terça-feira, maio 03, 2011

A PEDRA FUNDAMENTAL DO STONER

Estreia do Queens of The Stone Age é relançado remasterizado com faixas extras no Brasil, pelo Lab 344

Se tem uma banda que, na última década, se tornou uma espécie de unanimidade entre os roqueiros, esta é o Queens of The Stone Age.

Estourada mundialmente desde o infame (e adorável) hit Feelgood Hit of The Summer, do segundo álbum, Rated R (2001), os fãs brasileiros tem agora à disposição a versão remasterizada da (autointitulada) estreia fonográfica do grupo liderado por Josh Homme.

Apesar de ser algo superestimada – possivelmente, por falta de concorrência à altura, já que a primeira década deste século foi pífia em termos de rock com relevância – o Queens of The Stone Age é uma banda de muitos méritos, que já se faziam perceber neste primeiro disco.

Surgida das cinzas da banda de heavy metal Kyuss, considerada um dos melhores nomes do estilo na década de 1990, o Queens of The Stone Age foi a tentativa – bem-sucedida – do guitarrista e cantor Josh Homme de criar uma banda com um som “que as pessoas reconhecessem logo nos primeiros três segundos”, como ele declarou.

Gravado basicamente por Homme (guitarras e baixo) e seu baterista do Kyuss, Alfredo Hernandez, o CD abre de forma espetacular, com a sequência Regular John, Avon, If Only e Walkin’ on The Sidewalks.

Nestas quatro faixas iniciais estão resumidas as coordenadas que ditariam rumos não só para o som que a banda faria nos próximos anos, mas que influenciariam a própria cena roqueira mundo afora.

Formatação do stoner

Com uma receita que incluía uma pegada metaleira, doses generosas de rock de garagem (com ênfase no grunge), psicodelia e muito cinismo nas letras, a banda formatou um som pesado – mas não ensurdecedor – baseado em riffs matadores de guitarra, batidas retas e melodias vocais de apelo pop.

Este som, inicialmente denominado stoner rock (algo como rock chapadão) foi, por um curto período de tempo, “the next big thing” entre os roqueiros.

Logo, cachorros grandes como Dave Grohl, líder do Foo Fighters, e Mark Lannegan (vocal da Screaming Trees, expoente de Seattle) se escalaram para participar do terceiro e mais bem sucedido CD do QOTSA, Songs For The Deaf (2002).

No disco de estreia, que agora surge remasterizado em versão nacional pelo selo Lab 344, foram incluídas três faixas bônus: These Aren't the Droids You're Looking For, Spiders and Vinegaroons e The Bronze.

A melhor é esta última, na mesma linha stoner, direta e sem muita firula que fez a fama do grupo. These Aren’t The Droids segue esta pista e tem um lindo solo de guitarra, mas já não é tão redonda. E Spiders é a típica ghost track: experimental, circular, instrumental. Um belo disco de rock mesmo.

Queens of The Stone Age / Queens of The Stone Age / Rekords Rekords - Domino - Lab 344 / R$ 24,90

15 comentários:

glauberovsky disse...

chicovsky,
homme canta muito. mas o stoner rock vem antes do QOTSA, por isso o primeiro album deles não pode ser chamado de pedra fundamental.

o kayuss sim, pode ser considerado um dos fundadores do gênero. gosto bastante.

no embalo, um disco pesado que eu gosto pacas é o STONER WITCH, dos MELVINS. excelente! peso e sofisticação total.

GLAUBEROVSKY

Franchico disse...

É muito louca essa comemoração toda por que mataram Bin Laden (se é que isso é verdade mesmo, por que alguém aí viu o corpo? Eu não). Mataram um grande terrorista, mas não mataram o terror. Por que o terrorismo é uma ideia (assim como liberdade, anarquia, rock 'n' roll), não é uma pessoa. Obama que se deu bem, garantiu a reeleição numa virada de mesa da porra.

Outra coisa absurda que queria comentar aqui é essa indústria nefasta do futebol. As imagens de multidões de torcedores uniformizados marchando pelas ruas de SP me deixaram horrorizado, lembram mais hordas de fascistas e nazistas da época da 2ª Guerra. A juventude brasileira virou uma raça de autômatos, movidos a cores básicas, gritos de guerra e música ruim. Tudo para que um grupo de ricaços muito espertos lucrem ainda mais.

Mas é isso: os clubes, empresários, emissoras de TV e empresas de artigos esportivos LUCRAM MILHÕES alimentando esse fanatismo, essa verdadeira fábrica de psicopatas - e aí, quando dá merda, como nesse fim de semana de decisões, eles todos se apressam em "condenar" a violência.

Agora, toda segunda-feira, além de contar os gols da rodada, contamos vítimas entre mortos e feridos.

Tudo em nome da paixão pela bola? Não, companheiro, me desculpe, mas isso já é DOENÇA, mesmo. O futebol hoje é uma enfermidade coletiva, uma neurose para as multidões, traz muito mais miséria e horror de que benefícios.

Já mencionei aquio quanto eu ODEIO a indústria do futebol? E a indústria automobilística, eu tb já disse como tenho nojo dessa merda? Ó, deixa eu parar por aqui, por que se eu começar a citar todas as merdas que eu odeio nessa vida moderna, não trabalho mais hoje...

Alguém tem um saco de vômito aí?

Franchico disse...

Oi, Glauber, confesso que não cheguei a ouvir o Kyuss, nunca tive oportunidade. Mas pelo que entendi, a banda, apesar de já indicar esse direcionamento stoner, ainda era basicamente heavy metal, não? Daí minha afirmação de que o primeiro do QOTSA é a "pedra fundamental". Mas enfim, se estiver errado, está registrado. Valeu!

glauberovsky disse...

beleza, chicovsky. oficialmente, o kyuss é considerado stoner, creio eu...

concordo com tudo que cê falou aí sobre obama, futebol, fascistas etc. melvins neles! o comportamento, o pensamento dessa banda é tudo que todo artista deveria ser. artista não tem que querer agradar a ninguém além de si mesmo. hats off.

ouvi esses dias uma música sensacional do foo fighters:

http://www.youtube.com/watch?v=YacQIZ4ondI

essa é perfeição. tava demorando ouvir uma música assim no mainstream.

GLAUBER

Franchico disse...

É isso mesmo, Glauber. Kyuss é oficialmente, stoner. Meu editor, brother e master senior rocker Edu Bastos acabou de puxar minha orelha aqui tb (essa matéria foi publicada hj mesmo no jornal) sobre isso. Segundo ele, Kyuss está muito mais para stoner, do que que para metal.... Somando com seu toque, está fechada a questão. Falha minha. Desculpa aê, everybody, queridos leitores etc e tal...

Quem é fanzão do Melvins é o brother Bruno "Rock Sujo" Aziz. Dia desses ele me passou o CD novo deles aqui, e é um som de outro planeta, mesmo. Tem uma música que começa um pau da porra, daqui a pouco, os caras param de tocar e a música vira um jogral, um coral só com vozes e palmas - uns dois ou três minutos disso. Muito, muito louco.

Anônimo disse...

Assisti ao QOSA no rock in rio III e foi de longe o melhor show do dia do rock pesado...stoner rock da pesada...som impecável e banda com som orgânico deu um espetáculo de essência rock and roll e os fãs de heavy metal geração "camisa de força estilística" vaiaram injustamente a banda enquanto, por outro lado, boa parcela do público curtiu de montão...vendo a reação daqueles jovens de camisa preta percebi que o heavy metal 70/80 que eu ainda amo tinha novo público que canta em coro "ohohoh" na linha heavy metal melódico...uma coisa triste...se tiver que ouvir rock pesado melódico ouça o velho UFO em vez de Angra...
cláudio moreira

Anônimo disse...

porque para um cara de formação rock pesado curtir qosa seria uma extensão mais do que natural desse gosto musical, mas eles são inventivos e têm mentes abertas demais para esse tipo de público que citei...
cláudio moreira

Anônimo disse...

Olha, Claudio, eu não tenho vergonha de dizer que minha formação é basicamente rock pesado apesar do preconceito que existe de se achar que é um tipo "menor" de rock. Soube que o QOTSA foi vaiado por fâs do Iron Maiden nesse show a que você se referiu. Pessoalmente não gosto do Iron, acho que só faz sucesso no Brasil e Argentina, mas acho o QOTSA uma puta banda, assim como Melvins e muitas outras bandas de som pesado de alto nível que existem atualmente e talvez as pessoas estejam em "camisas de força estilísticas" que as impeçam de conhecê-las.

Marcelo

Márcio A Martinez disse...

STONER?!?
Alguém aí já ouviu falar do BLUE CHEER, do final dos 60/início dos 70?
Aquilo sim, é a pedra fundamental do STONER ROCK.

glauberovsky disse...

realmente, marcio. o blue cheer e o sabbath e outras bandas pesadas do inicio dos 70s sao a inspiração pro stoner rock. é uma imitação, uma homenagem...mas com as diferenças que o tempo e a cultura produzem. pequenas e em geral, superficiais. faz sentido o que cê falou.

agora momento confissão: gosto muito do countdown to extintion do megadeth e do animalize do kiss. sei que é cafonão e um tanto grosseiro, mas eu gosto, fazer o que? rsrsrs

http://www.youtube.com/watch?v=dPzxy_jZMTI

hard rock mezzo-farofa da melhor qualidade!

GLAUBEROVSKY

Franchico disse...

Aí é covardia. Blue Cheer é pedra fundamental do hard rock, do heavy metal, do punk etc e tal. Do rock pesado em si, seja lá qual for a orientação. Muito anterior e distante ao QOTSA - que claro, sequer existiria se não fossem bandas como BC, Black Sabbath, Motorhead etc.

Mas voltando à polêmica do stoner, é interessante notar que - OK, Kyuss já era stoner nos anos 90, aceito - apesar disso, eu só comecei a ouvir falar nesse termo no início dos anos 00, quando o QOTSA lançou o Rated R e Feelgood Hit of The Summer estourou. Passei os anos 90 inteirinhos sem ouvir falar em stoner. Acho que cheguei a ler algo sobre o Kyuss na Bizz e já se falava em um certa modelidade de rock pesado psicodélico com Monster Magnet e tal, mas o termo stoner mesmo, até então, eu nunca tinha ouvido falar. OK, até já poderia existir, mas ainda não era "moeda corrente". Acho que daí minha suposição de que o primeiro disco do QOTSA era a "pedra fundamental" do estilo.

Anônimo disse...

stoner rock bebe em blue cheer e grand funk railroad...acho o bom, selvagem e inventivo rock pesado ótimo....de cactus a black sabbath, passando pelo humble pie e motorhead...incluindo ac/dc e thin lizzy e milhões de outros
cláudio moreira

Anônimo disse...

inclusive o filme Let There be rock que passou em 83/84 pelos cinemas brasileiros (aqui rapidamente no shopping Itaigara) finalmente sai em dvd/blueray...tive em vhs tirado de disc laser e agora tenho em dvd preto e branco a partir de cópia feita por nei deus sabe como...tenho cd ao vivo oficial com todo show e posso dizer que é o ac/dc em sua máxima potência com bon cantando visceralente e angus em total sintonia com público francês na tour do melhor disco do ac/dc: Highway to hell!!!!!Ali, a banda era imbatível!!!!!!!
cláudio moreira

Nei Bahia disse...

Mexicola...essa é a canção!!!

Franchico disse...

Cláudio, stoner rock não só bebe, como também cheira, fuma, aplica, bota debaixo da língua, prega na testa, enfia no... deixa pra lá...