Em meados dos anos 1980, toda uma cena roqueira se formou, catalisada pelo estouro do Camisa de Vênus e do chamado BRock.
Escaldada e sufocada após o fim recente da ditadura militar, jovens de todas as classes sociais encontraram no rock sua forma de expressão de preferência.
Aqui, bandas punk e o pós-punk pululavam, para horror da tradicional família baiana.
Uma fértil cena de bandas punk e pós-punk surgiu, circulando por points como a loja Not Dead, Teatro Vila Velha, Clube de Engenharia, Solar Boa Vista, bares como o Manga Rosa, Espaço Bleff e outros.
Em em meio à tudo isso, uma rapaziada punk do bairro de São Caetano resolveu protestar.
Mas protestar mesmo, começando pelo nome da banda que formaram: AI-5.
“Ticka (Sinval carlos, baterista) era amigo de infância de Tinho (baixista), lá na Fazenda Grande do Retiro. Aí, quando Tinho foi morar no São Caetano, a gente se conheceu”, relata Neilton, vocalista.
“Tinho e Ticka já tinham uma banda chamada Revolta Suburbana, que tocou com o Cólera em Salvador, em 1984”, diz.
Rapaziada humilde, mas esclarecida, esses caras circulavam pelos shows da cena local: “Em 1986, rolavam shows do Camisa, Dever de Classe, Proliferação, Via Sacra, Velorium e outras. A AI-5 já estava formada, só não tinha tocado ainda”, diz.
O primeiro show foi em 1987, no Clube de Engenharia, um dos espaços que reunia o povo do rock, assim como a loja Not Dead, Teatro Vila Velha, Clube de Engenharia, Solar Boa Vista, bares como o Manga Rosa, Espaço Bleff e outros.
Aí começou a saga da AI-5 (Ato Institucional 5), nome que, como se sabe, carrega um karma pesado ao citar o golpe definitivo da famigerada ditadura militar contra a democracia.
“Logo no primeiro cartaz que colamos na rua, um senhor desceu de um carro e disse: ‘vocês são malucos, estão fazendo apologia a isso’? Aí respondemos que era justamente o contrário, somos contra o militarismo e tal. Aí até ele disse que ia no show”, lembra Neilton.
Em outra ocasião, a banda foi entrevistada pelo lendário radialista Baby Santiago em uma emissora local: “Ele disse que ia entrevistar a gente, mas não ia pronunciar o nome da banda. O pessoal ainda tinha muito medo, mesmo com a ditadura já encerrada”, afirma Neilton.
Punk's not dead
O tempo passou e, depois de muitos shows e participações engajadas em protestos organizados por sindicatos e outras entidades, membros começaram a sair.
Em 2010, Ticka e Neilton, os remanescentes, resolveram reformar a banda, agora como Ato 5.
Lançaram CD em 2011 e, nesta sexta-feira, tocam com o Camisa de Vênus.
Assistir às duas bandas é testemunhar a própria história do rock local.
Além de Neilton e Ticka, a Ato 5 atual conta com Alan e Cristiano Ferreira (guitarras) e José Carlos (baixo).
Fotos: Arquivo da banda Ato 5.
Ato5 e Camisa de Vênus / sexta-feira, 19 horas / Cine Teatro Solar Boa Vista (Engenho Velho de Brotas) / R$ 15
NUETAS
São Caetano calling
Como se vê na matéria da Ato 5 aí ao lado, São Caetano é pólo cultural alternativo não é de hoje. Neste sábado, um dos projetos que movimentam o bairro, o Radiola Alternativa, faz sua primeira edição em casa nova: espaço Gangara (defronte Colégio Ramo da Videira). Sábado, com as bandas Latryna, The Lex e Os Caras da Rádio. 17 horas, R$ 3.
Dimazz hoje, no TVV
Dimazz segue com sua residência mensal na Vila da Música. Hoje ele recebe Cascadura e o Camará Ensemble - Grupo de Câmara da Ufba. Diversidade musical recomendada. Sala Principal do Teatro Vila Velha, 20 horas, R$ 30 e R$ 15.
Bons sons vezes 2
Scambo & Sertanília dividem o palco do Portela Café nesta sexta-feira. Às 22 horas, R$ 20 (antecipado, na Midialouca). Na porta, sobe para R$ 25.
Tchaikovsky Fest na quinta
A Orquestra Sinfônica da Bahia (OSBA) realiza nesta quinta-feira, seu Festival Tchaikovsky, com a pianista brasiliense Ligia Moreno (ao lado) como solista convidada e regência de Eduardo Torres. No programa do concerto em homenagem ao mestre Romântico russo Piotr Ilitch Tchaikovsky (1840-1893), estão as peças Elegia; Concerto para Piano nº1 em Sib Menor op.23 e a Sinfonia nº6 Patética. Quinta-feira (dia 6), às 20 horas, na Sala Principal do Teatro Castro Alves, R$ 20 e R$ 10.
Um comentário:
São Caetano é BALA!!
Já toquei algumas vezes lá (com Honkers e Futchers) em Tia Dédé...fomos super bem tratados e a agitação da galera é foda!!
Ainda rola um Ximxim DELICIOSO lá!!!
Saudades!!!!
Quem Arma a zuada por lá é Luciano Robô da Confusão...
6a provavelmente tou indo pra Vitória da Conquista tocar:
http://www.fotolog.com.br/thehonkers/248000000000021599/
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