Blog (que, nos seus primórdios, entre 2004-05, foi de um programa de rádio) sobre rock e cultura pop. Hoje é o blog de Chico Castro Jr., jornalista formado pela Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia. Atualmente, é repórter do Caderno 2+ do jornal A Tarde, no qual algumas das matérias vistas aqui foram anteriormente publicadas. Assina a coluna Coletânea, dedicada à música independente baiana. Nossa base é Salvador, Bahia, a cidade do axé, a cidade do terror.
terça-feira, fevereiro 28, 2012
THE BLACK KEYS: TRAZENDO A ALMA DE VOLTA AO ROCK
Banda “do momento” The Black Keys tem CD lançado no Brasil e fala com exclusividade
Matéria publicada no verspertino da Tankred Snows Avenue (também conhecido como jornal A Tarde), no dia 21 de fevereiro de 2012. Agradecimentos a Patrícia, da Warner Music Brasil.
O duo norte-americano The Black Keys, formado em 2001 por Dan Auerbach (vocais e guitarra) e Patrick Carney (bateria), é um corpo estranho no mainstream norte-americano.
Sem pinta de galãs e rock ‘n’ roll até a medula, a dupla de Akron, Ohio, explodiu nos Estados Unidos (e em boa parte do planeta) em 2010, graças ao mega hit Tighten Up e ao (genial) disco Brothers.
Agora, com o lançamento do sétimo LP, El Camino – o primeiro a sair no Brasil – finalmente, estão ficando mais conhecidos por aqui.
Não a toa, é um dos shows mais aguardados no Sudeste, o que deve acontecer no segundo semestre.
“Rumo à Lua”
Baseados numa cidade pequena, longe da indústria do hype, Dan e Patrick refinaram seu som ao longo de uma década.
O resultado é um blues rock primitivo e empolgante, mas com pegada urgente e atual, totalmente contemporânea, no qual é possível captar traços de garage rock, soul music, pop, punk e hard rock.
Desde Brothers, o sexto álbum, reafirmaram a parceria com o badalado produtor Danger Mouse, venderam 300 mil cópias em duas semanas e ganharam muitos prêmios, incluindo três Grammy.
Ainda em julho, antes do lançamento de El Camino (que saiu em dezembro), o apresentador norte-americano Stephen Colbert (do programa The Colbert Report) os saudou ao vivo dizendo que “no ano passado, vocês eram o barbudo (Auerbach) e o cara de óculos (Carney) que tocam rock'n'roll. Agora vocês são o The Black Keys! Três prêmios Grammy. Tudo o que vocês fazem agora é demais. É como se vocês estivessem numa espaçonave rumo à Lua”.
Agora, em abril próximo, o “barbudo” e o “cara de óculos” serão headliners da primeira noite do maior festival norte-americano, o Coachella, em pé de igualdade com Radiohead e Paul McCartney em anos anteriores. Nada mal.
ENTREVISTA: DAN AUERBACH
Pergunta: Hoje em dia, a maioria das bandas que alcançam o sucesso costuma se preocupar com o segundo disco. Mas vocês acabam de lançar o sétimo. (Risos) Foi um longo caminho até o reconhecimento, não?
Dan Auerbach: Cada ano tem sido melhor que o anterior. Apesar de que, antes mesmo de sermos realmente bem sucedidos, conseguíamos vender 15 mil ingressos em Nova York, por nós mesmos. Estávamos indo bem sozinhos, mas nos últimos dois anos tivemos uma grande exposição e ninguém estava esperando por isto.
P: El Camino é o terceiro disco produzido por Danger Mouse. Qual a diferença entre o Black Keys antes e depois dele?
DA: (Para e pensa). Hum... nada, na verdade. Digo, ainda somos nós que tomamos as decisões finais sobre tudo. Ele é só mais uma pessoa no estúdio em quem confiamos para fazer música. É também um bom amigo. Então é divertido trabalhar com ele.
P: Você tem concedido muitas entrevistas para a imprensa brasileira. Já imaginou algum dia que seria famoso até aqui no Brasil?
DA: Huh... nós somos famosos no Brasil?
P: Eu diria que estão a caminho.
DA: (Risos) Eu acho incrível! Aceito isso em qualquer dia! (Pausa). Yeah... eu tô de saco cheio de excursionar pela Alemanha no inverno, sabe? Prefiro ir ao Brasil!
P: Quanto o fato de vocês virem de uma cidade pequena (Akron, Ohio) e não de Los Angeles ou Nova York os influenciou?
DA: Eu acho que vir de uma cidade pequena, para nós, é grande parte de quem somos. Isto nos tornou o “azarão”. Nos fez trabalhar muito mais duro para sermos notados. Também ficamos muito isolados por lá. Isso é bom, por que não precisamos nos preocupar com modas, fãs ou seja lá o que estiver acontecendo. Nada disso é muito útil.
P: Na minha opinião, o Black Keys formatou o modelo perfeito de blues rock contemporâneo. É o blues rock para já. Como vocês chegaram nesse som?
DA: Foi meio que natural. Não foi forçado. Nós apenas fazemos música, ouvimos música, nos inspiramos em música. Nós apenas... meio que trombamos nesse som, sabe?
P: E que bandas e artistas inspiraram vocês?
DA: Para este disco novo?
P: De forma geral.
DA: São muitos para citar, não ouvimos só blues ou... (Interrompe). Eu ouço absolutamente de tudo. Então, vamos tocando todo tipo de gênero, todo tipo de diferentes estilos quando estamos fazendo um disco. Queremos nos inspirar. Estamos reinterpretando sons que ouvimos. Não importa se é eletrônico, country, hip hop... qualquer coisa, não importa. Só nos... alimentamos de diferentes tipos de música. Digo, esta é a chave. Você tem que ter a mente aberta em relação a música.
P: Você já teve a sensação, após finalizar um disco, tipo “é isso aí, fiz um álbum perfeito”? Que disco foi esse?
DA: (Pensa). Ah, yeah. Provavelmente, teria de ser o Brothers (2010). (Pausa). Me senti como se tivessemos realizado algo que tentávamos fazer há muito tempo. Sabe, nós fizemos aquele disco sozinhos. Brian (Joseph Burton, nome real do Danger Mouse) só trabalhou em uma faixa. E foi tudo, foi só a gente. Não sei, eu apenas me senti assim.
P: Só vocês e o Danger Mouse?
DA: Não, foi só eu e o Pat (Patrick Carney, baterista). Danger Mouse não trabalhou no Brothers. Ele só participou de uma faixa.
P: Tighten Up?
DA: Sim, o resto do disco foi só com Patrick e eu. Eu acho que... eu não sei, eu... os climas, os sons, as coisas que estávamos ouvindo, os sons que estavam na minha cabeça, é divertido poder capturá-los com a ajuda de um ótimo engenheiro de som, um ótimo profissional de mixagem. Tem sido bem divertido para mim.
P: Os vídeos que vocês produzem nos clipes também são sensacionais. Vocês se envolvem na concepção deles?
DA: Não, não nos envolvemos muito. Nós apenas... sabe como é, nós escolhemos uma entre algumas diferentes propostas de tratamento (de roteiro), então, nós é que decidimos qual vamos usar no fim das contas. Aí simplesmente aparecemos (no dia das filmagens) e fazemos seja lá qual for a visão do diretor, sabe?
P: Ah, mas vocês atuaram muito bem em Tighten Up. (Risos)
DA: É, foi divertido, a gente tenta, né? Foi tudo feito em uma tarde e ficou ótimo.
P: E aí, vocês vem mesmo ao Brasil em 2012?
DA: Uh... não sei. Mas mal posso esperar. (Risos) Honestamente, não sei mesmo. Tentamos marcar umas duas datas, mas tivemos problemas de agenda. Mas com certeza, nos veremos logo.
P: Bom, espero muito que vocês passem algum dia pela minha cidade, Salvador. Embora minhas esperanças sejam quase zero.
DA: (Não responde, apenas ri mais do que nunca em toda e entrevista, o que é muito estranho e me deixa mais desesperançoso ainda).
P: Bom, foi um prazer falar com você. Obrigado e até a próxima.
DA: Foi um prazer. Bye bye!
No sétimo CD, TBK mostra ao rock El Camino possível de volta ao mainstream
Na grande mídia, não há gênero de música mais desacreditado hoje em dia do que o rock.
Menosprezado por boa parte da juventude, que anda muito ocupada se admirando em redes sociais e hipnotizada pelo lixo que delas emerge, o rock sucumbiu no mainstream por falta de qualidade e quórum.
Daí a importância, a necessidade de se colocar o The Black Keys no holofote desta mesma “grande mídia”.
Comendo pelas beiradas, o duo de Akron pode ser o abra-alas de uma nova geração de rock relevante no mainstream, após uma década inteira de predominância de penteados ridículos sobre o que realmente importa: música.
El Camino não supera a obra-prima que é o disco anterior do TBK, Brothers, mas dá continuidade à proposta do duo de fazer rock à vera para hoje, e ainda assim, ser totalmente conectado com a tradição bluesistica, garageira e guitarrística que caracteriza o gênero.
Se Brothers, com suas canções sinuosas como serpentes, parecia a trilha sonora de um bordel atulhado de strippers sujas e decadentes, El Camino é mais roqueiro, mais pesado e mais sujo. Mais ortodoxo, em certo sentido.
Entre os destaques,o sacolejante single de estreia, Lonely Boy, a dançante Sister (melhor do disco, na minha humilde opinião), a zepelliniana Little Black Submarines (espetacular também) e a contagiante Gold on The Ceiling.
Mas o disco como um todo é bastante regular e desce redondo, sem a necessidade de pular faixas. Nota 9.
Abram alas para The Black Keys.
El Camino / The Black Keys / Nonesuch - Warner / R$ 27,90
Crédito foto abertura e foto conversível: Danny Clinch. As outras eu procurei mas não encontrei autoria.
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30 comentários:
Confesso: poucas coisas me deixam tão nervoso quanto entrevistar um gringo em inglês por telefone. Se o entrevistado for um astro do rock então, o nervosismo só aumenta. É um povo difícil de abordar, vc tem que escolher as palavras (e as perguntas) com cuidado. Daí minha confissão aqui e uma constatação: essa entrevista poderia ter rendido muito mais. Eu poderia ter passado mais uns dez minutos (previstos pela assessoria) batendo papo com o Auerbach. Mas enfim, é isso aí: wim wenders e aprendenders. Tenho certeza que outras oportunidades surgirão. De qualquer forma, espero que vcs tenham gostado.
chico, as oportunidades são poucas para se realizar este tipo de entrevista, sendo de um jornal de salvador então nem se fala, as oportunidades são rarissimas, então se pratica muito pouco este tipo de jornalismo com artistas deste quilate. mas ficou legal, e que outras do genero ocorram. parabens de novo.
Muito massa, man! (3M)! Mas, para mim, o CARA deste tal "blues rock pra já" (excelente definição) chama-se Jack white. Desde sua White Stripes.
parabéns pela empreitada meu caro!
fico feliz por vc, mas sinceramente, conheço pessoas (na minha humilde opnião) tão boas (ou melhor) que o entrevistado tão perto da gente...e nem nos damos contas...aí tem a pressão do cara ser um rockstar e ficamos nessa...muitas vezes o entrevistador tem + "cultura" que o entrevistado...bote fé.
mas pelo "ineditismo" de entrevistar esse povo rico, famoso, "poderoso", fico feliz por vc...
Ps.: Que porra de trazendo alma de volta...fico com o Cramps, que prefere o rock que não salva almas, o maldito rock and roll.
È verdade, Brama. Difícil fazer jornalismo cosmopolita daqui dessa província cú de judas...
Cebola, vc tem razão. Eu que enjoei dele, há muitos anos atrás....
Sputter, quando eu digo que o TBK está "trazendo a alma de volta ao rock", leia-se "ao rock no mainstream".
No underground eu sei que tem muita gente tão boa ou até melhor. Mas no mainstream, a bola da vez está com eles - e para mim, está em ótimos pés. Isso me dá uma pontinha de esperança...
Em qualquer época, em qualquer lugar do mundo, SEMPRE vai haver alguém que sempre vai conhecer algo infinitamente muito melhor do que qualquer coisa que esteja em qualquer posição do "mainstrean". Porque SEMPRE vai haver alguém com uma eterna "humilde opinião" mostrando que a opinião alheia não é tão boa quanto qualquer uma do sr. humilde.
Chicão, na proxima vez pede o telefone de umas gostosinhas pra levar um papinho maneiro, não esses barbados!!!
Perfeito, Nei Bahia! Vou solicitar uma entrevista (de preferência, pessoalmente), com a Jaula das Popozudas. Com direito a ensaio fotográfico desinibido, claro. ;-)
chico tocou numa questão crucial com relação ao black keys: é bom o rock estar tambem no mainstream, principalmente se for uma boa banda como os caras. alias o rock se fortaleceu justamente por sua capacidade de se infiltrar no mainstream, principalmente nos anos 60, quando foi o maior porta-voz de uma verdadeira revoluçaõ dos costume. e no mais, rock que é underground de verdade vc não toma nem conhecimento que existe por ser justamente...underground.
massa,chico! link com mainstream mundial é raro por nossas bandas...de foder.parabéns.
ui Cebola, machucou...chateado comigo?
somos das mesmas cores...tricolores-ehehhhehe
eu particularmente não acho minha opnião superior a de ninguém...particularmente eu respeito até quem goste de Xuxa (principalmente daquele filme "pornô" dela-hehehe).
mas o que questiono aqui é que eu, vc, Chico, qq um que lê esse blog não é + menino (infelizmente) e conhecemos muita coisa e nem todas vão ser famosas claro...e nem sei se é ou não...apenas escolhem uma bola da vez e colocam-na no pedestal...e tb tiram...só isso...
agora quando rockers velhos resmungam todo mundo acha legal, eu falo aqui e meus camaradas reclamam...o que é bom, discutir é interessante...principalmente quando as pessoas que estão falando conhecem "da coisa" (ui!).
Não sei se o mainstream ou o underground são melhores, mas tb não sei se o melhor é ter uma banda legal na fama ou na obscuridade...mas essa coisa de uma coisa no mainstream vai fazer bem não é bem assim...mas nessa vida eu nem sei + o que é "certo" ou "errado", tudo é discutível, formar-me em Filosofia só fez aumentar a descrença q eu sempre tive na coisas...na filosofia principalmente...até mesmo na arte eu "confio" mais...uma pena...gostaria de voltar a ter a magia de ouvir as canções que nem quando eu era pivete...era + divertido.
E não acho que se a banda é underground não a conheceremos...não a conheceremos se a galera se juntar e ensaiar e não contar pra ninguém e ainda assim ensaiar numa casa isolada, com um bom isolamento acústico e ninguém ouça nada...
enfim...nem sei pq comento mesmo...parece que eu sou do contra...e todos estão na mão...coisas de rocker velho...quando na verdade eu não acredito em nenhuma direção...e muito menos na direita...
Chico, espero que minha "crítica" não tenha sido entendida pela sua entrevista...mas se vc reparar nas entrelinhas, eu disse q boto + fé em vc do que nos caras.
beijos no coração de todos.
Eu entendi, Sputter. Fiquei chateado não, de forma alguma. Relax...
RIP Davy Jones (Monkees).
http://www.spin.com/gallery/cult-cartoonist-ward-suttons-most-memorable-encounter-monkees-davy-jones
Olha que lindo esse Caravaggio escondido há séculos que encontraram agora:
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1055188-nova-medusa-de-caravaggio-e-descoberta-em-colecao-na-italia.shtml
Obrigado, André! Volte sempre!
Por falar em gênios italianos...
RIP Lucio Dalla.
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1055630-cantor-italiano-lucio-dalla-morre-aos-68-anos-na-suica.shtml
Adoro essa seção do Bleeding Cool que denuncia supostos plágios, o Swipe File (Arquivos de Furto, literalmente). Mas este ficou especialmente do caralho.
http://www.bleedingcool.com/2012/03/01/swipe-file-x-o-manowar-and-reporters-without-borders/
Steve Martin sacaneou com a mulher do Chris Martin, ao lado do Martin Short, que não tinha nada a ver com isso.
http://www.bleedingcool.com/2012/02/29/steve-martin-ego-slaps-gwyneth-paltrow-on-twitter/
Agora, só pedindo um dry MARTINi pra relaxar.
Olhaí nosso conterrâneo Ricardo Primata listado pela Rolling Stone entre os "70 Mestres Brasileiros da Guitarra e do Violão".
http://rollingstone.com.br/galeria/70-mestres-da-guitarra-brasileiros/#imagem54
Talento + trabalho sério é isso aí. Aplausos!
chico...tô sempre aqui...quase todo dia...mas como leitor majoritariamente.abs!
Obrigado, André. A casa é sua.
Chateado, Sputter? Nããão, man. Vc entendeu errado. Estou apenas discordando e expondo a minha opinião sobre o tema. Quando você disse que "nego aqui dá a bunda" por certas bandas (sem trocadilho, hehe) você estava revoltado com o "povo daqui"? Acredito até que não. Vc diz o que pensa. Eu também. É só.
Isso não pode dar certo.
http://televisao.uol.com.br/noticias/redacao/2012/03/01/rafinha-bastos-fara-programa-no-mesmo-formato-de-saturday-night-live-na-rede-tv.htm
E espero que não dê mesmo.
cebleuris, precisamos combinar o sarau do quadrophenia. proximo finde?
Jé este aqui será bom com certeza:
http://omelete.uol.com.br/cinema/alfred-hitchcock-and-making-psycho-contrata-scarlett-johansson/
Especialmente na cena do chuveiro, claro....
ufa cebola!
pensei que ia ter que ir até a caixa da comércio, com a minha garrucha pra gente duelar-hehehehe
o povo daqui, pode ser da cidade baixa e do universo...o que no final dá quase no mesmo...a cidade-baixa é só um pouquinho maior.
Bramis, é só dizer. Dia e hora e local. I´m ready to r...MOD!
Sputter, guarda a garrucha pros rubro-nigrinha! Mua ah ah
hehehh
deixa o povo, violência tou fora!
quero é comemorar!
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