Logotipo Bauhaus na escola original em Dessau |
Amanhã, uma exposição de fotos chega ao Instituto Cultural Brasil-Alemanha para contar um pouco mais dessa história.
bauhaus.foto, a mostra em questão, chega à cidade após passar por São Paulo e segue daqui para Curitiba, Porto Alegre, Brasília e Rio de Janeiro.
Traz 50 imagens-chave da lendária escola criada em 1919 por Walter Gropius em Dessau, cidade a uma hora de Berlim.
“A Bauhaus foi, no início do século 20, um dos mais influentes movimentos artísticos da modernidade europeia”, resume Alfons Hug, idealizador da mostra e diretor do Instituto Goethe do Rio de Janeiro.
“(A Bauhaus) Foi escola e estilo ao mesmo tempo, além de ser uma inédita forma de interpretar o mundo e de querer melhora-lo. Talvez foi o único momento, depois do construtivismo russo, em que arte e design iam de mãos dadas”, acrescenta Alfons.
A pretensão de Walter Gropious (ao lado) era criar “uma arquitetura adaptada ao nosso mundo de máquinas, rádios e carros velozes”, e desta forma, projetar “desde colheres até cidades”.
Infelizmente, o sonho durou pouco: no mesmo ano em que assumiu o poder na Alemanha (1933), Adolf Hitler mandou fechar a escola.
Walter Gropious: pensando em ângulos retos? |
Seu legado, no entanto ainda está muito vivo. “Acho que o melhor símbolo da arquitetura da Bauhaus é o conjunto de escola e casas em Dessau que sobreviveu até hoje. Mas a Bauhaus continua muito viva”, garante Hug.
“Por exemplo, na favela de Jacarezinho (RJ), a Bauhaus de Dessau iniciou no ano 2000 um projeto para melhorar a infraestrutura da comunidade”, diz.
“Já no caso da fotografia e do filme da Bauhaus, pude observar, em São Paulo, um interesse muito grande por parte dos jovens artistas e dos estudantes de arte”, observa.
Bauhaus@Bahia
Com curadoria de Anja Guttenberger, do Arquivo Bauhaus / Museu de Design em Berlim, a mostra constitui uma oportunidade imperdível para artistas, arquitetos, designers, estudantes e demais interessados.
“A Bauhaus foi a mais importante escola de arte moderna do mundo”, opina Nivaldo Andrade, presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), departamento Bahia.
“Não era uma escola de arte no sentido tradicional. Ela juntava artistas de diversas vertentes: designers, pintores, arquitetos. Grande nomes da arte e arquitetura moderna foram professores lá: Paul Klee, Wassily Kandinsky, Mies van der Rohe, e claro, Walter Gropius”, enumera.
Para Andrade, o que caracterizava o estilo Bauhaus era a ortogonalidade, ou seja: “Os ângulos retos, de 90 graus. Volumes retos em formas de blocos, tetos planos. Vários blocos articulados de forma assimétrica. Até então a arquitetura era simétrica. Com a Bauhaus surgiu a assimetria”, ensina.
“O edifício que temos aqui semelhante é o atual Iceia (Instituto Central de Educação Isaías Alves), inaugurado com Escola Normal no Barbalho, construído na década de 1930 por um arquiteto que estudou na Alemanha e cujo nome se perdeu”, conta Nivaldo.
1930: a "verdadeira" banda Bauhaus |
"Essa foto trazia uma legenda com a seguinte informação: 'prédio projetado por um arquiteto que estudou na Alemanha'. (O arquiteto e professor da Ufba) Paulo Ormindo de Azevedo escreveu um artigo no qual diz (que o projeto do Iceia) foi do Alexander Buddeüs, o mesmo arquiteto que projetou o Instituto do Cacau, que tem óbvia influência da Bauhaus. Eu não acho que foi o Buddeus por que ele era alemão, e a informação do catálogo da Brazil Builds é que o projeto foi de um 'arquiteto brasileiro que estudou na Alemanha'", defende.
(NOTA: o texto que encontrei - está linkado mais acima - diz: "The plain exteriors and efficient planning of Salvador's Normal School are German-inspired". Mais adiante, acrescenta, já traduzido: "Uma escola ampla, bem projetada por um arquiteto brasileiro formado na Alemanha").
"O antigo Hospital Santa Teresinha, atual Hospital Otávio Mangabeira, no bairro da Caixa d'Água, também apresenta influências da Bauhaus. Foi projetado por um engenheiro do Rio, mas não tenho seu nome comigo agora", acrescenta.
O próprio ensino de arquitetura e artes no Brasil foi muito influenciado pela Bauhaus. Na Escola de Belas Artes da Ufba foi Maria Célia Amado Calmon uma figura importante nisso, além de Mário Cravo, que também trouxe isso a partir dos anos 1950. O arquiteto Diógenes Rebouças também aplicou princípios da Bauhaus no projeto da antiga Fonte Nova, hoje demolida", continua.
Já Marcos Rodrigues, doutor em arquitetura e urbanismo e professor da Ufba e da Unifacs, aponta o prédio dos Correios no Comércio como o melhor exemplo de Bauhaus na Bahia: “O Instituto do Cacau e o Iceia tem muita influência da Bauhaus, mas no prédio dos Correios eu a vejo mais evidente”, opina.
"Seguramente, a Bauhaus foi a mais importante escola de arquitetura e design, e provavelmente, a mais influente também. Sua influência é absurda. Inventou o movimento moderno no design de tudo: de produto, gráfico e arquitetura", vê.
Balcão na Bauhaus Dessau |
"Basicamente, era uma estética da tecnologia. Foram eles que começaram a cortar a ideia de que, em arquitetura, as belas artes eram a coisa mais importante. Eles estabeleceram que a arquitetura tinha uma estética própria: a técnica . Veio na esteira do movimento industrial, então era para se trabalhar com a indústria, a habitação popular. Eles lidavam com o que a indústria produzia em série. Evidente que isso não foi a cabo até pelo nazismo, mas era uma coisa bem da época, uma estética da técnica. Sobretudo da técnica industrial, isso confere a repetição, mas foi feito com um refinamento tal - até do ponto de vista da produção em massa - que hoje em dia são peças de luxo, como as cadeiras Bauhaus, que são vendidas por uma fortuna. O que não deixa de ser um paradoxo", expõe.
“Sobre a fotografia, acredito que era uma atividade meio marginal da escola, apesar de ter um ateliê específico. Sei que faziam muitas experiências, mas confesso que não conheço muito essa produção. Por isso mesmo, esta é um a exposição muito importante”, conclui.
Bauhaus.foto / Galeria do Goethe- Institut/ICBA / Abertura: amanhã, 18h30 / até 5 de outubro, das 9 horas às 18h30 (seg. a sex.) e 9h às 13 horas (sáb.) / Gratuito
Crédito fotos: Bauhaus Archiv Berlin
21 comentários:
Mais um texto brilhante de Ricardo Alexandre, agora refletindo sobreo suicídio daquele baixista lá:
http://musica.br.msn.com/blog/post--champignon-e-a-maldi%C3%A7%C3%A3o-da-atitude-roqueira
Techinho:
"Não admira que o rock do século 21 esteja tão repleto de Mumford & Sons, gente que, deliberadamente, não quer servir de picadeiro para expectativas dos outros. Entre o bom-mocismo e a autodestruição, o dilema é aparentemente insolúvel".
Agora, impressionante é a completa ESTUPIDEZ de alguns comentaristas, que parecem não conhecer os princípios do artigo opinativo enquanto gênero jornalístico e pior: levam opiniões generalistas para o lado pessoal, como se fossem personalidades do showbizz. Patético.
Cara, esse amarelo ovo galado do instituto do cacau é feio demais...
Sobre os comentários das pessoas sobre a morte do cara é:
People <3 Hate!!
galera quer só falar mal e ver as pessoas arderem e sofrerem no inferno...malditos cristãos...só rancor e punição...em sua maioria...pularam a parte do amor...
ps.: num sei se vai sair o ícone que eu quero colocar na frase PEOPLE LOVE HATE.
Pô, tomara que a Panini relançe esse material por aqui.
http://www.universohq.com/noticias/dc-comics-relanca-minisserie-etrigan-matt-wagner/
Adorei quando li em formatinho, na Superamigos, lááááááááá em 1987 ou 88....
O lance nos comments do texto do Alexandre não foi com Champignon - foi contra Alexandre, que tudo que fez foi analisar, em um nível pelo visto alto demais para 99% do seu leitorado, a questão dos roqueiros suicidas, do circo da mídia e do jogo de aparências. Mas isso é um pouco demais para o brasileiro analfabeto funcional. E como toda massa ignorante costuma fazer, ela responde com extrema agressividade ao que não é capaz de compreender. Sim, esta é uma era de trevas. A ignorância, a estupidez e a violência são as regras do jogo. Sim, eu sou pessimista e acho que isso só tende a piorar. Em suma: FU-DEU.
Recomendo: Tangerina Jones, ótima banda de Feira de Santana.
https://soundcloud.com/tangerinajones
Rapaz, nem tive vontade de ir no site ver os comentários...porque já sei que vou ficar revoltado com as merdas que as pessoas escrevem...
Chico, tive na expo sobre a Bauhaus hoje, tá SUPERBACANA a mostra, fotos BALAS...ainda rolou um coquetel bacaninha na fita, valeu a pena ter ido...tá rolando ainda o catálogo, um livro, por 10 pilas, tou querendo comprar...ainda falei pra curadora da mostra que vc colocou no seu blog, ela vem visitar aqui.
Gostaria de um comentário Ribeiro sobre o video abaixo:
http://www.youtube.com/watch?v=_rRhHOVMMnU
Que legal isso! Uma HQ inédita estrelando o Fantasma, Mandrake e Flash Gordon! Melhor ainda: está VENDENDO BEM NOS EUA! Sim, por que todos sabemos que os leitores americanos desprezam esses personagens antigos.
http://www.bleedingcool.com/2013/09/12/kings-watch-sells-out-10425-print-run/
Tomara que publiquem por aqui. Por enquanto ficamos com as republicações recentes da Pixel: mês passado, Fantasma e este mês, Mandrake:
http://www.planetagibi.net/2013/09/mandrake-e-o-proximo-lancamento-da.html
Porra, Sputter! Vc gosta de ver o circo pegar fogo mermo, né?
Mas agora até eu quero ver o comentário de Ernesto pra isso....
Vou ver se pinto na mostra!
gosto mesmo Chicão...tou aqui ansioso pra ver o que o Mr. Ribeiro vai dizer, espero que ele esteja inspirado...
Sobre a mostra valeu a pena viu man...tem + fotos artísticas e deles do que da arquitetura...
vc que já morou na vitória...vai lá visitar um parente e aproveita e vÊ a expo...sábado é até 13 horas...
o mais curioso é que o logo da banda de jazz bauhaus e da banda gótica é o mesmo...
Gallon Drunk - Solitaire:
http://www.youtube.com/watch?v=B_pX7Pg3GyE
Ouvindo uma coleta que tem canções originais que o Elvis regravou, e tava rolando SOLITAIRE de Neil Sedaka, daí pensei "opa, eu conheço essa, o Gallon Drunk regravou", daí eu fui re-escutar a dos caras...é interessante esses covers inusitados que o Gallon faz...já vi até do Bee Gees...aliás eles tem GRANDES versões, como uma de SERIOUS OF DREAM de Bob Dylan que é até mejor que a do mestre, em minha humilde opinião..e uma versão originalíssima, chapadona, de MISERLOU de Dick Dale.
Grande letra por sinal:
http://letras.mus.br/neil-sedaka/35545/traducao.html
E a versão do Elvis:
http://www.youtube.com/watch?v=vTP4xWXafOw
Aliás nunca tinha reparado o poder vocal de Neil, nessa faixa eu pensei até que era uma mulher cantando...eu conhecia ele pelos super hits "oh! carol" e "Breaking up is hard to do", crássicos absolutos de minha infância, começo de adolescência...
Neil Sedaka - Solitaire:
http://www.youtube.com/watch?v=QiUdHHGd43k
Não sei pq, mas sinto ser uma canção de um cara gay cantando...
talvez pela voz do Neil e o tema da canção...
Fora esse cover FANTÁSTICO que eles fizeram pra mim e é a mejor versão dessa faixa:
http://www.youtube.com/watch?v=ZVUJwBTBRVQ
pena que num rolou show deles aqui ano passado...valeria + do que qq festival que rolou por aqui...
eu só colocando faixa aqui:
http://www.youtube.com/watch?v=G1h63JzzkMk
Outro cover bárbaro dos caras...mejor que a original Merle Haggard.
http://www.fotolog.com.br/thehonkers/248000000000024033/
bora??
Aí Ernesto, 3 boas bandas de ROCK local...a Teenage Buzz é duns guris de 18 e 20 anos...boa pacas!!!
Hoje eu fui acordado da maneira mais brutal e odiosa possível: ás 5 da madrugada, um psicopata explodiu fogos de artifício com mais barulhos de explosões mais fortes do que um bombardeio --- numa vizinhança com idosos doentes e operados de derrame.
Perto disso, um povo que derruba as mesas no afã de arrancar porções de bolo é apenas a ponta do iceberg.
Por partes.
Ribeiro, quando disse "os leitores americanos desprezam esses personagens antigos", me referia às suas muitas décadas de ostracismo, relegados às velhas tiras de jornal. Para vc ter uma ideia, só a Suécia produz HQs do Fantasma (pela editora Egmont), fora algumas iniciativas aqui e ali, como a curta fase Peter David para a DC (1989;90, publicada pela Ed. Globo) e uma tentativa mais recente de reformulação, pela Dynamite (a ser publicada aqui pela Mythos), tb sem grande repercussão. Daí minha surpresa em ver essas revistas vendendo direitinho.
Sobre seu rude despertar: moro pertinho de uma delegacia. Quase todos os dias somos acordados pela nigrinhagem (sorry, não há outro termo) dos senhores guardas, que conversam, gargalham e se sacaneiam mutuamente aos berros "seu bahia isso", "seu vitória aquilo". Mas aos berros mesmo. Em uma rua residencial, cheia de prédios com trabalhadores que pagam impostos e que estão dormindo. Isso é qualquer dia: de segunda a domingo, sempre entre 6 e 8 da manhã. Outras vezes, eles decidiram testar os motores das motocicletas dos pms. 6h30 da manhã, fomos acordados por guardas que acionavam os motores das motos oficiais. Sae como é, para ver se estão funcionando. Uma a uma. Uns dois minutos para cada moto. Às 6h30 de domingo. Acordamos e ficamos olhando a cena pela janela, enquanto fomos acordados às 6h30 de domingo, meu único dia de folga naquela semana. Ficava pensando: o que fazer? Grito daqui para eles pararem com essa merda? Desço lá e tento argumentar com educação? Chamo o ladrão? Compro um lança-chamas para a próxima vez?
Bem que eu imaginei, quando vi a delegacia sendo instalada na minha rua: "there goes the neighborhood"...
Sim, infelizmente, devo reiterar: Bahia, terra de gentalha.
Ah, OK. Agora entendi. Tem razão.
Curiosidade: Fantasma e Mandrake foram criados por um produtor / diretor teatral. Lee Falk era além de escritor e quadrinista, um homem dos palcos. Ele chegou a dirigir Marlon Brando, Charlton Heston, Paul Newman, Chico Marx and Ethel Waters.
Ernesto, pink floyd só presta com o Syd Barrett!
Chico, eu ia me esconder e gritar com a polícia, falar alguma bobagem-hehehehehe
ia me divertir...
quem vigia os vigilantes?
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