terça-feira, junho 12, 2007

O ANSIADO RETORNO DAS ORELHADAS

O céu que nos protege

O disco novo da cultuada banda Wilco pinta uma paisagem desértica em tons suaves, confortáveis. De uma sonoridade que beira o entorpecente, porém, Sky Blue Sky (como deve ser o céu do deserto, aliás) pode não impressionar o ouvinte à primeira vista. Não há aquela faixa que salta aos ouvidos, candidata a hit single. Seu forte é a sutileza e a guitarra de Nels Cline, que costura círculos folk psicodélicos (mandalas?) ao longo de todo o álbum. Jeff Tweedy parece ter deixado para trás as pretensões de ser o Radiohead do alt.country (subgênero que ele mesmo foi um dos artífices) demonstradas no soberbo Yankee Hotel Foxtrot (2001) e criou com sua banda um álbum de sonoridade mais ortodoxa, mais desprovida de artifícios espetaculosos e mais orgânica. Não há samples, sintetizadores e ruídos estranhos em Sky Blue Sky. Não é, contudo, um álbum que grude nos ouvidos. O fã deverá se esforçar um pouco para curti-lo e "entende-lo" melhor. (O nosso honorável Reverendo Dom Cebola até disse por aqui, nos comments desse blog, que se trata de um disco que cresce com as seguidas audições - ou algo assim). Paradoxalmente, o band leader declarou à Rolling Stone deste mês (Darth Vader na capa) que "é mais fácil nos escutar agora. Há menos estática”. Será?

Sky Blue Sky
Wilco
Nonesuch / Warner

O Trinity Sessions dos anos 90

O Buffalo Tom foi uma daquelas bandas que se beneficiaram do caminho aberto para as gravadoras após a explosão do rock alternativo americano pós-Nirvana, mas nunca - pelo menos aqui no Brasil - desfrutaram de grande popularidade. Uma notinha na Bizz aqui, outra menção na Dynamite ali e pronto. A única coisa que consegui ouvir desta banda naqueles tempos de transição entre a chegada e a posterior dominação mundial da internet foi uma faixa na fantástica coletânea No Alternative - que era legal e só, não me causou uma grande impressão. Mais recentemente, adquiri de segunda mão em plena Feira Hype (recomendo!), na mão de Zezão, o Sleepy Eyed, álbum de 1996 que foi lançado no Brasil naquela mesma época pela extinta Paradoxx Music / Sum Records. Agradabilíssima surpresa, o tal do disco quase não saiu do meu CD player (é, eu ouço CD no CD player, dá para ser mais careta do que isso?) desde então. Visceral até o osso, o disco é grunge que dói. Mas não o grunge deprê de Seattle, e sim, o rock alternativo sujo do leste americano, de quem cresceu ouvindo muito Hüsker Dü e Led Zeppelin ao mesmo tempo. Nas fotos do encarte, a banda aparece gravando no que parece ser um estúdio improvisado dentro de uma capela (as janelas em arco e com vitrais não deixam dúvidas) e em condições diversas, captando ao máximo a ambientação do local (mais ou menos como o clássico Trinity Sessions [1986] dos Cowboys Junkies). O resultado da feitiçaria de estúdio é um álbum vigoroso, cantado e tocado no limite da emoção, recheado de músicas que não perderam em nada o seu frescor, mesmo passados 10 anos de lançado. Confira (tente baixar por aí) faixas como Tangerine, Summer, Rules e When you discover. O vocal pungente de Tom Maginnis é um show à parte. Um disco tão puro e sincero é um bálsamo em tempos tão cínicos.

Sleepy Eyed
Buffalo Tom
Beggars Banquet / Paradoxx Music

9 comentários:

Franchico disse...

Cláudio Esc, o Earl Slick vai rolar. Tenha fé.

Cebola, peguei um Richard Hawley com Toni São Rock na Feira Hype e o balgulho é louco.

Vou tentar voltar aqui mais vezes, com posts novos. É que tá dureza!

Franchico disse...

Um disco de hoje e um de 10 anos atrás, mas descoberto hoje.

O negócio é manter isso aqui de pé. Os lançamentos da hora vcs vêem todos na Rolling Stone, na Bizz e sites por aí.

cebola disse...

E o pior, chico ( quer dizer, melhor ) é que ele realmente continua crescendo a cada orelhada ( o wilco, pervertidos), periga terminar no top mais de todos do wilco...do ano acho q já é...mas vamos dar tempo ao tempo, mas eta bandinha boa pra caralho, oito discos ( com os dois com billy brag ) e nenhum, absolutamente nenhum, abaixo de "putauqepariuébompracaralho!!!"!!!

cebola disse...

sem contar o fantasticabuloso duplo ao vivo, kickin' television que é outro dessa estirpe nobre!

osvaldo disse...

o buffalo tom é um favorito antigo da casa.vc pode considerar aquelas canções pungentes com o coração sangrando meio que precussor do emo, e influenciados diretamente pelos husker du. agora o vocal não era bill janovitch ?

osvaldo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
osvaldo disse...

no conexao rock desta sexta 10 das noite na 88 FM:
King Crimson - do Red
Frank Zappa - do Apostrophe
Gov't Mule
Trail Of Dead
Bravery - do Sun And Moon
Grinderman - a superb Love Bomb
Johnny Cash cantando Cave
Allman Bros
Chemical Bros - do We Are The Night

Franchico disse...

Bramis, o vocal mesmo era (digo, é) o Tom Maginnis, mas o baixista Bill Janovitz, canta algumas músicas. Neste Sleepy Eyed, ele faz o lead vocal em três faixas. Mas o cantor oficial mesmo é o Tom.

Dá até para dizer que o estilo emocionado da banda é precursor do emo, mas - pelo menos neste disco - eles passam longe do hardcore.

Franchico disse...

Saque no saco tira francês de competição.

http://br.noticias.yahoo.com/s/afp/t__nis_atp_ale

UFFF!