terça-feira, junho 10, 2014

DEZ ANOS SEM EMERSON BOREL

Colégio Maristas, 1984. Quinta série. Emerson é o 2º da dir. para a esquerda, na 2ª fila de cima para baixo
Certo dia, há muito tempo atrás, em uma galáxia muito distante, quatro meninos chamados Emerson, Francisco, Rozendo e Bruno saíram da escola e foram à casa do primeiro, aonde iriam almoçar e passar o resto da tarde ouvindo música.

Entre os 12 e os 13 anos, os meninos, de farda de colégio, se refestelaram no quarto que Emerson dividia com seu irmão Marcelo e tome-lhe ouvir rock pesado: um Iron Maiden aqui, um Ozzy Osbourne ali, um Kiss acolá, um AC/DC alhures (?).

Até aí tudo bem. Acontece que, à medida que a tarde avançava, uma espécie de torpor, uma sensação narcotizante ia tomando conta dos garotos.

Não havia bebida álcólica, cigarros, nada. Nenhum tipo de droga - lícita ou ilícita - foi consumida naquele quarto.

Ainda assim, por volta das quatro da tarde, os quatro meninos pareciam bêbados. De riso frouxo, falavam bobagens sem nexo e caíam no chão às lágrimas, segurando as barrigas de tanto rir.

Intrigada, a cozinheira da casa de Emerson, dona Naíldes, resolveu servir um lanche aos garotos. Só piorou a situação.

Na algazarra, o saco de salgadinhos cheetos explodiu no quarto, espalhando aquele isopor amarelado pelo chão, cama, estantes etc.

A gelatina de morango veio em seguida e teve efeito ainda mais alucinógeno. Com o olhar vidrado, Rozendo batia na gelatina com a colher e repetia com uma voz que não era a dele, como num mantra: "A água tá dura, a água tá dura".

Por alguma razão inescrutável, isso era motivo de gargalhadas.

O auge foi quando Emerson, tentando fugir do quarto com o que restava do pacote de salgadinhos, resolveu pular de uma cama para outra, numa tentativa de chegar à porta do quarto.

Rozendo, que estava no chão, o interceptou em pleno ar, segurando-o pelo pé. Emerson, que era alto e  magro como um varapau, despencou com tudo no chão.

"Meus pais vão pensar meus amigos são uns pivetes", choramingou, massageando o joelho machucado, entre cheetos, gelatina e discos de vinil do Iron Maiden. O que só serviu para os meninos rirem ainda mais.

Depois daquela tarde, eles, mesmo sem perceber, notaram que aquele tal de rock era mesmo uma coisa que mexia com a cabeça das pessoas.

Não sabíamos da missa a metade.

Em tempo: na foto, o blogueiro está bem no centro da terceira fila, de cima para baixo.

Leia mais sobre Emerson aqui, aqui e aqui.

7 comentários:

Ernesto Ribeiro disse...

Já que você citou uma certa casa onde o Úteros se apresentou, eu lhe dou mais detalhes.


A Casa de Espetáculos e restaurante Almanaque, na Barra em 1997 era mesmo de seu Normando, o pai de meu velho amigo de infância Sandro Gonô, ou Gonorréia, que ganhou esse apelido por ser fã roxo do Camisa de Vênus (tal como eu) e ia aos shows que eram abertos pela banda Gonorréia --- mas também porque ele pegou a doença ainda adolescente.



Uma vez nós estávamos subindo a ladeira do rua Rio Amazonas e ele me perguntou: "Ernesto, qual é a cor da sua gala? A minha é verde."


Coitado. Tava morrendo de medo.



HAHAHAHAHA


Sandro era o administrador da casa e a herdou com o falecimento trágico do pai, que foi comprar cigarros para um freguês e ao atravessar a rua foi atropelado. Crânio partido. Levou uma semana para morrer no hospital.



Porque o Almanaque faliu? Porque a economia desse país insano é falimentar.


Foi no Almanaque que a galera cheirava uma cocaína louca. Fumávamos maconha no terraço. No meu aniversário, Emerson "Cabelo" Barreto, Paulo Thunderdog e Sandro desceram á cozinha subterrânea e usaram o forno para desintegrar as pedras de pó branco --- e cheiraram tudo ali mesmo!


E não quiseram sair até acabar tudo. Levou horas!!! Amadores. Não sabem curtir a onda calmamente.


Teve um cara que ficou tão cheio de adrenalina que passou uma hora andando pela cozinha feito um trenzinho Autorama. Advinhe quem.

Ernesto Ribeiro disse...

Sobre a entrevista do Juca Kfouri :


"Fazer o povo feliz por um mês" é a frase mais DEBILÓIDE e SEM-VERGONHA e SEM AUTO-RESPEITO que já ouvi na minha vida.


QUE POVO DE MERDA.


Só um povo absolutamente DESPREZÍVEL fica feliz com o ÓPIO chamado futebol em vez de exigir ficar feliz com SAÚDE, HISPITAIS, MÉDICOS, SEGURANÇA, POLÍCIA DECENTE --- e não BANDIDOS DE FARDA.


Quanto mais eu conheço a cultura brasileira, mais eu DESPREZO o povo brasileiro.


Só um povo de bosta mantém os piores criminosos perpetuamente no poder: Sarney, ACM, Calheiros, Silvio Santos, Tô Rico Miranda, João Havelange, Ricaço Teixeira --- aquela bosta em forma humana, com aquela cara de culpado pego em flagrante, se cagando de medo do castigo em público.

Ernesto Ribeiro disse...

O problema com o Juca Kfouri é que ás vezes ele fala como se estivesse com a boca mastigando merda, com uma vozinha ás vezes repugnante, numa cadência meio afeminada.


É uma pena, porque a expressão vocal dele contradiz a ATITUDE e a personalidade combativa dele.


Bom sujeito.



Ernesto Ribeiro disse...

A melhor "mudança estrutural" para esse país é um FUZILAMENTO EM MASSA de todos os MAFIOSOS que escravizam o povo há meio milênio.


Ou como disse o Mario Lago:


"Sou a favor de uma revolução violenta, com pelo menos uns 300 fuzilamentos."


Como ele disse isso numa entrevista á revista "Caros Amigos", é claro que ele precisou ser COMEDIDO. Acho que ele quis dizer 300 MIL.

Rodrigo Sputter disse...

Carajo, ontem lembrei de outro amigo do rock que morreu nesse mesmo ano, Gérson, que foi guita da Blackbirds, achei esse post em homenagem a Borel que fiz na época:

http://www.fotolog.com/thehonkers/7896600/

Nesse som dos Honkers eu levei um vinil da Úteros e deixei no palco, nesse dia o baixista dos Honkers levou o vinil pra casa e nunca mais me devolveu, um amigo meu de infância (que faleceu ano passado) que tinha me emprestado e depois me dado a bolacha...e 1 dia antes quem tinha morrido era o Ray Charles...a música perdeu muito nesse ano...

Meu caro Rubro-negro Ernesto, na Inglaterra o futebol tem mais fãs que no Brasil...mais público...não que esteja defendendo a copa e muito menos os políticos...

E Mário Lago era comunista...

Ernesto Ribeiro disse...

Eu não disse que Mário Lago NÃO era comunista. Todo mundo sabe que era.


E o que eu falei do futebol ter tantos fãs no Brasil é que AQUI NÃO É UM PAÍS DECENTE COMO A INGLATERRA.



Um povo que tem um esporte espetáculo como PRIORIDADE de suas vidas em vez da vida real só pode ser um povo LOUCOS DEMENTES.



Um povo que sofre com futebol e não sofre com as monstruosidades praticadas pelas autoridades só pode ser um povo de PERVERTIDOS.



Um povo que eternamente relembra a derrota numa Copa em 1950 e não se preocupa com a derrota das Diretas Já só pode ser um povo de merda mesmo.



Não é só o fato de eu não me sentir envolvido com futebol. Eu nunca me identifiquei com o povo brasileiro em NENHUM aspecto dessa cultura de boi bumbá, carnaval e guerra de espadas.



Então é isso: com todas as riquezas naturais e potencial para ser o país mais desenvolvido do mundo, Brasil é subdesenvolvido porque os brasileiros são um povo DESPREZÍVEL de DÉBEIS MENTAIS.

Rodrigo Sputter disse...

Chico menino de Deus, tu era diferente...e pra onde foram nossos cabelos??
estranhei vc citando-o ErneStones...
kd povo tem seu espetáculo medíocre que merece...