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terça-feira, setembro 29, 2015

EDBRASS RADICALIZA EXPERIÊNCIA ESTÉTICA N'A CIDADE QUE NÃO DORME

Edbrass, na foto de Nancy Viegas
Em 15 minutos, Edbrass Brasil pode mudar seus conceitos sobre som e música.

O músico, que tem estrada no rock local com passagens pela antológica Banda Crac! e pela Zambotronic, está lançando um intrigante trabalho solo intitulado A cidade que não dorme.

Disponível para baixar através do selo gaúcho Plataforma Records, a obra é uma suíte vanguardista / concretista de colagens em 15 minutos que simula uma espécie de passeio por uma Salvador obscura, noturna, histórica e malvada.

Edbrass, escolado nas vanguardas baianas desde a Crac!, que namorava forte com Walter Smetak, denomina A cidade que não dorme como uma “radionovela punk”.

“Ela valoriza mais a linguagem sonora do que a linguagem musical. É uma experiência com trilha de cinema e é uma colagem, uma edição, algo que é mais usado em rádio, mesmo”, diz Edbrass.

No decorrer da faixa, Edbrass editou efeitos sonoros dubstep, falas do filme O Rei do Cagaço (Edgard Navarro, 1977), Antonio Abujamra recitando Lisbon Revisited (Fernando Pessoa) e Waly Salomão regurgitando a verborragia que o tornou célebre, além de um rapper filosofando sobre o tempo, um hardcore, tambores de terreiro e por aí vai.

O resultado é as vezes assustador, as vezes inspirador – e sempre intrigante.

Espetacularização, violência

“Nessa narrativa, pensei muito na coisa da espetacularização da violência e na estética do medo que é colocada de forma tão escrota pela mídia. É um personagem que vai passando por todo esse universo noturno sórdido, até chegar a sua libertação no final”, descreve.

Em novembro, Edbrass vai levar sua obra ao Rio e São Paulo, apresentando-se ao vivo com um baterista e um guitarrista acompanhando.

“É uma obra que eu divulgo mais nos círculos de música experimental e  circuitos de arte e tecnologia”, afirma.

Artista bem ativo nos meios vanguardistas, Edbrass comanda a badalada série de eventos Low Fi Processos Criativos no Lá Lá Multi Espaço.

“Rola música, cinema, literatura. Já produzirmos dez edições desde 2014 e estamos nos configurando como uma pequena produtora” conclui.

Baixe: www.lowfiprocessosartisticos.wordpress.com



NUETAS

Efeito & Ofá

As bandas Ofá e Efeito Manada fazem a Noite Incubadora Sonora (projeto de profissionalização de bandas, tocado por Irmão Carlos) de setembro no Quanto Vale o Show? de hoje. Dubliner’s, 19 horas, pague quanto quiser.

BNegão na BA

BNegão & Os Seletores de Frequência lançam o elogiado álbum Sintoniza Lá. A banda é incrível, então a sonzeira é promissora. Sexta-feira, 19 horas, Largo Tereza Batista, R$ 20 e R$ 10.

+ Rap + Vida, Pelô

E o hip hop tá em alta essa semana: os rappers Nocivo Shomon (SP), DaGanja, Nova Era & Raulzito e Dj GuG fazem a festa +Rap +Vida no mesmo Largo Tereza Batista no sábado. 20 horas, R$ 10.

segunda-feira, setembro 28, 2015

O DEFENSOR DAS MATAS NA CIDADE GRANDE

Mostra Pererê do Brasil, na Caixa Cultural, recupera personagem clássico criado por Ziraldo em 1960

Criado em uma época de grande polarização política e inovação artística (1960),  Pererê, do Ziraldo, marcou época com sua abordagem para crianças do folclore e de questões ecológicas do Brasil.

Amanhã, o cartunista mineiro estará na cidade para a estreia nacional da exposição Pererê do Brasil.

Em cartaz até 29 de novembro na Caixa Cultural, a mostra exibirá os personagens em tamanho ampliado,  histórias completas, capas restauradas, edições originais, pranchas com desenhos inéditos e quadrinhos animados.

Marco dos quadrinhos brasileiros, Pererê é hoje visto por estudiosos como Moacy Cirne como o equivalente em HQ às grandes manifestações culturais da época, como a bossa nova e o Cinema Novo.

De fato, pois o mesmo princípio nacionalista que guiou Glauber Rocha e Tom Jobim, guiou também Ziraldo em sua criação.

“Na época, eu trabalhava (na revista) O Cruzeiro, um veiculo mais poderoso do que a Globo é hoje”, conta o cartunista, por telefone.

“Daí que tava rolando, no começo dos anos 1960, uma nacionalização geral: reforma agrária e urbana, Cinema Novo, poema/processo (movimento literário pós-concretista), artes de vanguarda. Era uma euforia danada para reescrever o Brasil”, relata.

Inocência perdida

Um dia, Ziraldo foi abordado pelo diretor financeiro d’O Cruzeiro: “Ele veio e disse, ‘Ziraldo, acho que esse século vai acabar socialista’. Daí ele não poderia mais publicar HQs estrangeiras, como Bolinha e Riquinho. ‘É melhor eu prevenir e fazer uma HQ brasileira para poder publicar n’O Cruzeiro’, eu pensei na época”.

Lançada em janeiro de 1960, a revista Pererê teve 43 edições escritas e desenhadas exclusivamente por Ziraldo, circulando até – justamente – abril de 1964, mês do golpe militar.

"Eu fazia (a revista) com três meses de antecedência. Quando foi em janeiro (de 1964), o editor já estava conspirando com a direita: 'Olha que esse país não vai acabar socialista, tá muito caro fazer o Pererê e tal'. Tinha que pagar fotolito etc. Era mais caro (de produzir) do que quatro revistas americanas. (O Pererê acabou) foi exatamente por causa do golpe, senão eu tava aí até hoje, estaria tão famoso e rico quanto a Turma da Mônica. O Maurício (de Souza) começou comigo, começamos juntos, praticamente. Mas o Pererê continua na memória e a mostra é muito bem feita", relata.

“Mas aí (quando o Pererê acabou), fui pra casa chorar e pensar na vida. Anos depois, me juntei com amigos na fundação d’O Pasquim”, conta.

Agora, associado ao produtor conterrâneo Tarcísio Vidigal, o qual já assinou a produção dos filmes Menino maluquinho (1995) e Menino maluquinho II: A aventura (1998), Ziraldo planeja uma animação em longa-metragem do personagem: “Pererê  não chegou a existir na ditadura, morreu antes. Como é um personagem muito forte do nosso folclore, protetor da fauna, muita gente se esforça pra manter essa memória viva, como esse menino que produziu o filme do Menino Maluquinho, Tarcísio. Ele está com um projeto de desenho animado”, diz.

Ao longo dos anos, o Pererê foi diversas vezes revisitado, gerando seriados, especial para televisão (TV Cultura), LP, musical de teatro, livros didáticos, selo e mesmo uma nova revista, pela Editora Globo, nos anos 1990.

“Essa segunda fase não teve tanta graça, não era só eu fazendo”, diz Ziraldo.

“Hoje, não faria mais HQs do Pererê, perdi a inocência. Agora eu  tô sabido, não vou conseguir essa pureza de novo. Fazer um desenho animado me interessa mais”, afirma.

Recentemente, Ziraldo se envolveu (ou foi envolvido) em mais uma dessas polêmicas de Facebook, quando deu sua opinião sobre o beijo de Fernanda Montenegro e Nathalia Timberg em uma novela da Globo, tornando-se alvo de muita censura nas redes sociais.

"(A censura) Na ditadura você percebia que era censura e essa era a intenção deles. Já a internet é tao livre quanto uma parede de banheiro público: o cara pode escrever o quiser, tem espaço para todo mundo. (Antigamente), Quando você tinha um protesto a fazer, você escrevia uma carta para o jornal. Hoje, não gostou, não precisa escrever uma carta, você bota na internet, como todo mundo. Quem produz arte está exposto, entregue a multidão, pode ser linchado por qualquer multidão. O que desmoraliza é a palavra escrita. Como todo mundo pode chegar na internet e dar opinião, mas ela quase sempre não tem profundidade, só revela a má qualidade do ensino brasileiro. Tem muito mais gente ignorante do que culta no mundo e na internet é a mesma coisa, qualquer um pode entrar e falar. A opinião da turba sobre Chico Buarque é inacreditável. Antes você tinha que escrever uma carta para editor. Mas a censura da ditadura, toda censura é horrível, é o poder que quer que você se comporte assim ou assado. Já a censura da internet é contaminada: pode ser por inveja, pode ser por tudo, não tem consistência. Mas é muito triste, por que revela que tem muito mais gente ignorante do que sábia por aí", conclui Ziraldo.

Pererê do Brasil, de Ziraldo / Abertura: amanhã,  19 horas, com a presença do autor / Visitação até 29 de novembro, das 9h às 18h, terça- feira a domingo / CAIXA Cultural Salvador (Rua Carlos Gomes, 57, Centro) / Gratuito

terça-feira, setembro 22, 2015

CANTO DOS MALDITOS SOLTA MÚSICA NOVA SEXTA-FEIRA PARA ANUNCIAR CROWDFUNDING

Rapeize da Canto dos Malditos na foto de Natália Arjones
Surgida em meados da década passada, a banda Canto dos Malditos na Terra do Nunca tem uma das trajetórias mais sui generis do rock local.

Em 2005, quase venceu a seletiva baiana do concurso Claro Q é Rock (aquele que trouxe o Placebo para um show inesquecível na Concha Acústica).

Com o burburinho, foram contratados pela major Warner, pela qual lançaram um álbum já no ano seguinte. Em 2007, a banda surpreendeu todo mundo e anunciou sua separação.

Voltaram em 2012, para um show no Groove Bar. Sucesso total, o show mostrou aos integrantes que a CMTN ainda tinha muito fôlego e fã espalhado por aí.

De lá para cá, retomaram os shows – em paralelo à carreira solo da cantora Andrea Martins – se apresentando em Aracaju, Recife, João Pessoa e diversas cidades no interior.

Agora, a CMTN prepara aquele que pode ser seu xeque-mate, seu pulo do gato: “Como nosso disco já é bem antigo, de 2006, vamos fazer coisas novas. O pessoal tá pedindo muito”, conta Andrea.

Sim, amiguinhos: a CMTN, depois de quase dez anos, está preparando um disco novo.

Nesta sexta-feira, dia 25, o grupo solta em suas redes sociais a primeira música nova em nove anos: O Sol de Lá, em clipe caprichado, que o colunista já teve o privilégio de assistir e pode garantir: os fãs não se decepcionarão.

Olha o teaser:



Quem é fã, financia

Só que, para o disco sair, a CMTN precisará contar com um little help dos fãs e amigos: “A gente tá lançando uma campanha de financiamento coletivo para gravar o disco”, diz.

“O crowdfunding é uma nova  forma de financiar a obra e dialogar – entender o que as pessoas que nos acompanham querem – e fazer esse troca. O Canto se baseia nisso, até por que as pessoas praticamente não deixaram a gente acabar”, afirma Andrea.

“Então já gravamos esse single (O Sol de Lá)  e em breve vamos entrar no estúdio para gravar o restante do disco, com produção de andré t.”, diz.

De baterista novo, Leo Bittencourt, a Canto já tem metade do novo repertório composto. O resto sairá no estúdio.

“Vamos fazer shows em São Paulo, Rio e se não me engano, aqui em dezembro, para movimentar a campanha do financiamento”, avisa Andrea.

www.facebook.com/cmtnoficial



NUETAS

Teenage Buzz, Cajat

Teenage Buzz e Cajat fazem o Quanto vale o show? de hoje. Dubliners Irish Pub, 20 horas, pague quanto quiser.

Ronei e Toco Y Me Voy

Ronei Jorge (mostrando seu trabalho solo) e a banda Toco Y Me Voy são as atrações do Portela Café nesta sexta-feira. 22 horas, R$ 20 (antecipado) ou  R$ 30 (na porta).

Entre! no Portela

No show O Último Cascadura das Antigas, a trupe de Fábio Cascadura faz o repertório do sensacional álbum Entre! (1999). Fãs veteranos e mais novos vão se esbaldar com clássicos Só Procurava Alguém, Doze e Meia e Mesmo Sem Merecer. Participações dos irmãos Paulinho e Ivan Oliveira e Ricardo Flash Alves. Sábado, 22 horas, Portela Café. R$ 20 (lote 1), R$ 25 (lote 2) e R$ 30 (na hora).

segunda-feira, setembro 21, 2015

24 HORAS DE QUADRINHOS 2015 TRAZ ROGER CRUZ PARA AUTOGRAFAR GRAPHIC DA TURMA DA MATA

Data já tradicional no (ainda magro) calendário nerd local, o desafio das 24 Horas de Quadrinhos 2015 acontece no próximo dia 3 de outubro, no bat-local de sempre: a comic shop RV Cultura & Arte (em nova sede, é bom lembrar).

Este ano, além dos maluquinhos que vão virar a noite na loja criando uma HQ de 24 páginas em 24 horas, vai ter também  bate-papo seguido de sessão de autógrafos com Roger Cruz e cineminha com filmes e desenhos animados até as duas da manhã, a cargo do pessoal do site Mega Hero.

Quadrinista brasileiro de primeira grandeza, Cruz já desenhou muito X-Men para a Marvel nos anos 1990, quando os mutantes estavam no auge da popularidade.

Em Salvador, ele autografa  a recém-lançada Turma da Mata: Muralha, do selo Graphic MSP.

Tempo é HQ

Jotalhão e Rita Najura no Turma da Mata de Roger Cruz e Arthur Fujita
Para quem não  lembra, a Turma da Mata, de Maurício de Souza,  saía nas revistas da Mônica e celebrizou personagens inesquecíveis, como o elefante Jotalhão e Raposão.

"Também vamos ter um sessãozinha na nossa salinha de cinema com capacidade para 40 pessoas, projeção e áudio profissionais. É o pessoal do Mega Hero que vai fazer essa sessão de desenhos e filmes relacionados a HQ e mangá. Começa às 20 horas e vai até as duas da manhã", conta o sócio da RV, Ilan Iglesias.

Para quem está interessado no desafio das 24 Horas de Quadrinhos, Ilan avisa que ainda há vagas: “Tem bastante vaga, até  por que estamos em um espaço maior”, lembra.

“No 24 Horas, os participantes aprendem, principalmente,  a administrar o tempo. Tem quem vem e fica rebuscando demais o desenho, aí faz só duas ou três paginas superbonitas em 24 horas. O pessoal que vem todo ano já aprendeu. No primeiro ano (2009), tivemos só duas HQs completas. Já no ano passado, tivemos dez”, conclui.

24 Horas de Quadrinhos / Dia 03 (sábado), a partir das 10 horas /  RV Cultura e Arte (Av. Cardeal da Silva 158, Rio Vermelho) / Inscrições (R$ 25)  e infos: www.rvculturaearte.com.br

sábado, setembro 19, 2015

ESCRITO POR UM EX-ESPIÃO, O PLANETA DOS MACACOS UNE SÁTIRA SOCIAL E AVENTURA


A macacada vai ao delírio com mais uma resenha literária do Rock Loco
Todo mundo já viu um (ou mais de um) dos muitos filmes de O Planeta dos Macacos, seja a série original dos anos 1960 / 70, o remake fracassado de Tim Burton (2001) ou a bem-sucedida trilogia iniciada em 2011, com O Planeta dos Macacos: A Origem, seguido de O Confronto (2014) – mais o vindouro War Of The Planet of The Apes, previsto para 2017.

Mas quase ninguém leu o livro em que a franquia se baseia – ou sequer sabia que esse monte de filme exótico se baseava em um clássico meio esquecido da literatura de ficção científica.

Resgatada do limbo editorial em que se encontrava pela editora Aleph, a obra se revela uma grata surpresa.

Publicado pela primeira vez na França em 1963, O Planeta dos Macacos tem em seu autor, Pierre Boulle (1912-1994), uma figura tão interessante quanto a própria obra.

De espião a escritor

Autor de mais de trinta livros, Boulle foi um raro francês anglófilo, fascinado pela língua e  cultura inglesas.

É dele também o livro A Ponte do Rio Kwai (1952), que a exemplo do Planeta dos Macacos, também foi adaptado para o cinema com sucesso estrondoso em 1957, pelo diretor inglês David Lean.

Plantador de borracha para uma companhia britânica na Malásia nos anos 1930, Boulle atuou durante a 2ª Guerra Mundial como espião a serviço do serviço secreto inglês da época, o SOE (Special Operations Executive).

Capturado, foi prisioneiro dos colaboracionistas de Vichy por dois anos.

No pós-Guerra, passou a dedicar-se exclusivamente a literatura, tornando-se um autor de romances que em sua maioria eram de guerra ou ficção científica.

Mas era muito mais admirado fora da França do que pelos conterrâneos.

Em um artigo da BBC News, incluído como extra na edição da Aleph, o jornalista Hugh Schofield reporta que Boulle, um homem recluso, que evitava os meios literários, ainda hoje é praticamente ignorado em seu país natal.

Charlton Heston no filme de 1968, com Cornelius e Zira
Aventura e sátira

Em O Planeta dos Macacos, Boulle consegue aliar entretenimento e conteúdo como só os melhores autores de FC são capazes.

O entretenimento fica por conta da história em si, razoavelmente similar à do filme original de 1968. Curiosamente, o filme com a trama mais próxima ao romance é justamente  o dirigido por Tim Burton, massacrado pela crítica na época.

No livro, escrito de forma ágil, um casal está de férias em uma “escuna” espacial, quando percebe um objeto similar a uma garrafa flutuando no cosmo.

Capturado, o objeto traz, escrito em algumas folhas de papel, o incrível relato de um astronauta terráqueo, Ulysse Mérou, que, em missão de alcançar a estrela Bettelgeuse, descobre um planeta similar a Terra, com oxigênio, água e uma civilização.

Qual não foi sua surpresa e de seus companheiros ao descobrirem que, nesta civilização, os primatas (chimpanzés, orangotangos e gorilas) são a espécie dominante e civilizada, enquanto os humanos são pouco mais que animais, sendo inclusive utilizados em experiências científicas e para entretenimento, assim como fazemos com nossos primatas.


Capturado, Ulysse tenta convencer os macacos de que é um ser inteligente e pior: de outro planeta. E aí Boulle mostra a que veio, descrevendo a sociedade primata de forma bem detalhada e com toques sensacionais de sátira e crítica social a nossa boa e velha sociedade humana.

Assim como na Terra, no planeta dos macacos (ou Sóror, como o batiza Ulysse) também há divisão de classes, políticos parasitas inúteis, puxa-sacos, uma força policial brutalizada e demais similaridades terrestres.

Depois de muito esforço, Ulysse faz amizade com uma macaca, Zira, e seu namorado, Cornelius, que o ajudarão a dar o fora de Sóror. O final da aventura é ainda mais surpreendente do que o do filme de 1968. Os franceses não sabem o que estão perdendo.

O planeta dos macacos / Pierre Boulle / Aleph/ 216 p./ R$ 36/ E-book: R$ 21,60

Bônus: primeiro episódio da série de desenhos animados De Volta Ao Planeta dos Macacos (1975), produzida peplo extraordinário Doug Wildey, criador do Jonny Quest e de graphic novels de bangue-bangue, como Rio.

quinta-feira, setembro 17, 2015

MÚSICA NO VALE

Festival: Com dois dias de shows e oficinas, quinta edição do Festival de Jazz do Capão acontece amanhã e no sábado, com grandes atrações locais e nacionais

A realização é difícil, mas, a cada edição, o Festival de Jazz do Capão vai se firmando como um dos principais eventos do gênero na Bahia, com boas atrações locais e nacionais se apresentando gratuitamente naquele cenário privilegiado.

Nesta quinta edição, que conta com patrocínio da Petrobras e do Fundo de Cultura, o festival se desdobra em dois espaços: o Circo do Capão, onde serão realizadas as tradicionais oficinas e – novidade – um recital de piano por noite, a cargo de Ricardo Castro e André Mehmari.

O outro espaço é a praça da Vila do Capão, cujo palco receberá nomes acima de qualquer suspeita, como a cultuada cantora Joyce Moreno (como esquecer de Clareana?), o acordeonista Toninho Ferragutti, o guitarrista Jorge Solovera, o grupo de percussão Aguidavi do Jêje e o trompetista Joatan Nascimento (em show baile, para dançar).

Sem esquecer, claro, dos artistas do próprio Capão: Coral do Capão, Bando Passarim e Elixir Tafari, todos amanhã.

Preocupado com os incêndios que tem atingido o Parque Nacional da Chamada Diamantina nos últimos dias, o idealizador e realizador do festival, Rowney Scott, lembra da campanha ambiental que sempre acompanha o evento: “Começou a  época crítica de seca, então  mais do que nunca batemos nesse tópico: evitem vir de carro, não façam fogo,  não joguem lixo”, pede.

O acordeonista Toninho Ferragutti em foto de Dani Gurgel

“Tem que ter todo um cuidado para chegar sem impactar. Por que quando o festival não for mais uma coisa boa para o Capão, eu encerro com ele. Tem que entender que eu não sou um fazedor de festival. Eu sou um músico com uma relação de 25 anos com o Vale do Capão”, afirma  Rowney.

Feminina

Cultuada no exterior – tanto no circuito do jazz internacional quanto entre jovens fãs de música brasileira –, a carioca Joyce Moreno diz, por telefone, nem se lembrar mais quando foi a última vez que esteve na Bahia: “Nossa, tem séculos, uma vida”, admira-se.

“O repertório é o mesmo que fiz na minha última turnê mundial, misturando clássicos e material dos três últimos discos: Raiz (2014), Tudo (2012) e Rio (2011)”, conta.


Além do show e da oficina que ministrará no Capão, a cantora também participa de um show em homenagem a Tom Jobim no Teatro Castro Alves, no dia 24, com Toquinho, João Bosco e Jaques Morelenbaum.

“Devo ser uma das cantoras que mais gravou Tom Jobim. Já gravei umas 40 canções dele. Tenho  três CDs só com músicas dele”, afirma.

Joyce Moreno em foto de Myriam Vilas Boas
“Eu queria cantar Desafinado, que gravei recentemente no disco Raiz, mas o João Bosco já tinha escolhido. Então vou fazer O Mar,  que é uma raridade,  um trecho da Sinfonia do Rio de Janeiro”, conta.

Sobre o fato de hoje ser mais conhecida fora do Brasil do que dentro dele – apesar de ter tocado bastante em rádios em décadas passadas – Joyce encara isto como “um fato da minha vida. Tem essa abertura grande no exterior para toda música brasileira criativa. Sempre brinco que não faço MPB. Faço MCD: música criativa brasileira”, ri a  cantora.

"Já a história dos DJs (que remixam suas músicas para as pistas), pra mim, foi uma grande surpresa, algo bem inesperado. Eles espontaneamente se apaixonaram por uma determinada vertente da música brasileira que tem eu, tem o Marcos Valle, Azymuth, João Donato, uma música mais suingada. E aí começaram a tocar muito nas pistas em Londres, no Japão e tal. Uns (tocavam) com remix e outros sem. O importante era o suíngue natural das músicas. Mas eu trabalho muito também com a cena do jazz internacional. Esse ano mesmo já fiz vários lugares: Japão, Europa adoidado, é um publico aficionado de jazz, que entende o que eu faço como um jazz brasileiro", observa.



Apontada como uma compositora pioneira ao oferecer um ponto de vista essencialmente feminino em suas canções, Joyce conta que não foi algo planejado: “Eu tinha 18 anos quando saiu meu primeiro disco. Com o espanto geral, vi que era incomum, aí a ficha caiu. Mas foi bem espontâneo, porque não fazia sentido para mim cantar no masculino ou no neutro, eu sentia falta da voz feminina expressando meu próprio pensamento”, lembra.

Mesmo com tantos avanços conquistados pelas mulheres, Joyce sabe que ainda há muita misoginia mundo afora: "Isso sempre houve, mas tá mais explícito hoje em dia. Ontem teve aquele negocio do Femen com as meninas sendo espancadas, aquelas imagens me horrorizaram. Acho que a grande pergunta que fica é qual o grande medo que eles tem das mulheres? O que, afinal, ameaçamos tanto? Isso fica no  ar pra mim. Eu sempre acho que no dia em que todos os problemas sócio-político-religiosos forem resolvidos, quando não existir mais racismo, guerras religiosas etc, esse problema do gênero continuará, por que é interno, está entre quatro paredes", reflete.

Caminho estético ao piano

Ricardo Castro em foto de Jefferson Collacico
Responsável por um dos recitais de piano no Circo, o baiano Ricardo Castro fará em sua apresentação o “caminho estético” que o levou ao instrumento: “O repertório é montado na minha história de vida e de músico aqui no Brasil, antes de ir ao exterior: tem Chopin, Villa-Lobos, Debussy, Egberto Gismonti e obras minhas também”, conta.

Ricardo, que é diretor e fundador do projeto Neojibá, conta que já tocou em muitos lugares, portanto nem sabe dizer se esta é sua primeira vez ao piano em um circo: "Posso até ter tocado (em um circo antes), já que toco piano desde os 3 anos de idade. Já toquei até em uma gruta na Espanha, mas não ficaria surpreso de já ter tocado num circo. Mas se for a primeira vez, será com muita alegria pois gosto muito da Chapada Diamantina".

"O que também é muito legal nesses concertos que inclusive tenho feito com o Neojibá é o fato de ser a primeira vez que este repertório é apresentado nessas cidades, é uma estreia local, uma sensação muito particular de tocar pela primeira vez uma obra num lugar que envolve as energias, os fluidos, as pessoas. Eu sinto muito essa sensação com o Neojibá, mas mais aqui no Brasil. Como por exemplo, tocar uma sinfonia à beira mar, no sul da Bahia, como fizemos ano passado e que foi algo muito inusitado", conta.

Programação 2015 completa 

O palco sendo armado na Vila, em foto do Facebook do festival
Amanhã: Circo Capão / 9h30: Workshop com Luizinho do Jêje (percussão) / 14h: Workshop com Joyce Moreno (canto, violão, composição) / 19h: Recital de piano: Ricardo Castro 

Amanhã: Praça, a partir das 20h30 / Mostra Capão (Coral do Capão, Bando Passarim e Elixir Tafari), Jorge Solovera e Joatan Nascimento Sexteto 

Sábado: Circo Capão / 9h30: Workshop com Jorge Solovera (Guitarra) / 14h: Workshop com André Mehmari (Piano) / 19h: Recital de piano:  André Mehmari 

Sábado: Praça, a partir das 20h30 / Aguidavi do Jêje, Toninho Ferragutti Quinteto e  Joyce Moreno & Trio

quarta-feira, setembro 16, 2015

PODCAST ROCKS OFF DÁ (LÁ ELES) UMA GERAL NOS LANÇAMENTOS

Rapaziada simpatississíma do Kadavar...
Nei Bahia, Osvaldo Braminha Silveira Jr. e este blogueiro dão uma geral nos lançamentos dos últimos meses.

Rola (ops) Lo Han (abrindo o episódio), Kadavar, Andy Fraser, Chemical Brothers,  Pond, Daniel Pemberton, Motorhead, Neil Young, The Arcs e Calafrio (fechando a tampa).

Acho que ainda tem mais mas não lembro - duh!



Bônus:

BAIXO ELÉTRICO E BAIXISTA TAMBÉM

Com o projeto Baixo Em Pauta, Luciano Calazans faz shows – solo e com Taís Nader – e tenta viabilizar orquestra e um documentário

Luciano Calazans no MAM. Foto do blogueiro - de carona na fotógrafa do jornal
Mesmo em uma cidade considerada tão “musical” como Salvador, é bem fácil encontrar quem não só não consiga distinguir o som do baixo em uma canção, como não faça a menor ideia do por que ele está lá e qual o seu papel.

Em seu projeto Baixo Em Pauta, o contrabaixista e virtuose baiano Luciano Calazans espera trazer um pouco de luz às pessoas – mas não apenas isto: “Existem vários núcleos dentro do Baixo em Pauta”, afirma Luciano, enquanto sorve um espresso no café do Solar do Unhão.

Ao longo de setembro e outubro, ele tem promovido uma série de shows gratuitos em sábados – e locais – alternados.

“Tem também o Baixo & Fêmea, show que faço com (a cantora) Taís Nader e que em breve lançamos em álbum”, acrescenta.

”A proposta do Baixo & Fêmea é bem transgressora. Não só por ser um projeto só de voz e baixo, mas por ser bem despojado. Depois de um show, um amigo me disse que a gente se jogou do abismo e se deu bem. Foi uma temporada corajosa, de entrega. Mas minha vida toda é de entrega”, afirma.

Antes de qualquer coisa, é bom que se saiba de quem se fala aqui: Luciano Calazans é, tranquilamente, um dos maiores baixistas do Brasil, com uma carreira já extensa, tocando para uma longa lista de artistas de sucesso: Flávio Venturini, Marisa Monte, Ivete Sangalo, Lenine, Carlinhos Brown, Milton Nascimento, Fafá de Belém, Gilberto Gil e muitos outros.

Seu nome consta na ficha técnica de quase 500 álbuns, desde a última vez que ele checou.

O Baixo em Pauta nasceu de uma oficina que Luciano ministrou no Teatro do Sesi, em junho último.

“A ideia é que esse projeto  todo desagüe na primeira orquestra de baixos elétricos e acústicos do mundo”, diz.

Luciano e Taís Nader: Baixo & Fêmea. Foto Patricia Guerra
Só que, como toda orquestra, essa também precisa de músicos que saibam ler partituras – e é aí que começa a dificuldade.

“Então o Baixo Em Pauta é também uma forma de ensinar os baixistas baianos a lerem partitura e depois, se tornarem multiplicadores, ensinando outros músicos a ler”, planeja.

Ele prevê que, já no ano que vem, a orquestra inicie seus trabalhos.

“Os temas já existem, alguns estão no meu álbum Contrabaixo Astral (2003). Serão 21 baixistas, entre baixos de 4, 5 e 6 cordas, baixos fretless (sem as marcações no braço do instrumento) e acústicos”, diz.

Além dos shows, das oficinas, do Baixo & Fêmea e da orquestra, ele ainda pretende realizar  um documentário sobre a trajetória do baixo e os grandes baixistas do Brasil.

“Nomes de peso já concordaram em participar: Pejota (Jota Quest), Cesário Leone, Arthur Maia, Fernando Nunes, Faíska e muitos outros”, conta Luciano, enquanto mostra, no celular, uma série de depoimentos dos baixistas citados, saudando-o e se disponibilizando para o documentário.

Sim, Luciano é muito reconhecido aqui e no Brasil, especialmente entre seus pares.

“A revista Bass Player fez uma lista dos 40 melhores grooves  (linhas de baixo) da música brasileira. Para minha surpresa,  meu arranjo para  a versão de Gilberto Gil de Esperando na Janela (Targino Gondim) estava lá”, conta.

Melodia, harmonia, ritmo

Calazans em outra foto do blogueiro, de novo de carona...
Se o leitor ficou meio tonto com tanta coisa, isso é perfeitamente normal: Luciano é assim mesmo, fazendo tudo ao mesmo tempo agora e tudo com absoluta entrega.

”Quando não tô fazendo música, tô fazendo filho. Tenho três, com um quarto a caminho”, ri o músico.

Filho de músico de chorinho, Luciano parece ter nascido para tocar baixo: “Minha verve artística vem da família do meu pai. Ele me contou que meu bisavô era  maestro do Municipal. O nome dele era Raul Grave”, jura.

Semiautodidata, ele diz que aprendeu a ler partitura “90% sozinho”.

“O resto foi em um curso livre da Escola de Música da Ufba”, conta.

Foi com esse conhecimento que ele escreveu, sob encomenda da Secult, o concerto comemorativo dos 100 anos de Jorge Amado, em 2012.

“A presidente da Fundação Cultural do Estado me disse que eu só teria um mês, Mas eu topei”, conta.

Das nove ao meio-dia, ele ensaiava com a banda de Saulo Fernandes . Almoçava, dormia até as 16 horas e daí começava a escrever. Parava a meia-noite, comia e voltava a escrever até as cinco da manhã. “Daí eu dormia até as nove, quando começava tudo de novo”, acrescenta.

Sobre a música baiana atual, ele lembra: “Música e entretenimento são coisas diferentes. Os pilares da música são melodia, harmonia e ritmo. Recado dado”. Mestre.

Baixo em Pauta / Sábado, 19 horas / Rua Maciel de Baixo (Pelourinho) / Gratuito

www.facebook.com/lucianocalazansbass

terça-feira, setembro 15, 2015

REVELAÇÃO DO METAL BAIANO, RATTLE LANÇA PRIMEIRO ÁLBUM COM SHOW SÁBADO

Rapaziada do Rattle. Foto: Tabhair Dom Do Lamh
Promessa do glorioso heavy metal baiano, o quarteto Rattle lança neste sábado, com um show no Dubliner’s, seu primeiro e aguardado álbum, Tales of the Dark Cult.

E os caras chegam com moral: o CD saiu pelo especializado selo paulista Shinigami Records, o maior do Brasil hoje, responsável por lançar no mercado nacional os álbuns novos dos grandes nomes contemporâneos do gênero, como Arch Enemy, Deicide, Gojira, Iced Earth etc.

Tem mais: “Participamos de uma coletânea da Shinigami (Hellstouch, 2012), que tinha um concurso:  a banda mais votada teria um álbum lançado pelo selo. Nós ganhamos”, conta o vocalista Valmar Oliveira, o Val Oliver.

Em 2103, os caras entraram no estúdio para gravar o tal disco, que só agora vê a luz do dia. O que houve? O de sempre: “Ah, falta de grana, troca de integrantes. Trocamos de batera. O novo, Eric, teve que regravar tudo do zero, ouvindo os arranjos sem bateria”, diz.

No álbum, a banda formada por Val, Eric Dias (bateria), Henrique Coqueiro (guitarra) e Daniel Iannini (baixo) passeia com habilidade pelo thrash e pelo death, provavelmente os estilos mais populares do heavy metal.

“A gente tenta unir o peso do death à técnica do thrash, incorporando um ou outro elemento diferencial – sem querer reinventar a roda, mas tentando inovar um pouco”, descreve Val.

Zé do Caixão está na fita

Outro lance legal do disco é a saraivada de referências de cultura pop nas letras, que vão de Zé do Caixão (que abre o CD, recitando uma fala retirada de um de seus filmes), Stanley Kubrick, HP Lovecraft, George A. Romero, Francisco Goya, quadrinhos da EC Comics  etc.

“Quando resolvemos fazer essa música (The Embodiment of Evil), pedimos permissão a família do Zé do Caixão pra usar a voz dele. E tivemos a permissão, eles só pedem que mandemos o material para eles arquivarem”, conta.

Artista plástico formado pela Escola de Belas Artes da Ufba, Val assina a capa do CD da própria banda e de outras, como Mercy Killing e Trepanator, além de desenhar HQs de terror. Conheça seu trabalho: www.valoliveira.deviantart.com.

Show: Rattle, Acanon e Blessed in Fire / Sábado, 14 horas / Dubliner’s Irish Pub /  R$ 10 ou R$ 25 (com o Cd)

www.rattlemetal.blogspot.com.br

NUETAS

Suinga & amigos

A Suinga recebe uma pá de convidados no Quanto Vale o Show? de hoje. Dubliner ‘s, 19 horas, pague quanto quiser.

Som, cerveja, rango

A banda A Trois (Renata Bastos, Bruna Barreto e Júlia Dell'Orto) é a encarregada da música no evento semanal Quintas Artesanais, que acontece quinzenalmente no Portela Café. Som ao vivo, cervejas artesanais e rango gourmet às 21 horas, R$ 15.

Estação flower rock

Na sexta-feira, Callangazoo e Cartel Strip Club celebram a Primavera Rock. Duas boas bandas  de rock no Dubliner’s, 22 horas, R$ 10.

Vote Sexy, Cajat, IFÁ 

Vote nos baianos do Sanitário Sexy, Cajat e IFÁ para tocar no festival MADA, de Natal (RN). É só “gostar” do clipe deles no canal do festival (You Tube).

quinta-feira, setembro 10, 2015

PODCAST ROCKS OFF DISSECA ENTERTAINMENT!, DO GANG OF FOUR

Osvaldo Braminha Silveira Jr. e Nei Bahia dissecam o clássico pós-punk Entertainment! (1979), dos brits Gang of Four.

Esse disco influenciou quase todo mundo que veio depois e teve até uma parte da letra de Damaged Goods plagiada pelos Titãs em Corações e mentes, faixa do Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas (1987).

Leia aqui a resenha do Ptchfork.









Bônus:

quarta-feira, setembro 09, 2015

MAGIA NA ENSEADA

Duo Dois Em Um gravou, no último fim de semana, seu DVD ao vivo pelo Natura Musical no deslumbrante cenário do Museu do Recôncavo Wanderley Pinho


Fim da tarde de sábado, até passarinho cantou na hora certa. Foto Mayra Lins
As águas tranquilas da Enseada de Caboto, no município vizinho de Candeias, parecem refletir, além do céu azul, a fluidez do som do Dois Em Um, que escolheu o belíssimo cenário do Museu do Recôncavo Wanderley Pinho para gravar seu DVD ao vivo, no sábado e sexta-feira passados.

O duo formado pela violoncelista carioca Fernanda Monteiro e pelo guitarrista baiano Luisão Pereira estava  fora do circuito há algum tempo, desde o abalo causado pela separação do casal, em 2014.

“A princípio, só vamos lançar o DVD com os shows de lançamento. Acho que é o fim de um ciclo. Não só do casamento, mas musicalmente também”, afirma Fernanda.

Do seu lado, Luisão parece alimentar um fio de esperança em relação ao duo:  “Até hoje o Dois  Em Um me dá muita alegria. Se continuar dando alegria pra ela também, a gente continua”, afirma.

Músicos profissionais que são, Luisão e Fernanda darão continuidade ao projeto do DVD, contemplado no Edital Bahia do Natura Musical 2013.

Foram dois dias de gravações sob a direção geral de Gilberto Monte. Na sexta-feira, o duo e sua banda de acompanhamento gravaram em um salão, sem a presença de público.

No sábado, as gravações foram na parte externa do casarão que abriga o museu, diante de um público de convidados e fãs, sorteados no  Facebook do Dois Em Um.

“Fiquei muito feliz (com as gravações), foi mágico. A gente tocou com uma emoção que não rolava a há muito tempo. O lugar também ajudou muito, sabe? O sol ajudou, até passarinho cantou na hora certa. No final, tinha gente chorando na plateia”, conta Luisão.

“Estar ali na natureza tem uma coisa de energia, mesmo. Pode ser meio haribô dizer isso, mas foi muito gostoso”, acrescenta Fernanda

O DVD reunirá canções dos dois álbuns do duo: Dois Em Um (2009) e Agora (2013), mas, como se vê, sem cair na obviedade dos DVDs ao vivo.

“Está mais para um filme da Dois Em Um, não linear e marcado pelo elemento água, assim como já era o Agora”, contou Gilberto à reportagem, que  esteve lá na sexta-feira.

“O formato de DVD ao vivo está muito cansado, então aqui teremos muitas imagens sem a banda na tela. A gente tenta um outro caminho, dentro do universo da Dois em Um”, acrescenta.



O clima bucólico casou total com a Dois em Um. Foto: Mayra Lins
55 cômodos

O cenário merece menção especial. O casarão que abriga o Museu (atualmente fora de uso e sem acervo) localiza-se no antigo Engenho Freguesia, do século 17.

Após ser saqueado por holadeses (o que explica o canhão no jardim), foi reformado no século 18, ganhando sua feição atual, com capela e nada menos que 55 cômodos.

Herdado pelo historiador e ex-prefeito de Salvador  José Wanderley de Araújo Pinho (1890-1967), que dá nome a uma rua no Canela, o casarão foi tombado pelo  Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 1971.

Mais informações no verbete do Wikipedia.

“Foi o (artista plástico) Joãozito que nos sugeriu este lugar”, conta Gilberto.

“Ele faz parte do Projeto Ativa, do IPAC (Instituto do Patrimônio Artístico Cultural da Bahia), que mapeia espaços públicos desativados como este, para tentar alavancar sua recuperação”, acrescenta.

Na verdade, "O projeto é uma iniciativa de ocupação artística de espaços inativos capitaneado por Joãozito e Lanussi, não possui nenhum vínculo com o IPAC. O IPAC foi nosso parceiro na sessão de pauta para este projeto", esclareceu a banda em seu Facebook.

Vamos pra Saturno

Outro registro das gravações do sábado. Foto: Mayra Lins
Na sexta-feira, a luz da tarde que entrava pelas janelas do salão onde foram realizadas as gravações estourava sobre os membros da banda.

Os membros do coletivo sergipano Snapic, responsável pelas filmagens, circulava apressado entre os músicos e os objetos de cena dispostos no cenário por Mayra Lins: uma bola de espelhos lançando estilhaços de luz, bolas de vidro transparente e conchas do mar.

Acompanhando Fernanda e Luisão, uma banda escolhida a dedo: Tadeu Mascarenhas (baixo e teclados), Felipe Dieder (da Maglore, bateria), Livia Nery (teclados), mais participações do pernambucano Zé Manoel (teclados) e da cantora baiana Rebeca Matta.

Todos em seus lugares, Gilberto checa se todos desligaram os celulares. Silêncio no set. Fernanda abre a boca, a voz quase angelical.

São gravados dois takes de uma canção. “Grava mais uma?”, pergunta Gilberto.

“Não, tá bom! Vamos para Saturno”, sugere Mayra, referindo-se a uma das faixas do Agora.

“Vamos pra Saturno”, assente Luisão.

Mais adiante em outra  canção, Felipe, próximo à janela, adverte para o ruído que vem de fora: “Peraí, tem uma van andando aqui embaixo”.

“Para a van!”, pede Gilberto.

Daí dirige-se a Portuga, técnico de som na sala ao lado: “Parou aí?”

“Parei”, responde.

“OK, tá gravando? Vamos de novo. 3, 2, 1”, comandou.

O DVD tem previsão de lançamento para o final do ano, com  quatro shows de lançamento (previstos no edital) em Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte.

terça-feira, setembro 08, 2015

CIRCO DE MARVIN LIBERA MODO HARD, SEU PRIMEIRO ÁLBUM, PARA DOWNLOAD GRATUITO

Circo de Marvin no cenário tipo GTA. Ft: Marcio Montanha/Bruno Ricci
No ano passado, esta coluna este blog destacou a rapaziada local do Circo de Marvin como uma aposta, o tipo de banda que tem potencial para dialogar com uma faixa grande de público, dado seu estilo derivado de grupos populares como Red Hot Chili Peppers e Charlie Brown Jr.

Agora é a hora de torcer pra  esse bonde ir pra frente mesmo: o quinteto lançou ontem, para download gratuito, seu primeiro álbum: Modo Hard.

Produzido pelo mestre dos estúdios andré t., Modo Hard está disponível no site da banda (endereço no rodapé).

Liderado pelo vocalista Bruno Souri, o Circo de Marvin não é mais uma bandinha despretensiosa, com integrantes mais preocupados em se formar na facul ou arrumar um emprego sério: “Apesar de ser apenas nosso primeiro álbum, é fácil perceber que temos o sonho de estar entre as maiores bandas de rock do Brasil”, afirma Bruno.

“O EP Mais Perto do Céu (2014) foi feito por garotos que pareciam ter algum futuro. Já o Modo Hard foi feito por moleques que decidiram apostar suas vidas nesse futuro”, reivindica o vocalista.

Certos de que querem se profissionalizar, nada mais coerente do que apostar em um produtor profissional: “Sabíamos que um produtor competente era fundamental. Chegamos a cogitar gravar fora daqui, mas seria uma besteira, já que temos o andré t. A vasta experiência dele supriu a nossa insegurança de estarmos gravando um disco pela primeira vez”, conta.

“Nossas ideias bateram muito. E trabalhamos muito nos pequenos detalhes com o objetivo de tornar as canções interessantes não pra quem as ouve pela primeira vez, mas pela segunda, terceira ou milésima”, acrescenta.

Ironia de gravadora

Acompanhado de Fábio Vilela (guitarra), Yuri Oliver (baixo) e Marcelo Estevão (bateria), Bruno chegou a enviar cópias do álbum para as gravadoras major, com esperanças de descolar um contrato.

Depois a ficha caiu: “As gravadoras, ironicamente, só contratam bandas que já provaram que não precisam mais delas pra viver. Se viesse, era lucro. A internet tá aí,  ela é nosso território”.

Agora é cair na estrada. No dia 3 de outubro, o Circo toca no Rock Concha, com Titãs, Baiana System e OQuadro.

Baixe modo hard: www.circodemarvin.com.br



ENTREVISTA COMPLETA: BRUNO SOURI

O que o disco traz de novidades em relação ao que vocês já fizeram no trabalho anterior?

Bruno Souri: Esse disco traz maturidade profissional. Apesar de ser apenas nosso primeiro álbum, é fácil perceber que temos o sonho de estar entre as maiores bandas de rock do Brasil. O EP" Mais Perto do Céu" foi feito por garotos que pareciam ter algum futuro. Já o "Modo Hard" foi feito por moleques que decidiram apostar suas vidas nesse futuro.

No Palco do Rock 2015, foto do Facebook da banda
andré t. é um produtor de primeira linha da música baiana. Como vocês aproveitaram no disco a expertise do homem?

BS: Tínhamos boas canções escritas e a vontade de ver o disco não devendo nada para qualquer banda mais bem sucedida do Brasil. Então sabíamos que um produtor competente era fundamental. Chegamos a cogitar gravar fora daqui, mas seria uma besteira, já que temos o André T. A vasta experiência dele supriu a nossa insegurança de estarmos gravando um disco pela primeira vez. Nossas idéias bateram muito. E trabalhamos muito nos pequenos detalhes com o objetivo de tornar as canções interessantes não pra quem as ouve pela primeira vez, mas pela segunda, terceira ou milésima.

Você diz que o disco foi recusado por grandes gravadoras. Você acha que, mesmo na atual conjuntura degradada do mercado, ainda é preferível lançar o trabalho por uma gravadora do que independente?

BS: Quando terminamos a gravação e ouvimos o disco pela primeira vez nós pensamos: "cara, isso aqui pode tomar proporções nacionais". Foi aí que decidimos enviar algumas cópias para as maiores gravadoras do país. Se surgisse alguma proposta, era lucro. Nós tínhamos um bom disco, e eles nos ajudariam com uma boa divulgação. Mas não rolou. Depois entendemos que gravadoras ironicamente só contratam bandas que já provaram que não precisam mais delas pra viver. Para nós seria interessantes tê-las assim, com nossa liberdade artística intocada e com um bom investimento pra dar visibilidade às nossas músicas. Mas como disse, se viesse era lucro. A internet ta aí, e ela é nosso território.

Como surgiu a participação do Gil Brother?

BS: Em 2014 o Gil Brother fez um vídeo muito engraçado falando da gente. Deu muita repercussão, ajudou a levar nosso som pelo Brasil e nós passamos a utilizar o discurso dele na abertura dos nossos shows.  Então nós queríamos que isso fizesse parte do Modo Hard, porque continha o mesmo espírito bem humorado da maioria das canções, em especial da "Foi Mal". Extraímos algumas partes do áudio deste vídeo e demos uma "remixada" na coisa toda. Ficou bem legal, a galera vai se amarrar.

Em termos de referência de som, que bandas inspiraram vocês e o produtor na gravação do álbum?

BS: Nós estávamos em busca de uma identidade própria na sonoridade, nos timbres, na mixagem. Era uma preocupação especialmente do André T. E pra chegarmos em algo interessante, colocamos tudo o que já ouvimos na vida em um liquidificador criativo. Então as referências vinham de todos os lugares. Nos backing vocals de "Caroline", pensamos nos Beatles. Nas percussões de "Só Que Não", pensamos em Michael Jackson. Nos efeitos de vozes de "O Mundo Não Sorri Pra Gente Como Eu", nos baseamos em uma música dos Racionais MC's. Procuramos um timbre de bateria forte como o do Foo Fighters e uma interpretação vocal divertida como a dos Mamonas. E por aí vai.



NUETAS

Callangos & Limbo

Hoje tem Callangazoo e Limbo (Alagoinhas) no Quanto Vale o Show?. A primeira retorna de giro pelo interior no qual lançou o EP Dipatchara. Já o quinteto  Limbo, de acento indie pós-punk, lança sua estreia, o EP Milequatro. 19 horas, pague quanto quiser.

Tabuleiro em Itapuã

Também hoje as bandas Tabuleiro Musiquim e Giramente se apresentam no  Villa Bahiana (Largo de Cira, Itapuã), dentro do evento Terça em Movimento. 20 horas, R$ 10.

Templo do metal 1

A night do metal nesta sexta-feira no Taverna Music Bar tem Maddög, Quinto dos Infernos e Vermis Mortem. Aliás, parabéns ao Taverna pelo espaço aberto ao heavy metal local. 22 horas, R$ 15.

Templo do metal 2

Os lordes da escuridão do Malefactor se apresentam no domingo (dia 13, cartaz ao lado) com as bandas – igualmente malignas – Miasthenia e Vermis Mortem (ih, olha eles de novo!). O massacre está previsto para começar às 15 horas,  ingressos a R$ 30. Seus tímpanos estourados ou sua grana de volta.

PODCAST ROCKS OFF (AGORA NO IÚTCHUBI!) DISSECA VOL. 4

Do Flickr de Erin & Eric Aldrich
Os senhores Nei Bahia e Osvaldo Braminha Silveira Jr. transferiram o podcast Rocks Off para o You Tube.

Em seguida, calçaram suas luvas cirúrgicas para dissecar Vol. 4 – para muitos, o melhor álbum de uma das melhores bandas de rock de todos os tempos: Black Sabbath.

Só não digam isso para o Keith Richards...





segunda-feira, setembro 07, 2015

OS DOZE PASSOS DE RENATO RUSSO

Diário escrito em clínica de reabilitação expõe alma destruída do líder da Legião Urbana


Primeiro de uma série de livros que trarão a luz os escritos de Renato Russo (1960-1996), Só Por Hoje e Para Sempre: Diário do Recomeço deverá interessar a basicamente dois tipos de público: fãs do cantor (e da sua banda, Legião Urbana) e adictos em recuperação.

Organizado pelo jornalista Leonardo Lichote, o livro traz a íntegra dos diários do cantor durante sua internação na clínica de reabilitação Vila Serena (Rio de Janeiro), entre abril e maio de 1993.

Excetuando-se pela capa feia de doer, a edição é bem cuidada, com a tipografia toda em azul escuro, notas explicativas e fac-símiles dos desenhos e planos de tratamento escritos de próprio punho por Renato espalhados por suas páginas.

Mais do que qualquer coisa, Só Por Hoje e Para Sempre é um documento revelador da intimidade profunda de homem extremamente sensível e de humor volátil, que naquele momento estava com sua alma destruída pelas drogas, álcool e carência afetiva.

É até de se perguntar se, vivo fosse, o autor concordaria com a publicação de material tão íntimo, tão confessional, autorizado pelo seu único descendente, o filho Giuliano Manfredini.

Amor platônico e cigarros

Por outro lado, para os fãs de Renato e da Legião, o livro tem muitos atrativos, já que, ao longo de diversas páginas, o autor analisa, como parte do seu tratamento, detalhes de bastidores da banda e de sua vida (com ênfase nos vícios e comportamentos autodestrutivos, claro) que restariam desconhecidos, caso não fossem publicados.

Uma revelação curiosa é sua confissão de amor platônico pelo guitarrista da Legião, Dado Villa-Lobos – um sentimento até bonito (já que o moço era casado), da forma como ele o descreve: “Muitas vezes resolvi problemas e encontrei soluções criativas, só porque Dado ficaria feliz. Acho que ele percebe alguma coisa, mas não deixamos que isso venha a ser realidade – só quero que ele esteja feliz, porque ele merece”.

Desenho de Renato 
O seu conhecido caso de amor com um rapaz norte-americano, chamado aqui apenas de “S”, também tem espaço, como por exemplo, quando Renato analisa sua tendência de   fantasiar demais: “Também tenho que tomar cuidado, pois vejo em mim uma tendência a deixar que lembranças eufóricas transformem o passado em um sonho ideal, quando na verdade nosso relacionamento sempre foi difícil e as duas últimas semanas em que estivemos juntos, especialmente insuportáveis e dolorosas”.

Especialmente chocante é a descrição de um período bem baixo-astral do ídolo: “Em agosto de 1990, quando estava morando no Marina Palace Hotel, no Rio de Janeiro, e alternando meu uso de álcool com heroína (os dois juntos não combinam), passei uma noite me queimando no rosto e nos braços com cigarros acesos”, escreve.

AA e NA

Apesar de ter terminado como terminou – destruído pela AIDS, três anos depois de escrever este diário – a internação de Renato Russo, foi , de certa forma, bem sucedida, dando novo fôlego ao ídolo, para continuar cantando e compondo pelos anos que se seguiram.

Por isso, talvez – só um especialista pode dizer com certeza – Só por hoje e para sempre pode ser uma boa leitura para alcóolatras e viciados em recuperação, ou que estejam pensando em iniciar um tratamento.

No livro, Renato detalha bem o que viu e viveu na clínica e nas reuniões do AA (Alcóolicos Anônimos) e do NA (Narcóticos Anônimos) que frequentou, sempre com uma atitude muito positiva e esperançosa, o que pode servir de incentivo para quem vive esse drama.

Só por hoje e para sempre é um livro curto e de fácil leitura, especialmente para quem é fã do autor, que buscava, ao escreve-lo, alcançar um pouco de luz em uma vida bastante sombria e complicada.

Só por hoje e para sempre: Diário do recomeço / Renato Russo / Companhia das Letras / 168 p. / R$ 34,90 / E-book: R$ 23,90

sexta-feira, setembro 04, 2015

A MISSÃO É ENTRETER

Estreia: O Agente da U.N.C.L.E., de Guy Ritchie, retoma antiga série de TV com potencial para  franquia

A despeito do seu apelo nostálgico, adaptações cinematográficas de séries de TV de sucesso são sempre uma aposta alta: se a busca for para agradar  aos fãs mais antigos, corre-se o risco de alienar o grande público – sendo o inverso também verdade.

Em O Agente da U.N.C.L.E., o diretor Guy Ritchie caminha com certa habilidade nessa corda bamba.

Adaptação da série norte-americana da rede NBC, exibida nos EUA entre 1964 e 1968, O Agente da  U.N.C.L.E. era um produto típico da sua época, criado na esteira do sucesso dos filmes de James Bond: um drama de espionagem e aventura em meio a Guerra Fria e a ameaça nuclear, protagonizado por dois agentes secretos, o norte-americano Napoleon Solo e o russo Illya Kuryakin.

Já o filme de Guy Ritchie (diretor dos filmes do Sherlock Holmes com Robert Downey Jr.),  é mais um típico produto do seu diretor: um blockbuster milionário, dirigido com sua habitual mão pesada, a qual costuma privilegiar o estilo antes de qualquer coisa.

Ainda assim, Ritchie acertou a mão em alguns pontos, como manter a ambientação nos anos 1960, conferindo ao desenho de produção (cenários, figurinos etc) o charme típico da mais psicodélica das décadas.

Acertou também no roteiro, ao mante-lo mais ou menos simples, sem tantos detalhes confusos como nos filmes do Sherlock Holmes, o que ajuda a manter o interesse do espectador aceso nas suas quase duas horas de duração.

Outro acerto é o tom: irônico, bem-humorado, sexy e violento, como, aliás, são os outros filmes do diretor.

De resto, é bobagem buscar profundidade ou metáforas neste tipo de filme – até por que não é sua função. Os protagonistas, interpretados por Henry Cavill (o criticado Superman de O Homem de Aço) e Armie Hammer (O Cavaleiro Solitário), apesar de muito charmosos, são rasos como um dry-martini.

Resgate em Berlim

Para o bem ou para o mal, a dinâmica dos chamados buddy-movies (filmes de parceiro) está toda lá: Napoleon (Cavill) e Kuryakin (Hammer) começam o filme em lados opostos, tentando literalmente matar um ao outro.

Mas quando a ameaça comum surge, os dois são obrigados se unir, criando uma tensão que oscila entre a pirraça e o respeito mútuo.

A trama começa em Berlim, logo após a construção do Muro que dividiu a cidade entre Ocidental e Oriental.

Napoleon precisa resgatar, do lado Oriental, uma garota (Alicia Vikander) que é filha de um cientista ligado aos nazistas da 2ª Guerra, o qual estaria empenhado na criação de uma arma que pode desequilibrar a balança do poder na Guerra Fria.

Sem que ele saiba, Kuryakin também está lá, com a mesma missão.

Após uma sequência de abertura eletrizante, com um balé automobilístico pelas ruas de Berlim, o trio parte para a Itália, onde se defrontará com uma organização criminosa obscura nos cenários luxuriantes de Roma e Nápoles.

No fim das contas, O Agente da  U.N.C.L.E. cumpre bem sua missão de entretenimento escapista, segurando com habilidade o espectador nas suas duas horas de projeção.

Em tempo: outro destaque do filme é a incrível trilha sonora spy-jazz de Daniel Pemberton, que ainda inclui uma canção do Tom Zé, Jimmy Renda-se, além de Nina Simone, Roberta Flack, o ítalo-americano Louis Prima etc.

O Agente da UNCLE (The Man From U.N.C.L.E., 2015) / Dir.: Guy Ritchie / Com  Henry Cavill, Armie Hammer e Alicia Vikander / Cinemark, Cinépolis Bela Vista e Shopping Salvador Norte, Espaço Itaú de Cinema - Glauber Rocha, UCI Orient Shoppings Barra, da Bahia e  Paralela / 12 anos

quinta-feira, setembro 03, 2015

WALTER BLANDING TRAZ KNOW-HOW DA LINCOLN CENTER ORCHESTRA A SALVADOR

Jazz: Membro da mais importante big band da atualidade faz oficina e jams

Mister Walter Blanding e seu sax tenor. Foto: Richard Corman
Aos 44 anos recém-completos (no dia 14 último), o saxofonista norte-americano Walter Blanding é um dos nomes em ascenção no cenário do jazz mundial. Nesta semana, ele está em Salvador para ministrar uma master-class e participar de sessions com músicos locais.

Natural de Cleveland, Ohio, Blanding, pelo que se vê (e ouve) na internet, demonstra muito swing, técnica e elegância com o sax tenor pendurado no pescoço.

Não a toa, é membro daquela que é, possivelmente, a mais importante big band do planeta hoje, a Jazz at Lincoln Center Orchestra, coordenada por ninguém menos que Wynton Marsalis – cujo quinteto ele também integra, além de já ter tocado com lendas da música, como Isaac Hayes, Paul Simon, Crosby Stills & Nash, Willie Nelson, Aretha Franklin e orquestras em Londres, Paris, Los Angeles, Berlim e outras.

"Fiz uma turnê curta com o Isaac, éramos um quinteto, e foi divertido. O interessante sobre colaborações com outros tipos de música combinado ao jazz é que é uma experiência sempre cheia de surpresas. Já colaborei com muitos outros tipos de música e músicos que normalmente não tocam jazz, como Paul Simon, Crosby Stills & Nash, Wilie Nelson, Aretha Franklin,  Cleveland Symphony Orchestra, Boston Pops, New York Philharmonic, Los Angeles Symphony, Paris Radio Orchestra, London Symphony,  Berlin Philharmonic, Oddaada (música de Gana), Tango e muitos outros", conta Blanding, em entrevista por email.

Para a oficina Jogos de Improviso, que ele ministra ministrou hoje ontem, no Piso C do Teatro Castro Alves, Blanding avisa que vem preparado para o que der e vier: “Venho para a oficina sem qualquer predisposição específica. A experiência tem me mostrado que é melhor não pressupor nada”.

“Vamos abordar um monte de coisas básicas em um curto período de tempo: por que a música é importante, harmonia, ritmo, fraseado, improvisação e muito mais. Não posso prever o futuro, mas estou muito animado quanto a essa experiência junto aos músicos locais”, acrescenta.

Além de ensinar e aprender com os músicos locais, o saxofonista também demonstra disposição para conhecer mais sobre a Bahia: “Estou também ansioso para aprender sobre a vasta riqueza da música e da cultura da Bahia, e também para compartilhar a profundidade do jazz. Uma coisa é certa, a oficina será uma experiência inesquecível e prazerosa para todos nós”, afirma.



Trabalho duro e diversão

Como em qualquer forma de atividade humana, Blanding acredita que também na música a troca de informações entre músicos de diferentes origens e é algo essencial: “O compartilhamento da cultura, por meio da música, ao redor do mundo, é muito importante. Nos últimos 25 anos eu tenho viajado tocando, ensinando e aprendendo pelas Américas do Norte, do Sul e Central, pela Europa, África, Oriente Médio, Ásia e Austrália”, conta.

“Durante todo este tempo, uma das lições mais significativas que aprendi é ter a cabeça e o coração abertos para permitir a possibilidade de experimentar as muitas coisas que temos em comum, assim como para apreciar nossas diferenças. Esta interação e compreensão da condição humana básica vai muito além do escopo da música”, filosofa.

Blanding começou a aparecer para o público apreciador do jazz a partir de 1991, quando lançou seu primeiro álbum, Tough Young Tenors, considerado um dos melhores discos do gênero pela crítica naquele ano. Em 1998, tornou-se membro da Jazz at Lincoln Center Orchestra.

“A Jazz at Lincoln Center Orchestra é uma big band com 15 excelentes músicos. Tenho sido parte desta banda por 18 anos”, conta.

“A maioria dos músicos, incluindo eu mesmo, também escreve e toca novas composições para a banda. Amo tocar com este grupo, e nunca paramos de aprender. É um desafio contínuo e trabalho duro, mas também divertido”, diz.

Temporada em Tel Aviv

Há alguns anos, o saxofonista se mudou para Israel, estabelecendo-se em Tel Aviv, onde atuou, com forte impacto na cena do jazz local, chegando a ser chamado de Embaixador do Jazz em Israel, pela revista Newsweek.

"As circunstâncias da minha vida na época me levaram a Israel, mas poderia ter sido em qualquer outra parte do planeta. Durante minha temporada por lá, meus esforços tiveram uma forte influência na cena do jazz local, e ajudaram a mudar a música em termos da compreensão do que é o jazz", afirma.

“Há grandes músicos em Israel, alguns dos quais ensinei por um breve período. Mas a grandeza desses músicos não é só resultado da minha influência. É também um resultado do desejo de cada um pela grandeza e expressão honesta que vem do fundo de suas almas. Isto é algo que podemos encontrar em todos os cantos do mundo”, conclui Blanding.

Agenda Walter Blanding em Salvador

Workshop Jogos de ImprovisoHoje, das 14h às 17 horas / Inscrições encerradas

Passo no Jazz / Hoje, das 18h30 às 21h30 / Com Ivan Huol (bateria), Bruno Aranha (piano), Alexandre Vieira (contrabaixo), Matias Traut (trombone) e Walter Blanding (sax) / Casa de Castro Alves (Rua do Passo, 52, Santo Antônio. Tel: 3178-2423) / R$ 10

Jam no Mam / Sábado, das 18 às 21 horas / Início de nova temporada / Museu de Arte Moderna da Bahia (Av. Contorno, s/n, Solar do Unhão) / R$ 7 e R$ 3,50

terça-feira, setembro 01, 2015

PARTE DE PROMISSORA CENA EMERGENTE, A HAO É PSICODÉLICA E TRANSCENDENTE

Amanhece no Rio Vermelho. HAO is in the house, bitch. Foto Iza Pinheiro
Salvador, uma cidade alucinante (no bom e no mau sentido - mais no mau, mesmo) tem visto ultimamente uma safra de bandas com forte influência psicodélica, como Van Der Vous, Teenage Buzz (ambas já vistas nesta coluna neste blog) e HAO, que é essa rapaziada na foto aí do lado.

No sábado passado, o quarteto lançou seu segundo EP, A Imoralidade das Rosas, em show no Dubliner’s, com a já citada Van Der Vous e Os Jonsóns, que também trafega neste circuito, dentro do NHL Festival, promovido pela revista underground Nihil, apoiadora de primeira hora desta  cena.

A primeira vista (ops, audição), a HAO é quase um revival do grunge noventista mais pesadinho, linha Soundgarden / Alice In Chains, mas a medida que o som vai avançando, nota-se outras influências, tanto atuais, quanto mais antigas: “Com certeza o Tame Impala tem sido uma grande influência em termos de psicodelia, mas não diria ser o motivo causador da nossa”, observa o vocalista Rodrigo Reis.

“Outros sons também se somam a essa aura, como os atuais Sleepy Sun, Mini Mansions e o mais recente LP do The Flaming Lips, The Terror, assim como todo o experimentalismo setentista  psicodélico e progressivo, como  Jethro Tull e Yes, à música ambiente, de sintetizadores analógicos e afins, como o Tangerine Dream e o grandessíssimo Robert Rich”, acrescenta.

Como se pode perceber pelo jorro de referências, os meninos não são fracos, não.

Transcendência, sapiência 

Dono de discurso tão psicodélico quanto sua música, ele crê que “vivemos emergentes tempos de quebra de paradigmas, de ressignificação de conceitos, de destruição e reconstrução filosófica e científica, de transcendência da sapiência humana. A psicodelia surge como reflexo da evolução, como consequência, como meio e também como fim”.

Parte integrante de uma cena emergente que já se configura como a mais interessante do rock local desde os anos 1990, Rodrigo é otimista: “Fomentadores como Big Bross, Brechó Discos, Rogério Gagliano, Irmão Carlos, Cairo Melo (NHL Produções), entre outros, e donos de casas como o pessoal do Dubliner’s Irish Pub – Messias Figueiredo e Roland Hollos – têm assumido a honrada responsabilidade de levar tudo isso aqui adiante”, diz.

Ao lado de Pedro Leonelli (guitarra), Pedro Canuto (baixo) e Igor Quadros (bateria), Rodrigo planeja levar o show da HAO para o interior do estado e além: “Temos planos de tocar em Alagoinhas, possivelmente em Feira de Santana e Lauro de Freitas. Correremos atrás de shows e festivais também fora daqui, como em Sergipe, Paraíba e outros estados nordestinos. Estamos totalmente abertos às possibilidades de expansão de fronteiras e trabalharemos para isso. A HAO pode ser uma banda nova, mas já ansiamos pelo mundo. E ele que nos aguarde”, avisa o músico.

Ouça: www.facebook.com/haoband

ENTREVISTA COMPLETA: RODRIGO REIS

Breve histórico: como os membros se conheceram e formaram a banda: eram colegas de escola, da rua, do rock? Já tiveram outras bandas? 

A HAO sábado passado, no Dubliner's. Foto: Pedro Maia
Rodrigo Reis: Na realidade, a formação atual da HAO já é a sua terceira. Da formação inicial, só restamos eu e Pedro Canuto (Baixista). Éramos colegas de colégio, do Vieira, onde desenvolvemos o interesse de tocar juntos. Dos gostos musicais em comum, surgiu a ideia de aprofundarmos um pouco mais as Jams de escola, transferindo-as para estúdio. Sondamos alguns conhecidos na época, meados de 2012, e formamos uma banda, até então sem nome, sem quaisquer pretensões, a não ser de fazer um som com amigos aos finais de semana. Começamos, basicamente, tocando músicas dos Red Hot Chili Peppers, desde as mais antigas, da década de 80, até as mais conhecidas, dos anos 2000. De tanto absorver essa musicalidade, foi chegado o momento de pô-la para fora. Foi assim que compus as primeiras músicas da banda, como Popeye, Filthy Box e Blue Man (esta última em parceria com João Nuno, o então baixista). À medida em que ensaiávamos, apenas crescia a necessidade de produzir algo original, que apetecesse de forma mais plena aos anseios dos ouvidos e da alma. A partir dessa súplica e da influência de outros sons, como do Rage Against The Machine e Funkadelic, foi formando-se aos poucos a HAO e o seu primeiro EP, Apache Groove. No final de 2013, João Nuno se despediu da banda e Canuto (então guitarrista) assumiu o baixo, abrindo espaço para que Pedro Leonelli, então amigo de Canuto e conhecido dos demais, assumisse a guitarra, posição a qual mantêm até hoje com excelência. Foi em janeiro de 2014 que tivemos a notícia de que João Gabriel (Biel), então baterista, se mudaria para São Paulo para cursar Produção Musical. Assim, concretizou-se o primeiro EP, da necessidade de ter em mãos o material que vínhamos produzindo nos então 2 anos de banda, que poderia simplesmente evaporar-se com a saída de Biel, caso não fosse registrado. Gravamos o Apache Groove, de forma bastante direta, crua e honesta e demos início à caminhada em cima dos palcos, ainda com amigos, vez ou outra, quebrando galho na bateria, até encontrarmos Igor Quadros, atual baterista, conhecido também da época de Vieira, hoje acréscimo essencial para a sonoridade que vimos alcançando.

O som lembrou muito bandas grunge dos anos 1990, como Soundgarden e Liquid Jesus, entre outras. Foi nessa fonte que vocês beberam mesmo? 

RR: A aproximação com o grunge e gêneros adjacentes começou com influências como o Rage Against The Machine – principalmente - e, obviamente, Nirvana. Do Rage, tive contato com o som do Audioslave, superbanda dos anos 2000, cuja formação era, “basicamente”, os vocais absurdos de Chris Cornell do Soundgarden – grande influência pessoal – adicionados ao instrumental raivoso do Rage Against The Machine, encabeçado pelo grande Tom Morello. Como uma coisa leva a outra, acabei absorvendo também parte da musicalidade do próprio Soundgarden e de seus contemporâneos, como Alice In Chains, Kyuss e como, o já então conhecido, Primus – estes também, mas em proporções diferentes, influências dos outros integrantes da banda, em termos de peso.

HAO Foto Iza Pinheiro
Salvador tem visto uma nova leva de bandas de rock com influências claramente psicodélicas, como vocês, Van der Vous, Teenage Buzz (tem mais, mas agora não me ocorre). Por que isso, agora? Tem a ver com o surgimento do Tame Impala, Midlake e outras bandas nessa linha lá fora também? 

RR: Com certeza o Tame Impala tem sido uma grande influência em termos de psicodelia, mas não diria ser o motivo causador da nossa. Não exatamente. Acho que a psicodelia sempre esteve presente, mesmo que ainda como um embrião filosófico, que agora começa a se aflorar mais, em nós, em forma de música. Talvez esse afloramento esteja sendo acelerado e amparado pelo aparecimento dessas bandas e consequente reabertura de espaço e visibilidade à música psicodélica no mundo, mas acho que está mais relacionado à evolução sensitiva e intelectual pessoal a um nível transcendental. É algo que emana – e sempre emanou – de nós, internamente, com potencial para romper com as barreiras do corpo – leia-se estrutura física genérica, também musicalmente falando. Vem de uma força caótica e incontrolável de criar movimento, de instigar a mente e os sentidos, de conectar-nos todos através da arte, da música, das frequências, das ideias, de uma forma que é melhor entendida e absorvida, por sua profundidade e infinitude, se acontecer através da psicodelia, justamente, também, porque a psicodelia tem a capacidade de representar todo o potencial gigantesco de comoção que é próprio da música em si. Essa ideologia é perfeitamente compreensível se lembrarmos do Pink Floyd, influência mais que essencial em todo esse processo. Outros sons também somam a essa aura, como os atuais Sleepy Sun, Mini Mansions e o mais recente álbum do The Flaming Lips, The Terror, assim como todo o experimentalismo setentista, do Rock Psicodélico e Progressivo, como do Jethro Tull e Yes, à música ambiente, de sintetizadores analógicos e afins, como o Tangerine Dream e o grandessíssimo Robert Rich. E, por isso, tudo, agora. Porque vivemos emergentes tempos de quebra de paradigmas, de ressignificação de conceitos, de destruição e reconstrução filosófica e científica, de transcendência da sapiência humana. A psicodelia surge como reflexo da evolução, como consequência, como meio e também como fim.

Como está o cenário de shows e bares para tocar na cidade? Rola muita dificuldade para tocar? 

Ei, Rodrigo também toca sax! Foto Pedro Maia
RR: Na verdade, não. Apesar de Salvador ter fama de ser uma cidade pobre para o Rock e música alternativa, na realidade têm-se aberto um espaço muito importante e significativo para essa cena. Basicamente, não vê quem não quer. Fomentadores como Big Bross, Brechó Discos, Rogério Gagliano, Irmão Carlos, Cairo Melo da NHL Produções, entre outros, e donos de casas como o pessoal do Dubliners Irish Pub – Messias Figueiredo e Roland Hollos - têm assumido a honrada responsabilidade de levar tudo isso aqui adiante. E as oportunidades existem, é preciso estar atento e disposto a encará-las. Nós estamos e percebemos uma safra grande e crescente de artistas encarando essa realidade com mais ímpeto, não só em Salvador, mas em toda a Bahia. É só uma questão de tempo para que essa visão pequena do cenário soteropolitano e baiano caia por terra, porque as medidas para isso estão sim sendo tomadas e são perceptíveis para quem tem olhos.

Com o CD lançado, quais os planos da banda? Shows no interior, fora da Bahia e tal? 

RR: Depois de um excelente show de lançamento do novo EP, “A Imoralidade das Rosas”, no Dubliners, pretendemos sim e já estamos em articulação para levar o nosso som para além da capital. Temos planos de tocar no interior da Bahia, como em Alagoinhas, possivelmente em Feira de Santana e Lauro de Freitas, entre outras cidades, em breve. Correremos atrás de shows e festivais também fora daqui, como em Sergipe, Paraíba e outros estados nordestinos. Estamos totalmente abertos às possibilidades de expansão de fronteiras e trabalharemos para isso. A HAO pode ser uma banda nova, mas já ansiamos pelo mundo. E ele que nos aguarde.



NUETAS

Thiago Trad convida

O Quanto Vale o Show? de hoje tem o Bahia Experimental, do baterista Thiago Trad (Cascadura, Bailinho de Quinta). Ele convida DaGanja, Caveira (Lisergia), Tati Trad, Cadinho Almeida, Pedro Degaut e Enio. Hoje, Dubliners, 20 horas, pague quanto quiser.

Wander Wildner X4 X3

Wander Wildner volta a Bahia em miniturnê: Salvador (quinta-feira), Feira de Santana (sexta), Alagoinhas (sábado) e Camaçari (domingo). O mestre divulga o oitavo CD, Existe Alguém Aí?. Por aqui o show é no Dubliner’s, com Os Jonsóns e o DJ Bruno Aziz. 22 horas, R$ 20.

Cascadura no teatrão

A Cascadura faz mais um show (em grande estilo) da sua série de despedida: é o Laboratório Acústico na  Sala Principal do Teatro Castro Alves, no projeto Domingo no TCA. Domingo, 11 horas R$ 1.