Gravado durante a turnê norte-americana de 1976 de Paul McCartney e sua banda Wings, o filme é passagem certa a um tempo em que pessoas bacanas como o próprio Macca envergavam mullets sem um pingo de vergonha. Nostalgia pura.
O sentimento é reforçado logo no início, quando a tela se ilumina e Paul McCartney surge nos dias de hoje, para uma breve introdução sobre o que virá a seguir.
A tela escurece e o ruído da multidão toma conta da sala. Logo ele ressurge, 37 anos mais moço, muito magro, elétrico e acompanhado dos Wings, banda que ele formou após os Beatles, e que contava com a inesquecível Linda McCartney (1941-1998) aos teclados.
Apesar da película original ter sido restaurada para este relançamento mundial (breve em DVD e Blu-ray nas lojas) a imagem adoravelmente granulada (especialmente nas cenas mais escuras) é muito típica dos anos 1970. Ó, nostalgia.
O que alivia esse peso doce-amargo é um só: trata-se de um puta show legal de rock.
Predomínio dos Wings
Com o astral lá em cima e músicos espetaculares como o multi-instrumentista Denny Laine e o baterista Joe English acompanhando-o, Macca faz o que sabe melhor: conquista todo mundo na plateia (lá e cá da tela) nos primeiros segundos.
Para um show longo (140 minutos) o set list faz poucas concessões aos beatlemaníacos e centra o poder de fogo no repertório solo e dos Wings.
Denny Laine (que parece um irmão perdido de Rod Stewart) assume o vocal principal uma meia dúzia de vezes – o que pode causar estranhamento em fãs mais xiitas, mas atesta o caráter “banda” do Wings.
Que aliás, fazia ali um esforço bem visível para se afastar tanto quanto possível do passado esmagador do band leader para olhar à frente, em busca de uma identidade própria.
Não era um show só do Macca. Era a banda Wings no palco. O que é ótimo, também.
Dos Fab Four, há Lady Madonna, The Long and Winding Road, Blackbird e Yesterday. E só – pouco, em um set de 30 canções.
Mas tudo bem: Macca e sua super banda (com direito a naipe de sopros) dispõem de hits classe A como Jet, Maybe I'm Amazed, Live and Let Die, Bluebird, My Love, Silly Love Songs, Band on the Run e por aí vai.
Já os fãs especialistas vão adorar obscuridades como Richard Cory (canção de Simon & Garfunkel, aqui cantada por Denny Laine) e Magneto and Titanium Man (lado B do single Rockshow), com direito a imagem dos inimigos dos X-Men da Marvel projetada no telão.
Paul McCartney and Wings: Rockshow / Multiplexes Iguatemi e Paralela / Hoje: 21 horas, amanhã: meia-noite e domingo: 14 horas / R$ 60 e R$ 30
4 comentários:
carajo...o preço do ingresso é o preço de um show...quer dizer, o do Macca seria +, mas caro demais...na capital do desemprego então...
Também acho caro pracacete, Sputter.
Tanto, que só fui por que estava a trabalho...
Ótimo texto para refletir (e sim, saber mais) sobre o ingrato exercício da crítica de arte:
http://www.botequimdeideias.com.br/flogase/pense-ou-dance-a-critica-musical/
Dica do garoto Bramis!
& deu gente Xico?
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