quinta-feira, setembro 05, 2013

HEADHUNTERS - LIVRO E FILME - É EXCELENTE PORTA DE ENTRADA PARA O NORDIC NOIR

Ponta de lança da vertente nordic noir, o autor norueguês  Jo Nesbø tem Headhunters, um de seus melhores livros, lançado no Brasil. Filme também já saiu em DVD

Aksel Hennie é Roger Brown em Headhunters, o filme
Paraísos da ordem e da prosperidade social-democrata, os países nórdicos tem mostrado uma faceta cultural inusitada nos últimos anos: é o nordic noir (noir nórdico),  afiada vertente  da literatura policial contemporânea, que tem em Stieg Larsson (Trilogia Millenium) e  Jo Nesbø seus autores mais famosos.

O sueco Larsson (1954-2004) é mais conhecido no Brasil, graças ao sucesso da trilogia citada, iniciada com o best-seller Os Homens que Não Amavam as Mulheres (Companhia das Letras).

Ele é tão cultuado que não só toda a trilogia já foi adaptada para o cinema sueco (disponível em DVD no Brasil), quanto refilmada em Hollywood, com Daniel Craig (o 007 atual) no papel principal e o badalado David Fincher (Clube da Luta), na direção.

Já o norueguês Nesbø  despontou como outro favorito – é até mesmo apontado como o “novo Larsson” pelos apreciadores –, graças a livros como Garganta Vermelha, A Estrela do Diabo, O Redentor e Headhunters – este último chegou simultaneamente  nas livrarias e locadoras brasileiras: o livro e o filme em DVD.

Narrativa brilhante e de tirar o fôlego do leitor, Headhunters é uma paulada literária na quinta marcha: sem metáforas (característica  comum do nordic noir), acelerada, hitchcockiana em sua forma de envolver um homem supostamente comum em uma teia conspiratória insuspeita, imprevista.

O personagem principal é Roger Brown, o melhor headhunter de Oslo – aqueles profissionais que recrutam altos executivos para grandes corporações. Brown, que tem problemas de auto estima devido a sua baixa estatura (1,68m) para a média nórdica, é, aparentemente, um sujeito muito bem sucedido.

Casado com uma mulher deslumbrante (e bem mais alta do que ele), mora em uma mansão projetada nos anos 1920 por um arquiteto modernista.

Diana, a esposa, é dona de uma badalada galeria de arte, comprada por ele. E aí começa a parte escura da história.

Através de informações fornecidas (inadvertidamente) por Diana, Brown invade casas de ricaços locais para lhes roubar quadros valiosos, os quais, com a ajuda de um cúmplice, consegue desovar no mercado negro  – e só assim ele consegue manter o altíssimo padrão de vida que adotou para si.

Por mais inverossímil que possa parecer, os detalhes de como toda esta ação é executada é esmiuçada de forma bem convincente por Nesbø.

Nikolaj Coster-Waldau é Clas Greve. Vai encarar?
Ponto de virada

Tudo corria bem neste esquema para Brown, até o dia em que sua esposa o apresenta a um certo Clas Greve.

Ex-oficial do exército, o parrudo Greve é um alvo-duplo para o ambicioso headhunter: não só ele é o candidato perfeito para um alto cargo em uma empresa de tecnologia de vigilância, mas também, disse-lhe Diana, ele tem um quadro do pintor flamengo Rubens (1577-1640) dando sopa em seu apartamento.

Claro que Brown resolve furtar a obra. Contar além daqui é estragar as muitas surpresas reservadas ao leitor.

Basta dizer que, a partir deste roubo, Brown cai em uma espiral descendente de violência e brutalidade dignas de um filme de Tarantino.

Que aliás, deve ter gostado da sua adaptação para o cinema. O filme norueguês Headhunters (Hodejegerne, 2011) de  Morten Tyldum – já cotada para refilmagem em Hollywood  – é fidelíssima ao livro: tanto na trama quanto em seu clima sombrio e violento.

Disponível em DVD, é excelente pedida de suspense também para quem já leu o livro.

Headhunters / Jo Nesbø / Tradução: Kristin Lie Garrubo / Record / 238 páginas / R$ 29,90 / http://www.record.com.br/livro_sinopse.asp?id_livro=26515



SAIBA MAIS:

http://nordicnoir.tv/

http://nordicnoir.wordpress.com/

22 comentários:

Franchico disse...

Engraçado. Quando era garoto e essas HQs eram publicadas pela Ed. Abril, eu simplesmente detestava esse desenhista.

http://www.bleedingcool.com/2013/09/05/frank-thornes-red-sonja-dynamite-graphic-novels-artists-edition-to-join-the-original-art-reproduction-business-graphic-novels-artists-edition/

Olhando o trabalho dele hj, acho que merece uma boa reavaliada....

Na verdade, hj os desenhos dele me parecem sensacionais.

O tempo é foda. Muda tudo na nossa cabeça....

Franchico disse...

Grande Tom Hardy!

http://omelete.uol.com.br/mad-max/cinema/mad-max-4-veja-tom-hardy-em-uma-foto-do-filme

Perfeito como o novo Mad Max.

Franchico disse...

Jack Nicholson vai pendurar as sobrancelhas?

http://www.bleedingcool.com/2013/09/04/has-jack-called-it-quits/

Aí eu choro....

Franchico disse...

Se vc algum dia passar por uma cidade chamada Lídice - qualquer cidade chamada Lídice, existem várias - saiba por que:

http://andrebarcinski.blogfolha.uol.com.br/2013/09/05/uma-bomba-no-coracao-do-nazismo/

História incrível.

Rodrigo Sputter disse...

pq num curtia o desenhista chicão?
ele desenhava a sonja legal...ou vc num curtia ela?

heheheheeh

eu tive minhas épocas de não gostar de homem de ferro, thor e até conan...depois gostei de todos...conan uma época fiquei viciadão...e eu devia ter uns 8 anos...9...

Franchico disse...

ES-PE-TA-CU-LAR análise de Ricardo Alexandre (Dias de Luta) sobre por que o rock brasileiro é morto e enterrado há mais de uma década:

http://musica.br.msn.com/blog/post--por-que-o-rock-brasileiro-n%C3%A3o-produz-mais-grandes-hits

Muito pano pra manga aí.

Dica de Bramis!

Franchico disse...

Sputter,eu gostava de Sonja, mas gostava mais ainda no traço de desenhistas de estilo mais clássico,como John Buscema ou no traço do melhor de todos os desenhistas dos "bárbaros", Barry Windsor-Smith.

O estilo de Frank Thorne - mais livre, mais rabiscado e, de certa forma, similar ao do nosso genial Flavio Colin (que era melhor artista do que Thorne, só para constar) - eu não entendia direito, não achava "bonito". Acho que a colorização brasileira da época tb não ajudava, vai saber.

Conan eu curtia de montão, claro! Desde sua reestreia em Herois da TV, por volta de 81,82... Colecionei A Espada Selvagem até o número 60, por aí. Depois enjoei, larguei. Cometi a loucura de dar essa coleção todinha, inteira, para um colega da escola que não vejo há uns 20 anos, e que deve ter jogado tudo no lixo a essa altura....

Rodrigo Sputter disse...

Zorra chicão, vc poderia ter matado essa ponta com o conan...

rapá se é pra ter ana julia e mulher de fases, que quero + 150 anos de silêncio do rock brazuca...

no underground sempre há coisa boa...se o cara fica no mainstream...o problema é dele...e olha que parei de ouvir música em 2004...

Franchico disse...

A analise de Alexandre eh mais ampla do que gostsr ou nao dessas musicas, Sputter. Passa pela capacidade perdida dos musicos brasileiros de rock em dialogar com o grande publico e fazer sucesso popular. Eh claro que essas musicas sao uma merda. Mas nao eh idsso que o texto trata.

Ernesto Ribeiro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Rodrigo Sputter disse...

esse papo de dialogar com o grande público é tão relativo e amplo man...o chiclete com banana dialogo super bem...

Ernesto meu caro, vc se refere as bandas de brasília e sp, como playboys nascidos em berço de ouro, né?

pq nas bandas que eu faço parte infelizmente não tem nenhum...

pq ao falar assim vc parece generalizar um monte de banda...

Franchico disse...

Sputter, cada um dialoga como pode. Quem tem talento de verdade para isto consegue dialogar sem soar estúpido.

Ribeiro, de boa, não dá nem para começar a discutir com vc. Suas opiniões são tão absolutas, mas tão absolutas, que elaborar qualquer argumento parece perda de tempo.

Meninos, cada um elabora suas próprias verdades e se agarra a elas. Por isso acho 99.9% das discussões em comentários de blog, de novo, perda de tempo. Nem eu vou mudar a cabeça de vcs (e eu jamais me atreveria a isto), nem vcs vão mudar a minha.

Mas fiquem a vontade para continuar enviando-as, claro. Gosto de quem quem gosta de comentar aqui, diferente de quem abandonou este barco pelo brilho falso e sem lembranças daquela excrescência que é o Livro de Caras. Só peço o bom senso de sempre, por favor.

Abçs...

Rodrigo Sputter disse...

hheehehehe

eu sei Chico...fiz uma provocação pra vc...o que eu digo é essa coisa de o rock ter morrido pq num se produz mais hits...isso é uma visão tão comercial, mainstream...enxergar o rock somente do patamar mais "alto", quanto mais "baixo" é ter uma visão unilateral...

sobre o que comentei com Ernesto é isso, generalizar é bastante ruim...pelo menos pra mim...ele fez um texto gigante, fazendo uma devassa no rock baiano...bastante contundente...de abalar as estruturas...deveria postar aqui...sem cortes...ia dar o que falar...bem veia punk...os comentários aqui iam passar das centenas...garanto...

Ernesto Ribeiro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Franchico disse...

Fique a vontade, Ernesto. Mande o que vc quiser aí. Só duas considerações:

1. o que eu não considerar adequado, eu não publico.

2. dada a primeira consideração, se vc tem um material tão explosivo, por que vc não faz um uso mais devido ao seu peso, publicando-o de forma adequada, seja em um livro, um vídeo ou mesmo em um blog próprio? Acho que valorizaria mais do que nesta caixa de comentários.

Quanto as discussões, mantenho o que disse antes e acrescento: estou sem saco e sem tempo para aquelas longas discussões em caixas de comentários de blog - inclusive no meu próprio. Fora que as considero perda de tempo. Não vamos mudar absolutamente nada discutindo aqui, assim como ninguém muda nada "xingando muito no twitter", facebook e demais "redes sociais" (sinceramente, até este termozinho infeliz me causa urticária. Sou ferrenhamente CONTRA).

Mas já me alonguei demais. O dia me aguarda.

Mais uma vez, fiquem a vontade.

Ernesto Ribeiro disse...

Francis, “brilho falso e sem lembranças” é outra paráfrase genial sua --- além da analogia da ilusão pseudo-hollywoodyana nas cabecinhas dos ex-comentaristas dessa nossa base de operações.

Engolir a pílula vermelha --- eis a diferença que distingue os Rockers Locos autênticos.

(eu sei, eu sei... estou sendo extremista radical demais outra vez... foi só uma metáfora, gente. Não precisam puxar minha orelha por isso.)


Mas, mudando de assunto...


Por favor, Mestre: pode me contar O QUE aconteceu com nossos irmãos Locos que não aparecem mais em nosso templo Rocker?

Exatamente o que se passou pelas cabeças daquele povo, que nas suas palavras, “abandonou este barco pelo brilho falso e sem lembranças daquela excrescência que é o Livro de Caras”?


Ando meio desligado deste cenário de Soterópolis. Eu nem sabia que existia tal coisa.

Se não for perguntar algo inconveniente, do que se trata exatamente esse misterioso Livro que tanto seduziu nossos irmãos?

Franchico disse...

Livro de Caras = Facebook. Simples. Grato pelos elogios.

Franchico disse...

Quanto ao por que do abandono deste espaço pelos comentaristas habituais / originais, só eles mesmos poderiam esclarecer tal mistério.

Acredito que parte da culpa seja minha. Fiquei chato.

Ernesto Ribeiro disse...

You? Boring?

No way, man.

No fucking way!

EU NÃO TOLERO CHATOS.

Você é divertido, sagaz, surpreendente.

Bem ao contrário de certas figurinhas carimbadas que arrotam esperteza mas só assam tristeza.

E, cá entre nós, NADA É MAIS CHATO do que futricar a mediocridade das vidinhas pessoais do povo mais sem graça e desenxabido do mundo que são os brazucas.

"Hoje eu dei umazinha com minha namorada. Agora eu dei um peido. Ela reclamou. Fui embora da cama pra cagar. Agora estou na privada registrando isso."

Ô GENTE FÚTIL...

Terceiro Mundo... pfff...

Ernesto Ribeiro disse...

Entrevistas de Marcelo Nova --- trechos em que ele revela uma podreira dos pseudo-jornalistas da geração da revista Bizz encastelados naquela torre de marfim.


Camisa de Vênus - Entrevista - Novembro 1987 - Programa 89 Decibéis - 89 FM (audio)

trecho em 16:40


https://www.youtube.com/watch?v=lzBzbf623_E&hd=1


Marcelo Nova - Entrevista - Janeiro 2013 - TV Novo Som: 5 Vezes (video)

trecho em 5:40


https://www.youtube.com/watch?v=L7TTdmyD-6k


Talvez somente EU considero essa falta de ética algo tããão grave assim.

Mas isso porque eu não absorvo nada da cultura de falta de caráter endêmica do povo brasileiro.

De qualquer maneira, isso faz meu estômago revirar.

Rodrigo Sputter disse...

meu caro Ernie...poucas bandas que tu citou tem essa pegada "Rock & Roll = Blues + Country X andamento acelerado"...

mas é sua lista...


Ernesto Ribeiro disse...

Pelo contrário, meu caro Sputter: TODAS as bandas de Rock & Roll têm esse denominador comum de Blues + Country X andamento acelerado. Essa é a própria definição da sonoridade do Rock & Roll. Pergunte isso a qualquer instrumentista ou musicólogo.

Claro que tal fórmula é mais evidente em sua gênese no rock original : o Rokabilly dos anos 1950.

Mas também é a raiz comum de TODOS os estilos de rock: do Punk Rock inventado pelos Stooges (cuja proposta inicial era o blues urbano) ao Heavy Metal criado pelo Black Sabbath (que começou como uma banda de blues, o Earth) passando pelo Hard Rock do Led Zeppelin (cujo guitarrista Jimmy Page foi bluesman nos Yardbirds).

Por mais disfarçada ou encoberta que seja, a equação do alquimista Bill Haley de Blues + Country X andamento acelerado = Rock & Roll é o que distingue TODAS as bandas que eu citei do RESTO --- o pop vagabundo vendido pela mídia de merda do Brasil como “rock nacional”.