sexta-feira, maio 27, 2011

DONAVON, PETE E MAT TRAZEM A "NOVA SURF MUSIC" PARA SALVADOR, NESTE DOMINGO

Salvador terá, neste domingo, uma boa amostra do que, nos dias de hoje, se convencionou chamar de surf music. É o evento Salvador Live Music, que traz à cidade três cantores que representam bem o momento do estilo: o californiano Donavon Frankenreiter e os australianos Mat McHugh e Pete Murray.

Com exceção deste último, que se apresenta pelo Brasil pela primeira vez, os outros dois já são bem conhecidos do público fã desta nova surf music “baixa caloria”, como tem sido chamada, e que tem, em Jack Johnson, seu maior representante.

Donavon já se apresentou por aqui mesmo, em Costa do Sauípe, em evento VIP com pouca repercussão, há poucos anos atrás. Antes disso, em 2001, gravou dueto com Paula Toller em uma faixa do álbum Surf (2001), do Kid Abelha.

Já Mat McHugh também não deixa por menos, como ele mesmo conta, nesta entrevista por email: “É minha terceira vez no Brasil e eu absolutamente amo este lugar”, derrete-se. “Vejo muitas similaridades no povo daí (com os australianos). Amamos viver a vida e festejar sempre que podemos. Acho que brasileiros e australianos se dão muito bem”, aposta.

Pete Murray, por outro lado, se diz ansioso para conhecer (e tocar) no Brasil: “É minha primeira vez por aí, então estou bem ansioso para chegar logo e me apresentar diante de uma multidão de brasileiros”, diz, também por email.

“Pelo que sei, vocês gostam muito de dançar e fazer festa, então acredito que a música que faz sucesso aí tem um groove muito grande”, acrescenta, sem saber da missa, a metade.

“Confesso que ainda não tinha ouvido falar de Salvador até esta turnê, mas todo mundo com quem converso é muito entusiasmado pela cidade. Sabendo disso, e com minhas outras experiências com brasileiros, minha ansiedade só aumenta”, continua, verborrágico.

Em Salvador, tanto Donavon Frankenheiter quanto Pete se apresentam com suas bandas completas: “Me ofereceram para fazer este show solo, mas achei que deveria trazer minha banda, fica muito mais dinâmico”, reitera o australiano.

A exceção é Mat McHugh. Líder da banda The Beautiful Girls, ele vem fazer um set acústico e solo, com participação de um brasileiro no palco: “Meu show será comigo e um violão. Vou tocar todas as minhas canções, sejam do Beautiful Girls ou da minha carreira solo. Mas vou dividir o palco com um gaitista brasileiro. Seu nome é Felipe e ele é um grande amigo meu”.

O gaitista amigo dele se chama Felipe “Harp” Kmiecik. O rapaz é catarinense e já viajou com Mat em outras turnês no País.

Diferente de Pete, ele garante já ter ouvido falar de Salvador, mas prefere não alimentar expectativas. “Acho que é a melhor forma, ir sem expectativas. Mas já ouvi coisas incríveis sobre Salvador”, conta.

Surfando na surf music

Ilha de proporções continentais, a Austrália é um dos maiores centros da cultura surf do mundo e, portanto, também da surf music – e não é de hoje.

Desde o fim dos anos 1970, bandas como Men At Work, Midnight Oil, The Hoodoo Gurus e Spy Vs. Spy levaram o astral do extenso litoral australiano para as rádios do mundo inteiro, tornando a ilha, uma ex-colônia penal britânica, uma referência no estilo.

Nem tudo o que sai de lá, porém, deve ser simplesmente rotulado “surf music”, como vem acontecendo.


“Acho que é muito fácil dizer que todas as bandas australianas fazem surf music, até por que a Austrália tem uma grande cultura de surf”, observa Pete.

Ele mesmo conta que tem sido rotulado assim por um acaso: “Um pouco antes de começar a fazer sucesso na Austrália, a Quicksilver (surfwear) lançou um DVD de surf com várias músicas minhas. Isso colocou minha música direto nas mãos dos surfistas, e de repente, eu tinha esta enorme audiência de bermudas”, conta.

“Fui rotulado como surf music e comparado a Jack Johnson. Só depois que me tornei mais conhecido que o rótulo descolou um pouco”, relata Mr. Murray.

De fato, a surf music, desde os seus primórdios na Califórnia dos anos 1960, com os Beach Boys números instrumentais como Link Wray, Dick Dale & The Del-Tones e The Ventures, mudou bastante, indo do rock instrumental baseado em guitarras para se multiplicar em diversas facetas, passando pelo reggae, ska, hardcore etc.

De uns tempos para cá, desde o estouro de Jack Johnson, surfista declarado, seu folk suave e de acento pop tem sido “a nova cara” da surf music atual.

Donavon, Mat e Pete, na verdade, tem pouco em comum no seu som. Donavon tem groove e influência até de soul music. Mat passeia pelo reggae e pelo folk. E Pete, em seu MySpace, aponta os gigantes folk rock Neil Young e Nick Drake como principais influências.

“O surf não influencia minha música, mas é parte de quem sou. Minha inspiração vem de outras pessoas. Amo arquitetura, escrever, cinema e artes, e tudo isso é uma grande inspiração”, diz Mat, que é surfista.

“Não dou a mínima para que rótulo colem em mim, desde que apreciem minha música. Mas quando faço meu show solo, acho que é 100% surf music, por que sou mesmo 100% surfista”, arremata Mat.

Salvador Live Music / Com Donavon Frankenreiter, Mat McHugh (The Beautiful Girls Acoustic) e Pete Murray / Domingo, 16 horas / Área Verde do Othon / R$ 60 (pista) e R$ 120 (camarote) / Vendas: Ticketmix e Balcão de Ingressos / Classificação: 16 anos

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