Cambitos que ofendem
Como sempre chegando atrasado às ondas do momento, não vou cair na besteira aqui neste blog de, como 11 entre dez jornalistas / resenhistas, render glórias ao soul, ao swing, à voz, ao dente quebrado, às bebedeiras e à sensualidade contida de
Amy Winehouse - ou mesmo à exatidão de timbres, arranjos e execução da produção de
Back to Black, a essa altura um mega-sucesso mundial. Não, caro leitor, nada disso. Vim, sim, fazer duas coisas: primeiro, colar o mundialmente famoso e cobiçado selinho de "aprovado pelo Rock Loco" no tal disco - só para que não haja dúvidas. Realmente,
Back to Black é uma linda e bem resolvida homenagem à sonoridade clássica da Motown, nota dez, do caralho e coisa e tal. Isto feito, passo alegremente à minha segunda tarefa neste texto, que é chamar a atenção para um detalhe que nenhum outro jornalista - daqui ou do mundo inteiro - parece ter atentado. O fato é este: não é aceitável que uma cantora de soul - ainda mais com uma voz tão quente - tenha pernas tão finas. Os cambitos da senhorita Winehouse são uma afronta à tradição dos pernis luxuriantes de grandes divas do estilo, como
Tina Turner,
Aretha Franklin,
Etta James, as
Supremes e todas as backing vocals de
James Brown (isso para não entrar no terreno de suas contemporâneas cantoras de r'n'b, indignas de comparação na seara musical, mas que batem um bolão, se é que vocês me entendem, como
Beyoncée,
Maryah Carey ou mesmo
Joss Stone). É de se imaginar que algum diretor de marketing da gravadora já deva, a essa altura, ter abordado esse assunto com a artista - entre um porre e outro -, sugerindo medidas como malhação, enxertos de silicone ou algo do tipo para sanar este problema. Vamos lá, senhorita Winehouse, está na hora dar seus pulinhos e encher esses cambitos aí - em tempo para o lançamento do próximo disco, de preferência. Mas enfim, o que importa é isso: o disco é nota dez - mas para os cambitos eu dou zero.
Back to Black
Amy Winehouse
UniversalCampeões da segunda divisão
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Com justiça, superei uma clara má-vontade inicial com este disco. Depois de me decepcionar um pouco com o primeiro CD dos
Kaiser Chiefs,
Employment (2004) - o nome do meu problema, aliás- , que pouco ou quase nada trazia além dos ótimos hits
I Predict a Riot e
Everyday I Love You Less and Less, minha curiosidade para
Yours Truly… era próxima do zero. Depois de deixa-lo descansar algum tempo, minha antipatia deu uma recuada e consegui ouvi-lo de forma mais atenta e menos preconceituosa.
Yours Truly... está longe de ser assim, uma
Brastemp, mas tem lá suas qualidades, com uma sonoridade bem próxima do rock britânico clássico e com certeza, não é o lixo que a maioria das resenhas por aí apregoa. Menos hypada e mais isolada dos grupos de sua geração, que rezam pela cartilha pós-punk, as referências britpop e british invasion (nessa ordem) da banda aparecem com mais clareza.
Kinks,
Animals,
Ocean Colour Scene,
Blur,
Oasis,
Cast e outros nomes do rock britânico dos anos 60 e 90 afloram naturalmente ao longo do CD, causando uma bem-vinda sensação de familiaridade no ouvinte. Não é que seja um puta disco do caralho, do tipo que se ouve sem pular faixas. Pula-se, sim. Só que as faixas que eu pulo são em número bem menor do que as que não pulo. Descubra as suas - vale a pena pelas outras.
Yours Truly, Angry Mob
Kaiser Chiefs
Universal
Jayne Mastodonte premiada
É com alegria que o Rock Loco registra que a revista
Jayne Mastodonte nº 2, do cartunista e quadrinista baiano
Flávio Luiz, ganhou o prêmio de
Melhor Revista Independente no
1º Troféu Alfaiataria de Fanzines, promovido pelo site
Pop Balões. Minha brodagem com o artista à parte, a premiação é mais do que merecida, pois o cara batalhou muito para botar essa revista na rua (além das suas óbvias qualidades humorísticas e artísticas). Quem quiser saber como foi a saga da publicação de Jayne Mastodonte, pode ler
a entrevista que fiz com o cara lá mesmo no site, que a publicou há um ou dois anos atrás. Flávio ainda concorre no
Troféu HQ Mix como melhor desenhista pelo álbum
O Messias (roteirizado por
Gonçalo Júnior) e de novo como Melhor Publicação Independente com Jayne M. O resultado sai em julho. Fica aqui a torcida do Rock Loco para que essa boa fase se confirme com mais esses prêmios para Flavinho.