Trilogia punk que levou Billie Joe ao colapso renderia ótimo CD simples
Se tem uma coisa que não costuma dar certo no rock ‘n’ roll é a megalomania exacerbada. O rock progressivo e o Guns ‘n’ Roses que o digam.
A banda Green Day (foto: Felisha Tolentino) namorou bastante a dita cuja em 2012 – e quase que deu tudo errado pra eles.
O trio, formado na Califórnia em 1987 por Billie Joe Armstrong (voz e guitarra), Mike Dirnt (baixo) e Tré Cool (bateria), se propôs gravar e lançar uma trilogia de álbuns em 2012.
Intitulados ¡Uno!, ¡Dos! e ¡Tré!, os discos foram lançados, respectivamente, em setembro, novembro e dezembro.
Com o rosto de cada membro adornando as capas, ¡Uno! ¡Dos! e ¡Tré! ainda foram sucedidos por ¡Quatro!, documentário que foi lançado no dia 26 de janeiro, durante os X-Games de Inverno, em Aspen.
O problema é que esses projetos de grandes (ou mesmo pequenas) bandas com muitas faixas – neste caso são 37, somando os três álbuns – não costumam funcionar.
São muitas canções para digerir de uma vez só, até para o mais dedicado dos fãs. Cite o malfadado Use Your Illusion (1991) para um fã do Guns ‘n’ Roses e observe o sorriso amarelo que surgirá em seu rosto.
Com o projeto ¡Uno! ¡Dos! ¡Tré!, o Green Day lança seu Use Your Illusion particular. Assim como no célebre LP quádruplo do Guns ‘n’ Roses, há um punhado de boas canções em cada uma das partes da trilogia greendayniana, mas, infelizmente, essas são minoria.
A maior parte das faixas se constitui do chamado filler ( preenchedor em português): músicas mais fracas, que só estão lá para fazer número e formar um álbum inteiro.
Não é o Justin Bieber
E foi aí que o Green Day viu quase todos os seus planos de dominação mundial para 2012 irem por água abaixo.
Além de exaustos pela produção ininterrupta, o trio (mais o guitarrista de apoio Jason White) quase implodiu em setembro, durante o festival iHeartRadio, em Las Vegas.
Durante sua apresentação, o vocalista Billie Joe recebeu um aviso da produção, dizendo que a banda só teria mais um minuto para encerrar o show.
Irado, Billie Joe disse que não era “o fucking Justin Bieber”. Xingou todo mundo, quebrou a guitarra e saiu do palco bufando.
Dias depois, a banda soltou comunicado suspendendo a turnê de divulgação e anunciando que Billie Joe estava internado em uma clínica de reabilitação para tratamento contra dependência química.
Após meses internado, Billie saiu da clínica no dia 7 de janeiro. Antes disso, no dia 2, a banda já anunciava a volta aos palcos para 28 de março, com um show em Chicago.
One, two, three
Sem trazer grandes inovações para o som da banda, a trilogia renderia um belíssimo álbum simples, coletadas as faixas acima da média de cada CD.
Outra questão é que há muitas faixas que dão aquela impressão de “já ouvi isso antes, mas não lembro aonde”.
A faixa de abertura de ¡Uno!, por exemplo, lembra algo do CD American Idiot (2004), do próprio trio. Ainda assim, é uma boa paulada no juízo.
Ainda na parte um da trilogia, Kill The DJ chama a atenção e dá uma quebrada boa no ritmo acelerado, com uma bela levada de guitarra suingada, Prince style.
Oh Love e Rusty James (homenagem ao personagem do livro / filme Rumble Fish - O Selvagem da Motocicleta) são outras boas faixas de ¡Uno!.
¡Dos! tem como pontos altos as faixas Fuck Time (com levada de bateria no estilo do Gary Glitter), Lazy Bones (meio Strokes, quando ainda era uma boa banda) e Amy (balada em homenagem a Amy Winehouse).
¡Tré! começa bonito com Brutal Love, balada que deve muito à Bring It On Home To Me, do genial soulman Sam Cooke.
Com seis minutos e meio, Dirty Rotten Bastards é a maior faixa da trilogia e uma suíte punk em que Billie Joe prevê sua condição enferma: “Chamando todos os demônios / Esta é a temporada / Próxima parada, terapia”, canta, aquele jeitão desesperado característico.
A trilogia fecha com The Forgotten, uma bela balada à base de piano e cordas. A luz no fim do túnel em uma jornada frenética, que quase levou o trio à lona.
Sorte dos fãs, a saga desses três punks duros na queda parece longe de terminar.
¡Uno! ¡Dos! ¡Tré! / Green Day / Reprise - Warner Music / R$ 29,90 (CD nacional, Cada) / LPs importados: R$ 119 (Cada Vinil)
4 comentários:
Mesmo sem Moon e Entwistle,e Daltrey sem a mesma voz,o Quadrophenia ao vivo ainda eh capaz de emocionar muito!
http://www.youtube.com/watch?v=z1YH1tSEYko&list=UUInwQeAFcNyKPtWmsUFIjmg&index=1
Ficou um pouco tremido em alguns momentos pois nao foi facil segurar na mao crua um zoom de 60X,aliado a emocao e depois de um dia inteiro de trampo.
Eu tenho um bom uso pros três discos: enfiar cada um na garganta dos posers viados com cara de cu do Dream Gay. devidamente quebrados, pras partes serrilhadas cortarem as gargantas deles. Por dentro.
Use sua imaginação, baby. Qual a melhor maneira de matar uns bostas milionários mentirosos?
Old School, valeu por compartilhar com a gente!
Nao ha de que,Chico.Eh uma pena q os promotores de eventos do Brasil deixem de levar um show como esse pra levar sempre as mesmas bandas,nao arriscam um passo fora do lucro certo.
Ae Ernesto,eu pensei q tu iria enfiar os discos na outra extremidade do tubo digestivo dos caras,hehe.
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