HQ: Trinity, de Jonathan Fetter-Vorm conta em quadrinhos a criação da bomba atômica
Foi em 16 de julho de 1945 que um trecho do deserto do Novo México, denominado “Trinity” pelo físico Robert Oppenheimer, teve seu solo transmutado em vidro esverdeado pelo calor da primeira bomba atômica.
Agora, Trinity ressurge, como uma elogiada graphic novel de não-ficção de Jonathan Fetter-Vorm, para recontar o episódio.
Subintitulada A História em Quadrinhos da Primeira Bomba Atômica, a HQ sai pela editora Três Estrelas, um selo do Grupo Folha.
Especializado em HQs de não-ficção, o norte-americano Fetter-Vorm faz um bom trabalho em Trinity ao aliar um certo didatismo (o que torna a graphic leitura recomendável em escolas) com um leve senso de drama na narrativa – válvula de escape para o horror desencadeado pela bomba.
Percebe-se que o autor fez uma boa pesquisa para realizar a HQ.
Ele parte do século 19, quando a cientista francesa Marie Curie descobre os elementos do rádio e do polônio e segue com os cientistas que, no início do século 20, desvendaram a estrutura do átomo – e o incrível poder concentrado em seu núcleo.
“Se algum idiota num laboratório encontrar o detonador certo, ele pode simplesmente explodir o mundo todo por acidente”, admirou-se em 1911 o fisico inglês Ernest Rutherford, citado no livro.
Já em 1939, a cientista alemã de origem judia Lise Meitner fugiu da Alemanha nazista com os dados da fissão nuclear – processo de “quebra” do núcleo do átomo que desencadeia a explosão atômica.
A descoberta caiu – perdão pelo trocadilho – como uma bomba na comunidade científica mundial.
Diagnóstico frio e preciso
Depois do bombardeio japonês a Pearl Harbor e até Albert Einstein chamar a atenção para o perigo daquela nova tecnologia, o governo dos Estados Unidos não teve outra alternativa senão investir na criação da arma definitiva, a que ia acabar de vez com a guerra.
Top secret, o Projeto Manhattan, como foi designada a operação, se desenvolveu em cinco estados diferentes, empregando milhares de pessoas.
Cidades inteiras foram erguidas do nada para abrigar cientistas, militares e operários (bem como suas famílias) envolvidos no esforço de guerra – todos sob o comando do general Leslie Groves e de Robert Oppenheimer.
O resultado foi visto no dia 16 de julho já citado – e menos de um mês depois, quando Little Boy e Fat Man, as bombas atômicas, foram detonadas sobre as cidades de Hiroshima e Nagasaki, vaporizando centenas de milhares de pessoas.
“A segunda metade do século 20 foi profundamente afetada pelo trauma dessa destruição, e por várias décadas o medo de uma guerra nuclear que dizimasse a espécie humana assombrou as pessoas”, percebe o jornalista Alcino Leite Neto, editor da Três Estrelas.
“Trinity conta um episódio histórico que todos precisam conhecer para estarem conscientes dos perigos reais das armas nucleares”, diz.
“Hoje, estamos mais preocupados com a ruína lenta do mundo causada pela destruição da natureza do que com uma guerra atômica. Mas o perigo não está afastado ainda. A ameaça vai persistir enquanto os países produzirem energia nuclear com finalidade bélica”, reflete Alcino.
Em sua narrativa enxuta, Fetter-Vorm evita – sabiamente – escolher lados. “Trinity, além de contar sobre o nascimento da bomba atômica, faz um diagnóstico frio e preciso sobre os horrores da guerra e a crueldade dos guerreiros”, diz.
“É uma história sem heróis nem heroísmo. Mostra como a razão científica se juntou à irracionalidade da guerra, para produzir uma das maiores tragédias de todos os tempos”.
Próximos lançamentos
O editor explica que a graphic novel foi selecionada para publicação por três razões: “Primeiro, pela abordagem de um fato histórico muito importante, contado com precisão e fidelidade. Em segundo, pela fluência narrativa, que associa história, ciência e política com muita habilidade”.
“E por fim, pela qualidade do desenho levemente retrô, que remete às HQs dos anos 1940 e 50, em P&B”, nota.
Ele conta que os planos da Três Estrelas é “publicar esporadicamente histórias em quadrinhos, cerca de duas por ano, sempre de não ficção, que é a nossa área de atuação”.
Para breve, ele anuncia mais duas: O Golpe de 64, de Oscar Pilagallo, ilustrada por Rafael Campos Rocha, sai até o fim do ano.
Em 2015, lançaremos A Morte de Stálin, dos franceses Fabien Nury e Thierry Rubin, sobre a morte e os funerais do líder soviético”, conclui.
Trinity / Jonathan Fetter-Vorm / Três Estrelas / 160 p. / Trad.: André Czarnobai / R$ 29,90 / www.editora3estrelas.com.br
13 comentários:
Falando em destruição nuclear, uma das maiores sagas cósmicas de todos os tempos pode finalmente estar a caminho das telas:
http://www.hollywoodreporter.com/heat-vision/benderspink-illuminati-team-dreadstar-movie-693348
O que tem "destruição nuclear" a ver com isso? Leia o número 5 (ou foi o 6?) de Dreadstar (publicado aqui no Brasil pela Ed. Abril na revista Epic Marvel entre 1984/85 e depois pela Globo em título solo entre 1990/92) e descubra.
Jim Starlin no auge da genialidade, HQ básica, inesquecível, imprescindível, necessária.
...e o auge da crítica denúncia antireligião com o vilão psicopata genocida Lorde Papal.
É como se Thanos liderasse a Igreja Universal de Magus.
Lembrei que escrevi sobre Dreadstar aqui:
http://rockloco.blogspot.com.br/2012/01/o-retorno-de-dreadstar-o-guerreiro.html
Flavinho merece, galera. Quem puder ajudar, por favor,não se acanhem...
http://www.universohq.com/noticias/flavio-luiz-busca-financiamento-coletivo-para-nova-edicao-de-au-o-capoeirista/
Depois daquela série ultramegahiperhadoukenfodástica (a de 2003 adiante), acho difícil fazerem algo tão bom quanto, mas quer saber? I can't get enough Battlestar Galactica!
http://www.bleedingcool.com/2014/04/07/battlestar-galactica-movie-comes-back-to-life-with-a-new-writer%E2%80%8F/
Veeeeeeenha!
Já que estávamos mesmo falando de religião, eis minha resenha de cinema sobre um filme em cartaz...
NOÉ — A Pior História de Todos os Tempos
Você percebe como as religiões deformam o caráter das pessoas ao fazer os fiéis adotarem um duplo padrão moral, ao aceitar o inaceitável e aprovar a idéia mais abominável já concebida pelas mentes mais doentias, desde que o Mal venha do seu Deus criador: “Ele nos criou, portanto a ele tudo é permitido; pois ele é quem define o nosso padrão moral de certo e errado, bem e mal.” Ou seja, cada crente abandona covardemente a capacidade humana de fazer julgamentos morais para apenas seguir a instrução de um livro sagrado e se tornar um hipócrita imoral e demente ad infinitum.
Daí se constata como uma crença religiosa consegue perverter a alma e deformar a mente: quando até mesmo pessoas inteligentes e boas, normais e decentes acreditam — e concordam — que foi mesmo “uma boa idéia” matar todas as criaturas da terra e EXTERMINAR A HUMANIDADE, afogando inclusive crianças e bebês.
E fazer pessoas adultas e maduras engolirem com toda a seriedade a estória da Carochinha de que um só homem construiu o maior navio já feito, mais gigantesco do que qualquer transatlântico; que fez disso o maior zoológico já inventado; que todos os animais da terra descendem de um só casal de cada espécie que desceu desse navio; que dentro de uma caixa de madeira ele abrigou e alimentou todos os bichos (inclusive os carnívoros, o que implica em levar 40 vezes MAIS animais para que não morressem todos de fome ao fim de 6 semanas de jejum); e, é claro, que nesses 40 dias boiando, os únicos humanos sobreviventes respiraram o fedor de suas próprias fezes e dos excrementos animais sem poderem abrir uma janela para respirar nem beber água da chuva, ou a caixa de madeira seria inundada e afundaria.
Somente os fiéis tementes a Deus (e põe temente nisso) aceitam com naturalidade o plano abominável do Maior Psicopata Possível sem fazer a mesma cobrança moral que exige de seus semelhantes: que tipo de sujeito mata milhões de crianças e bebês realizando o plano de matar toda a população da Terra, e nesse processo matar todos os animais terrestres? “Porque julgou que além de Noé e sua família não havia mais nenhum outro ser humano justo.” Claro: justo seria Deus, que cometeu o maior genocídio de todos.
E só mesmo prostituindo sua própria consciência moral, deformando a inteligência e sufocando seu senso crítico é que 3 bilhões de fiéis monoteístas aceitam a absurdidade dessa lenda SEM QUESTIONAR a sua infinita imoralidade, a impossibilidade física e a falta de sentido dessa idéia estúpida.
Qualquer criança atéia de inteligência normal e boa escolaridade consegue ligar os pontos e deduzir o óbvio: NINGUÉM SOBREVIVERIA a esse cataclisma porque não haveria mais como repovoar a Terra naquelas condições ridículas após tamanho impacto ambiental. Seria necessário MAIS do que apenas um casal por espécie para alimentar a primeira geração de bichos, pois disso depende a cadeia alimentar. Assim, mesmo após desembarcar da Arca de Noé, todos os animais carnívoros morreriam em curtíssimo prazo. Uns morreriam de fome, outros seriam devorados pelos predadores. Pela mesma razão, também morreriam os animais herbívoros, pois as plantas terrestres morreriam afogadas pelo excesso de água após 40 dias submersas.
Isso sem contar aqueles detalhes que qualquer entendido em Física consegue tirar de letra: É IMPOSSÍVEL fazer submergir toda a crosta terrestre, porque o volume total da água no planeta não suficiente para cobrir toda a superfície da Terra — por isso mesmo que existem os continentes e as ilhas como terras emersas. E mesmo que isso fosse possível, o fenômeno seria IRREVERSÍVEL: uma vez que o mundo inteiro estivesse inundado, o planeta iria PERMANECER inundado até o final dos tempos. A massa de água permaneceria na mesma quantidade, cobrindo a mesma área.
Daí que o esforço de acreditar na Pior História de Todos os Tempos que é a lenda religiosa da Arca de Noé leva os crentes a adotarem o mesmo sistema de fraude mental teorizada por George Orwell na distopia totalitária de seu romance 1984. No crimedeter, o crente é adestrado a deter qualquer pensamento herético, paralisando qualquer questionamento, mesmo diante dos dogmas mais estúpidos, que ofendem até a inteligência de uma ameba. No duplipensar, o indivíduo passa a ter sua consciência dividida em dois padrões de moralidade, em que um mesmo ato pode ser simultaneamente bom ou mau, dependendo de quem o produzir: se for cometido por seu deus ou gente de seu lado, até mesmo o genocídio é considerado algo bom; se o mero desejo de liberdade for de pessoas do lado adversário, isto é considerado algo mau. No negrobranco, o fanático inverte o significado de suas próprias palavras e pensamentos, a ponto de afirmar sinceramente que a crueldade é praticada por um ser que é tudo de bom, e que um deus espumando de ódio é a pura expressão do amor. É a fé cega que produz a hipocrisia elevada ao máximo, a completa perversão moral, a prostituição da mente a serviço de uma ideologia supremacista, tanto de um Partido como de uma Religião.
Finalizando: Até o marketing desse filme já anuncia a maior propaganda enganosa: “Numa época de grande maldade, a resposta veio na mesma proporção.” E animais, crianças e bebês cometem grandes maldades como assassinatos? Isso demonstra a total fata de senso de proporção (e de tudo mais) do deus inventado pelos antigos sacerdotes hebreus.
Ernesto, se eu não me engano, essa arca nem é exclusiva da Bíblia, que tb é acusada de plágios de várias crenças...essa narração do dilúvio se não me engano houve em outras religiões anteriores, na verdade, o dilúvio é judeu...se não me engano, no 1o testamento.
Sputter, os hebreus passaram a ser chamdos de judeus após o cativeiro na Babilônia.
Eu não disse que a lenda do dilúvio é uma exclusividade e original deles.
E eu tenho o livro com a narrativa mais antiga da História: A Epopéia de Guilgamesh, com a mesma estorinha do dilúvio e da arca, só que contada pelos Sumérios há 5000 anos atrás.
Coitado do Bob Geldof: perdeu a mulher no ano 2000 e agora uma filha de 25 anos:
https://br.celebridades.yahoo.com/blogs/notas-omg/filha-bob-geldof-peaches-geldof-morre-aos-25-180110690.html
Caixão e vela de uma vez por todas para a educação brasileira:
https://br.celebridades.yahoo.com/blogs/notas-omg/valesca-popozuda-pol%C3%AAmica-prova-escola-p%C3%BAblica-somos-pensadores-115603702.html
eu num disse q tu disse, apenas comentei...é cada ultura se apropriando, assassinando outra...
Chico meu véi, fale mal não, vao te chamar de elitista...gostaria de saber o que ela entende sobre contemporaneidade...
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