Eles são um ícone de independência e honestidade no rock alternativo norte-americano. Sem contar que fazem um puta som divertido, sem frescuras.
Agora, depois de nove anos sem lançar um álbum, o Superchunk está de volta, com Majesty Shredding, um cintilante retorno que ganhou edição nacional via selo Lab 344.
No disco, a banda liderada por Mac McCaughan ressurge de fôlego novo e repertório renovado, após as longas férias.
“Depois da turnê do Here's to Shutting Up (2001), decidimos dar um tempo nas viagens, e uma vez que esse período sabático começou, foi difícil imaginar como sair dele de forma que isso não nos enlouquecesse“, conta Mac, em entrevista exclusiva por email.
“Assim que tivemos tempo livre o bastante, conseguimos pensar numa forma de gravar e fazer shows (mas não muitos em sequência) que funcionasse para nós, começamos a trabalhar no disco novo”, diz.
Resolvidos os perrengues, a banda, fundada em 1989 em Chapel Hill (Carolina do Norte), pôde se concentrar nas composições – que pelo visto, agradaram não só aos membros, mas também à crítica especializada e aos fãs: “Acho que tirar esses anos de folga definitivamente deixaram o som do disco com um frescor especial”, opina o cantor.
Não por obrigação
Em Majesty Shredding estão representadas todas as características que tornaram o Superchunk uma referência do rock alternativo: peso (mas não a ponto de ensurdecer), objetividade, boas melodias, energia juvenil, despretensão (mas não desleixo). Tudo isso acrescido da maturidade que os agora quarentões membros trazem.
“Definitivamente, houve um esforço consciente para fazer um disco com a nossa energia – que é o que faz de nós uma boa banda, e também em escrever o tipo de canção em que somos bons. Acho que (o álbum) tem o mesmo espírito de muitos de nossos outros discos, mas, espero que soe melhor de fato, um pouco mais hi-fi, mas sem ser muito lustroso”, acrescenta.
Levou tempo, mas a boa lição que fica do sumiço e retorno do Superchunk é bem clara: fazer música por obrigação, como business, simplesmente não funciona. “Creio que uma das chaves para se sentir bem a respeito dessa coisa toda é não deixar que se torne uma obrigação se agigantando sobre nós”, diz.
“A obrigação boa é aquela que temos com os fãs que ficaram conosco esses anos todos – e isso se resolve com bons shows e fazendo o possível para recompensá-los pela paciência. Mas tem a obrigação ruim, a qual, felizmente, não temos mais, tipo: ‘precisamos gravar mais um disco para entrar em turnê e pagar nossas contas’”, reflete o band leader.
Em maio, a banda virá ao Brasil, se apresentar na Virada Cultural de São Paulo, nas cidades de Mogi das Cruzes e Sorocaba, entre os dias 14 e 15.
OS CHEFINHOS DO MERGE RECORDS
Há cerca de 20 anos, quando o Nirvana estourou com o fundamental álbum Nevermind, o rock alternativo se tornou a galinha dos ovos de ouro da hora para as gravadoras major.
Iniciou-se ali uma caça ao “próximo Nirvana”. E todo mundo que tinha algum destaque no meio indie ganhou um contrato com uma multinacional: Sonic Youth, Mudhoney e Dinosaur Jr., entre muitos outros.
Todo mundo, menos o Superchunk. Na verdade, eles não só recusaram todos os contratos oferecidos pelos homens de terno, como criaram seu próprio selo, o Merge Records, administrado por Mac McCaughan e a baixista Laura Ballance.
Lar de gigantes do indie rock de ontem e de hoje, como Dinosaur Jr., Spoon, She and Him e Teenage Fanclub, o selo ganhou ainda mais destaque depois que uma certa banda do seu cast, Arcade Fire, praticamente varreu o último Grammy, com várias premiações.
Exigência é amar a música
“Sério: a única exigência (para ser contratado pelo Merge) é de que amemos sua música”, garante Mac. “Além disso, queremos estar certos de que o artista é tão comprometido com seus discos quanto nós mesmos, por que quando decidimos lançar um disco, dispendemos muito esforço, trabalho, neurônios e recursos, então fazemos questão de que o artista vai fazer isso também, pois não podemos fazer isso por eles”, ressalva.
Escolado, o músico / empresário não se sente ameaçado pelo sucesso estrondoso de The Suburbs, o bem-sucedido último disco dos seus contratados: “Acho que o que faz eles continuarem conosco (espero) é que eles sabem que os contratamos pelas mesmas razões que contratamos outras bandas: nós amamos sua música e queremos apoiá-los no que for necessário”, afirma Mac.
“Também temos uma ótima distribuição, que era o que costumava separar selos indies de majors, mas isso não acontece mais, além de uma equipe que trabalha duro por eles”, diz.
Mas nem tudo são flores: “Não acho um exagero pensar que, há dez anos, o Arcade Fire teriam vendido, no mínimo o dobro. As pessoas roubam música (fazendo download) e não há muito que se possa fazer quanto a isso”, lamenta Mac.
FOTOS: JASON ARTHURS / DIVULGAÇÃO
Superchunk em super volta
Indies rockers de primeira hora, alegrai-vos: Superchunk, a sensacional guitar band de Mac McCaughan está volta ao circuito, nove anos depois de lançar seu último álbum, Here’s To Shutting Up (2001). E o melhor: nem parece que ficaram parados tanto tempo. A fidelidade ao som sujo, baseado em riffs cortantes, mais a as belas melodias costuradas pela voz esganiçada do Mac continuam a toda aqui. O abre-alas arrasador, dançante e grudento com Digging For Something é só o início para 42 minutos de delícias como Learned To Surf e Crossed Wires. Lindo e pesado. Superchunk / Majesty Shredding / Merge Records - Lab 344 / R$23,20
Agradecimentos ao Sérgio Martins (Lab 344) pela exclusiva, publicada originalmente anteontem, no periódico da Tankred Snows Avenue. (Ah! Não confundir com o Reverendo Sérgio Martinez...)
Blog (que, nos seus primórdios, entre 2004-05, foi de um programa de rádio) sobre rock e cultura pop. Hoje é o blog de Chico Castro Jr., jornalista formado pela Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia. Atualmente, é repórter do Caderno 2+ do jornal A Tarde, no qual algumas das matérias vistas aqui foram anteriormente publicadas. Assina a coluna Coletânea, dedicada à música independente baiana. Nossa base é Salvador, Bahia, a cidade do axé, a cidade do terror.
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6 comentários:
Taí: mais uma materinha nota sete para vosso deleite...
no infame, anacrônico e pouco inteligente projeto de poesia na web de maria bethania e andrucha, o diretor artístico ganharia [segundo o projeto] R$600.000, 00.
essa dinheirama, dinheiro público, pra diva recitar [diga-se anacarolinizar] poesia para poucos que têm acesso à net. e este projeto cretino é aprovado. com esse dinheiro, poderia se fazer filmes como "janela da alma", "santiago", "uma noite em 67" ou os "11 episódios sinfónicos" de gustavo cerati.
mais que revolta, isso me deprime. creio que só continuo a fazer música neste país por puro vício.
em homenagem á verdadeira poesia e ao bom senso:
http://www.youtube.com/watch?v=Eh4wo4JRqAM
GLAUBER
Glauber vou atiçar um pouquinho mais a sua revolta.
Veja isto:
"Fizemos um blog para Bethânia. De graça.
O Diário do Comércio resolveu dar um blog de presente a Maria Bethânia. Na página construída pela equipe de internet do jornal figuram, entre outras coisas, vídeos da cantora em shows, apresentações nas quais ela declama poemas, textos de reportagens publicadas a respeito da artista no caderno DCultura. A seção de notícias é intitulada Carcará News, em referência à famosa interpretação da canção de João do Vale pela artista. Concebido, executado e colocado no ar em menos de quatro horas, o blog Maria Bethânia do DC conta ainda com espaço para os internautas enviarem comentários. Será legítima essa captação de verbas?
Opine entrando no site
http://www.dcomercio.com.br/especiais/2011/blog_da_bethania"
dá 5% desse dinheiro + um laptop e uma webcam pro ferreira gullar. custaria muito menos e faria muito mais pela poesia mundial.
365 videos com bethania recitando poesias e o diretor artístico [nenhum scorcese, diga-se] levaria R$600.000, 00.
é um disparate que artístas em início de carreira, poetas em dificuldade para editar suas obras, excluídos digitais [só exemplos] ajudem a pagar essa conta.
beira o cinismo.
G.
chicón,
só pra fechar o argumento, pra mim a coisa é simples:
se bethania pra fazer um tipo de blog com videos, recitando poesias, precisa de 600.000 [diretor artistico, no projeto], ela não nos serve. que continue a fazer shows e discos e passar bem. ou arranje o dinheiro através da iniciativa privada com o mesmo prestígio que faz com que ela tenha esse projeto aprovado pelo governo.
agora imagine: é bethania, daniel filho, flora gil...vai somando. é 1 milhao e meio pra cá, 2 milhoes pra lá, 5 milhoes pra cá e assim por diante.
se soma tudo isso, olha quanto incentivo [dinheiro público] está sendo destinado para quem já tem fama, grana, história etc. e nosotros...nosotros que se danemos!
ainda por cima, qual a grande ideia por tras desse blog? nenhuma. é exatamente o que bethania faz desde os 70s e já fez em um de seus dvds. quer dizer, mais 365 videos de bethania fazendo aquela mesma coisa.
outra: precisamos de 365 videos com ela recitando, que nos custarão mais de 1 milhao? não! passamos muito bem sem isso. façamos filmes, peças de teatro, discos, livros...a sociedade tem o direito de dizer: bethania, isto não nos interessa. nao a esse preço. volta pra sua carreira convencional. dispensamos seu "altruístico apoio" à poesia mundial.
nada disso aqui precisaria ser dito se o projeto fosse mais justo, mais realista, menos anacrônico e estapafúrdio.
GLAUBER
Blog legal ... curti!
Visite o meu: http://rockbywomans.blogspot.com/
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