Blog (que, nos seus primórdios, entre 2004-05, foi de um programa de rádio) sobre rock e cultura pop. Hoje é o blog de Chico Castro Jr., jornalista formado pela Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia. Atualmente, é repórter do Caderno 2+ do jornal A Tarde, no qual algumas das matérias vistas aqui foram anteriormente publicadas. Assina a coluna Coletânea, dedicada à música independente baiana. Nossa base é Salvador, Bahia, a cidade do axé, a cidade do terror.
terça-feira, julho 10, 2012
BIOGRAFIAS CURTAS E GENIAIS DE MALFEITORES ESCRITAS POR UM BRUJO ARGENTINO
Os heróis – sejam supers ou não – só existem por que têm uma função muito clara no grande esquema que é o equilíbrio das forças universais.
É simples: o bem existe para combater o mal – representado nas narrativas pelos chamados “vilões”.
O que é interessante – e também muito revelador em relação à natureza humana – é que estes últimos costumam ser muito mais fascinantes do que os mocinhos, defensores dos fracos e oprimidos.
E por inúmeras razões, que não vem ao caso enumerar aqui agora.
Gênio incontestável da literatura universal, o argentino Jorge Luis Borges (1899-1986) já sabia disso desde muito jovem.
Entre 1933 e 1934, ele criou uma série de biografias curtas de malfeitores então célebres – a maioria já esquecida hoje em dia –, intitulada História Universal da Infâmia.
Estão aqui as versões borgeanas para as trajetórias de rematados canalhas de várias partes do mundo, sempre encimadas por títulos elegantes, como “O atroz redentor Lazarus Morell”, “O provedor de iniquidades Monk Eastman”, “O incivil mestre de cerimônias Kotsuké No Suké” e “O impostor inverossímil Tom Castro”.
Billy e as gangues de NY
Para além (com o perdão do clichê acadêmico) das peripécias malévolas dos biografados, o que realmente impressiona neste livro curto e de leitura ligeira é a prosa absolutamente majestosa do seu autor.
Ler Borges chega a ser algo humilhante para quem vive de escrever. A maioria dos escritores atuais com menos 40 anos deveria enfiar o laptop no saco, só de vergonha.
Cada parágrafo parece ter sido escrito e reescrito muitas vezes, até chegar em sua forma mais perfeita, enxuta e lapidada. Sua formação erudita desde a infância, claro, também ajuda muito a construir este fascínio exercido pelo seu texto.
Correndo o risco de ser injusto, os dois personagens mais interessantes apresentados no livro parecem ser o já citado Monk Eastman e “O assassino desinteressado Bill Harrigan”, que vem a ser ninguém menos que o lendário pistoleiro Billy The Kid.
Até por que suas histórias quase que se cruzam. Billy, nascido em Nova York (só no fim da adolescência, ele migrou para o Velho Oeste que o tornaria famoso), chegou a integrar a gangue Swamp Angels, uma das muitas pelas quais passou o mafioso pré-Cosa Nostra Monk Eastman e que tocavam o terror na selvagem Grande Maçã do século 19, início do 20.
E se a história soa parecida com a do filme Gangues de Nova York (2002), de Martin Scorsese, não é por acaso: tanto Borges quanto o cineasta tiveram como fonte primária o livro-reportagem Gangs of New York (1928), de Herbert Asbury.
Mas História Universal da Infâmia ainda oferece muito mais ao leitor interessado. É só ler.
História Geral da Infâmia / Jorge Luis Borges / Trad.: Davi Arrigucci Jr./ Cia. das Letras/ 96 p./ R$ 30
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4 comentários:
Meu povo rockloquista, o seguinte é este: estarei viajando (a trabalho, mas com prazer) esses dias e só voltarei dia 19 próximo, então, é possível que eu fique sem atualizar muito o blog. Pode ser que eu entre em um cyber café da vida pra liberar comments, mas não dá pra garantir.
Na volta, conto como foi.
Até lá, juízo!
Olá, queria dizer que adoreei o Blog, parabéns! aguardo um retorno no meu : www.rockvips.blogspot.com.br
estou seguindo o seu blog , será que poderia seguir o meu tbm ? estou a procura de seguidores !
Obrigado !
tah aí o link ...
http://misturadoejunto00.blogspot.com.br/
Estou de volta, creizipípou. Retomando as atividades aos poucos e rapidamente....
Obrigado, Vivi e Rock Vips. Logo passo aí em vossos sítios. E voltem sempre.
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