Sintonia fina com o Radiohead
Direto do túnel do tempo (PQP, acabei de escrever "direto do túnel do tempo", alguém me estrangule!), mais uma banda bacana dos anos 90 que só agora vim a conhecer. O primeiro disco da banda inglesa Six By Seven é um belo cartão postal daqueles anos que parecem ainda não ter acabado - pelo menos para mim. Com um som de difícil classificação, nas dez faixas do CD pode-se ouvir ecos de Pink Floyd a Jesus and Mary Chain, passando pelo som da mítica Madchester (na descabelada faixa Candlelight, uma das melhores do disco). Pelo climão austero e semi-experimental da maior parte do álbum, parece que eles estavam mais ou menos na mesma sintonia do Radiohead naquela época. O disco saiu um ano depois de OK Computer, em 1998, e compartilha com este último uma certa estranheza de mundo, um ensimesmamento (ops!) que se encontra bem expresso na letra de Spy Song, um inusitado looping de guitarra e sax que chega a deixar tonto o ouvinte: "Everything's a cheap laugh, no fun drinkless, drugless, happy emptiness". É o bom e velho mal-estar da modernidade produzindo ruídos que tocam o ouvinte em lugares que ele nem imaginou que existissem (hum, hum...). Outros destaques de The Things We Make são a indie até o osso For You, de refrão contagiante, e a pinkfloydiana 88-92-96, em que a voz de Chris Olley emula Roger Waters de forma impressionante. Um disco embriagante, capaz de te deixar chapado no sofá - mesmo de cara.
The Things We Make
Six By Seven
Mantra Recordings / Roadrunner Records
Direto das ondas do rádio
A capa é feia pra caralho, lembra aqueles piratas italianos que inundaram as lojas de discos (no tempo em que isso ainda existia) uns dez anos atrás, quando o dólar equiparado ao Real trouxe uma cacetada de CD importado ao Brasil. Mas o som é honesto e fiel como um bom cachorro de estimação (o hard rock é o cachorro fonográfico?). São doze faixas com a fodástica Earl Slick Band, gravadas ao vivo no estúdio de uma rádio de Rochester, Nova Iorque. O que ouvimos no CD é exatamente o que os ouvintes da rádia ouviram no radinho de pilha ou do carro naquele distante ano de 1976. Não espere nada de novo aqui: é só o bom e velho rock 'n' roll na veia, via hard rock setentista e executado com extrema precisão - à beira do virtuosismo. O velho Slick, que tocou com David Bowie na fase Diamond Dogs, era um daqueles prodígios como não se fazem mais, capazes de cantar como um rouxinol (sua voz lembra a de Peter Frampton, aliás), ao mesmo tempo que esmerilha riffs faiscantes de sua guitarra. Com uma banda entrosadíssima segurando a onda por trás (lá dele), o CD é um lindo registro de como se faz rock 'n roll a la old school: sem afetação, sem conceitos cabeça, sem tiração de onda, mas com muita garra e o coração subindo pela boca. A crueza da gravação, que o encarte garante ser livre de quaisquer remixagens ou overdubs, só a torna ainda mais preciosa. Ponto para a nacional Sum Records, que lançou esse inusitado CD por aqui. Destaques: Dead Man's Ransom, Boom Boom (versão matadora do velho Hooker) e PJ Proby (bela homenagem ao cantor pop inglês dos anos 60).
Live ‘76
The Earl Slick Band
Metal Blade Records / Sum Records
18 comentários:
Vale informar que o CD do Earl Slick Band foi mais uma dica do inoxidável, inolvidável e desagradável Cláudio Esc Moreira, Primeiro e Único.
Aí, Esc! Depois cê me paga aquela celva!
20 anos de Headhunter.
http://www.bahiarock.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=1262
É pra fuder com os tímpanos de qualquer cristão. Leeeeendias vivas!
Olá Chicovsky e galera esperta, galera legal,
Tem umas fotas do Festival Instrumental deste ano no http://sehojechovesse.blogspot.com. Podem dar uma espeiada que o blog é mudo.
bejucas
Sora
Ps: Já falei com o companheiro Vandinho sobre o próximo RL, é só a gente se organizar que rola.
chico, earl slick é do cacete...tocou com bowie na turnê de diamong dogs, young americans, serios moonlight (83) e nessas duas últimas nos anos 00...o cara é foda...mas, quem canta é o compánheiro dele na guitar base...fez aquela trio com o baixista e baterista dos stray cats nos 80...produziu gente por aí...é da escola que gosto feeling e técnica nas medidas certas...
Sério, Esc? Quem canta é o outro guitarrista? Putz! Mal aê, galera...
Sora, tô com saudades de vc, dos Phodcasts, da cachaça, daquela farra que acabava virando...
E aí, Rockloquistas?
E digo mais: na próxima orelhada, só discos recentes! Chega de velharia!
Contagem regressiva:
http://www.mondo77.fm/
Então meu povo
vamo se ajuntá nesse arraiá, que eu tb tô com saudades das vossas senhorias com os devidos respectivos e respectivas.
abraçs
Realmente o Six By Seven era contemporaneo do Radiohead, e perdido entre o final das guitar bands e o inicio do Brit pop, os sixes acabaram perdendo o pulo , e não deram o pulo do gato (sem rede de proteção, diga-se) que o Radiohead deu. Durante um bom tempo foram considerardos uma banda injustiçada, mas os ultimos discos deles são formulaicos. e Soritcha, se organizar o arraiá to dentro.
Depois da exposição de David Lynch a Fundação Cartier expõe:
Rock'n'Roll 39-59
The Fondation Cartier pour l´art contemporain is pleased to present from June 22th to October 28th Rock´n´Roll 39-59, an exhibition devoted to the genesis, evolution, and history of rock´n´roll in the United States between 1939 and 1959.
A musical and social phenomenon rooted in various musical styles of the 1940s, predominantly rhythm & blues, rock´n´roll reached its apogee with Elvis Presley and began to spread beyond the frontiers of the United States in 1956.However, signs of decline were already apparent by the end of the decade: Elvis joined the army, Jerry Lee Lewis mired in disgrace, Chuck Berry got in trouble with the law, Little Richard turned to religion, and Buddy Holly died in a plane crash. Meanwhile, mediocre, manufactured imitations of the original rockers were beginning to flood the market. In the years following World War II, rock´n´roll reflected the dynamism of a society emerging from the constraints of racial segregation. From the uninhibited vocals of Little Richard to the exhilarating energy of Jerry Lee Lewis, from the raw sensuality of Elvis Presley to the witty lyrics of Chuck Berry, the world has never quite been the same again after the birth of this new musical genre.
This exhibition takes us on an aural and visual journey into the heart of this transgressive musical phenomenon. It is divided into two parts: the first captures the hedonism and incredible surge of freedom that were at the heart of the rock´n´roll explosion in the mid-1950s, while the second historical sequence takes us back to its origins and guides us through the history of its key figures, places, and events. With its priceless period posters, records, and rare objects, its photographs, films and,of course, music and sounds, this exhibition invites visitors to relive a key cultural phenomenon in American history, one that mirrored and drove a major social transformation whose heritage remains vibrantly alive today.
http://fondation.cartier.com/
The Drinky Crow Show!
http://www.devilducky.com/media/62018/
Surreal sou eu. Essa animação vai muito além do significado da palavra. Gênio.
Ave Marcos. Quem é o curador da expo na David Linch? Misses the whole point. Esse papo que o rock showed decline after Buddy died e Elvis went to the army é BULLSHIT. Othersideways. O apogeu do rock, enquanto estilo musical e "art form" se da entre 65-71.Challenge anyone.
Excuse my french.expo na cartier.curador?
C'est pas grave, Osvaldo. A atual curadora da Fondation Cartier é Isabelle Gaudefroy. E ela se explica: "nous avons voulu présenter une vision plus esthétique que didactique en privilégiant la photographie, le design et le graphisme. En valorisant davantage l'image que le texte, donc en pariant sur la compréhension du public".
Em suma, a Fundação Cartier é uma instituição devotada à arte contemporânea. Mademoiselle Gaudefroy com certeza não é uma expert em Rock'n'roll, mas, sim, em arte. E o viés da exposição vai por ai; é mais estética.
E' claro que concordo com vc, mas entendo tb que a intenção da exposição é a de se concentrar naquele periodo nascente. Preste atenção: 'rock'n'roll' e não 'rock', o termo que fica popularizado depois dos anos 60.
De certa forma é curioso notar que eles se alinham com a mesma visão que Raul Seixas tinha quando vivia repetindo "o rock morreu em 59". Bem entendido, não que o 'rock' tenha morrido (ja' o mataram umas cinco vezes), mas, sim, uma certa geração (os pioneiros), uma aura, uma certa pegada.
Lembra quando disseram que o punk estava morto e uma nova leva de garotos que precisavam daquela estoria, mas do que a Vivienne Westwood para vender roupas rasgadas, disseram: punk's not dead? (The Exploited, 1980). E' mais por ai.
Interpretações à parte, na minha opinião, o interessante também é o fetiche de estar perto de peças originais. Uma guitarra de Buddy Holly, uma roupa de Elvis, cartazes de shows que não rolaram porque o cara morreu antes (caso de Hank Williams) e coisas desse tipo. Além do prazer hedonista (e consumista) de comprar pequenos mimos como o cd e o book da exposição, ver uma palestra do Greil Marcus sobre Buddy Holly e ver ao vivo gente como Tav Falco e Matmos executando canções do periodo. http://www.limbos.org/tavfalco/
Acho também que tem a sacada de irem até 1939 e cutucarem o que tava ali latente e que explode em 55.
Enfim, não tenho duvidas que teriamos uma exposição muito melhor se vc e Miguelito fossem os curadores. Pô! Mandem o curriculo pra Fundação Cartier! Mas acho que vai dar pra curtir. Abç!
http://www.lemonde.fr/web/article/0,1-0@2-3246,36-927005@51-927104,0.html
Ah, sim o Tav Falco and the Panther Burns são de Memphis e estarão ao vivo no proximo dia 28. Trilha sonora pra David Lynch nenhum botar defeito. No My Space:
http://profile.myspace.com/index.cfm?fuseaction=user.viewprofile&friendID=35628182
Além das mortes de Buddy Holy e o alistamento de Elvis, temos a perseguição à Jerry Lee Lewis depois daquela tour à Inglaterra, por causa de seu casamento com a priminha de 13 anos, o que quase detonou a carreira dele, prisão de Chuck Berry, condenação à Alan Freed ( pioneiríssimo na divulgação do rebento rebelde ) por jabá, conversão de Little Richards, que vira pastor evangélico, a morte do rock ´n´roll parecia inconteste, mas, daí, surgiram uns 4 carinhas em Liverpool, e aí o rebento rebelde ressurge pra sempre, que nem zumbi: "Você não pode matar o que já está morto", hehehe
Mademoiselle Gaudefroy é leiga em rock, mas até que sabe organizar uma exposição...
Marcos, saudações da taba e valeu pela dica.
Amanhã (terça 26), resenhas Kaiser Chiefs e Amy Winehouse. Sendo que, para esta última, já cansado de tanta babação de ovo, consegui desencavar um enfoque inédito, exclusivo e extraordinário para este blog.
Come again, creizipípou. Come again tomorrow.
Em tempo: Sora, foi do caralho o forró de sábado.
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