Camisa 2015. Foto Mila Maluhy |
“Fiz sete shows em nove dias. Quatro com o Camisa e três solo”, Mas os fãs baianos não precisam se preocupar. Neste sábado, o homem estará descansado e pronto pra botar pra f#$%.
É neste sábado que Salvador recebe o show comemorativo dos 35 anos de formação do Camisa de Vênus, a banda mais mal-criada, boca suja e afrontosa que já pisou por estas bem-comportadas bandas (com duplo sentido).
Liricamente mal-criada, claro. Afinal, este senhor não é mais um garotinho. Nem o baixista Robério Santana, único membro original na formação além de Marcelo.
Garotos são os outros músicos na banda: Drake Nova (guitarrista e filho de Marcelo), Leandro Dalle (guitarra) e Célio Glouster (bateria).
Quando pisarem no palco do Barra Hall, o Camisa já terá cumprido boa parte de sua turnê iniciada em maio, tendo passado pelo Rio de Janeiro, São Paulo (cinco noites entre o Sesc Vila Mariana e outras casas de show ), Fortaleza, Natal, Recife, Porto Alegre, Novo Hamburgo (RS), Belo Horizonte, Curitiba e Santo André.
Entre um e outro, Marcelo ainda faz seus shows solo pelo interior de São Paulo. Se ele está curtindo? “Não poderia ser melhor. Na verdade, o Camisa tem 28 anos que não faz uma turnê”, lembra.
“A última foi em 1987, no lançamento do álbum Duplo Sentido. Até nos anos 1990, quando lançamos os discos Plugado! (1995) e Quem é Você (1996) fizemos poucos shows, nada que cruzasse o país como agora. Então essa é a primeira tour em 28 anos, o que demonstra quão velho eu estou”, acrescenta.
No repertório, adequado para um show comemorativo, todos os sucessos que os fãs querem ouvir: Bete Morreu, Passatempo, O Adventista, My Way, Symca-Chambord, Silvia, Negue, Eu Não Matei Joana D’Arc, Gotham City etc.
Ficou facinho
Marcelo e Robério, os remanescentes |
Em todo caso, ele diz que tem sido muito divertido voltar a tocar com seu velho parceiro, Robério: "Muito divertido, ele é meu parceiro e amigo há 35 anos. Foi com ele que montei o Camisa, ele foi a primeira pessoa a quem expus minhas ideias, a direção em que eu ia escrever as letras. Ele foi o primeiro parceiro do Camisa", afirma.
Ele afirma que a volta para essa série de shows foi motivada pelo convite feito pelo empresário Júnior Valladão (o famoso irmão de Nasi, do Ira!), da Agência Produtora.
“A empresa dele é uma das maiores agências de shows do Brasil. Tenho uma relação pessoal e profissional muito boa com ele. Em janeiro ele me ligou dizendo ‘parabéns, em 2015 faz 35 anos que você montou o Camisa’. Eu mesmo não tinha atentado pra isso”, relata.
“Aí ele disse que queria produzir essa turnê do Camisa. A partir daí tivemos algumas reuniões. Por que não me interessava fazer meia dúzia de shows”, conta.
Exigente, Marcelo pleiteou correr o país de cima a baixo com uma equipe técnica de primeira: “Eu quero som e luz primorosos. Depois falei com Robério e ele disse ‘tô dentro’. E assim foi. Como já tô com o Drake, Leandro e Celinho há sete anos, eu já tinha uma cozinha montada. Aí ficou muito fácil, a verdade é essa”, diz.
Perto de completar 64 anos (dia 16 próximo), Marcelo ainda não pensa em lançar sua biografia tão rapidamente: “Tenho conversado com o (jornalista André) Barcinski. Mas vou devagar, é que surgiu uma febre de biografias impressionante no rock. A maioria é muito chata, só fala de droga, overdose, 'dei um murro na cara de fulano' e tal, essas coisas que mantem a mística do rock. Muito interessante para meninos, mas eu tenho 63 anos. Não me vejo como um Peter Pan do rock para percorrer esse caminho adolescente”, afirma.
A questão da biografia (ou autobiografia) para Marcelo Nova é algo muito importante. Justamente por isso ele não quer cair na banalidade comum às biografias de celebridades.
“O meu texto evoluiu por que me dediquei a isso. Envelheci, e, com isso, veio a persistência de trazer mais consistência e complexidade ao meu trabalho”, afirma.
“Então vou devagar. Por que se um dia ela for lançada, certamente não será para criar mais polêmicas, fofocas, disse me disse. Isso você já encontra na revista Amiga. Não precisa de autobiografia pra isso. E depois, adultos fazendo malcriação é muito feio, depõe contra”, observa.
Uma pergunta que não dava para deixar de fazer é perguntar como Marcelo vô o conturbado momento político - social brasileiro, com a lamentável dicotomia coxinha vs. petralhas dividindo a população.
"Olha, vou ter que voltar um pouco no passado. Meu pai viu o governo de Getúlio Vargas, Jânio, Juscelino. Eu era criança. Veio João Goulart e depois, o governo militar, depois Sarney, Collor de Melo, FHC e finalmente o PT. Ou seja, nós tivemos, nos últimos 60 e poucos anos, todas, absolutamente todas as vertentes ideológicas ou até mesmo algumas que nem tinham tanta ideia assim, mas foram todas: da extrema direita com os militares, a extrema esquerda. E todas as questões preponderantes do Brasil continuam sem serem resolvidas. Desde o mais básico, que é o saneamento básico! Começamos do chão, passando pela cultura, educação, desenvolvimento. Eu não voto há vinte anos. Quando preciso renovar meu passaporte, pago uma multa e tá resolvido. O que muda um país não é simplesmente a alternância de governos. O fato de você eleger um partido e tirar quatro ou oito anos anos depois é saudável, por que certos hábitos não se perpetuam, mas o que muda um país é a chegada de novas gerações, novas ideias. E isso, só o tempo pode tratar. Não se muda um país em 20, 30 ou 40 anos. Isso vai demorar muito mais tempo. A sucessão de pessoas, de gerações que se sucedem, não só na política. A vida acaba para quem morre. Para quem fica, continua como sempre foi", reflete Marcelo.
Com uma rotina de shows puxada, Marcelo conta que ainda não conseguiu se disciplinar para fazer exercícios, mas que tenta cuidar da alimentação.
"Não tenho nenhuma disciplina. Faço exercícios dois dias e depois fico dois meses sem fazer. Tenho preguiça de coisa metódica. Academia, nem pensar. Tentei uma vez e a instrutora disse 'você pega aqui' e tal. Aí tinha um cara de 40 anos do meu lado, de shortinho e luvinhas! Luvinhas de couro! Aí ele ia puxando ferro e fazendo aaaahhh! Aquilo me irritou profundamente, Pensei 'ou eu vou embora ou eu dou porrada nesse cara'. Isso não coisa de homo sapiens. Desisti. Foi a primeira e última tentativa. Mas procuro ter um pouco de cuidado na alimentação. Você fica sete dez dias na estrada, então tem que se cuidar, almoça um sanduíche, janta na hora do lanche. Então eu tenho essa preguiça confessa, embora deva dizer que meu cérebro tá musculoso pra caramba, um verdadeiro Schwarzenegger!", ri Marcelo.
Procura-se caseiro
Espera-se que Marcelo um dia resolva isso, por que história para contar não lhe falta. Como a que ele relatou à reportagem, quando recepcionou em Salvador o guitarrista Mick Jones, guitarrista da banda inglesa Foreigner, da xaroposa I Want to Know What Love Is.
“Peguei e levei ele pra casa de praia do meu pai. Ele e a mulher ficaram extasiados com a comida da minha mãe. Ele me disse, quando for a Nova York, me procure”, conta.
Dois anos depois, em 1980, lá foi Marcelo bater na porta do homem.
“Ele me levou pra uma casa de campo a uma hora de Manhattan. Era cinematográfica. Aí ele diz: ‘Marcelo, você não quer vir pra cá e tomar conta, não?’ Pensei, quem sabe depois eu viro roadie da banda? Por outro lado, foi nesse mesmo período que sedimentei a ideia de ter uma banda de rock. Acabei optando por ficar no Brasil”.
A banda, como se sabe, toca sábado.
Show: Camisa de Vênus 35 anos / Abertura: Massa Sonora / Sábado, 22 horas (Abertura às 21 horas) / Barra Hall (Rua Barão de Itapuã, 218, Barra) / Pista: R$ 60 (meia), Camarote R$ 90 / Vendas: Balcões de ingressos e site Alô Ingressos / 16 anos
8 comentários:
Ahmeudeus, a Viúva Negra matou o Garfield!
http://www.bleedingcool.com/2015/07/29/black-widow-is-just-the-worst-person-alive-spoilers/
A tiros! A sangue frio! Yeah! Uhú!
se o Camisa não vingasse Ernesto ia escrever "mais um roqueiro baiano que largou o rock pra virar caseiro nos EUA"-hehehehe
ainda bem q Marceleza num caiu nesse conto do vigário...de governos...mas lembro de ver ele falando bem de mário covas...
Por falar em bandas baianas das antigas, uma mais antiga ainda acaba de ter seu único compacto relançado: Os Leifs!
http://entretenimento.r7.com/blogs/ricardo-alexandre/precisamos-falar-sobre-a-psicodelia-brasileira-20150728/
Com Pepeu Gomes na guitarra! Sonzão!
Rick e Daryl, hein, quem diria!?!?
http://omelete.uol.com.br/series-tv/noticia/the-walking-dead-rick-e-daryl-se-apalpam-nas-novas-fotos-da-sexta-temporada/
Nóóóófa!
Caramba, essa faixa que tá no site nem é tão obscura assim...é um clássico...lembro BEM dela...quando vi o link fui correndo pra ver se era algo desconhecido...mas saiu na 1a metade da década passada umas coletas chamada Brazilian Fuzz...pelo menos 3 eu baixei (devo ter em casa perdido aqui no meu 4o)...bem legal...essa é um dos hits dessa coleta...sempre achei massa essa frase "apesar disso nos te amamo-lhes", bem "engraçado"...saiu até uma versão só de garage punk feito aqui...de bandas antigas até "atuais"...como o tempo passa rápido...foi dia desses e tem dez anos ou mais...fiquei curioso pela coleta...vamo que vamú...
os homofobiens vão se chatear nos eua...pq queriam ser apalpados tb-ehhehehehe
Garçon! Je veux deux de ceux-là!
https://br.vida-estilo.yahoo.com/post/125351682360/na-fran%C3%A7a-peixe-causa-o-mesmo-efeito-alucin%C3%B3geno
https://br.celebridades.yahoo.com/post/125362537265/maisa-silva-sobre-mc-biel-ele-%C3%A9-lindo-mas-eu-s%C3%B3
é isso aê!!!
né???
cara, me arruma um mosteiro pra eu me enfurnar...aliás não, um puteiro seria mió...meu deus...é isso que marceleza falou...tamo fudido...daí pra pior...
Postar um comentário