terça-feira, dezembro 20, 2011

NEM O CARA DO TV ON THE RADIO SALVOU

Auxiliada por Dave Sitek, californianos até que tentam, mas CD novo soa irregular

Banda importante no contexto do rock alternativo norte-americano que emergiu para o mainstream no final dos anos 1980, início dos 1990, o quarteto californiano Jane’s Addiction chega ao quarto álbum de estúdio em 26 anos de uma carreira bastante errática: The Great Escape Artist.

E a pergunta que fica é exatamente o por que dessa volta. The Great Escape Artist não chega a ser um disco ruim e de fato tem lá seus momentos, mas eles são tão poucos – e ficam em tamanha desvantagem em relação ao que eles produziram nos seus dias de glória – que o álbum pouco justifica a sua própria existência.

Fundada em 1985 por Perry Farrel, o guitarrista Dave Navarro, o baixista Eric Avery e o baterista Stephen Perkins, o Jane’s Addiction (gíria para “vício em maconha”) causou espanto entre os roqueiros quando lançou seu primeiro LP em 1988, o espetacular Nothing’s Shocking.

Em uma época em que o penteado dos músicos era mais importante do que a música – mais ou menos como hoje em dia – a trupe liderada por Farrel surgiu como um oásis de liberdade criativa e guitarras realmente pesadas em um som caleidoscópico, que combinava os riffs grandiosos  do Led Zeppelin, uma dose de suíngue funky, a psicodelia californiana e um certo sentido de zeitgeist, tudo  de forma bastante coesa.

Canções como Ocean Size, Mountain Song  e Jane Says se tornaram hits instantâneos entre a rapaziada mais esperta.

O sucesso só aumentou no segundo LP, Ritual de Lo Habitual (1990), que trouxe o maior hit do JA, Been Caught Stealing, ode de Farrel aos ladrões de loja, além do peso suingado de Stop!, entre outros petardos.

Se tudo parecia lindo para os fãs, porém, nos bastidores, uma guerra se travava entre os egos dos integrantes. No ano seguinte, a banda anunciou seu fim.

Farrel criou o festival Lollapalooza (que chega em 2012 ao Brasil) e formou a banda Porno For Pyros, levando Perkins com ele. Navarro teve breve período no Red Hot Chili Peppers.

Desde então, o Jane’s Addiction já fez três retornos. Em 1997, lançou a coletânea Kettle Whistle, mas logo acabou de novo.

Em 2003, lançou um razoável álbum de inéditas, Strays – apenas para encerrar atividades de novo, em 2005.

Este retorno aos estúdios e palcos teve a mão amiga do músico Dave Sitek, da cultuada banda TV on The Radio, que tocou baixo e co-escreveu diversas faixas com Farrel & Cia . O resultado é bastante irregular.

A abertura, com Underground, soa anti-climática e sem impacto, já que, mais adiante, tem coisa melhor, como Curiosity Kills e I’ll Hit You Back.

Mas o melhor está no fim, nas duas últimas faixas, Broken People (co-escrita por Duff McKagan, ex-Guns ‘n’ Roses) e Words Right Out of My Mouth.

A primeira, curiosamente, remete ao Jesus & Mary Chain pela melodia doce. E a segunda, pesadona, é a faixa que mais lembra a banda nos tempos áureos.

The Great Escape Artist  / Jane's Addiction / Capitol - EMI Music / R$ 24,90 / www.janesaddiction.com

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