Na cena local não avançamos muito. As mesmas questões de sempre. Alguns dizendo que as coisas estão melhorado, que Salvador já foi pior, e que gente que só faz reclamar não contribui em nada para a "cena". Outros reclamam e dizem Salvador já foi mais do caralho, que nem sempre foi terra tão arrasada assim, que "the good ole days were the days". Só fico pirado com desinformação, e nesta época de info disponível num click, apenas preguiça pode explicar algumas bicudas. Apenas uma coisa se tornou uma constante, a eterna falta de recursos, materiais e intelectuais, que assola esta terra desde Cabral. Pior que a pobreza material é a pobreza espiritual. Algumas pessoas continuam achando (fingindo?) que existe lanche grátis. Não existe lanche grátis, alguém sempre está bancando, consciente (empresas, produtores, politica cultural do estado, os mecenas ou um simples mortal que esta a fim de doar seu trabalho), ou inconscientemente ( os tais incentivos fiscais, ou seja todo mundo). Então dito isso, garção, traz a saideira, e bro, paga aí que eu to doidão.
Minha lista de melhores de 2006
10-) The Spell - Black Heart Procession
Mais um mini classico de Pall e Nathaniel. Sombrio, belas melodias, e inspiração do gótico americano. Não recomendado para pessoas depressivas.
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De longe a melhor banda associada a DFA. Esqueça Rapture e LCD Soundsystem. Algo de Clash, sem imitação.
8-) Rather Ripped - Sonic Youth
Melhor disco deles em algum tempo, léguas superior a Sonic Nurse e Murray Street.
7-) Jerry Lee Lewis - Last Man Standing
Um disco de duetos. Destaque para as faixas com Jimmy Page e Buddy Guy. A marra do titulo é totalmente justificada e verdadeira (pensem nisto!).
6-) Peel Sessions - P.J. Harvey
Herdeira direta de Patti Smith, e muito alem de uma simples gravação ao vivo em estúdio, Polly Jean faz do seu disco uma homenagem a Peel. Um disco que cresce (epa!) a cada audição.
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Uma banda moderna no bom sentido. Ecos do My Bloody Valentine e musica experimental, tocado com mais vigor e vocais mais vicerais.
4-) Bogary - Cascadura
Uma seqüência virtuosa para Vivendo em Grande estilo, um pouco baladeiro demais a partir da metade do disco, mais sempre muito inspirado .
3-) The Crane Wife - The Decemberists
Uma surpresa. A banda do Oregon, é erudita na linguagem , ao mesmo tempo que é fiel a sua origem indie, mas com uma vertente totalmente original. The Crane Wife é um disco conceitual, sobre um tema inusitado, o assasinato de uma mulher durante a guerra civil americana e musicas de 10 minutos com órgão Hammond. Indie Prog?
2-) Modern Times - Bob Dylan
A única unanimidade que não é burra. Dizer o que?
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Definitivamente foi um ano estranho. Este disco salvou meu ano. Os americanos irmãos Mael, que tiveram seu auge comercial na Inglaterra em pleno Glam. (?), treinados classicamente, que tinham como sua banda de abertura uma tal de Queen( Mercury foi abertamente influenciado pelos arranjos vocais de Russell) , encenam o mais improvavel dos renascimentos. Depois de amargarem ostracismo em boa parte dos 70 , foram resgatados por Giorgio Moroder, ainda na era disco, fazendo uma espécie de eletro-disco (alguém já ouviu a genial When Do I Get to Sing My Way?), voltaram ao ostracismo, quando se reinventaram com o fenomenal Lil´Bethoven 3 anos atrás. Hello Young Lovers aperfeiçoa o conceito, que se mantem indefinível. São dez operetas pop, os arranjos de Ron são classicosos e luxuosos, os vocais de Russell as vezes operisticos, tudo embalado numa AULA sobre o pop nos ultimos 30 anos. As letras, irônicas mordazes e em ultima analise, cruéis constatações da condição humana, aparentemente "no brainers", mas no fundo inteligentíssimas. E ainda um hino pra nossas vidas "Dick Around". Um clássico e um gosto a se adquirir pelos não iniciados.