechas davam a Gaturro muito mais expressividade e simpatia. Hoje, é uma marca registrada de Gaturro. Desenho o contorno das bochechas e já se sabe quem é.
3. Gaturro é um sucesso na América hispânica, Europa e agora também no Brasil. O que falta para que seja publicado pelos syndicates norte-americanos? Será que há uma conspiração secreta de felinos gringos (Garfield, Get Fuzzy) para impedir seu desembarque nos EUA?
NIK: Não, por favor, Garfield é o primo predileto de Gaturro… muito pelo contrário, estão tentando tirar o “green card” de Gaturro para que ele possa trabalhar lá, mas o departamento de imigrações tem dúvidas sobre dar um visto a um gato, e ainda por cima um gato latino-americano. Agora falando sério: Gaturro já está em um syndicate nos Estados Unidos, justamente no mesmo de Garfield (Universal Press Syndicate). O que acontece é que publicamos somente em diários para a comunidade latina dentro dos Estados Unidos, pois a tira ainda não foi traduzida para o inglês. Estamos trabalhando nisso e espero, em um futuro próximo, ter a possibilidade de publicar em jornais americanos.
4. Volta e meia, o Gaturro e a Ágata aparecem em versões de obras-primas de Dali, Boticelli ou mesmo disfarçado de personalidades como Einstein, Elvis, Lennon, Chaplin etc. É uma forma de educação visual para os jovens leitores - além de uma grande diversão para o desenhista e para os fãs?
NIK: Acho que é uma forma divertida de recorrer à história e aos grandes ícones da humanidade. A cultura geral está intimamente ligada à cultura visual, e sempre gostei de tomar parte desse processo de aprendizagem. Gaturro é lido por muitos adultos, mas fundamentalmente por crianças, e eu adoro que os pequenos tenham essa experiência visual similar à que tive quando garoto, lendo enciclopédias ou livros de pintura.
5. Boa parte da graça do humor feito com personagens animais é colocá-los diante de situações em que eles reagem como humanos. É o efeito cômico do absurdo. Como você lida com isso? É uma técnica que você sempre se preocupa em aplicar no momento da criação ou já uma coisa que você nem pensa mais, acontecendo de forma instintiva?
NIK: Em mim isso é instintivo. Estive rodeado de bichos de estimação desde pequeno e sempre os vi com expressões e trejeitos humanos. Ou pelo menos essa era minha visão deles. Os bichos de estimação eram um integrante a mais da casa, só faltavam falar.
6. Existem planos para um desenho animado do Gaturro?
NIK: Sim, já está sendo produzido o filme 3D do Gaturro, com lançamento previsto para 2010. E também há um projeto para transformá-lo em desenho animado na televisão.
7. Já chamaram o Gaturro de "Garfield Argentino"? Você fica chateado quando (e se) isso acontece?
NIK: A verdade é que Garfield e Gaturro são tão, mas tão diferentes que ninguém faz essa comparação. Basta ler duas ou três tiras de Gaturro para ver que a unica coisa que os une é o fato de ambos serem gatos. Gaturro é mais paquerador, propenso a se apaixonar, mas não tem sorte com as mulheres. É muito inseguro, uma espécie de anti-herói no estilo Maxwell Smart, o Agente 86.
8. A propósito, você conhece a tira Garfield Minus Garfield? Algum gaiato já te propôs fazer um "Gaturro Sin Gaturro"?
NIK: Para falar a verdade, não conheço essa versão.
9. A Argentina é um dos maiores celeiros de quadrinistas talentosos em todo o mundo. Quem foi seu mestre? Que nomes argentinos você aponta como suas principais influências?
NIK: Minhas maiores influências são obviamente Quino, Fontanarrosa, Sabat, Garaycochea e Ferro. Todos argentinos. Sempre gostei muito de Schultz, o criador de Snoopy, Waterson, criador do Calvin & Haroldo, Gary Larson. Da Europa, me fascina Sempé, Ronald Searle, Uderzo e o inesquecível Tintin, de Hergé, um clássico.
10. Você conhece os quadrinhos e os artistas brasileiros? Se sim, de quais você gosta?
NIK: A referência obrigatória é Ziraldo. Se não me engano, Ziraldo, Quino, Sempé e Mordillo nasceram todos no mesmo ano, quase no mesmo mês. Deve ter acontecido algum feito astrológico cheio de humor nesse ano. Também gosto e tenho visto quadrinhos de Maurício de Sousa, Fernando Gonsales, Chico Caruso, Millor, Edgar Vasques, Laerte... E viajo disposto a conhecer muito mais. Acho que Brasil, Argentina e Cuba são os líderes na produção de humoristas e ilustradores na América Latina.
11. É verdade que você virá a Salvador, Bahia, em setembro? Já conhece a cidade ou será a primeira vez?
NIK: Sim, muito provavelmente viaje. Conheço várias cidades brasileiras, mas será minha primeira visita à Bahia.
Gaturro Grandão
Nik
Catapulta Editores
96 p. | R$ 39.90
www.gaturro.com
sábado, abril 18, 2009
O DEVIR DA LOU
Lou faz show para lançar seu primeiro CD, Devir
Figuras assíduas do agitado cenário rock local, as meninas e o rapaz da banda Lou finalmente chegam a um ponto crucial na carreira do grupo: o lançamento do primeiro CD, Devir.
O título traduz bem o momento da banda formada por Danny Nascimento (voz), Mel Lopo e Carol Ribeiro (guitarras), Tati Trad (baixo) e Jera Cravo (bateria). O termo devir é um conceito oriundo da filosofia que sinaliza a eterna transição das coisas.
Da mesma forma, o primeiro CD da Lou marca a despedida do grupo de parte do repertório apresentado no disco e o início de uma nova fase, com novas composições.
"Devir tem doze músicas. Nove delas são composições da fase ainda com Andréa (Gabriel, ex-vocalista). As outras três já são musicas de Danny (A Cada Dia, Não Ser e Descontrole)“, conta Carol. ”Então ele tem músicas desde o começo da banda, da fase com Andrea. Ele meio que fecha uma fase, e inicia outra”, acrescenta.
No show de hoje a noite, a banda vai executar todo o repertório do CD, mais uma composição ainda inédita e mais ”dois ou três covers”, avisa Jera Cravo.
”Já temos três composições novas e uma delas a gente já toca hoje. O negócio agora é tocar pra frente e preparar um próximo CD, por que a gente não aguenta mais tocar esse repertório antigo. Tem música de mais de cinco anos no disco”, conta Jera, do seu jeito bem-humorado.
”Mas também vamos trabalhar o disco um pouco, continuar fazendo shows, e começar a fazer contatos pra fazer o circuito dos festivais esse ano”, continua Carol.
No dia 15 de maio, o grupo já tem outro show marcado: no Portela Café, com a banda Pessoas Invisíveis. Hoje, a abertura é da cantora Nancyta, acompanhada da sua banda Os Nunca Vistos.
Lou
Show de lançamento do CD Devir
Com Nancyta & Os Nunca Vistos + DJs
Hoje, 22 horas
Groove Bar (3267-5124)
Rua Marques de Leão, 351, Barra
R$ 10 até meia-noite | R$ 15 depois
Os 100 primeiros pagantes ganham o CD de brinde
OUÇA: www.myspace.com/loudevir
Figuras assíduas do agitado cenário rock local, as meninas e o rapaz da banda Lou finalmente chegam a um ponto crucial na carreira do grupo: o lançamento do primeiro CD, Devir.
O título traduz bem o momento da banda formada por Danny Nascimento (voz), Mel Lopo e Carol Ribeiro (guitarras), Tati Trad (baixo) e Jera Cravo (bateria). O termo devir é um conceito oriundo da filosofia que sinaliza a eterna transição das coisas.
Da mesma forma, o primeiro CD da Lou marca a despedida do grupo de parte do repertório apresentado no disco e o início de uma nova fase, com novas composições.
"Devir tem doze músicas. Nove delas são composições da fase ainda com Andréa (Gabriel, ex-vocalista). As outras três já são musicas de Danny (A Cada Dia, Não Ser e Descontrole)“, conta Carol. ”Então ele tem músicas desde o começo da banda, da fase com Andrea. Ele meio que fecha uma fase, e inicia outra”, acrescenta.
No show de hoje a noite, a banda vai executar todo o repertório do CD, mais uma composição ainda inédita e mais ”dois ou três covers”, avisa Jera Cravo.
”Já temos três composições novas e uma delas a gente já toca hoje. O negócio agora é tocar pra frente e preparar um próximo CD, por que a gente não aguenta mais tocar esse repertório antigo. Tem música de mais de cinco anos no disco”, conta Jera, do seu jeito bem-humorado.
”Mas também vamos trabalhar o disco um pouco, continuar fazendo shows, e começar a fazer contatos pra fazer o circuito dos festivais esse ano”, continua Carol.
No dia 15 de maio, o grupo já tem outro show marcado: no Portela Café, com a banda Pessoas Invisíveis. Hoje, a abertura é da cantora Nancyta, acompanhada da sua banda Os Nunca Vistos.
Lou
Show de lançamento do CD Devir
Com Nancyta & Os Nunca Vistos + DJs
Hoje, 22 horas
Groove Bar (3267-5124)
Rua Marques de Leão, 351, Barra
R$ 10 até meia-noite | R$ 15 depois
Os 100 primeiros pagantes ganham o CD de brinde
OUÇA: www.myspace.com/loudevir
segunda-feira, abril 13, 2009
NASCEU!
Nove meses depois de chegar ao mercado, 1º CD da Starla tem show de lançamento amanhã
O primeiro CD da banda Starla começou a ser gravado no início de 2007. O disquinho em si, intitulado Euforia, só se materializou nas mãos dos fãs e integrantes mais de um ano depois de concluídas as gravações, em agosto de 2008. E só agora, nove meses depois disso, o grupo chega ao show de lançamento, que será amanhã, no Teatro do Sesi.
Quem explica as razões de tanta demora é o guitarrista Ted Simões: “Uma série de eventos foi aparecendo e atrapalhando a gente. Queríamos fazer (o show) num lugar legal, que não fossem os barzinhos de sempre. Na época, nossa primeira opção, que sempre foi o Teatro do Sesi, estava fechado para reforma. E todos os outros lugares sempre tinha um algum probleminha. Aí resolvemos esperar a reabertura do Sesi e fazer agora“, explica.
No repertório, além de todas as faixas do álbum, a Starla ainda promete contar um pouco de sua história através dos covers e de músicas de sua fase mais antiga.
“Vai ser um show maior do que os que fazemos normalmente. É um tipo um ‘Especial‘, onde vamos contar nossa história, executando o CD inteiro, mais duas músicas do nosso EP Amanhecer em Minas Gerais (2005) e mais três covers: Revelação (de Fagner), uma música do Oasis e outra do Radiohead“, conta Ted, deixando quais serão as duas últimas músicas para quem for ao show descobrir.
Britpop – Esses covers estão intimamente ligados a história da Starla, que surgiu em 2001 (ainda sem o nome atual) como uma banda cover dos dois grupos.
“No início, a gente fazia cover deles. A gente foi convidado pra um evento naquele ano dedicado ao britpop. Daí montamos a banda só para participar desse show. Tocamos cinco músicas do Oasis e cinco do Radiohead“, relembra músico.
Apesar do longo tempo já decorrido entre o início das gravações e o show de lançamento, Ted ainda atribui ao CD fidelidade à proposta atual da banda.
“O disco ainda traduz a banda ao vivo e nossa proposta inicial. Ali, cada um tem um pouquinho de sua história musical. Juntou Luisão (Pereira, produtor do CD), que somou muito, deu vários palpites legais e entendeu perfeitamente o que a gente tava querendo. Então eu diria que conseguimos fazer o que a gente queria“, observa.
Produção – No palco do Teatro do Sesi, o quinteto sobe completo, contando com – além de Ted –, Ricardo Longo (voz, guitarra e violão), Daniel Rebouças (guitarra, teclados e vocais), Rafael Zuma (baixo) e Bruno “Grilo” Guimarães (bateria).
Haverá ainda dois convidados: Fábio Cascadura e Felipe Ventin.
Entre elas, a mais esperada deverá ser a de Fábio, que cantará a faixa Amargo, dueto já registrado no CD original. “Fábio foi a pessoa que queríamos desde o início participando do CD. Já o Felipe Ventim, além de nosso amigo de infância, foi o primeiro baterista da Starla. Depois que ele saiu, ainda cedia o estúdio particular dele para a gente ensaiar“, revela.
Com cenário referente a capa do disco, boas estruturas de som e iluminação, o show promete.
Lançamento do CD Euforia
Com a banda Starla e convidados: Fábio Cascadura e Felipe Ventin
Amanhã, 21 horas
Teatro Sesi Rio Vermelho (3535-3020)
Rua Borges dos Reis, 9, Rio Vermelho
R$ 5 e R$ 2,50
Ingresso inteira + CD Euforia: R$ 10 | 12 anos
Euforia
Starla
Independente
R$ 15
www.myspace.com/starlaweb
O primeiro CD da banda Starla começou a ser gravado no início de 2007. O disquinho em si, intitulado Euforia, só se materializou nas mãos dos fãs e integrantes mais de um ano depois de concluídas as gravações, em agosto de 2008. E só agora, nove meses depois disso, o grupo chega ao show de lançamento, que será amanhã, no Teatro do Sesi.
Quem explica as razões de tanta demora é o guitarrista Ted Simões: “Uma série de eventos foi aparecendo e atrapalhando a gente. Queríamos fazer (o show) num lugar legal, que não fossem os barzinhos de sempre. Na época, nossa primeira opção, que sempre foi o Teatro do Sesi, estava fechado para reforma. E todos os outros lugares sempre tinha um algum probleminha. Aí resolvemos esperar a reabertura do Sesi e fazer agora“, explica.
No repertório, além de todas as faixas do álbum, a Starla ainda promete contar um pouco de sua história através dos covers e de músicas de sua fase mais antiga.
“Vai ser um show maior do que os que fazemos normalmente. É um tipo um ‘Especial‘, onde vamos contar nossa história, executando o CD inteiro, mais duas músicas do nosso EP Amanhecer em Minas Gerais (2005) e mais três covers: Revelação (de Fagner), uma música do Oasis e outra do Radiohead“, conta Ted, deixando quais serão as duas últimas músicas para quem for ao show descobrir.
Britpop – Esses covers estão intimamente ligados a história da Starla, que surgiu em 2001 (ainda sem o nome atual) como uma banda cover dos dois grupos.
“No início, a gente fazia cover deles. A gente foi convidado pra um evento naquele ano dedicado ao britpop. Daí montamos a banda só para participar desse show. Tocamos cinco músicas do Oasis e cinco do Radiohead“, relembra músico.
Apesar do longo tempo já decorrido entre o início das gravações e o show de lançamento, Ted ainda atribui ao CD fidelidade à proposta atual da banda.
“O disco ainda traduz a banda ao vivo e nossa proposta inicial. Ali, cada um tem um pouquinho de sua história musical. Juntou Luisão (Pereira, produtor do CD), que somou muito, deu vários palpites legais e entendeu perfeitamente o que a gente tava querendo. Então eu diria que conseguimos fazer o que a gente queria“, observa.
Produção – No palco do Teatro do Sesi, o quinteto sobe completo, contando com – além de Ted –, Ricardo Longo (voz, guitarra e violão), Daniel Rebouças (guitarra, teclados e vocais), Rafael Zuma (baixo) e Bruno “Grilo” Guimarães (bateria).
Haverá ainda dois convidados: Fábio Cascadura e Felipe Ventin.
Entre elas, a mais esperada deverá ser a de Fábio, que cantará a faixa Amargo, dueto já registrado no CD original. “Fábio foi a pessoa que queríamos desde o início participando do CD. Já o Felipe Ventim, além de nosso amigo de infância, foi o primeiro baterista da Starla. Depois que ele saiu, ainda cedia o estúdio particular dele para a gente ensaiar“, revela.
Com cenário referente a capa do disco, boas estruturas de som e iluminação, o show promete.
Lançamento do CD Euforia
Com a banda Starla e convidados: Fábio Cascadura e Felipe Ventin
Amanhã, 21 horas
Teatro Sesi Rio Vermelho (3535-3020)
Rua Borges dos Reis, 9, Rio Vermelho
R$ 5 e R$ 2,50
Ingresso inteira + CD Euforia: R$ 10 | 12 anos
Euforia
Starla
Independente
R$ 15
www.myspace.com/starlaweb
sexta-feira, abril 10, 2009
CARLÃO NA FRENTE DE BATALHA
Carlos Lopes, ex-Dorsal Atlântica e atual Mustang, solta de uma só vez CD, revista e romance – tudo independente
Um exército de um homem só. Assim pode se definir o músico, jornalista e agitador cultural carioca Carlos Lopes. Mais conhecido como o líder da pioneira banda de heavy metal Dorsal Atlântica (já extinta), o cabeludo que se amarra em roupas vermelhas está lançando, de uma só tacada, o quarto CD da sua atual banda – Mustang –, uma revista e um livro.
Tudo na base da independência, sem pedir licença. Verborrágico, com mil idéias na cabeça ao mesmo tempo, seria fácil achar que ele está sem foco. Ledo engano. Carlos sabe exatamente o que quer e o que fala.
“Hoje em dia, quando você lê jornal, lê os blogs, você vê que o nível de informação aumentou de uma forma absurda. Hoje, ninguém sabe mais para onde a indústria cultural está indo, o que vai acontecer. Ao mesmo tempo, tudo o que se lança fica pulverizado demais. Aí começa a imperar o lugar comum: CD acabou, revista acabou, tudo acabou. O resultado é que público de rock está mais estereotipado e conservador de que nunca, as pessoas gostam de viver dentro dos seus grupos, elas precisam pertencer, elas lutam para cair em zonas de conforto. Conforme tua visão vai ficando mais crítica, você começa a ficar mais independente e vê como todo mundo é conservador. Cara, estamos num século novo com os mesmos dilemas do século passado! As gerações novas tem um continuísmo horrível. Aí, ou tu vira funcionário público ou acredita na sua arte“.
Como se vê, o rapaz não está nessa para brincadeira e sua escolha é clara. Foi acreditando em si mesmo e na sua arte que ele fundou, há pouco mais de três anos, uma das revistas eletrônicas mais interessantes da internet: O Martelo (www.omartelo.com).
Abordando temas diversos como rock, soul music, contracultura, teorias conspiratórias, movimentos sociais, arte pop e de vanguarda, o site chega a gora a sua primeira edição “física“, na forma de uma revista que traz encartado, à moda da desativada Outracoisa (a revista do Lobão), o novo CD da sua banda, a Mustang: Santa Fé.
“Se dizem que o CD está morrendo, por que não lançá-lo juntamente com uma revista, que também dizem que está morrendo? Dois mortos enterrados em um só caixão! Beleza!“, brinca.
Os Jotas – Em paralelo, Carlos ainda encontrou fôlego para lançar seu terceiro livro, o romance O segredo J - Conspiração Herodes. Fascinado desde criança por teorias conspiratórias, ele conta que o livro é fruto de uma pesquisa de cinco anos.
A partir da constatação de que tanto os mortos mais ilustres do rock quanto os da política tinham seus nomes sempre iniciados com ”J”, Carlos juntou aí suas duas maiores paixões: música e e as tais teorias.
”Aos olhos dos conservadores, a coisa da contracultura tava ficando muito grande. Aí começaram ser eliminados todos aqueles rockstars com o nome J. Aí aqui no Brasil se foram Juscelino, Jango e Carlos Lacerda. Os três morreram num intervalo de tempo muito curto. Isso me deu um clique. Parti então daquela coisa tropicalista de pegar uma coisa estrangeira e adaptar pro Brasil. E quanto mais eu cavoucava, mais fazia sentido, pois todos os exames de legistas tem falhas: Marilyn, Jimi Hendrix, Janis Joplin, Jim Morrison, Brian Jones, JFK, Lennon... Minha teoria é que, na cabeça dos conspiradores, para passar a uma próxima fase da história, você tem que eliminar o passado”, descreve.
Na revista, boas entrevistas exclusivas com Pitty, John Sinclair (fundador do partido dos Panteras Brancas), Kika Seixas, Marcos Motossierra e matérias sobre Otis Redding e Paul Weller, entre outros.
Santa Fé + revista O Martelo
Mustang
Independente
R$ 9,99
www.omartelo.com
O segredo J
Carlos Lopes
Oficina de Livros
Preço não divulgado
carloslopes68@gmail.com
Santa Fé - Comentário
Rápido e caceteiro: Carlos Lopes tem boas ideias, letras interessantes e é um compositor prolífico. Em Santa Fé, ele parte do seu background hard rock / metal nas direções mais diversas dentro do universo rock 'n' roll. O CD tem country, blues, balada, mod, glam, soul e punk. OK. Isso, porém, não disfarça sua maior deficência: a falta de um parceiro criativo que seja produtor / arranjador ou um músico mais refinado mesmo - não que Lopes seja um cara tosco. Mas alguém que pegasse suas composições e criasse arranjos precisos e podasse os excessos faria toda a diferença no resultado final. Do jeito que está, é um bom CD de rock gravado ao vivo, sem grandes pretensões - mas com todas as pretensões do mundo. Se é que vocês me entendem.
LEIA MAIS TRECHOS DA ENTREVISTA DE CARLOS LOPES
"Já vendi a primeira edição toda do livro. Agora em maio vou para a Feira Internacional do Livro de Foz do Iguaçu. Você tem que continuar acreditando que você pode fazer arte independente. Vou fazer meu trabalho de guerrilheiro. Quando fui fazer o disco, foi o mesmo chororô. "Quer saber de uma coisa", eu pensei, "eu já to lançando um livro mesmo, vou lançar tudo junto, CD, livro, revista..."
"Outro dia eu li que nos EUA só 5% da população lê livros. Cara, eu tenho que voltar as minhas próprias raízes, buscar minha própria verdade. Sabe o Lula quando negou a crise? Eu fiz a mesma coisa: eu não tenho crise de mercado, não tenho crise de criatividade, nem de coragem. O meu site eu faço todo sozinho, com alguns colaboradores. O processo me lembra muito quando eu fiz meu primeiro zine, recortando revista e colando. A maioria tá acovardada demais, ficam querendo agradar."
"Eu tenho horror de Led Zeppelin, Deep Purple... Isso é bom pra dar aula de guitarra."
"Eu nao estou a fim de fazer parte de grupo, quem vai ver a gente, pode ser qualquer um. Mas eu não gosto de ficar me explicando."
"O CD foi todo composto a partir de de dois casos. O primeiro foi a morte de minha mãe por mal de alzheimer. Aquilo me marcou demais. Logo depois embarquei num relacionamento com uma ex-namorada, quando eu descobri que ela tava viciada em cocaína. Quando caí nisso, eu compus essse disco inteiro. Ele fala sobre duas mortes muito sérias de duas mulheres. Na verdade, tudo é sempre sobre a mulher, que pode ser teu anjo e teu demonio, teu céu e teu inferno, e você transforma tudo em arte e usa o ouvido dos outros como terapia."
"Você rala e nada acontece. Aí tem uma hora que as coisas começam a acontecer. Você tem que acreditar no poder da tua locomoçao, da sua comunicação. Não tem que seguir a história de ninguem. Aí você bebe e cheira para se alienar da dor. Mas isso é errado, você não pode se alienar da tua dor. Você pode transforma-la em arte."
"Vivemos em um marasmo que é vendido como lindo. Você tem que depurar (esse monte de informação) senão fica maluco. Então foquei nas coisas básicas: amor pela sua mãe, amor por um amigo, amor por uma mulher."
"Eu gosto de Beyonce, cara! Não tenho preconceito."
"A gente devia estar sendo tropicalista o tempo inteiro, até o talo."
Um exército de um homem só. Assim pode se definir o músico, jornalista e agitador cultural carioca Carlos Lopes. Mais conhecido como o líder da pioneira banda de heavy metal Dorsal Atlântica (já extinta), o cabeludo que se amarra em roupas vermelhas está lançando, de uma só tacada, o quarto CD da sua atual banda – Mustang –, uma revista e um livro.
Tudo na base da independência, sem pedir licença. Verborrágico, com mil idéias na cabeça ao mesmo tempo, seria fácil achar que ele está sem foco. Ledo engano. Carlos sabe exatamente o que quer e o que fala.
“Hoje em dia, quando você lê jornal, lê os blogs, você vê que o nível de informação aumentou de uma forma absurda. Hoje, ninguém sabe mais para onde a indústria cultural está indo, o que vai acontecer. Ao mesmo tempo, tudo o que se lança fica pulverizado demais. Aí começa a imperar o lugar comum: CD acabou, revista acabou, tudo acabou. O resultado é que público de rock está mais estereotipado e conservador de que nunca, as pessoas gostam de viver dentro dos seus grupos, elas precisam pertencer, elas lutam para cair em zonas de conforto. Conforme tua visão vai ficando mais crítica, você começa a ficar mais independente e vê como todo mundo é conservador. Cara, estamos num século novo com os mesmos dilemas do século passado! As gerações novas tem um continuísmo horrível. Aí, ou tu vira funcionário público ou acredita na sua arte“.
Como se vê, o rapaz não está nessa para brincadeira e sua escolha é clara. Foi acreditando em si mesmo e na sua arte que ele fundou, há pouco mais de três anos, uma das revistas eletrônicas mais interessantes da internet: O Martelo (www.omartelo.com).
Abordando temas diversos como rock, soul music, contracultura, teorias conspiratórias, movimentos sociais, arte pop e de vanguarda, o site chega a gora a sua primeira edição “física“, na forma de uma revista que traz encartado, à moda da desativada Outracoisa (a revista do Lobão), o novo CD da sua banda, a Mustang: Santa Fé.
“Se dizem que o CD está morrendo, por que não lançá-lo juntamente com uma revista, que também dizem que está morrendo? Dois mortos enterrados em um só caixão! Beleza!“, brinca.
Os Jotas – Em paralelo, Carlos ainda encontrou fôlego para lançar seu terceiro livro, o romance O segredo J - Conspiração Herodes. Fascinado desde criança por teorias conspiratórias, ele conta que o livro é fruto de uma pesquisa de cinco anos.
A partir da constatação de que tanto os mortos mais ilustres do rock quanto os da política tinham seus nomes sempre iniciados com ”J”, Carlos juntou aí suas duas maiores paixões: música e e as tais teorias.
”Aos olhos dos conservadores, a coisa da contracultura tava ficando muito grande. Aí começaram ser eliminados todos aqueles rockstars com o nome J. Aí aqui no Brasil se foram Juscelino, Jango e Carlos Lacerda. Os três morreram num intervalo de tempo muito curto. Isso me deu um clique. Parti então daquela coisa tropicalista de pegar uma coisa estrangeira e adaptar pro Brasil. E quanto mais eu cavoucava, mais fazia sentido, pois todos os exames de legistas tem falhas: Marilyn, Jimi Hendrix, Janis Joplin, Jim Morrison, Brian Jones, JFK, Lennon... Minha teoria é que, na cabeça dos conspiradores, para passar a uma próxima fase da história, você tem que eliminar o passado”, descreve.
Na revista, boas entrevistas exclusivas com Pitty, John Sinclair (fundador do partido dos Panteras Brancas), Kika Seixas, Marcos Motossierra e matérias sobre Otis Redding e Paul Weller, entre outros.
Santa Fé + revista O Martelo
Mustang
Independente
R$ 9,99
www.omartelo.com
O segredo J
Carlos Lopes
Oficina de Livros
Preço não divulgado
carloslopes68@gmail.com
Santa Fé - Comentário
Rápido e caceteiro: Carlos Lopes tem boas ideias, letras interessantes e é um compositor prolífico. Em Santa Fé, ele parte do seu background hard rock / metal nas direções mais diversas dentro do universo rock 'n' roll. O CD tem country, blues, balada, mod, glam, soul e punk. OK. Isso, porém, não disfarça sua maior deficência: a falta de um parceiro criativo que seja produtor / arranjador ou um músico mais refinado mesmo - não que Lopes seja um cara tosco. Mas alguém que pegasse suas composições e criasse arranjos precisos e podasse os excessos faria toda a diferença no resultado final. Do jeito que está, é um bom CD de rock gravado ao vivo, sem grandes pretensões - mas com todas as pretensões do mundo. Se é que vocês me entendem.
LEIA MAIS TRECHOS DA ENTREVISTA DE CARLOS LOPES
"Já vendi a primeira edição toda do livro. Agora em maio vou para a Feira Internacional do Livro de Foz do Iguaçu. Você tem que continuar acreditando que você pode fazer arte independente. Vou fazer meu trabalho de guerrilheiro. Quando fui fazer o disco, foi o mesmo chororô. "Quer saber de uma coisa", eu pensei, "eu já to lançando um livro mesmo, vou lançar tudo junto, CD, livro, revista..."
"Outro dia eu li que nos EUA só 5% da população lê livros. Cara, eu tenho que voltar as minhas próprias raízes, buscar minha própria verdade. Sabe o Lula quando negou a crise? Eu fiz a mesma coisa: eu não tenho crise de mercado, não tenho crise de criatividade, nem de coragem. O meu site eu faço todo sozinho, com alguns colaboradores. O processo me lembra muito quando eu fiz meu primeiro zine, recortando revista e colando. A maioria tá acovardada demais, ficam querendo agradar."
"Eu tenho horror de Led Zeppelin, Deep Purple... Isso é bom pra dar aula de guitarra."
"Eu nao estou a fim de fazer parte de grupo, quem vai ver a gente, pode ser qualquer um. Mas eu não gosto de ficar me explicando."
"O CD foi todo composto a partir de de dois casos. O primeiro foi a morte de minha mãe por mal de alzheimer. Aquilo me marcou demais. Logo depois embarquei num relacionamento com uma ex-namorada, quando eu descobri que ela tava viciada em cocaína. Quando caí nisso, eu compus essse disco inteiro. Ele fala sobre duas mortes muito sérias de duas mulheres. Na verdade, tudo é sempre sobre a mulher, que pode ser teu anjo e teu demonio, teu céu e teu inferno, e você transforma tudo em arte e usa o ouvido dos outros como terapia."
"Você rala e nada acontece. Aí tem uma hora que as coisas começam a acontecer. Você tem que acreditar no poder da tua locomoçao, da sua comunicação. Não tem que seguir a história de ninguem. Aí você bebe e cheira para se alienar da dor. Mas isso é errado, você não pode se alienar da tua dor. Você pode transforma-la em arte."
"Vivemos em um marasmo que é vendido como lindo. Você tem que depurar (esse monte de informação) senão fica maluco. Então foquei nas coisas básicas: amor pela sua mãe, amor por um amigo, amor por uma mulher."
"Eu gosto de Beyonce, cara! Não tenho preconceito."
"A gente devia estar sendo tropicalista o tempo inteiro, até o talo."
quarta-feira, abril 08, 2009
TOMA, RAÇA DE SACANA, MAIS UMA LEVA DE MICRO-RESENHAS NA CAIXA DOS CATARROS
Sacaninha e educativo
Sociedade interessante, a japonesa. Extremamente desenvolvido e industrializado, o país é também conhecido pela forma um tanto tímida com que sua população se relaciona com sua sexualidade. Ainda que exista o sexy ícone da gueixa, treinada para dar prazer ao seu senhor, o tabu persiste. Futari H, mangá que acaba de chegar as bancas, lida com esse cenário de forma leve, divertida e inteligente ao contar a história de Makoto e Yura, dois jovens de 25 anos que ainda são virgens e acabam de se casar através de uma agência de casamentos. Desajeitados, os dois vão se descobrindo mutuamente, deixa que o autor aproveita para abordar, com a desenvoltura de um sexólogo, fatos científicos, dados e números sobre o ato em si e a suas relações com a sociedade japonesa. Essa forma até didática de lidar com o assunto rendeu à obra o apelido de “mangá sutra“, dado o caráter de manual do sexo que é seu diferencial. Ainda assim, a HQ omite desenhos explícitos de órgãos em ação, já que isso é contra a lei por lá. Vá entender. Em todo caso, Futari H rende bem para fãs de comédias românticas em mangá e HQ erótica, dados os belos desenhos de Aki.
Futari H
Katsuaki Nakamura
JBC Mangás
R$ 6,90
http://mangasjbc.uol.com.br
Sepultura espreme laranjas e cabeças
E lá se vão mais de dez anos desde que o vocalista Max Cavallera deixou o Sepultura (em 1996), sendo seguido, vários anos depois, pelo irmão baterista e co-fundador, Ígor. E o que muitos acreditavam ser impossível, a sobrevivência da dignidade do maior nome do heavy metal nacional, enfim, se deu, para espanto de muitos. O fato é que A-Lex, quinto álbum com o vocalista americano Derrick Green, não decepciona nem velhos nem novos fãs do grupo que surgiu em Belo Horizonte, há 25 anos atrás. É também o segundo álbum conceitual da banda, após Dante XXI, baseado n‘A Divina Comédia, de Dante Alighieri. Aqui, Derrick, Andreas Kisser (guitarra), Paulo Júnior (baixo e último integrante original) e Jean Dolabella (o novo baterista, que sai definitivamente da sombra de Ígor), se inspiraram no livro A Laranja Mecânica, de Anthony Burgess. Referências literárias a parte, o batedor de cabeças tradicional poderá se esbaldar com a brutalidade típica do Sepultura encontrada intacta em faixas como Moloko Mesto, Filthy Rot, The Treatment e Metamorphosis. O melhor CD da banda desde a saída de Max.
A-Lex
Sepultura
Atração Fonográfica
R$ 29,90
www.sepultura.uol.com.br
Intriga policial à moda hebraica
O que aconteceria se o estado de Israel tivesse sido desmantelado apenas um ano depois da sua criação em 1947? Para o escritor americano Michael Chabon, a solução seria acomodar seus habitantes provisoriamente no território do Alasca. Em 2007, contanto, o gelado estado americano deve ser devolvido ao governo americano. Às vésperas da devolução, um assassinato a primeira vista banal de um viciado em drogas leva o detetive de polícia Meyer Landsman (um Sam Spade judeu) a descobrir uma intrincada conspiração para tomar Jerusalém e a Terra Santa a força, envolvendo um possível messias, a máfia judaica e gênios do xadrez.
Associação Judaica de Polícia
Michael Chabon
Companhia das Letras
471 p. | R$ 58
www.companhiadasletras.com.br
Rogê bem acompanhado
Se o velho ditado bíblico “dize-me com que andas e te direi quem és“ ainda servir para alguma coisa, então o cantor e compositor carioca Rogê está bem na fita. Em seu terceiro álbum, o rapaz surge muito bem acompanhado por bons nomes da atual cena musical carioca, como o sambista Arlindo Cruz, Seu Jorge, Luiz Melodia, Jaques Morelenbaum, Maurício Baia, Gabriel Moura e Jovi Joviniano, entre outros. Sem demarcar territórios em ritmos ou estilos específicos, Rogê gosta mesmo é de variar, indo do samba ao reggae sem muito esforço ou invencionices modernosas. Brasil em Brasa, na verdade, soa como uma declaração de amor do músico não exatamente ao Brasil em si, mas a um Rio de Janeiro que agoniza entre a nostalgia de um passado glorioso e a realidade brutal do hoje em dia. Não a toa, a faixa mais interessante do CD é Numa Cidade Longe Daqui, elaborada crônica de Arlindo Cruz, Acyr Marques e Franco – com a incrível narração de Paulo César Pereio em participação especial – sobre a escalada do poder paralelo.
Brasil em Brasa
Rogê
Independente
R$ 20
www.rogebrasil.com.br
Cueio Limão é HC banal
Não se deixem enganar pela capa. Paraguayo não é o CD de algum cantor brega de guarânias oriundo do país vizinho. Trata-se do terceiro álbum de inéditas do grupo mato-grossense de hardcore Cueio Limão. Como diferencial, a banda formada após um show dos Raimundos na cidade de Dourados traz o bom humor sacaninha que caracterizava a banda-inspiração. Em tempos de choradeira brega-romântica-emo generalizada, até que letras escrachadas de faixas como Se No Céu Não Tem Cerveja, O Desgosto Que Sua Irmã Me Deu e Take Me Back To Piauí são bem-vindas. Já a influência dos Raimundos se faz cristalina em Desgraçada, que conta com o acordeom do músico convidado Chico Chagas. A má notícia é que, no fim das contas, o som do grupo não difere em nada do de outras representações do gênero, podendo figurar numa trilha-sonora qualquer de Malhação, podendo passar despercebido a ouvidos mais exigentes. A voz do cantor Camilo Bóia também parece extremamente derivativa, confundindo-se com a de outros vocalistas do gênero.
Paraguayo
Cueio Limão
Urubuz Records
Preço não-divulgado
www.cueiolimao.com.br
Razorlight divide a crítica
Formado em 2002, o quarteto anglo-sueco Razorlight dividiu a crítica com este terceiro CD de sua carreira. Há quem os acuse de fazer “rock genérico“, sem personalidade (pecado mortal entre roqueiros), há quem aponte Johnny Borrel (líder do grupo) como o grande nome de sua geração. O fato é que, ouvindo Slipway Fires, as duas correntes de opinião parecem ter razão em algum momento, já que o CD é tão irregular que oferece razão para tanto. Na verdade, o grande pecado do Razorlight é o pendor para a grandiloquência poética, um quê de ópera-rock (não em termos de alcance vocal, mas de clima, mesmo) que surge em canções como Wire To Wire, Hostage of Love e Stinger. Por outro lado, faixas como North London Trash, You and The Rest e Burberry Blue Eyes namoram com a tradição tipicamente britânica da crônica social mordaz por um viés pop, iniciada lá nos anos 60 por Ray Davies (Kinks) e levada adiante por Paul Weller (The Jam), Damon Albarn (Blur) e Jarvis Cocker (Pulp). Se Borrel tem bala na agulha para se aproximar deles, o tempo vai dizer.
Slipway Fires
Razorlight
Universal
R$ 29,90
www.razorlight.co.uk
Trio galês manda bem ao vivo
Surgida em meados dos anos 90 no País de Gales, a banda Stereophonics está para a sua geração (Oasis, Blur, Pulp), mais ou menos como The Charlatans está para a deles (Stone Roses, Happy Mondays): uma representação considerada inferior, de segunda divisão. De fato, o trio liderado pelo bom vocalista Kelly Jones nunca gozou da mesma moral entre os críticos ou da popularidade entre os fãs que seus pares alcançaram, mas isso não quer dizer eles não tenham lá o seu valor. Este DVD, que chega ao Brasil atrasado em relação ao seu lançamento original lá fora (em 2006), oferece um bom painel da evolução que a banda experimentou nesta década e meia de estrada. O DVD em questão reúne um show da turnê de lançamento do álbum homônimo, um documentário sobre a gravação do mesmo e os quatro clipes que saíram dele. Entrosados no palco, mesmo contando com um baterista recém-efetivado (o argentino Javier Weyler), o show demonstra que a banda tem bastante garra e algumas boas composições recentes, como Dakota, Superman e Devil. Hits anteriores também surgem re-energizados, como Mr. Writer, Local Boy in the Photograph e I‘m Alright. Nos clipes, muita mulher bonita e um certo glamour sujo.
Language.Sex.Violence.Other?
Stereophonics
Coqueiro Verde
R$ 29,90
www.coqueiroverderecords.com.br
Sociedade interessante, a japonesa. Extremamente desenvolvido e industrializado, o país é também conhecido pela forma um tanto tímida com que sua população se relaciona com sua sexualidade. Ainda que exista o sexy ícone da gueixa, treinada para dar prazer ao seu senhor, o tabu persiste. Futari H, mangá que acaba de chegar as bancas, lida com esse cenário de forma leve, divertida e inteligente ao contar a história de Makoto e Yura, dois jovens de 25 anos que ainda são virgens e acabam de se casar através de uma agência de casamentos. Desajeitados, os dois vão se descobrindo mutuamente, deixa que o autor aproveita para abordar, com a desenvoltura de um sexólogo, fatos científicos, dados e números sobre o ato em si e a suas relações com a sociedade japonesa. Essa forma até didática de lidar com o assunto rendeu à obra o apelido de “mangá sutra“, dado o caráter de manual do sexo que é seu diferencial. Ainda assim, a HQ omite desenhos explícitos de órgãos em ação, já que isso é contra a lei por lá. Vá entender. Em todo caso, Futari H rende bem para fãs de comédias românticas em mangá e HQ erótica, dados os belos desenhos de Aki.
Futari H
Katsuaki Nakamura
JBC Mangás
R$ 6,90
http://mangasjbc.uol.com.br
Sepultura espreme laranjas e cabeças
E lá se vão mais de dez anos desde que o vocalista Max Cavallera deixou o Sepultura (em 1996), sendo seguido, vários anos depois, pelo irmão baterista e co-fundador, Ígor. E o que muitos acreditavam ser impossível, a sobrevivência da dignidade do maior nome do heavy metal nacional, enfim, se deu, para espanto de muitos. O fato é que A-Lex, quinto álbum com o vocalista americano Derrick Green, não decepciona nem velhos nem novos fãs do grupo que surgiu em Belo Horizonte, há 25 anos atrás. É também o segundo álbum conceitual da banda, após Dante XXI, baseado n‘A Divina Comédia, de Dante Alighieri. Aqui, Derrick, Andreas Kisser (guitarra), Paulo Júnior (baixo e último integrante original) e Jean Dolabella (o novo baterista, que sai definitivamente da sombra de Ígor), se inspiraram no livro A Laranja Mecânica, de Anthony Burgess. Referências literárias a parte, o batedor de cabeças tradicional poderá se esbaldar com a brutalidade típica do Sepultura encontrada intacta em faixas como Moloko Mesto, Filthy Rot, The Treatment e Metamorphosis. O melhor CD da banda desde a saída de Max.
A-Lex
Sepultura
Atração Fonográfica
R$ 29,90
www.sepultura.uol.com.br
Intriga policial à moda hebraica
O que aconteceria se o estado de Israel tivesse sido desmantelado apenas um ano depois da sua criação em 1947? Para o escritor americano Michael Chabon, a solução seria acomodar seus habitantes provisoriamente no território do Alasca. Em 2007, contanto, o gelado estado americano deve ser devolvido ao governo americano. Às vésperas da devolução, um assassinato a primeira vista banal de um viciado em drogas leva o detetive de polícia Meyer Landsman (um Sam Spade judeu) a descobrir uma intrincada conspiração para tomar Jerusalém e a Terra Santa a força, envolvendo um possível messias, a máfia judaica e gênios do xadrez.
Associação Judaica de Polícia
Michael Chabon
Companhia das Letras
471 p. | R$ 58
www.companhiadasletras.com.br
Rogê bem acompanhado
Se o velho ditado bíblico “dize-me com que andas e te direi quem és“ ainda servir para alguma coisa, então o cantor e compositor carioca Rogê está bem na fita. Em seu terceiro álbum, o rapaz surge muito bem acompanhado por bons nomes da atual cena musical carioca, como o sambista Arlindo Cruz, Seu Jorge, Luiz Melodia, Jaques Morelenbaum, Maurício Baia, Gabriel Moura e Jovi Joviniano, entre outros. Sem demarcar territórios em ritmos ou estilos específicos, Rogê gosta mesmo é de variar, indo do samba ao reggae sem muito esforço ou invencionices modernosas. Brasil em Brasa, na verdade, soa como uma declaração de amor do músico não exatamente ao Brasil em si, mas a um Rio de Janeiro que agoniza entre a nostalgia de um passado glorioso e a realidade brutal do hoje em dia. Não a toa, a faixa mais interessante do CD é Numa Cidade Longe Daqui, elaborada crônica de Arlindo Cruz, Acyr Marques e Franco – com a incrível narração de Paulo César Pereio em participação especial – sobre a escalada do poder paralelo.
Brasil em Brasa
Rogê
Independente
R$ 20
www.rogebrasil.com.br
Cueio Limão é HC banal
Não se deixem enganar pela capa. Paraguayo não é o CD de algum cantor brega de guarânias oriundo do país vizinho. Trata-se do terceiro álbum de inéditas do grupo mato-grossense de hardcore Cueio Limão. Como diferencial, a banda formada após um show dos Raimundos na cidade de Dourados traz o bom humor sacaninha que caracterizava a banda-inspiração. Em tempos de choradeira brega-romântica-emo generalizada, até que letras escrachadas de faixas como Se No Céu Não Tem Cerveja, O Desgosto Que Sua Irmã Me Deu e Take Me Back To Piauí são bem-vindas. Já a influência dos Raimundos se faz cristalina em Desgraçada, que conta com o acordeom do músico convidado Chico Chagas. A má notícia é que, no fim das contas, o som do grupo não difere em nada do de outras representações do gênero, podendo figurar numa trilha-sonora qualquer de Malhação, podendo passar despercebido a ouvidos mais exigentes. A voz do cantor Camilo Bóia também parece extremamente derivativa, confundindo-se com a de outros vocalistas do gênero.
Paraguayo
Cueio Limão
Urubuz Records
Preço não-divulgado
www.cueiolimao.com.br
Razorlight divide a crítica
Formado em 2002, o quarteto anglo-sueco Razorlight dividiu a crítica com este terceiro CD de sua carreira. Há quem os acuse de fazer “rock genérico“, sem personalidade (pecado mortal entre roqueiros), há quem aponte Johnny Borrel (líder do grupo) como o grande nome de sua geração. O fato é que, ouvindo Slipway Fires, as duas correntes de opinião parecem ter razão em algum momento, já que o CD é tão irregular que oferece razão para tanto. Na verdade, o grande pecado do Razorlight é o pendor para a grandiloquência poética, um quê de ópera-rock (não em termos de alcance vocal, mas de clima, mesmo) que surge em canções como Wire To Wire, Hostage of Love e Stinger. Por outro lado, faixas como North London Trash, You and The Rest e Burberry Blue Eyes namoram com a tradição tipicamente britânica da crônica social mordaz por um viés pop, iniciada lá nos anos 60 por Ray Davies (Kinks) e levada adiante por Paul Weller (The Jam), Damon Albarn (Blur) e Jarvis Cocker (Pulp). Se Borrel tem bala na agulha para se aproximar deles, o tempo vai dizer.
Slipway Fires
Razorlight
Universal
R$ 29,90
www.razorlight.co.uk
Trio galês manda bem ao vivo
Surgida em meados dos anos 90 no País de Gales, a banda Stereophonics está para a sua geração (Oasis, Blur, Pulp), mais ou menos como The Charlatans está para a deles (Stone Roses, Happy Mondays): uma representação considerada inferior, de segunda divisão. De fato, o trio liderado pelo bom vocalista Kelly Jones nunca gozou da mesma moral entre os críticos ou da popularidade entre os fãs que seus pares alcançaram, mas isso não quer dizer eles não tenham lá o seu valor. Este DVD, que chega ao Brasil atrasado em relação ao seu lançamento original lá fora (em 2006), oferece um bom painel da evolução que a banda experimentou nesta década e meia de estrada. O DVD em questão reúne um show da turnê de lançamento do álbum homônimo, um documentário sobre a gravação do mesmo e os quatro clipes que saíram dele. Entrosados no palco, mesmo contando com um baterista recém-efetivado (o argentino Javier Weyler), o show demonstra que a banda tem bastante garra e algumas boas composições recentes, como Dakota, Superman e Devil. Hits anteriores também surgem re-energizados, como Mr. Writer, Local Boy in the Photograph e I‘m Alright. Nos clipes, muita mulher bonita e um certo glamour sujo.
Language.Sex.Violence.Other?
Stereophonics
Coqueiro Verde
R$ 29,90
www.coqueiroverderecords.com.br
quinta-feira, abril 02, 2009
INFERNO NO WORLD
Cascadura abre temporada de três datas do Private Hell's Club neste sábado, no World Bar
Nos dias de hoje, na cidade de Salvador, uma banda de rock conseguir criar o seu próprio espaço e fazer, dentro dele, a sua assistência crescer, transcendendo o aparentemente estanque público da cena alternativa local, é, no mínimo, um feito notável.
E se há uma banda – hoje, nesta província – que trabalha sem reservas para quebrar as barreiras invisíveis que separam o rock local do grande público, ela se chama, com certeza, Cascadura.
Há outros nesta batalha: Retrofoguetes e mais alguns poucos e bons, certamente. Mas o que impressiona na Cascadura é que, não importa quantos shows eles tenham feito desde o lançamento do seu último CD, Bogary (2006) – um dos melhores discos de rock lançados nesta década, tranquilamente – sua crescente base de fãs quer sempre mais e melhores shows.
Foi depois de muita choradeira dos fãs na comunidade da banda em um site de relacionamento que Fábio Cascadura & Cia resolveram adiar uma parada estratégica para descansar em abril em prol da retomada da agenda de shows.
Inconscientemente ou não, o nome do evento escolhido para voltar ao trabalho é Cascadura Private Hell‘s Club (Clube Inferninho Particular).
Possivelmente, uma metáfora involuntária para o nicho de mercado que a banda ocupa hoje: maior que o rock local, menor que o mainstream, no limite do que uma banda de rock local pode alcançar em uma realidade cultural cruel com a diferença. Na abertura, a banda Hares faz as honras da casa. Semana que vem tem Mortícia e no dia 17, Acord. Doce inferninho.
Temporada Cascadura Private Hell’s Club
Dias 03 (Ccom Hares), 10 (com Mortícia) e 17 (com Acord) de abril, às 22 horas
World Bar (3264-5223) | Rua Dias d’Ávila, 26, Barra
R$ 12
Nos dias de hoje, na cidade de Salvador, uma banda de rock conseguir criar o seu próprio espaço e fazer, dentro dele, a sua assistência crescer, transcendendo o aparentemente estanque público da cena alternativa local, é, no mínimo, um feito notável.
E se há uma banda – hoje, nesta província – que trabalha sem reservas para quebrar as barreiras invisíveis que separam o rock local do grande público, ela se chama, com certeza, Cascadura.
Há outros nesta batalha: Retrofoguetes e mais alguns poucos e bons, certamente. Mas o que impressiona na Cascadura é que, não importa quantos shows eles tenham feito desde o lançamento do seu último CD, Bogary (2006) – um dos melhores discos de rock lançados nesta década, tranquilamente – sua crescente base de fãs quer sempre mais e melhores shows.
Foi depois de muita choradeira dos fãs na comunidade da banda em um site de relacionamento que Fábio Cascadura & Cia resolveram adiar uma parada estratégica para descansar em abril em prol da retomada da agenda de shows.
Inconscientemente ou não, o nome do evento escolhido para voltar ao trabalho é Cascadura Private Hell‘s Club (Clube Inferninho Particular).
Possivelmente, uma metáfora involuntária para o nicho de mercado que a banda ocupa hoje: maior que o rock local, menor que o mainstream, no limite do que uma banda de rock local pode alcançar em uma realidade cultural cruel com a diferença. Na abertura, a banda Hares faz as honras da casa. Semana que vem tem Mortícia e no dia 17, Acord. Doce inferninho.
Temporada Cascadura Private Hell’s Club
Dias 03 (Ccom Hares), 10 (com Mortícia) e 17 (com Acord) de abril, às 22 horas
World Bar (3264-5223) | Rua Dias d’Ávila, 26, Barra
R$ 12
PAUL E RINGO JUNTOS DE NOVO
Evento - Fundação de David Lynch promove show de Paul McCartney com Ringo Starr, Sheryl Crow e Eddie Vedder, entre outros
Ensinar um milhão de crianças em situação de risco social a meditar. Em linhas gerais, é disto que tratará o evento Change Begins Within (A Mudança Começa Por Dentro), que terá como atração principal um show do ex-Beatle Sir Paul McCartney e vários convidados, entre eles, Ringo Starr, em benefício da Fundação David Lynch .
O show, que acontecerá neste sábado (4), no lendário teatro Radio City Music Hall em Nova Iorque, foi anunciado desde o início do mês de março.
Jornais, sites e outros veículos do mundo inteiro, inclusive do Brasil, noticiaram que o evento seria transmitido para o mundo inteiro via o site David Lynch Foundation TV (http://dlf.tv), do diretor de cinema David Lynch, famoso por filmes como Veludo Azul (1986), Coração Selvagem (1990) e A Estrada Perdida (1997).
Ao entrar no site, porém, uma frase escrita em letras miúdas – ao lado de uma foto de Paul McCartney fazendo sinal de positivo – diz exatamente o contrário: “DLF.TV will not broadcast the concert itself“. Ou seja: “O site DLF.TV não transmitirá o concerto em si“.
Acima desta frase lê-se: “Live backstage webcast“, o que significa: “Webcast (transmissão via web) dos bastidores ao vivo“. E só. Não há mais nenhuma informação, nem o horário em que o começa o evento.
Resta aos fãs acessar a página do diretor no sábado para saber o que, afinal, será transmitido.
Histórico – Apesar dessa aparente comida de mosca – coletiva, de alcance mundial –, a ocasião promete ser histórica, já que o velho Macca receberá convidados de peso, a começar pelo já citado Ringo Starr – e todo mundo sabe que qualquer reunião de ex-Beatles sobre um palco para fazer música gera um barulho mais do que considerável.
A última vez que Paul e Ringo pisaram juntos no mesmo palco foi em 2002, durante o Concert For George, em homenagem ao ex-companheiro de Beatles George Harrison, morto no ano anterior.
Além de Ringo, marcarão presença Sheryl Crow, Donovan, Eddie Vedder (da banda Pearl Jam), Moby, Ben Harper, Paul Horn, Bettye Lavette e Jim James (da excelente banda My Morning Jacket).
O próprio David Lynch será o mestre de cerimônias do evento no Radio City Music Hall, ao lado da sua mulher, a atriz Laura Dern (estrela de Veludo Azul e Coração Selvagem) e do produtor musical Russel Simmons.
Meditação – O evento beneficente visa arrecadar fundos para a fundação de David Lynch, dedicada ao ensino de meditação transcendental a jovens. A intenção de Lynch é ensinar um milhão de jovens e crianças em diversas escolas dos Estados Unidos a meditar.
A David Lynch Foundation foi criada em 2005 com o intuito de financiar bolsas para estudantes do ginásio e ensino médio aprenderem técnicas da meditação.
O cineasta, que esteve no Brasil no ano passado, promovendo seu livro Em águas profundas, justamente sobre este tema, defende que a meditação é uma importante ferramenta que poderá ajudar jovens e crianças de vizinhanças pobres a superar o estresse e a violência, além de alcançar o sucesso pessoal.
No site que transmitirá o espetáculo que promete ser histórico, um texto introdutório lembra que "há 40 anos, os Beatles, Donovan, os Beach Boys e Paul Horn viajaram à Índia para estudar meditação transcendental (...). Eles trouxeram meditação e música que mudaram o mundo. Agora, eles voltam a se reunir no Radio City Music Hall, em Nova York (...) para mostrar essas canções a uma nova geração".
De fato, em 1967, os Beatles foram a Índia, influenciados por George Harrison – então já um adepto da cultura oriental –, em busca de paz espiritual.
A viagem rendeu boas histórias e canções, a maioria delas registrada no disco duplo The Beatles (conhecido como Álbum Branco). Lançado em 1968, trazia canções compostas na Índia, como Dear Prudence, Sexy Sadie, I‘m So Tired e The Continuing Story Of Bungalow Bill.
Ensinar um milhão de crianças em situação de risco social a meditar. Em linhas gerais, é disto que tratará o evento Change Begins Within (A Mudança Começa Por Dentro), que terá como atração principal um show do ex-Beatle Sir Paul McCartney e vários convidados, entre eles, Ringo Starr, em benefício da Fundação David Lynch .
O show, que acontecerá neste sábado (4), no lendário teatro Radio City Music Hall em Nova Iorque, foi anunciado desde o início do mês de março.
Jornais, sites e outros veículos do mundo inteiro, inclusive do Brasil, noticiaram que o evento seria transmitido para o mundo inteiro via o site David Lynch Foundation TV (http://dlf.tv), do diretor de cinema David Lynch, famoso por filmes como Veludo Azul (1986), Coração Selvagem (1990) e A Estrada Perdida (1997).
Ao entrar no site, porém, uma frase escrita em letras miúdas – ao lado de uma foto de Paul McCartney fazendo sinal de positivo – diz exatamente o contrário: “DLF.TV will not broadcast the concert itself“. Ou seja: “O site DLF.TV não transmitirá o concerto em si“.
Acima desta frase lê-se: “Live backstage webcast“, o que significa: “Webcast (transmissão via web) dos bastidores ao vivo“. E só. Não há mais nenhuma informação, nem o horário em que o começa o evento.
Resta aos fãs acessar a página do diretor no sábado para saber o que, afinal, será transmitido.
Histórico – Apesar dessa aparente comida de mosca – coletiva, de alcance mundial –, a ocasião promete ser histórica, já que o velho Macca receberá convidados de peso, a começar pelo já citado Ringo Starr – e todo mundo sabe que qualquer reunião de ex-Beatles sobre um palco para fazer música gera um barulho mais do que considerável.
A última vez que Paul e Ringo pisaram juntos no mesmo palco foi em 2002, durante o Concert For George, em homenagem ao ex-companheiro de Beatles George Harrison, morto no ano anterior.
Além de Ringo, marcarão presença Sheryl Crow, Donovan, Eddie Vedder (da banda Pearl Jam), Moby, Ben Harper, Paul Horn, Bettye Lavette e Jim James (da excelente banda My Morning Jacket).
O próprio David Lynch será o mestre de cerimônias do evento no Radio City Music Hall, ao lado da sua mulher, a atriz Laura Dern (estrela de Veludo Azul e Coração Selvagem) e do produtor musical Russel Simmons.
Meditação – O evento beneficente visa arrecadar fundos para a fundação de David Lynch, dedicada ao ensino de meditação transcendental a jovens. A intenção de Lynch é ensinar um milhão de jovens e crianças em diversas escolas dos Estados Unidos a meditar.
A David Lynch Foundation foi criada em 2005 com o intuito de financiar bolsas para estudantes do ginásio e ensino médio aprenderem técnicas da meditação.
O cineasta, que esteve no Brasil no ano passado, promovendo seu livro Em águas profundas, justamente sobre este tema, defende que a meditação é uma importante ferramenta que poderá ajudar jovens e crianças de vizinhanças pobres a superar o estresse e a violência, além de alcançar o sucesso pessoal.
No site que transmitirá o espetáculo que promete ser histórico, um texto introdutório lembra que "há 40 anos, os Beatles, Donovan, os Beach Boys e Paul Horn viajaram à Índia para estudar meditação transcendental (...). Eles trouxeram meditação e música que mudaram o mundo. Agora, eles voltam a se reunir no Radio City Music Hall, em Nova York (...) para mostrar essas canções a uma nova geração".
De fato, em 1967, os Beatles foram a Índia, influenciados por George Harrison – então já um adepto da cultura oriental –, em busca de paz espiritual.
A viagem rendeu boas histórias e canções, a maioria delas registrada no disco duplo The Beatles (conhecido como Álbum Branco). Lançado em 1968, trazia canções compostas na Índia, como Dear Prudence, Sexy Sadie, I‘m So Tired e The Continuing Story Of Bungalow Bill.
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