O Dia Mundial do Rock, comemorado no próximo dia 13 (sábado que vem), carrega em sua origem uma baita contradição.
Nascido sob a égide da luxúria – representado pela liberdade com a qual os quadris se mexiam ao seu ritmo – o rock ‘n’ roll veio ao mundo como a trilha sonora de um movimento de busca pela liberdade individual, iniciado décadas antes pelos beatniks de Jack Kerouac e pela “Geração Perdida” de Ernest Hemingway e F. Scott Fitzgerald.
Contudo, o chamado Dia Mundial do Rock tem uma origem completamente distante dessa gênese meio mundana.
Para começar, foi instituído pela ONU (Organização das Nações Unidas) – ou seja, mais “chapa branca”, impossível – em homenagem ao evento Live Aid, aquele mega-festival realizado em 1985 (e depois, em 2005, como Live 8) para arrecadar fundos e ajudar a aliviar a fome na Etiópia, país africano berço da humanidade, então em grave crise humanitária.
Donde se conclui, então, que um dos ritmos mais lascivos de todos os tempos é oficialmente celebrado no dia em que ele foi dedicado a uma causa nobre.
Baita contradição. Mais rock ‘n’ roll, impossível.
Zappa é que sabia das coisas
Mas tão importante quanto ouvir rock é conhece-lo a fundo – entender por que um gênero musical simplório, surgido há mais de meio século, sobreviveu (enquanto tantos outros desapareceram), se transformou e se adaptou às décadas seguintes.
E mais: é importante saber por que o rock extrapolou o âmbito da música e invadiu a vida das pessoas, se tornando um ideal, uma ideia, um estilo de vida.
Impregnou o cinema, namorou a literatura e as artes em geral – e mudou a cara da cultura Ocidental, se espalhando pelo planeta mais rápido do que uma praga de zumbis.
Além de uma discografia infinita aonde a música em si está registrada, o caminho mais indicado para entender o rock – na verdade, para entender qualquer coisa – está nos livros.
Portanto, para celebrar o Dia Mundial do Rock,
Frank Zappa (1940-1993), um cara que sabia das coisas – até por que era, na verdade, um erudito disfarçado de roqueiro – matou a charada sobre a imprensa musical lá nos anos 1970, ao dizer que “a maior parte do jornalismo de rock é feita por pessoas que não sabem escrever, entrevistando pessoas que não sabem falar, para pessoas que não sabem ler”.
Isso significa que, bem, não se deve mesmo acreditar (ou levar a sério) tudo o que se lê na imprensa musical.
Mas, sim, há grandes obras dedicadas ao gênero, escritas em diversos estilos, que vão desde a biografia de artistas ao estudo acadêmico dos fenômenos sócio-culturais, passando por romances, HQs e até livros infantis (afinal, o moleque diferentão de hoje poderá ser o gênio do rock de amanhã).
Páginas da vida roqueira
No campo das biografias, uma que acaba de chegar às prateleiras enfoca uma da maiores bandas de heay metal de todos os tempos: O Reino Sangrento do Slayer (Ideal, 368 páginas, R$ 54,90), de Joel McIver (mesmo autor de uma biografia do Black Sabbath, já lançada no Brasil pela editora Madras).
Em segunda edição com capa dura, revisada e atualizada com a recente morte do seu guitarrista Jeff Hanneman (aos 49 anos, por cirrose, em 2 de maio último), o livro é item obrigatório na prateleira dos apreciadores do true metal.
Elogiada pela crítica especializada, O Reino Sangrento do Slayer não é uma biografia oficial da banda, mas é como se fosse: McIver entrevistou todos os membros diversas vezes ao longo de vários anos e seu texto cobre tanto a trajetória musical, quanto pessoal dos californianos. Recomendada.
Já Morte a Bono, de Neil McCormick (Martins Fontes, 414 páginas, R$ 45), não é uma biografia do líder do U2, mas sim, a de seu autor, um respeitado jornalista musical britânico, amigo de Bono desde criança.
Por isso mesmo, Neil e Bono compartilharam aquele importante período da adolescência inicial quando, juntos, descobriram o rock e resolveram se tornar ricos e famosos na idade adulta.
Como se sabe, só Bono atingiu este objetivo.
Dono de prosa ágil, engraçada e autoirônica, McCormick conta sua trajetória paralela a acensão de Bono ao estrelato mundial.
Best-seller no Reino Unido, este livro rendeu uma adaptação ao cinema em 2011, ainda inédita no Brasil.
Francamente biográfica é a HQ Amy Winehouse, de Cristophe Goffette, Patrick Eudeline (roteiro) e do desenhista Javi Ferandez (Conrad, 48 páginas, R$ 39).
Primeiro volume da coleção Clube dos 27 (dedicada aos roqueiros famosos que morreram aos 27 anos), é mais indicada aos fãs completistas da cantora, já que não oferece nenhuma informação ou abordagem que já não tenha sido alardeada pela mídia, desde sua trágica morte em 2011.
Dicas de Sexo de Astros do Rock, de Paul Miles (Best-Seller, 272 páginas, R$ 39,90)é uma bobagem.
Mais indicada para adolescentes devido ao seu caráter educativo – especialmente quanto ao que não fazer por aí – é uma série de depoimentos de astros mais ou menos famosos sobre sexo e diversos assuntos correlatos divididos por tópicos: Roupas & lingerie, Locais ousados, Aumentos & extensões, Divórcio e por aí vai.
Por último, mas não menos importante, é Rock Para Pequenos: Um Livro Ilustrado Para Futuros Roqueiros, de Laura Macoriello e Lucas Dutra (Ideal, 36 páginas, R$ 39,90).
"Fofo", apresenta bandas e artistas clássicos do rock em linguagem infantil e desenhos bacanas, sempre com uma mensagem edificante junto.
Por exemplo: na página sobre os Rolling Stones, apresentados como “vovôs do rock”, o texto recomenda: “Devemos sempre respeitar os mais velhos”!
Então, aumenta, que isso aí...
Bibliografia roqueira básica (mas não definitiva, feita de memória entre alguns livros já lidos pelo - ou recomendados ao - blogueiro. Sim, sei que há muitos outros, mas aqui estão só esses, tá?)
Rock: o Grito e o Mito, (1973, de Roberto Muggiati, Ed. Vozes). Um dos melhores estudos sobre a gênese e o fenômeno do rock escrito em qualquer língua, encontra-se criminosamente fora de catálogo. Alô, editoras!
Raízes do Rock, (2012, de Florent Mazzoleni, Cia. Editora Nacional), belíssimo estudo ilustrado das origens negras e brancas do rock.
The Beatles - A Biografia (2012, de Bob Spitz, Ed. Larousse). O subtítulo e o número de páginas (1.800!) não deixam dúvidas. Fab Four? Este é O Livro.
Led Zeppelin: Quando Os Gigantes Caminhavam Sobre A Terra,(2009, de Mick Wall, Larousse). Talvez a melhor (entre muita outras) biografia de Page, Plant & Cia
Mate-me por Favor (1998, de Larry "Legs" McNeil e Gilliam McCain, L&PM) A história oral do punk nos Estados Unidos. Hilariante e hoje há quem o ache "ultrapassado" ou algo assim, mas ainda assim, recomendadíssimo
Dias de Luta (2002, de Ricardo Alexandre, DBA). O melhor livro já escrito sobre o fenômeno do BRock dos anos 1980, relançado agora pela Ed. Arquipélago)
3 comentários:
É isso ai, Tia Alice!
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2013/07/1310719-bandas-atuais-sao-ofensa-contra-o-rock-n-roll-dispara-alice-cooper.shtml
TWD - série de TV - watchtower:
http://omelete.uol.com.br/walking-dead/series-e-tv/walking-dead-quarta-temporada-sera-mais-proxima-dos-personagens-e-da-hq/
O que pode ser pior do que um tornado? Ora, é óbvio! Um tornado com tubarões?
Como é?
http://omelete.uol.com.br/dvd-blu-ray/sharknado-pode-ter-uma-continuacao/
U-a-u.
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