sexta-feira, junho 19, 2015

SÃO TANTAS EMOÇÕES

Estreia: Em  Divertida Mente, as emoções de uma menina são os protagonistas de mais um acerto da Pixar, após alguns anos de derrapadas


Raiva, Nojinho, Alegria, Medo e Tristeza, no "painel de controle" de Riley
Comprada pela Disney em 2006, a produtora Pixar consegue, a cada filme, algo muito raro hoje em dia: surpreender.

E com Divertida Mente, em cartaz desde ontem, ela mantém (ou retoma) essa desejável tradição.

Se em sucessos anteriores a Pixar maravilhou o mundo com fábulas modernas cheias de ação, emoção e humor sobre brinquedos vivos (Toy Story), ratinhos chefs (Ratatouille), robôs apaixonados (Wall-E) e velhinhos aventureiros (Up: Altas Aventuras), desta vez o diretor Pete Docter (de Up) foi direto na fonte: as emoções em si são os protagonistas de Divertida Mente.

Tudo se passa na mente de uma garota de 11 anos, Riley, que vive feliz com seus pais no gelado estado de Minnesotta (fronteira com o Canadá).

Um dia, eles se mudam para São Francisco (Califórnia) e Riley começa a mudar também: seus pais não sabem mais o que acontece em sua cabeça.

Mas os espectadores sabem. Representadas graficamente como Alegria, Tristeza, Medo, Nojinho e Raiva, suas emoções básicas vivem na mente de Riley e tem de lidar com suas próprias confusões, por que – claro – elas são muito atrapalhadas.

Acessando lembranças
E é numa trapalhada da Tristeza que ela e Alegria caem no subconsciente de Riley e tem de percorrer um longo caminho para voltar a consciência da garotinha.

Em linhas gerais, essa é a trama de Divertida Mente: uma jornada aos confins da mente de uma menina em fase de crescimento, em conflito com suas próprias emoções.

Ou como prefere o freguês mais intelectual, uma bela metáfora para as mudanças da adolescência.

Aplique-se aí a expertise Pixar para animar essa história com o design criativo que fez sua fama, mais muita ação, emoção e humor e o resultado tem sido saudado pela crítica internacional como mais um clássico instantâneo da produtora.

Além de um retorno à boa forma, depois de uma leva recente de filmes considerados mais ou menos medíocres, como Toy Story 3 (2010), Carros 2 (2011), Valente (2012) e Universidade Monstros (2013).


Riley, a adorável garotinha fã de hóquei no gelo
Sem maniqueísmo

Assim como Up ou Ratatouille, Divertida Mente ganha muitos pontos ao conseguir dialogar com crianças e adultos em uma narrativa que pode ser lida em diversos níveis.

Isso por que o filme tanto encanta e diverte os pequenos quanto é capaz de intrigar seus pais com suas representações das emoções e das engrenagens internas da mente de Riley, que são ao mesmo tempo simples (para ser entendida pelas primeiras) e complexas (para intrigar os segundos).

Chama a atenção também a forma delicada e sem maniqueísmo com que a trama se amarra, sem “criminalizar” emoções difíceis porém essenciais, como a tristeza e a raiva, sinalizando a caminhada rumo a maturidade de Riley.


Alegria e Tristeza, perdidas no subconsciente de Riley
Barbada no próximo Oscar de animação (a menos que os japoneses do estúdio Ghibli venham com outro A Viagem de Chihiro), Divertida Mente é a grande pedida das estreias do fim de semana, independente de sua idade.

Divertida Mente (Inside Out) / Dir.: Pete Docter / Com  Amy Poehler, Mindy Kaling, Bill Hader, Phyllis Smith (versão Original) / Com Miá Mello, Dani Calabresa, Katiuscia Canoro, Otaviano Costa e Léo Jaime (versão brasileira) /  no Cinemark, Cinépolis Bela Vista, Cinépolis Shopping Salvador Norte, Espaço Itaú de Cinema Glauber Rocha, UCI Orient Shopping Barra, UCI Orient Shopping da Bahia e UCI Orient Shopping Paralela / Livre

10 comentários:

Ernesto Ribeiro disse...

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Outros tipos de câncer: Bundoncé, Rihanna, Black Eyed Peas, tecno, gangsta rap, pimp rap, love rap...


E olha que eu adoro a canção "Gangsta Paradise".

Ernesto Ribeiro disse...

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Bom começo na crítica cinematográfica, Mestre Francis.


Vou assistir esse garboso filme.


(A Nojinho é uma delícia...)


Bem acertadas as suas sacadas :


"foi direto na fonte: as emoções em si são os protagonistas."


"Barbada no próximo Oscar de animação (a menos que os japoneses do estúdio Ghibli venham com outro A Viagem de Chihiro."


Ernesto Ribeiro disse...

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Eu só acrescentaria Os Incríveis quanto á "Assim como Up ou Ratatouille, Divertida Mente ganha muitos pontos ao conseguir dialogar com crianças e adultos em uma narrativa que pode ser lida em diversos níveis."


Assisti 3 vezes no cinema. Lembro como se fosse hoje: os adultos davam muito mais risadas do que as crianças. As piadas eram mesmo diridas a eles. O ponto central, a cena que melhor sintetiza todo o espírito do filme foi quando um herói casado fala á esposa (que não é mostrada, só ouvimos a voz dela) o clichê da vida real que nunca se mostrou antes no cinema:


"Mulher, cadê meu uniforme?"

"Quê?"

(Marido se aproxima da câmera, braços estendidos para baixo)

"CADÊ - O MEU - UNIFORME?!?"


Antes de ele completar a frase, o cinema veio abaixo com as gargalhadas mais desbragadas da plateia adulta. Finalmente, a mediocridade da vida conjugal virou tema principal de filme de super-heróis. Foi uma catarse.



Ernesto Ribeiro disse...

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Só discordo de uma coisa: incluir entre "filmes considerados mais ou menos medíocres", o extraordinário Toy Story 3 , a obra-prima máxima da Pixar, um filme simultaneamente leve e muito forte, doce e amargo, cômico e triste, que fez tantos adultos chorarem na penúltima cena.

Franchico disse...

De fato, Os Incríveis é do caralho e poderia estar nessa lista de acertos.

Sobre Toy Story 3, eu devo confessar quer não assisti. O incluí na lista de "mais ou menos medíocres) baseado em um senso comum que detectei pesquisando sobre a Pixar e as resenhas internacionais de Inside Out. Falha minha...

Ernesto Ribeiro disse...

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Ora, meu caro, não seja por isso: estou lhe enviando o meu artigo ilustrado sobre Toy Story 3 , publicado logo após a estréia do filme no cinema. Está no CD Obras Completas que eu lhe dei, mas envio por e-mail assim mesmo. Espero despertar seu interesse em assistir em DVD com sua família. Divirta-se.

Ernesto Ribeiro disse...

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OK, aí foi o artigo.


Assista com seus filhos, se tiver.


Mas vou logo avisando: esse pode ser um filme leve, mas é um filme muito forte.


Especialmente para os adultos a quem a estória tiver despertado o peso na consciência sobre seus pecados de infância em relação aos seus brinquedos.

cebola disse...

Bedelhando. Nao vou dizer que eh o melhor da Pixar, acho longe disso, mas o TS3 eh muito bom mesmo, Ernesto, meu rapaz. Reassisto sempre que rola (Nao a do boechat, please)

Ernesto Ribeiro disse...

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Mestre Martinez, semanas atrás eu lhe enviei um e-mail informando que você já pode me dar o seu endereço e CEP aí em Porto Alegre, para que eu possa lhe enviar imediatamente pelo correio Sedex todo aquele material de imprensa e audiovisual dos meus arquivos para você. Aguardo sua resposta. Abraços de seu fiel discípulo!

cebola disse...

Oppa , valeu ernesto. Vou mandar via mail o endereco. Nem sempre checo aquela bagaca.