Quem acompanha esse blog já deve ter percebido que não curto harcore melódico. Especialmente as bandas da segunda metade dos anos 90 para cá. CPM 22 é um horror. Do Dead Fish, só acho legal uma única música (o hit "Você"). Desconheço e também não sinto a menor falta de bandas como Dance of Days, For Fun (nacionais), Dashboard Confessional, A.F.I., (gringas) e similares na minha vida. Por isso meu susto quando pus o primeiro CD da Mirabolix, banda local, pra rodar no CD player. Quando Revés de si um bemol (título do CD) começou com a faixa Redemoinhos, pensei: "Ai meu Deus, eu detesto hardcore adolescente, vai ser chato pacas detonar o CD dos garotos assim, na lata". Respirei fundo e fui ouvindo o disco, cioso do ofício jornalístico.
E não é que me surpreendi? E foi logo na segunda música. Pular no mar começa com uma melodia bacana, não que o som da banda tenha mudado radical de uma faixa para outra, de jeito nenhum. Acontece que a música é, simplesmente, massa. Depois de começar rock, ela vira uma marchinha de carnaval (com direito à trompa tocada pelo baterista Davi Cokeiro), e acreditem, ó incréus, ficou astral. E se no show tiver trompa e tudo, a coisa toda deve virar uma festa.
Aliás, nunca vi a banda ao vivo para checar se funciona, mas desconfio que Rafael Goiaba Nunnez tem potencial para ser um dos melhores vocalistas de sua geração. O rapaz ainda carrega um certo tom adolescente na voz que pode fazer rockers mais véios e tradicionais (como eu?) descarta-lo de cara, mas se for ouvir com mais calma, percebe-se que ele encaixa as letras em português direitinho, vai do sussurro ao grito com aparente desenvoltura (como em Agressões noturnas, penúltima faixa), tem potencial mesmo. Como de resto, a banda como um todo, aliás. Ninguém se destaca como instrumentista, tipo "Num Sei Quem toca pra caraaaalho". Não, todos parecem estar no mesmo nível, dando uma coesão bem visível no som da banda, cada um trabalhando pelo todo.
A sétima faixa, Naked by, lembra um pouco a clássica Crack Hitler, do Faith No More (álbum Angel dust), ainda que careça do óbvio savoir faire superior da banda de Mike Patton. Mas vale a pena ouvir, pois em condições digamos, alteradas de temperatura e pressão, as passagens de diálogo da letra - nonsense total de Goiaba Nunnez - podem render boas risadas (não sei se foi essa a intenção, mas se não foi, mal aê):
"- O código não bate! Não bate nas entrelinhas...
- Repita por favor.
- O código não bate!
- O tempo está passando meu caro...
- Mas a pia já está aberta.
Pra lavar minhas mãos.
- Destrua o código de barra! Destrua o código de barra... Que porra!"
Já a balada Ciscos na imensidão tem passagens que lembram Pearl Jam. Na verdade, as influências todas são bem marcantes (grunge, hardcore, alguma MPB), mas se diluem razovelmente no som da banda, que faz um esforço visível para soar original. (Coisa que aliás, não deveria preocupar. Tem que desencanar e fazer seu som. Ser original é conseqüência.)
Sendo mais direto, o disco é irregular. Tem faixas (ao meu ver) supérfluas, como Redemoinhos, Tudo de novo; começo sem fim e Já passou. Da mesma forma, tem faixas que denunciam seu potencial de criar boas canções no quilo para agradar - tanto a garotada que assiste a MTV, quanto doidões mais escolados e desencanados, se é que vocês me entendem.
Ouça com especial atenção, além da citada Pular no mar, as faixas 1993 (talvez uma tentativa de fazer algo similar à 1979 do Smashing Pumpkins), Mundo velho (influência do Los Hermanos do primeiro disco?), Vamos ter que mudar o final (ei, Los Hermanos de novo! Mas é no bom sentido. A trompa e as palmas ficaram bala. Aliás, adoro música com palmas. Talvez a melhor do disco.) e A vez do nunca (baladinha acústica que leva violino, violoncelo e oboé no arranjo, fechando o disco com classe).
Não poderia deixar de citar o capricho que a banda teve com a parte gráfica do CD. A capinha e o encarte são muito bem cuidados (para quem não entendeu o palhaço com o nó de forca da capa, a explicação está na letra de Ciscos na imensidão: "Inventei / mil palhaços que se enforcam aqui / pra sorrir / ao verem o sol").
Apesar dos pesares, de algumas letras bobinhas falando de relacionamentos de forma algo empolada e colegial (talvez uma dose de bom humor e despretensão lhes fizesse bem), é um bom começo. Tem um potencial interessante aqui. Acho que vai valer a pena acompanhar a trajetória dessa rapaziada.
A Mirabolix é Rafael Goiaba Nunezz (vocal), Bernardo Von Flach (baixo e berros), Maurício Tokimatsu (guitarra), Matheus Brasil (guitarra e violão) e Davi Cokeiro (bateria, trompa e escaleta).
O CD Revés de um si bemol foi lançado pela aTalho Discos, com distribuição nacional pela Trattore.
Site oficial.
Fotolog.
MORRISON NEWS - Eu tento, mas não consigo ficar um post sequer sem falar de quadrinhos. Menino Grant Morrison, um dos melhores escritores dessa mídia em todos os tempos, tá do jeito que eu gosto: até aqui de trabalho (não faz marola, não). Então, vejamos: o cara acabou de entregar à produtora New Line o roteiro cinematográfico de We3, que foi uma das obras mais impactantes de 2005 e deve chegar mês que vem nas bancas soteropolitanas - aguarde resenha rockloquística. Atualmente, está escrevendo All-star Superman, elogiadíssima revista que está livrando a cara do Homem de Aço, que sofre nas mãos de escritores medíocres há décadas. Entrementes, o careca-escocês-ocultista-psycho ainda está envolvido em 52, série semanal da DC que será desenvolvida em parceria por ele e mais três outros escritores da casa do Batman (Geoff Johns, Greg Rucka e Mark Waid), enfocando o que aconteceu no ano que se passou entre o fim da Crise Infinita (não me pergunte) e o retorno à programação normal da editora. Por falar em Batman, a notícia do ano: em agosto, Morrison assume o título do Homem Morcego, por pelo menos 15 números. Yeah! E pelo jeito, vai ser bala, pois o insano pretende retornar o personagem ao estilão dos anos 70, quando fazia um gênero meio James Bond, menos soturno, cheio de traquitanas tecnológicas ultrapassadas (Batcóptero, Batplano) e não tinha medo de beijar as mocinhas. Lesgal. Tem mais? E como: Morrison pretende lançar - até 2008 - um álbum capa dura com diversas histórias - ilustradas por artistas vários - dos Invisíveis, sua obra magna, nos moldes do álbum Sandman: Noites sem fim. Para encerrar, o workaholic ainda assume no selo Wildstorm o título dos Wildcats (que já passou até pelas mãos mágicas de Alan Moore). Porra, que horas esse cara vai no banheiro? Aproveite que já está aqui e conheça o site da figura: http://www.grant-morrison.com/ (Fonte: Universo HQ).
VAN HALEN NO FUNDO DO POÇO - Não, essa não dá para engolir. Diversos sites e agências de notícias estão dizendo que a banda pretende fazer um reality show, que nem o INXS fez no ano passado, para encontrar um novo vocalista. Como diria Cury, PQP! Eddie Van Halen só pode estar caquético. Por que não chama logo o Dave Lee Roth e resolve logo essa pendenga? Lee Roth é o cara, Eddie, se liga! (Fonte: Dynamite On Line)
DIS-CONECT - Malcom, Mirabolix e Canto dos Malditos - 16.02, Miss Modular.
PAULINHO OLIVEIRA CONVIDA - Stancia e Demoiselle. Dia 16/02 - Quinta feira, no Seven Inn (Rio Vermelho), 22 Hs.
1º ENCONTRO BAIANO DE BODY ART - FREAK EXPERIENCE - Do release: Com performances de djs, stands de tatuagem, piercing e acessórios. Vários profissionais estarão presentes tirando dúvidas e desmistificando alguns tabus que ainda são relacionados ao universo da body art. O clímax do evento será uma "SUSPENSÃO" realizada ao vivo por profissionais de São Paulo, sugerindo aos expectadores um momento de catarse. Com Lou, Sangria e Lisergia - Horário: 21 horas Valor: R$ 10,00 Classificação: 18 anos. 17.02, Casarão Santa Luzia (Comércio).
TRIBUTO AOS ROLLING STONES - Cascadura e King Kobra. Transmissão do Show dos Rolling Stones diretamente de Copacabana. Na Zauber. Horário: 23:00 Ingresso: R$5,00
FESTA NAVE > Grito de Carnaval - Discotecagem: [Rock - Marchinhas - Carnaval das Antigas - Electro - Indie - Glam - Punk] el Cabong / Janocide / Pin x Denis/ Sompeba/ djgo18.02.2006 23h R$ 10 (R$ 8 até meia-noite) Miss Modular Morro da Paciência, 3810, Rio Vermelho, Salvador-BA.
JAZZ ROCK QUARTET - O Jazz Rock Quartet formou-se inicialmente, com a proposta de ser a banda de acompanhamento para a gravação do primeiro CD do guitarrista Luciano Souza (ex- "Os Minos", "Grupo Creme" e "Som Nosso de Cada Dia), mas a febre de palco logo bateu e os dinossauros voltaram. No repertório, Chameleon, de Herbie Hancock, Stratus, de Billy Cobhan, Red house, de Jimmy Hendrix e Cidade Vazia, de Milton Banana Trio, além de muitos temas de improviso, no estilo free que os rege, juntando jazz, rock' n roll e samba- jazz. No início, juntaram-se ao guitarrista o baterista Lula Nascimento (tocou com Miles Davis, Nina Simone, Wayne Shorter e foi residente nas baquetas da EMI Odeon em 1973 e 74), o baixista Didi Gomes (ex-Novos Baianos e a Cor do Som) e Tavinho Magalhães, que se reveza no baixo e na guitarra. Por sinal, foi ex-aluno de Luciano. Dom Lula, como é chamado no meio musical, é categórico ao dizer que "não existe esse negócio de jazz brasileiro, é tudo uma coisa só", ele afirma, do alto dos seus 64 anos. Já Luciano Souza conta que aprendeu a tocar com 5 anos de idade, tomando aulas com o professor Josmar Assis e, com os Minos, "fomos o primeiro grupo baiano da Jovem Guarda a gravar dois compactos pela Copacabana em 1967, antes de Raulzito e Seus Panteras", conta o veterano guitarrista. Lula e Luciano se conheceram no início dos anos 70, quando o baterista, após três anos morando nos EUA (tinha ido pra lá como baterista do pianista de bossa nova Dom Salvador em 1968 e acabou ficando e tocando no Greenwich Village, reduto do jazz novaiorquino). Juntos, os dois trabalharam como músicos no lendário selo JS Discos, de Jorge Santos, e formaram também a Banda da Luz, que, vez por outra fazia apresentações no circuito alternativo da cidade. Didi tocou com Luciano, informalmente na casa dos Novos Baianos em São Paulo nos anos 70, e depois, como banda de apoio de Pepeu Gomes,no início dos anos 80, retomando a parceria apos décadas de interrupção, ocasionada por problemas de saúde de Souza. Tavinho é o mais novo. Um dia, com a guitarra nas costas no ponto de ônibus em Amaralina, Luciano o abordou se oferecendo para lhe dar aulas no instrumento e aí, de uma relação aluno-mestre, brotou a amizade e depois se firmou a parceria. Todos tocaram juntos pela primeira vez no Parque de Pituaçu, em janeiro de 2005.
(Fonte: release.)
HORA DO ROCK 16.02 - Hoje (quinta) tem Lynyrd Skynyrd, Allman Brothers Band e Thin Lizzy no Hora do Rock. Vai rolar também Talking Heads, Boomtown Rats, Joy Division, Roxy Music, New Order, Franz Ferdinand, Libertines e Green Day. Para ouvir: Globo FM (90,1) ou pelo site da rádio (www.gfm.com.br), 21h (ou 22 pra quem tá no horário de verão).
Blog (que, nos seus primórdios, entre 2004-05, foi de um programa de rádio) sobre rock e cultura pop. Hoje é o blog de Chico Castro Jr., jornalista formado pela Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia. Atualmente, é repórter do Caderno 2+ do jornal A Tarde, no qual algumas das matérias vistas aqui foram anteriormente publicadas. Assina a coluna Coletânea, dedicada à música independente baiana. Nossa base é Salvador, Bahia, a cidade do axé, a cidade do terror.
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18 comentários:
Fitinha k-7, Luedy? Em que século vc está, homem? ;-)
Ah, ok, agora entendi. Tb já fui um entusiasta do k-7 - durante muitos anos era meu único recurso para ouvir som, na verdade. Até hj tenho um gaveteiro de 3 andares abarrotado de fitas - e não tenho a menor idéia do que fazer com elas. Não quero jogar fora, mas tb não ouço mais. Que fazer?
Porra, George Clooney é o cara. A frase da semana é dele: "Se você sobrevive ao 'mullet', sobrevive a qualquer coisa." Aqui:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u57821.shtml
Luedy, vc ainda tem esse Tascam? vende?
Luedy,
a fita você emprestou a quem mesmo? a Zezão?
Ouça um bom conselho. Esqueça. Você não ouviu dizer que chá de fita K-7 dá onda?
abraços.
Porra, Franciel, vc acaba de resolver meu problema do gaveteiro!
ueeba, festa do k7 na casa de chico? quando??
Atenção: Cebola disse "K-7". Vou repetir: "K-7". Favor não confundir com "cacete".
O Tascam trabalha em velocidade dobrada em um só lado do tape, usando as duas faixas de uma só vez. Logo, uma fita de 60min grava 15min. O Via Sacra gravou em 88 num desses para uma coletânea paulista de punk rock - Ronda Alternativa - no estúdio que Tico (ex-Planeta Cidade) tinha na Vasco da Gama. Bruce Springsteen foi mais radical; fez o Nebraska (79) só com um Tascam 144 Series e dois microfones Sure 57. Os modelos ainda são fabricados; hora dessas compro um.
sábado está chegando. quem morrer se fudeu.
N'A Tarde de hoje (quinta) tem uma crônica fantástica de Zezão sobre sua experiência em shows dos Stones. Hilária. No primeiro (1995) a gente se bateu - por acaso - no Maraca e a porra, depois do show... A crônica de Zé tá na página um do caderno 2.
cebola, o que é que tem sábado?? por favor, não diga que é ba-vi.
e a berlinda?? anda ou não anda??
Não pedi permissão - só avisei, mas esse relato do show do Jazz Rock Quartet de Luisão, retirado do fotolog dele, tá tão bom que... só vcs lendo mesmo. O fotolog de Luisão é http://ubbibr.fotolog.com/luisao/
Vão lá que tem mais.
Cheguei ao Miss Modular cedo pra não perder um minuto sequer deste encontro. Não tinha quase ninguém e não mudou muito ate o fim da noite. Uma banda ficou enrolando antes e eu no pé de Zezão, que organizara o evento, cadê o show Zezão? E ele: - Lula Nascimento sumiu! - Como sumiu? Perguntei! ? Desaparecendo, respondeu. Bom... Mais tarde descobriram que Lula estava na portaria da casa da Gal Costa, que fica na mesma rua do bar, desde as oito da noite, achando que o show ia ser lá. Mas enfim, agora resgatado, o show aconteceria.
Lula tem um problema com bebidas, não pode tomar um gole de nada com álcool. Mas, distante do que cogitavam, chegou sóbrio, elegante e um gentleman como sempre. Lúcido, lembrou de vários de nossos encontros e até de um aniversário meu que ele foi lá em casa. Sentamos numa mesa e ele resolveu tomar uma vodka pra celebrar... Fudeu! Comentei com Fernanda, ainda dei o toque em Zezão, mas a bicha foi virada de ?gute-gute?. Depois ele ficou bicando um golinho dos drinks de cada um da platéia ali presente, para o desespero do Luciano que, em câmera lenta devido aos excessos dos anos 70, tentava avisar aos presentes pra não deixar Lula beber, sem muito êxito. - Então começa o show logo que ele pára! falei. Beleza.
Enfim o trio dos meus sonhos no palco!
A zorra da bebida afetou Lula de tal forma que ele começou tocando com umas três baquetas em cada mão. Realmente uma loucura que assustou ate a própria ?loucura musical? de Luciano e Didi que às vezes olhavam pra Lula assustados. Mesmo assim foi foda, roque é roque mesmo!
Saímos de lá, eu feliz que nem um pinto no lixo e Fernanda sem entender muito a minha felicidade. Mas tem coisas na vida, que por mais que haja uma cumplicidade, só a gente entende. Cheiro, sons e lugares do passado dos nossos miolos.
Salve Dom Lula, Luciano e Didi. Eu os amo. Sempre!
Luisão
12 de fevereiro de 2006
Miwki, se vc não sabe o que vai rolar sábado, VOCÊ está na berlinda (hehe). Quanto à Berlinda (banda), agende aí: 18 de março, miss mudular, mas calma que vamos divulgar com mais detalhes em todos os meios possíveis.
tu vai nos rolling stones??
eu já vi em 95, man!!
agora, madonna no mesmo esquema, tô colada, em agoto!!
fui em duas datas em 95 e em 98 com mr. Bob Dylan abrindo. Desta vez não vou, grana e tal, mas vai passar completo na globo. Tá rolando um esquema aí com Cascadura e king cobra no Zauber pra esse show dos stones, me parece que será um looongo sábado...
Tem texto (de fôlego) de Cláudio Moreira no Clash City Rockers. Confiram.
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