O rock baiano, como sempre, inovando: banda Demoiselle tem cantora que nem canta sobre a Bahia, nem alardeia sua sexualidade (ou homo).
Pois é, enquanto as grandes cantoras baianas, aquelas, unanimidades nacionais, estão mais preocupadas com lipoaspirações, peitos de silicone, megashows com dançarinos, coreografias infantis e em estrelar o maior número de anúncios possível, outras, praticamente desconhecidas, se esforçam em empregar seus dotes vocais à serviço de belas melodias, música elaborada e letras onde - que surpresa - não encontramos as palavras "festa", "sol" ou "Bahia". Na verdade, no caso da Demoiselle e da sua vocalista Ivana Vivas, isso não é nenhuma surpresa, pois banda e cantora em questão são, sem diminuí-las um milímetro sequer, só mais uma prova do amadurecimento criativo que os músicos oriundos do meio rock de Salvador vêm experimentando nos últimos três ou quatro anos.
Não dava para esperar menos da banda de Toni Oliveira, guitarrista extraordinário que tocou anos na Cascadura, no tempo que a banda ainda tinha o "Dr." antes do nome. Lançado ainda em 2003, o ep "Demoiselle", com apenas três faixas, apresentou a banda ao público. Das três, duas são da autoria de Toni e a última, também dele em parceria com o produtor Tadeu Mascarenhas (Estúdio Casa das Máquinas). Não à toa, o disquinho acaba refletindo claramente o background classic rock do guitarrista. Na capa, o aviãozinho de Santos Dumont que empresta o nome ao grupo.
Adornadas pela bela voz de Ivana e pelos riffs sinuosos, quase barrocos, de Toni, as faixas transbordam de referências setentistas, mais notadamente Led Zeppelin e Rolling Stones, com uma certa pegada folk. Por tabela, acabam lembrando bastante os primeiros discos do Cascadura, mas com bem menos sujeira: aquele rock maneiro, com riffs marcantes e execução enxuta, sem virtuosismos, totalmente à serviço do resultado final e perfeito para tocar em qualquer FM do tipo "para quem gosta de música" (se estas se dispusessem a tocar música apta a ser gostada).
Essa abordagem, aliás, trava um pouco as expectativas de quem espera algo com mais "atitude" (ô palavrinha idiota!), mais explosão. Isso não rola aqui, as três faixas são bem estáveis, sem picos de peso ou fúria. Toda a atenção está voltada para o efeito gerado pela dupla formada pela guitarra de Toni e a voz de Ivana. Ivana Vivas, aliás, é uma preciosidade no rock baiano, pois além de muito bonita e charmosa, ainda canta bem pra cacete, com pinta de profissional e moral o bastante para botar qualquer cantorazinha de trio elétrico no chinelo.
Não a culpem, portanto, se algum dia, um empresário qualquer do mainstream local coopta-la para cantar em alguma dessas bandas com "dono", em troca de um salário polpudo. Quem tá no rock é pra sofrer, já disse o sábio César Vieira (aliás, um dos melhores frasistas do rock baiano). Mas isso não significa que você tenha que sofrer a vida inteira. Só espero que tal virada nunca lhe seja necessária...
Agora em novembro, a banda entra em estúdio para a pré-produção do primeiro CD. "Vamos começar a gravar no início do próximo ano. Vai ser um cd - até agora - independente...", conta a vocalista. Demorô.
Além de Toni e Ivana, a Demoiselle ainda conta com o auxílio luxuoso do também ex-Cascadura Ricardo The Flash Alves (rapaz, onde foi parar sua melanina?) no baixo e Guto Júnior na bateria. Estou no aguardo de uma boa oportunidade para vê-los ao vivo.
www.demoiselle.com.br
www.myspace.com/demoiselleband
www.fotolog.net/bandademoiselle
TODO CARNAVAL TEM SEU FIM
Baseada na farsa e em ídolos inconsistentes, a música baiana mainstream, mais dia, menos dia, há de se render ao vigor criativo do rock baiano, cada dia mais universal e acessível ao grande público
Não era fácil gostar de rock de verdade na segunda metade dos anos '80. O fedor de laquê para o cabelo armado das bandas de metal farofa impregnava o rock e ocupava todos os espaços possíveis, como comerciais de cigarros, programas de clipes (e a MTV lá fora), a preferência de amigos incautos e as rádios. Bandas como Poison, Bon Jovi, Mötley Crüe, Cinderella e outras menos cotadas emporcalhavam o bom nome do rock n' roll com suas calças apertadas, bundas de fora, bandanas coloridas e maquiagem pesada.
Em contrapartida à todo esse glam, nada ofereciam para confortar os ouvidos de quem queria ouvir música de verdade, com seus rockinhos de plástico e baladinhas esquemáticas. Como sabemos, o castelinho de areia dessa gentalha caiu em 1991, com o advento do Nirvana, do álbum Nevermind e do grunge de Seattle (e provavelmente desse episódio, surgiu a necessidade cíclica de um "salvador do rock" que surge de tempos em tempos). A injeção de verdade aplicada por Kurt Cobain e cia no cerne do rock n' roll naquele ano foi essencial para viabilizar uma vasta renovação no rock, renovação esta que têm seus efeitos sentidos até hoje. OK, o orgulho poser no rock ainda resiste, vide aí a lamentável onda emo e excrescências como Cansei de ser sexy e similares.
Mas o que se quer dizer aqui - antes que eu enrole ainda mais - é que, cada vez mais, é visível a evolução das bandas de rock baianas, que estão se apresentando ao público (e, por conseguinte, aos produtores culturais) de forma cada vez mais madura (no bom sentido) e com composições cada vez mais redondas, candidatas à hit e aptas a serem consumidas pelo grande público. O rock baiano, hoje, está prenhe de um item que é praticamente inexistente na música mainstream local que é empurrada goela abaixo do público: talento. E, como costumo dizer, quando há talento genuíno envolvido na jogada, tudo pode acontecer, inclusive o impossível - ou o que é considerado impossível.
Enquanto eles fazem jingles, o rock baiano faz música. Enquanto eles coçam a cabeça em busca do próximo "hino do verão baiano", o rock se expressa livremente, longe de amarras mercadológicas. Enquanto eles se apóiam em modelos pré-fabricados de sucesso baseado na mentira do jabá e da forçação (com o perdão do neologismo) de barra, o rock traz no seu som toda a verdade de uma geração de bandas que só querem se expressar de forma honesta e viver disso. E quando se ouve coisas como Cascadura, Formidável Família Musical, Canto dos Malditos (a despeito de não gostar do som da banda em si), Pessoas Invisíveis, Paulinho Oliveira, a Demoiselle já abordada no texto acima e diversos outros grupos, novos ou veteranos, é possível perceber que, nesse momento, o rock local é de uma dignidade, beleza e talento como poucas vezes se viu nessa terra.
Tem uma velha frase que diz que "é possível enganar muitas pessoas durante muito tempo, mas é impossível enganar todo mundo durante todo o tempo". Um dia a verdade sobe à tona. Um dia, os ídolos de barro serão esquecidos, pois de nada além disso são feitos: barro, poeira. Diferente da obra sólida, poderosa e consistente que o rock baiano vem construindo há anos, baseada na verdade criativa de cada um e que agora começa a encontrar sua forma mais próxima da perfeição. E antes que me acusem de ingenuidade, respondo com outra frase - mais ingênua ainda, só para contrariar: "você pode até dizer que eu sou um sonhador, mas eu não sou o único"...
Talvez tudo o que o rock baiano precise hoje - para meter o pé na porta de uma vez - seja uma Smells like teen spirit. Eu diria que estamos quase lá. Quem se candidata?
AGENDÃO
Angra na Concha !!!!! Do release: A mais expressiva banda brasileira de Heavy Metal, com projeção internacional, ANGRA, completa, em 2006, 15 anos de carreira, e para comemorar esta data, nada melhor que fazer uma turnê mundial do novo cd "AURORA CONSURGENS", e, além disso, começar por SALVADOR. Os fãs baianos poderão conferir o 1° show da maior turnê da banda na Concha Acústica no dia 1 de Novembro. Ingressos: 1° Lote ? Meia Entrada R$25, Limitado, (Apresentação Carteira Estudantil)2° Lote ? Meia Entrada R$30 (Apresentação Carteira Estudantil) Censura: 13 anos. À venda: Andarilho Urbano, Smile Stamps, Bilheteria do Teatro Castro Alves, Sacs iguatemi e Barra E Maniac Records. Concha Acústica (Campo Grande), Quarta 01/11.
ATAQUES DE ZUMBIS : O QUE FAZER? - Grande Workshop de sobrevivência em casos de mortos-vivos caminhando sobre a terra. Machina + Vendo 147 + The Honkers. Dubliners irish pub (porto da barra) Halloween com os Honkers, dia 1º de Novembro (Véspera de feriado). no 01/11/06 (quarta, véspera do feriado do dia dos mortos) pontualmente às 20h (pq lá o bar fecha às 1 da matina) R$ 10,00 (a entrada dá direito a 2 bebidas - cerveja refri ou água). a casa não aceita cheques ou cartões, apenas dinheiro em espécie.
Ronei Jorge e os Ladrões de Bicicleta e Pessoas Invisíveis. Após vencer a etapa Norte/Nordeste do Festival Trama Universitário a banda a Pessoas Invisíveis lança oficialmente seu 1º EP, com arte produzida pelo designer Edson Rosa, responsável também pela arte do disco "Anacrônico", de Pitty. A festa acontece dia 4/11, na Casa de Dinha (Rio Vermelho) tendo como convidados Ronei Jorge e os Ladrões de Bicicleta. Ainda em novembro, no dia 14, os quatro rapazes se apresentam no Rio de Janeiro, com a cantora Maria Rita, uma das maiores intérpretes da música brasileira. 04.11 Sábado, Casa da Dinha (Lg de Santana - Rio Vermelho), Horário: 23h. Ingresso: 10,00.
ROCK DÁ SORTE com IN VENTURA, DIMINUTO E PANGENIANOS - Data: 04/11 Sábado de feriadão, Local: THE DUBLINERS' Irish Pub ( Porto da barra, embaixo do barra turismo hotel), Hora: 20h30, Preço: R$10,00 COM DIREITO A 2 BEBIDAS (cerveja, água ou refrigerante), Informações: in_ventura@hotmail.com (lucas)
Blog (que, nos seus primórdios, entre 2004-05, foi de um programa de rádio) sobre rock e cultura pop. Hoje é o blog de Chico Castro Jr., jornalista formado pela Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia. Atualmente, é repórter do Caderno 2+ do jornal A Tarde, no qual algumas das matérias vistas aqui foram anteriormente publicadas. Assina a coluna Coletânea, dedicada à música independente baiana. Nossa base é Salvador, Bahia, a cidade do axé, a cidade do terror.
segunda-feira, outubro 30, 2006
segunda-feira, outubro 23, 2006
PÚTRIDAS BOCARRAS
Para alegria de alguns e total indiferença de outros tantos, venho esclarecer que este blog não morreu - ainda. Ainda esta semana, juro que tem post novo, no velho Franchico style de sempre. Para estimular a salivação em vossas pútridas bocarras, eis o cardápio da semana:
Demoiselle: mais uma boa banda baiana pronta para o grande público;
Os Mortos-vivos: Dias passados: hq de primeira usa a mitologia romeriana dos (meus adorados) zumbis canibais para filosofar sobre a condição humana, à moda do velho George;
Rock baiano: o inevitável levante que um dia virá - afinal, uma hora a verdade há de vir à tona.
+ o que ocorrer: ainda essa semana. SÉRIO!
E aguardem mais novidades rockloquistas: phodcasts inéditos com bandas ao vivo e.... segura'í que depois eu conto!
quarta-feira, outubro 04, 2006
GARÇOM, EU QUERO UM IGUAL AO DAQUELE INGLÊS MALUCO ALI!
Com Planetary e Authority, Warren Ellis atingiu o ápice de sua criatividade e perigou ficar ombro a ombro com Alan Moore
O escritor britânico de hq Warren Ellis é um homem de extremos. Toda vez que ele se dispõe a criar uma nova série, ou mesmo assume um personagem tradicional da Marvel ou DC, você pode ter certeza de uma coisa: o homem não costuma deixar pedra sobre pedra, sempre conduzindo os personagens à novos patamares antes inconcebíveis ou mesmo disparando conceitos totalmente absurdos e engenhosos a cada quadrinho. Suas duas obras mais significativas, e qualquer fã de seu trabalho deve concordar com isso, são duas séries de autoria própria para a Wildstorm, a editora do (péssimo e adorado) desenhista Jim Lee, ex-Image Comics, hoje uma subsidiária da DC. Em Authority e Planetary, Ellis soltou a franga - criativamente falando - de tal forma, que até hoje a primeira, alguns anos após o cancelamento, tropeça em consecutivos relançamentos em busca da antiga glória, sob a batuta de escritores menos capazes. E a segunda, Planetary, planejada para um determinado número de edições (como Preacher e Sandman), até hoje não foi concluída, pois Ellis só lança no máximo quatro números por ano, às vezes menos. Contando com a mesma equipe criativa desde o primeiro número (Ellis e John "Surpreendentes X-Men" Cassaday nos desenhos), cada edição de Planetary é um evento sofregamente aguardado pelos fãs ao redor do mundo. Mas vamos conhecer um pouco mais de cada série em si.
Se fosse para descrever em um clichê de apenas três palavras, Planetary seria um poço de referências, como aliás, foi posto na orelha do seu primeiro encadernado lançado no Brasil pela Devir Editora, "Mundo Estranho". Pense numa referência da cultura pop. Qualquer uma. Filmes de monstros japoneses? Os quadrinhos da Vertigo? Literatura pulp dos anos '30? Filmes de gangster chineses estilo John Woo (pré-Hollywood)? Os heróis da era de ouro da Marvel? Filmes americanos de ficção científica dos anos '50? Acredite, tudo isso e muito mais entra no liquidificador de referências que Planetary oferece ao leitor.
A cada edição, a equipe formada pelos invocados e enigmáticos Elijah Snow, Jakita Wagner e O Baterista, Os Arqueólogos do Impossível, como também são chamados, mergulham numa missão para desvendar a história secreta do século XX, sempre relacionada com alguma dessas referências. E o que poderia ficar só na homenagem babona, toma, muitas vezes, trejeitos de tratados - permeados pela visão crítica do escritor. Na história da edição número 7, "Na Inglaterra durante o verão", o autor desanca sem dó nem piedade os personagens da Vertigo, o proverbial selo de quadrinhos adultos da DC Comics que ele mesmo ajudou a fazer a fama, com sua série Transmetropolitan e escrevendo edições de Hellblazer, entre outros trabalhos. Nela, vemos o trio de protagonistas indo ao enterro de um genérico de John Constantine, ao qual também comparecem diversos outros personagens da Vertigo. "Eu não sei, talvez sejam os dez anos entre o agora e a cultura que os produziu, mas... eles não são totalmente ridículos?", pergunta Elijah Snow, diante de uma muvuca de genéricos dos personagens que nos embalaram nos anos '80 e '90, como o Monstro do Pântano, Homem Animal, Patrulha do Destino e Sandman, entre outros. Cruel, não?
Uma das coisas mais legais de Planetary é que, apesar de cada história se sustentar sozinha, independente de você ter lido ou não a edição anterior, existe toda uma sub-trama de conspiração que se desenvolve - e se complica - com absoluta maestria a cada missão. Mas o grande barato de Planetary - além dos desenhos majestosos de Cassaday, do desenvolvimento perfeito dos personagens, da conspiração (ênfase na "piração"), do ritmo de filme de espionagem e diálogos fantásticos - é mesmo o grande número de conceitos a primeira vista disparatados, mas absolutamente criativos e viajantes, que Warren Ellis espalha com a mão de um chef de cozinha ao longo de toda a série.
Para dar uma idéia ao leitor leigo, vou aproveitar um deles, já destacado pelo editor Leandro Luigi Del Manto no pósfácio do volume dois, "O Quarto Homem": "Tem uma equipe de técnicos da ex-União Soviética hibernando aqui perto. Ligados à mesma equipe de pesquisa que definiu que a alma humana é um campo eletromagnético. Dizem que descobriram para onde as almas vão. Que o Céu e o Inferno não são nada além de locomotivas sitiadas em um cabo de guerra uma contra a outra, e as almas fornecem o carvão. Este é o lugar onde a pós-vida é enganada. Você sabe... Campos eletromagnéticos são definitivamente rompidos por explosões nucleares. Eles tomaram seu último drinque e tiraram a última foto aqui, para então, serem amarrados a um mecanismo de teste nuclear no subsolo. Para a morte triunfante". Fala sério, é de pirar o cabeção um negócio desses. Garçom, seja lá o que esse inglês maluco esteja tomando, eu quero um igual.
E se em Planetary, Ellis nos concede sua magnífica reinvenção da ficção científica psicodélica, em Authority ele faz o mesmo com os quadrinhos de equipe de super-heróis, com resultados (quase) igualmente retumbantes. Formado a partir das cinzas de uma equipe vagabunda da Image dos anos '90, o Stormwatch, o Authority é formado por um punhado de heróis super poderosos, bad ass style, que resolveram tomar as rédeas do destino do mundo nas mãos.
Ah, tem um ditador oriental maluco incitando o terrorismo e enviando super assassinos para atuar ao redor do mundo? No problems. O Authority vai lá, invade o país, desce o sarrafo nele e resolve a questão de forma nada sutil. Tudo bem que alguns milhares de pessoas morreram no processo, mas "quantas pessoas teriam morrido se não estivéssemos aqui? Não é uma grande resposta, eu sei, mas é a melhor. Nós salvamos mais pessoas do que matamos. Isso basta para mim", justifica Jack Hawksmoor, o Rei das Cidades, um dos integrantes do grupo.
Como em Planetary, cada personagem é um enigma em si e um conceito completamente inovador. Esse Jack, por exemplo, é chamado de Rei das Cidades por que é simplesmente capaz de conversar com elas. Através dos seus pés, sempre descalços, ele diz estar "fisicamente ligado ao sistema nervoso das cidades". Se ele encostasse a mão no seu prédio, este contaria a ele cada história que presenciou. A líder do grupo, Jenny Sparks, o Espírito do Século XX, é "um mecanismo de defesa com cem anos de duração", como ela mesma se definiu, e, compreensivelmente, domina a eletricidade. Na última edição publicada em 1999, ela morreu (seu epitáfio, inscrito na lápide: "Que se foda! Eu quero um mundo melhor!"), para renascer como o bebê Jenny Quantum, de poderes ainda desconhecidos. Meia Noite e Apolo são genéricos de Batman e Super Homem, respectivamente. O detalhe sacana é que ambos são homossexuais assumidos e mantêm um tórrido affair, o que inclusive gerou problemas para os autores por conta da censura interna da DC Comics, que não gostou muito de ver seus dois maiores ícones retratados como um casal gay assumido - e dizem as más línguas, foi uma das razões do cancelamento da revista. A base de atuação do grupo, chamado A Balsa, é uma alternave mega gigantesca, com nada menos que 80 quilômetros de largura por 56 de altura, que se move pelas veias de Deus e pode se teletransportar instantaneamente para qualquer ponto do globo terrestre, bem como pode criar portas para fazer o mesmo com seus tripulantes, entre outros feitos estupefacientes.
Sempre combatendo ameaças em escala planetária, os heróis perversos do Authority ora combatem invasões de naves de uma Terra interdimensional, ora dão um cacete em mercenários uniformizados, genéricos dos Vingadores da Marvel. Warren Ellis, em histórica parceria com o desenhista Bryan Hitch (de Os Supremos), assinou a revista até o número 12, passando a bola a partir daí para o igualmente britânico e beberrão Mark Millar (autor de Chosen e também de Os Supremos) e Frank Quitely (We3) nos desenhos. Essa segunda dupla de criação aumentou ainda mais o tom e as doses de violência crua e loucura nada mansa do título. Disposto a definir o teor político da série, logo nas suas primeiras páginas, criou um diálogo hilário entre Jack Hawksmoor e o presidente americano, onde o primeiro dá uma bela chamada na chincha no segundo:
Hawksmoor: "O Authority é um grupo multicultural sem afiliação nacional e o resto do mundo sabe muito bem disso. Quaisquer represálias só podem ser dirigidas a nós e estamos confiantes de que podemos cuidar de qualquer coisa que alguém decida aprontar conosco".
Presidente americano: "Maldição, Hawksmoor! Assuntos internacionais são muito delicados para esse tipo de abordagem grosseira de vocês. Situações como essa estão fora de sua jurisdição".
Hawksmoor: "Você não está em posição de definir nossa jurisdição, senhor presidente. Nosso objetivo principal pode ser defender a Terra, mas isso não significa que vamos tolerar abusos de direitos humanos ocorrendo debaixo de nossos narizes. Não somos um supergrupo de histórias em quadrinhos, que trava combates inúteis com supercriminosos a cada mês, para preservar o status quo".
Planetary e Authority estão sendo publicados no Brasil em belos encadernados pela Devir Editora, com ótima tradução, papel de primeira, textos analíticos dos editores brasileiros e textos de apresentação de Alan Moore, Grant Morrison, Howard Chaykin e Joss Whedon, todos dando seus preciosos e entusiasmados avais para as séries.
Volumes já publicados: Planetary: Mundo estranho, Planetary: O Quarto homem, Authority: Sem perdão e Authority: Sob nova direção. Vale a pena buscar nas livrarias ou pela internet, apesar dos preços salgados, na faixa dos R$ 45,00.
AONDE VOCÊ MORA?
Uma das coisas que mais gosto de fazer quando viajo para outro estado é comprar o jornal logo na hora da chegada. Para mim, é ele a verdadeira porta de entrada para a vida diária de uma cidade, mais do que o aeroporto ou a rodoviária. Recentemente em Belo Horizonte, repeti o hábito, e gostei bastante da coluna Esquema Novo, do jornalista Terence Machado, publicada no Divirta-se, encarte em formato revista que circula às sextas-feiras no jornal Estado de Minas. Para quem não está ligando o nome à pessoa, Terence é aquele carequinha, geralmente de camisa preta de banda, que apresenta (ou apresentava, sei lá) o programa Alto-Falante, da Rede Minas, que era retransmitido pela TV Cultura de São Paulo para o resto do país aos sábados à noite. Pois então, na sua coluna de 15 de setembro, Terence divide o pop brasileiro à maneira da sociedade em que vivemos: "Existem os grupos grandes, já estabelecidos, que construíram suas carreiras nos tempos de bonança das multinacionais do disco - O Rappa, Paralamas do Sucesso, Skank (...). Por outro lado, existem aqueles que chegaram atrasados ao 'banquete', como Pitty e CPM 22, e assim, poderiam ser considerados 'novos ricos'. E bem distante do chamado mainstream, milhares de bandas e artistas trabalham na classe operária do rock, do pop, do brega, enquanto a classe média vai só perdendo seus privilégios", compara o jornalista, que coloca os ricos e novos ricos morando em apartamentos de luxo e mansões, enquanto "nos prédios de três andares sem elevador, nomes como Gram, Cachorro Grande e Ludov aparecem com certa freqüência na MTV, gravam DVDs, CDs, mas não são suficientemente 'grandes' para encabeçar um festival, figurar numa capa de revista especializada, tocar na rádio pop rock da sua cidade" etc. Terence termina seu raciocínio citando bandas como Fresno e Cansei de Ser Sexy, que, a exemplo do Arctic Monkeys, se deram bem com a ajuda da internet, mas "difícil será tirar o fator 'raro' desses casos e transforma-los numa prática mercadológica de sucesso". Sem fazer juízo de valor quanto às bandas citadas, concordo com a análise do senhor Machado, e, dando aquela pongada sem vergonha no seu raciocínio, fico a me perguntar em que espécie de habitação residiriam bandas locais como Cascadura, Ronei Jorge & Os Ladrões de Bicicleta, Sangria, Los Canos, Theatro de Seraphin e tantas outras, novas e veteranas, que há tanto tempo batalham por uma residência minimamente digna em Salvador. Afinal, não é sempre que você sai do berçário direto para, digamos, um belo apartamento na Graça, como aconteceu com a Cantos dos Malditos na Terra do Nunca, correto? Vamos apenas torcer para que a mudança não tenha sido precipitada e os meninos e menina da Canto consigam pagar direitinho e em dia o caro aluguel cobrado naquele bairro... Tem muita gente apostando que eles conseguem. E você?
MOMENTO HISTÓRICO
Fantástica a aparição de Alexandre Xanxa Guena na festa do VMB esse ano. Definitivamente, entrou para a história da TV brasileira. Não sei nem quero saber as razões do aparente estado lamentável em que se encontrava o rapaz, o que me deixou eufórico defronte à TV foi a cara de pânico e o susto que Pitty, banda e Spencer passaram ali na hora, quando viram Xanxa chegar ao palco rastejando. Não que eu tenha ficado feliz com a cena um tanto constrangedora (e muito engraçada para quem estava em casa), que, aliás, ele acabou tirando de letra apesar da voz meio falha, mas gostei muito da bravura do ato, de reivindicar para si sua parcela de glória pela vitória do clipe de Memórias, dirigido em parceria com Spencer, no VMB. E depois, como ele mesmo disse, "não acredite em nada do que você vê na TV, é tudo mentira". Xanxa, meu filho, você botou pra fuder.
AGENDÃO
Show sábado! - Demoiselle, Stancia e Lo Han - Data: 7 de Outubro Local: Dubliners Irish Pub - Praça Municipal ? Pelourinho Horário: 22H00 Valor: R$ 10,00 com direito a duas cervejas http://www.demoiselle.com.br/
Halloween com Retrofoguetes & Cascadura - Liberte suas fantasias mais monstruosas e venha se divertir no Halloween mais louco de todos os tempos! R$12 (R$15 depois da meia-noite) Traje preto ou fantasia* Zauber Ld. da misericórdia, atrás da prefeitura
LUAL DO HAOLES - A Festa Havaiana da Capitão Parafina" - Essa Super Noite acontecerá no dia 07 de outubro, no Espaço Verde em Lauro de Freitas-BA (Próximo a Unime). A animação será comandada pela "surf music" do power trio mais frenético da cena: Capitão Parafina e os Haoles.O público presente também poderá conferir os grandes sucessos do pop reggae da Los Baganas e a discotecagem eletrizante do DJ El Cabong. Horário: 22h. Espaço Verde (Lauro de Freitas-BA, próximo a Unime) Ingresso: 1º Lote - R$ 30,00 (Masculino), R$ 25,00 (Feminino) Onde Comprar: Lojas Chili Beans (Iguatemi, Barra, Itaigara e AeroClube) Informações: (71) 91920084
Ronei Jorge e os Ladrões de Bicicleta - domingo, dia 8 de outubro no Parque da Cidade às 11h. Entrada franca!
Sangria Convida - Cachorro Grande, Sangria e Cascadura - Onde? Rock In Rio Café, Aeroclube ? Boca do Rio, Salvador Quando? 11/10, quarta, véspera de feriado, às 21h Quanto? R$15 (meia) ? à venda nos balcões Pida! e Andarilho Urbano Classificação: 16 anos.
O escritor britânico de hq Warren Ellis é um homem de extremos. Toda vez que ele se dispõe a criar uma nova série, ou mesmo assume um personagem tradicional da Marvel ou DC, você pode ter certeza de uma coisa: o homem não costuma deixar pedra sobre pedra, sempre conduzindo os personagens à novos patamares antes inconcebíveis ou mesmo disparando conceitos totalmente absurdos e engenhosos a cada quadrinho. Suas duas obras mais significativas, e qualquer fã de seu trabalho deve concordar com isso, são duas séries de autoria própria para a Wildstorm, a editora do (péssimo e adorado) desenhista Jim Lee, ex-Image Comics, hoje uma subsidiária da DC. Em Authority e Planetary, Ellis soltou a franga - criativamente falando - de tal forma, que até hoje a primeira, alguns anos após o cancelamento, tropeça em consecutivos relançamentos em busca da antiga glória, sob a batuta de escritores menos capazes. E a segunda, Planetary, planejada para um determinado número de edições (como Preacher e Sandman), até hoje não foi concluída, pois Ellis só lança no máximo quatro números por ano, às vezes menos. Contando com a mesma equipe criativa desde o primeiro número (Ellis e John "Surpreendentes X-Men" Cassaday nos desenhos), cada edição de Planetary é um evento sofregamente aguardado pelos fãs ao redor do mundo. Mas vamos conhecer um pouco mais de cada série em si.
Se fosse para descrever em um clichê de apenas três palavras, Planetary seria um poço de referências, como aliás, foi posto na orelha do seu primeiro encadernado lançado no Brasil pela Devir Editora, "Mundo Estranho". Pense numa referência da cultura pop. Qualquer uma. Filmes de monstros japoneses? Os quadrinhos da Vertigo? Literatura pulp dos anos '30? Filmes de gangster chineses estilo John Woo (pré-Hollywood)? Os heróis da era de ouro da Marvel? Filmes americanos de ficção científica dos anos '50? Acredite, tudo isso e muito mais entra no liquidificador de referências que Planetary oferece ao leitor.
A cada edição, a equipe formada pelos invocados e enigmáticos Elijah Snow, Jakita Wagner e O Baterista, Os Arqueólogos do Impossível, como também são chamados, mergulham numa missão para desvendar a história secreta do século XX, sempre relacionada com alguma dessas referências. E o que poderia ficar só na homenagem babona, toma, muitas vezes, trejeitos de tratados - permeados pela visão crítica do escritor. Na história da edição número 7, "Na Inglaterra durante o verão", o autor desanca sem dó nem piedade os personagens da Vertigo, o proverbial selo de quadrinhos adultos da DC Comics que ele mesmo ajudou a fazer a fama, com sua série Transmetropolitan e escrevendo edições de Hellblazer, entre outros trabalhos. Nela, vemos o trio de protagonistas indo ao enterro de um genérico de John Constantine, ao qual também comparecem diversos outros personagens da Vertigo. "Eu não sei, talvez sejam os dez anos entre o agora e a cultura que os produziu, mas... eles não são totalmente ridículos?", pergunta Elijah Snow, diante de uma muvuca de genéricos dos personagens que nos embalaram nos anos '80 e '90, como o Monstro do Pântano, Homem Animal, Patrulha do Destino e Sandman, entre outros. Cruel, não?
Uma das coisas mais legais de Planetary é que, apesar de cada história se sustentar sozinha, independente de você ter lido ou não a edição anterior, existe toda uma sub-trama de conspiração que se desenvolve - e se complica - com absoluta maestria a cada missão. Mas o grande barato de Planetary - além dos desenhos majestosos de Cassaday, do desenvolvimento perfeito dos personagens, da conspiração (ênfase na "piração"), do ritmo de filme de espionagem e diálogos fantásticos - é mesmo o grande número de conceitos a primeira vista disparatados, mas absolutamente criativos e viajantes, que Warren Ellis espalha com a mão de um chef de cozinha ao longo de toda a série.
Para dar uma idéia ao leitor leigo, vou aproveitar um deles, já destacado pelo editor Leandro Luigi Del Manto no pósfácio do volume dois, "O Quarto Homem": "Tem uma equipe de técnicos da ex-União Soviética hibernando aqui perto. Ligados à mesma equipe de pesquisa que definiu que a alma humana é um campo eletromagnético. Dizem que descobriram para onde as almas vão. Que o Céu e o Inferno não são nada além de locomotivas sitiadas em um cabo de guerra uma contra a outra, e as almas fornecem o carvão. Este é o lugar onde a pós-vida é enganada. Você sabe... Campos eletromagnéticos são definitivamente rompidos por explosões nucleares. Eles tomaram seu último drinque e tiraram a última foto aqui, para então, serem amarrados a um mecanismo de teste nuclear no subsolo. Para a morte triunfante". Fala sério, é de pirar o cabeção um negócio desses. Garçom, seja lá o que esse inglês maluco esteja tomando, eu quero um igual.
E se em Planetary, Ellis nos concede sua magnífica reinvenção da ficção científica psicodélica, em Authority ele faz o mesmo com os quadrinhos de equipe de super-heróis, com resultados (quase) igualmente retumbantes. Formado a partir das cinzas de uma equipe vagabunda da Image dos anos '90, o Stormwatch, o Authority é formado por um punhado de heróis super poderosos, bad ass style, que resolveram tomar as rédeas do destino do mundo nas mãos.
Ah, tem um ditador oriental maluco incitando o terrorismo e enviando super assassinos para atuar ao redor do mundo? No problems. O Authority vai lá, invade o país, desce o sarrafo nele e resolve a questão de forma nada sutil. Tudo bem que alguns milhares de pessoas morreram no processo, mas "quantas pessoas teriam morrido se não estivéssemos aqui? Não é uma grande resposta, eu sei, mas é a melhor. Nós salvamos mais pessoas do que matamos. Isso basta para mim", justifica Jack Hawksmoor, o Rei das Cidades, um dos integrantes do grupo.
Como em Planetary, cada personagem é um enigma em si e um conceito completamente inovador. Esse Jack, por exemplo, é chamado de Rei das Cidades por que é simplesmente capaz de conversar com elas. Através dos seus pés, sempre descalços, ele diz estar "fisicamente ligado ao sistema nervoso das cidades". Se ele encostasse a mão no seu prédio, este contaria a ele cada história que presenciou. A líder do grupo, Jenny Sparks, o Espírito do Século XX, é "um mecanismo de defesa com cem anos de duração", como ela mesma se definiu, e, compreensivelmente, domina a eletricidade. Na última edição publicada em 1999, ela morreu (seu epitáfio, inscrito na lápide: "Que se foda! Eu quero um mundo melhor!"), para renascer como o bebê Jenny Quantum, de poderes ainda desconhecidos. Meia Noite e Apolo são genéricos de Batman e Super Homem, respectivamente. O detalhe sacana é que ambos são homossexuais assumidos e mantêm um tórrido affair, o que inclusive gerou problemas para os autores por conta da censura interna da DC Comics, que não gostou muito de ver seus dois maiores ícones retratados como um casal gay assumido - e dizem as más línguas, foi uma das razões do cancelamento da revista. A base de atuação do grupo, chamado A Balsa, é uma alternave mega gigantesca, com nada menos que 80 quilômetros de largura por 56 de altura, que se move pelas veias de Deus e pode se teletransportar instantaneamente para qualquer ponto do globo terrestre, bem como pode criar portas para fazer o mesmo com seus tripulantes, entre outros feitos estupefacientes.
Sempre combatendo ameaças em escala planetária, os heróis perversos do Authority ora combatem invasões de naves de uma Terra interdimensional, ora dão um cacete em mercenários uniformizados, genéricos dos Vingadores da Marvel. Warren Ellis, em histórica parceria com o desenhista Bryan Hitch (de Os Supremos), assinou a revista até o número 12, passando a bola a partir daí para o igualmente britânico e beberrão Mark Millar (autor de Chosen e também de Os Supremos) e Frank Quitely (We3) nos desenhos. Essa segunda dupla de criação aumentou ainda mais o tom e as doses de violência crua e loucura nada mansa do título. Disposto a definir o teor político da série, logo nas suas primeiras páginas, criou um diálogo hilário entre Jack Hawksmoor e o presidente americano, onde o primeiro dá uma bela chamada na chincha no segundo:
Hawksmoor: "O Authority é um grupo multicultural sem afiliação nacional e o resto do mundo sabe muito bem disso. Quaisquer represálias só podem ser dirigidas a nós e estamos confiantes de que podemos cuidar de qualquer coisa que alguém decida aprontar conosco".
Presidente americano: "Maldição, Hawksmoor! Assuntos internacionais são muito delicados para esse tipo de abordagem grosseira de vocês. Situações como essa estão fora de sua jurisdição".
Hawksmoor: "Você não está em posição de definir nossa jurisdição, senhor presidente. Nosso objetivo principal pode ser defender a Terra, mas isso não significa que vamos tolerar abusos de direitos humanos ocorrendo debaixo de nossos narizes. Não somos um supergrupo de histórias em quadrinhos, que trava combates inúteis com supercriminosos a cada mês, para preservar o status quo".
Planetary e Authority estão sendo publicados no Brasil em belos encadernados pela Devir Editora, com ótima tradução, papel de primeira, textos analíticos dos editores brasileiros e textos de apresentação de Alan Moore, Grant Morrison, Howard Chaykin e Joss Whedon, todos dando seus preciosos e entusiasmados avais para as séries.
Volumes já publicados: Planetary: Mundo estranho, Planetary: O Quarto homem, Authority: Sem perdão e Authority: Sob nova direção. Vale a pena buscar nas livrarias ou pela internet, apesar dos preços salgados, na faixa dos R$ 45,00.
AONDE VOCÊ MORA?
Uma das coisas que mais gosto de fazer quando viajo para outro estado é comprar o jornal logo na hora da chegada. Para mim, é ele a verdadeira porta de entrada para a vida diária de uma cidade, mais do que o aeroporto ou a rodoviária. Recentemente em Belo Horizonte, repeti o hábito, e gostei bastante da coluna Esquema Novo, do jornalista Terence Machado, publicada no Divirta-se, encarte em formato revista que circula às sextas-feiras no jornal Estado de Minas. Para quem não está ligando o nome à pessoa, Terence é aquele carequinha, geralmente de camisa preta de banda, que apresenta (ou apresentava, sei lá) o programa Alto-Falante, da Rede Minas, que era retransmitido pela TV Cultura de São Paulo para o resto do país aos sábados à noite. Pois então, na sua coluna de 15 de setembro, Terence divide o pop brasileiro à maneira da sociedade em que vivemos: "Existem os grupos grandes, já estabelecidos, que construíram suas carreiras nos tempos de bonança das multinacionais do disco - O Rappa, Paralamas do Sucesso, Skank (...). Por outro lado, existem aqueles que chegaram atrasados ao 'banquete', como Pitty e CPM 22, e assim, poderiam ser considerados 'novos ricos'. E bem distante do chamado mainstream, milhares de bandas e artistas trabalham na classe operária do rock, do pop, do brega, enquanto a classe média vai só perdendo seus privilégios", compara o jornalista, que coloca os ricos e novos ricos morando em apartamentos de luxo e mansões, enquanto "nos prédios de três andares sem elevador, nomes como Gram, Cachorro Grande e Ludov aparecem com certa freqüência na MTV, gravam DVDs, CDs, mas não são suficientemente 'grandes' para encabeçar um festival, figurar numa capa de revista especializada, tocar na rádio pop rock da sua cidade" etc. Terence termina seu raciocínio citando bandas como Fresno e Cansei de Ser Sexy, que, a exemplo do Arctic Monkeys, se deram bem com a ajuda da internet, mas "difícil será tirar o fator 'raro' desses casos e transforma-los numa prática mercadológica de sucesso". Sem fazer juízo de valor quanto às bandas citadas, concordo com a análise do senhor Machado, e, dando aquela pongada sem vergonha no seu raciocínio, fico a me perguntar em que espécie de habitação residiriam bandas locais como Cascadura, Ronei Jorge & Os Ladrões de Bicicleta, Sangria, Los Canos, Theatro de Seraphin e tantas outras, novas e veteranas, que há tanto tempo batalham por uma residência minimamente digna em Salvador. Afinal, não é sempre que você sai do berçário direto para, digamos, um belo apartamento na Graça, como aconteceu com a Cantos dos Malditos na Terra do Nunca, correto? Vamos apenas torcer para que a mudança não tenha sido precipitada e os meninos e menina da Canto consigam pagar direitinho e em dia o caro aluguel cobrado naquele bairro... Tem muita gente apostando que eles conseguem. E você?
MOMENTO HISTÓRICO
Fantástica a aparição de Alexandre Xanxa Guena na festa do VMB esse ano. Definitivamente, entrou para a história da TV brasileira. Não sei nem quero saber as razões do aparente estado lamentável em que se encontrava o rapaz, o que me deixou eufórico defronte à TV foi a cara de pânico e o susto que Pitty, banda e Spencer passaram ali na hora, quando viram Xanxa chegar ao palco rastejando. Não que eu tenha ficado feliz com a cena um tanto constrangedora (e muito engraçada para quem estava em casa), que, aliás, ele acabou tirando de letra apesar da voz meio falha, mas gostei muito da bravura do ato, de reivindicar para si sua parcela de glória pela vitória do clipe de Memórias, dirigido em parceria com Spencer, no VMB. E depois, como ele mesmo disse, "não acredite em nada do que você vê na TV, é tudo mentira". Xanxa, meu filho, você botou pra fuder.
AGENDÃO
Show sábado! - Demoiselle, Stancia e Lo Han - Data: 7 de Outubro Local: Dubliners Irish Pub - Praça Municipal ? Pelourinho Horário: 22H00 Valor: R$ 10,00 com direito a duas cervejas http://www.demoiselle.com.br/
Halloween com Retrofoguetes & Cascadura - Liberte suas fantasias mais monstruosas e venha se divertir no Halloween mais louco de todos os tempos! R$12 (R$15 depois da meia-noite) Traje preto ou fantasia* Zauber Ld. da misericórdia, atrás da prefeitura
LUAL DO HAOLES - A Festa Havaiana da Capitão Parafina" - Essa Super Noite acontecerá no dia 07 de outubro, no Espaço Verde em Lauro de Freitas-BA (Próximo a Unime). A animação será comandada pela "surf music" do power trio mais frenético da cena: Capitão Parafina e os Haoles.O público presente também poderá conferir os grandes sucessos do pop reggae da Los Baganas e a discotecagem eletrizante do DJ El Cabong. Horário: 22h. Espaço Verde (Lauro de Freitas-BA, próximo a Unime) Ingresso: 1º Lote - R$ 30,00 (Masculino), R$ 25,00 (Feminino) Onde Comprar: Lojas Chili Beans (Iguatemi, Barra, Itaigara e AeroClube) Informações: (71) 91920084
Ronei Jorge e os Ladrões de Bicicleta - domingo, dia 8 de outubro no Parque da Cidade às 11h. Entrada franca!
Sangria Convida - Cachorro Grande, Sangria e Cascadura - Onde? Rock In Rio Café, Aeroclube ? Boca do Rio, Salvador Quando? 11/10, quarta, véspera de feriado, às 21h Quanto? R$15 (meia) ? à venda nos balcões Pida! e Andarilho Urbano Classificação: 16 anos.
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