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quinta-feira, setembro 17, 2015

MÚSICA NO VALE

Festival: Com dois dias de shows e oficinas, quinta edição do Festival de Jazz do Capão acontece amanhã e no sábado, com grandes atrações locais e nacionais

A realização é difícil, mas, a cada edição, o Festival de Jazz do Capão vai se firmando como um dos principais eventos do gênero na Bahia, com boas atrações locais e nacionais se apresentando gratuitamente naquele cenário privilegiado.

Nesta quinta edição, que conta com patrocínio da Petrobras e do Fundo de Cultura, o festival se desdobra em dois espaços: o Circo do Capão, onde serão realizadas as tradicionais oficinas e – novidade – um recital de piano por noite, a cargo de Ricardo Castro e André Mehmari.

O outro espaço é a praça da Vila do Capão, cujo palco receberá nomes acima de qualquer suspeita, como a cultuada cantora Joyce Moreno (como esquecer de Clareana?), o acordeonista Toninho Ferragutti, o guitarrista Jorge Solovera, o grupo de percussão Aguidavi do Jêje e o trompetista Joatan Nascimento (em show baile, para dançar).

Sem esquecer, claro, dos artistas do próprio Capão: Coral do Capão, Bando Passarim e Elixir Tafari, todos amanhã.

Preocupado com os incêndios que tem atingido o Parque Nacional da Chamada Diamantina nos últimos dias, o idealizador e realizador do festival, Rowney Scott, lembra da campanha ambiental que sempre acompanha o evento: “Começou a  época crítica de seca, então  mais do que nunca batemos nesse tópico: evitem vir de carro, não façam fogo,  não joguem lixo”, pede.

O acordeonista Toninho Ferragutti em foto de Dani Gurgel

“Tem que ter todo um cuidado para chegar sem impactar. Por que quando o festival não for mais uma coisa boa para o Capão, eu encerro com ele. Tem que entender que eu não sou um fazedor de festival. Eu sou um músico com uma relação de 25 anos com o Vale do Capão”, afirma  Rowney.

Feminina

Cultuada no exterior – tanto no circuito do jazz internacional quanto entre jovens fãs de música brasileira –, a carioca Joyce Moreno diz, por telefone, nem se lembrar mais quando foi a última vez que esteve na Bahia: “Nossa, tem séculos, uma vida”, admira-se.

“O repertório é o mesmo que fiz na minha última turnê mundial, misturando clássicos e material dos três últimos discos: Raiz (2014), Tudo (2012) e Rio (2011)”, conta.


Além do show e da oficina que ministrará no Capão, a cantora também participa de um show em homenagem a Tom Jobim no Teatro Castro Alves, no dia 24, com Toquinho, João Bosco e Jaques Morelenbaum.

“Devo ser uma das cantoras que mais gravou Tom Jobim. Já gravei umas 40 canções dele. Tenho  três CDs só com músicas dele”, afirma.

Joyce Moreno em foto de Myriam Vilas Boas
“Eu queria cantar Desafinado, que gravei recentemente no disco Raiz, mas o João Bosco já tinha escolhido. Então vou fazer O Mar,  que é uma raridade,  um trecho da Sinfonia do Rio de Janeiro”, conta.

Sobre o fato de hoje ser mais conhecida fora do Brasil do que dentro dele – apesar de ter tocado bastante em rádios em décadas passadas – Joyce encara isto como “um fato da minha vida. Tem essa abertura grande no exterior para toda música brasileira criativa. Sempre brinco que não faço MPB. Faço MCD: música criativa brasileira”, ri a  cantora.

"Já a história dos DJs (que remixam suas músicas para as pistas), pra mim, foi uma grande surpresa, algo bem inesperado. Eles espontaneamente se apaixonaram por uma determinada vertente da música brasileira que tem eu, tem o Marcos Valle, Azymuth, João Donato, uma música mais suingada. E aí começaram a tocar muito nas pistas em Londres, no Japão e tal. Uns (tocavam) com remix e outros sem. O importante era o suíngue natural das músicas. Mas eu trabalho muito também com a cena do jazz internacional. Esse ano mesmo já fiz vários lugares: Japão, Europa adoidado, é um publico aficionado de jazz, que entende o que eu faço como um jazz brasileiro", observa.



Apontada como uma compositora pioneira ao oferecer um ponto de vista essencialmente feminino em suas canções, Joyce conta que não foi algo planejado: “Eu tinha 18 anos quando saiu meu primeiro disco. Com o espanto geral, vi que era incomum, aí a ficha caiu. Mas foi bem espontâneo, porque não fazia sentido para mim cantar no masculino ou no neutro, eu sentia falta da voz feminina expressando meu próprio pensamento”, lembra.

Mesmo com tantos avanços conquistados pelas mulheres, Joyce sabe que ainda há muita misoginia mundo afora: "Isso sempre houve, mas tá mais explícito hoje em dia. Ontem teve aquele negocio do Femen com as meninas sendo espancadas, aquelas imagens me horrorizaram. Acho que a grande pergunta que fica é qual o grande medo que eles tem das mulheres? O que, afinal, ameaçamos tanto? Isso fica no  ar pra mim. Eu sempre acho que no dia em que todos os problemas sócio-político-religiosos forem resolvidos, quando não existir mais racismo, guerras religiosas etc, esse problema do gênero continuará, por que é interno, está entre quatro paredes", reflete.

Caminho estético ao piano

Ricardo Castro em foto de Jefferson Collacico
Responsável por um dos recitais de piano no Circo, o baiano Ricardo Castro fará em sua apresentação o “caminho estético” que o levou ao instrumento: “O repertório é montado na minha história de vida e de músico aqui no Brasil, antes de ir ao exterior: tem Chopin, Villa-Lobos, Debussy, Egberto Gismonti e obras minhas também”, conta.

Ricardo, que é diretor e fundador do projeto Neojibá, conta que já tocou em muitos lugares, portanto nem sabe dizer se esta é sua primeira vez ao piano em um circo: "Posso até ter tocado (em um circo antes), já que toco piano desde os 3 anos de idade. Já toquei até em uma gruta na Espanha, mas não ficaria surpreso de já ter tocado num circo. Mas se for a primeira vez, será com muita alegria pois gosto muito da Chapada Diamantina".

"O que também é muito legal nesses concertos que inclusive tenho feito com o Neojibá é o fato de ser a primeira vez que este repertório é apresentado nessas cidades, é uma estreia local, uma sensação muito particular de tocar pela primeira vez uma obra num lugar que envolve as energias, os fluidos, as pessoas. Eu sinto muito essa sensação com o Neojibá, mas mais aqui no Brasil. Como por exemplo, tocar uma sinfonia à beira mar, no sul da Bahia, como fizemos ano passado e que foi algo muito inusitado", conta.

Programação 2015 completa 

O palco sendo armado na Vila, em foto do Facebook do festival
Amanhã: Circo Capão / 9h30: Workshop com Luizinho do Jêje (percussão) / 14h: Workshop com Joyce Moreno (canto, violão, composição) / 19h: Recital de piano: Ricardo Castro 

Amanhã: Praça, a partir das 20h30 / Mostra Capão (Coral do Capão, Bando Passarim e Elixir Tafari), Jorge Solovera e Joatan Nascimento Sexteto 

Sábado: Circo Capão / 9h30: Workshop com Jorge Solovera (Guitarra) / 14h: Workshop com André Mehmari (Piano) / 19h: Recital de piano:  André Mehmari 

Sábado: Praça, a partir das 20h30 / Aguidavi do Jêje, Toninho Ferragutti Quinteto e  Joyce Moreno & Trio

15 comentários:

  1. ô TEMPO BÃO!

    https://www.facebook.com/90underbahia/photos/a.816333405059756.1073741828.816317891727974/1181872775172482/?type=1&theater

    E esse?

    https://www.facebook.com/90underbahia/photos/a.816333405059756.1073741828.816317891727974/1181177351908691/?type=1&theater

    Cara, que privilégio ter vivido esse tempo aqui em Salvador. Pelo menos isso essa cidadezinha já teve.

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  2. Nããããããããããããããããooo!!!!!!!!!!!!!!!!!!

    http://omelete.uol.com.br/filmes/noticia/circulo-de-fogo-2-pode-ser-cancelado/

    Why??? Oh, WHY, WHY, WHY, WHY?

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  3. Depois do Superman, Batman tb tem uma HQ criticando a violência policial nos EUA contra jovens negros:

    http://omelete.uol.com.br/quadrinhos/noticia/batman-edicao-da-hq-polemiza-ao-tratar-de-violencia-policial-nos-eua/

    É isso aí, tem que bater mesmo. Rendendo boas HQs (e geralmente rendem), esses temas tem mais que ser debatidos e refletir o que está acontecendo agora. Aliás, essa é uma tradição das HQs. Parabéns aos autores.

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  4. o do teatro miguel santana agora não tou lembrado...mas o da associação eu lembro BEM de ter ido no dia da master brain (a 1a banda baiana de rock que eu fui - sou - fã, Pj fundou Honkers comigo, morava na minha rua praticamente, na frente dela, André e Macello da cidade-baixa tb, os caras ensaiavam aqui perto...nunca vi ensaiando, mas já fui na casa q era de Macello e do mano dele, Marcinho, que eu vi o quarto de Marcinho e pirei, colei um monte de poster de rock no meu 4o, q só tinha uns porters de mulé pelada e conan)...lembro da úteros, num sei se aí foi o 1o show dos caras que vi, mas foi o 1o vocalista solo a fazer minha kbeça no palco...olhava pra Maurão e pensava "carajo, isso sim é que é performance", pois eu era fan dos pistols...e gostava de vocal com presença...lembro que se vacilar foi o 1o dia q vi os caras do dead billies, ou tinha visto antes, mas foi a 1a vez q vi de perto, achei o visual demais, aquilo mexeu comigo, achei foda...não sei foi como voltei pra casa, talvez meu pai me pegou...mas não era sempre que isso acontecia...lembro tb que gostei da heavy...zé colmeia e the flash...gostei do visú dos caras tb..embora não fosse o meu estilo...mas era fiel...e tocaram ac/dc...que na época não era demodê...de uns anos pra k virou cult...e motorhad tb...mas no final dos 90 era coisa de roqueiro doido...não lembro se fui no dia da Mercy, que gostava - gosto - muito, Léo é meu amigo até hj...cidade-baixa tb...aliás, metade dessas bandas aí são oriundas daqui...ou tinham integrantes...de todas só a head e a mercy que continuam...a the cross eu gostava tb...

    putz...voltei no tempo...época FODA!
    se eu achar como voltar no tempo, bora chico?

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  5. http://bloginzine.com.br/site/?p=3201

    belo texto de Léo Cimah sobre uma bandinha local!!!

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  6. Legal demais, Sputter! Vcs merecem! Só falta saírem da toca e se juntarem às nova geração de boas bandas que tem aparecido porraí. Com certeza, vcs tem muito a ensinar - e por que não, tb a aprender! (Nunca paramos de aprender, como vc, um leitor voraz, bem sabe).

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  7. come eu lá ele...hheheehhehe...sou leitor voraz nada...queria ser mais...deveria...mas deixo-me abater...em relação as banda novas...tocamos sim...vai rolar um com a HAO, te digo em 1o mão, os caras entraram em contato comigo...só falta é os porra da banda terminarem de gravar o bendito disco...terminar de mixar...num guento mais...cheio de música na cuca pra nada...nos últimos anos tocamos mais fora de Salvador (E da Bahia).
    Gosto mais das bandas novas daqui do que do mundo...e aprender é sempre bom...renovar a cuca véia!!

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  8. Pelo jeito,a Marvel tem grandes, grandes planos para Dentinho, o cachorrão teleportador dos Inumanos.

    http://www.bleedingcool.com/2015/09/16/will-lockjaw-be-marvels-next-rocket-raccoon/

    Com o filme dos Inumanos previsto para sair daqui uns três ou quatro anos, os caras tão com o olho comprido bem afiado pra cima do dogão!

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  9. https://br.noticias.yahoo.com/adolescente-mu%C3%A7ulmano-%C3%A9-detido-nos-eua-confundirem-rel%C3%B3gio-164347029.html

    come armageddon, come...já dizia Mozz...

    os comentários são os "melhores"...pq não chamaram o professor ou o responsável que ia fazer a feira, pra tirar o mal entendido?

    Só podia ser no Texas...e nos EUA...mas Ernesto vai dizer alguma coisa...diga Ernestones...heheheh

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  10. Bem-feito. Sendo ele um seguidor de uma religião criminosa, supremacista, desumana, monstruosa, insana, psicótica, estúpida, preconceituosa, doentia e IMORAL, todo sofrimento pra ele é pouco.


    Eu acho repugnante que tantas pessoas cultas, eruditas e com formação universitária que odeiam o Cristianismo (com razão) ficam defendendo o Islamismo, que tem os mesmos vícios e cometeu os mesmos crimes do Catolicismo, numa escala 10 vezes maior e numa intensidade mil vezes pior.


    Inclusive mulheres que se dizem feministas e defensoras dos Direitos Humanos, mas que defendem os piores inimigos das mulheres e os maiores violadores desses mesmos Direitos Humanos.

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  11. Quanto á suposição de que "Só podia ser no Texas...e nos EUA"


    É verdade, porque NÃO FIZERAM MAL NENHUM ao sujeito, que foi liberado em seguida.


    Se fosse num país ISLÂMICO, ele estaria condenado á pior das mortes, nas mãos de seus próprios correligionários muçulmanos, caso tivesse sido detido por um governo de uma facção islâmica diferente.


    Por exemplo, se fosse um governo Sunita Radical como o estado Islâmico, e o cara fosse um Xiita, Yazidi, Ayaulita, Curdo... ou mesmo um Sunita Moderado.


    Provavelmente o teriam TRITURADO ou o queimado vivo.


    Mais ou menos como os cristãos costumavam fazer uns com os outros, ou contra os judeus e pagãos, ou suspeitos de bruxaria.

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  12. Esse é o Ernesto que eu conheço!!!

    ~=o)-

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  13. Essa canção e letra tem mais de 10 anos...mas é tão atual...



    Gravado Ao Vivo no Vértice Estúdio - Salvador/Bahia.
    Dezembro de 2004.

    Letra & Música: The Honkers.

    The Honkes - PEOPLE LOVE HATE:

    People love to hate
    your work, your life, hate in everywhere.

    People love to hate
    your love, your body, your new affair.

    All they do is talk about their hate
    and i hate them too.

    People love to hate
    your look, your dress, your mega-hair.

    People love to listen to the same songs
    they´re all the same.


    All they do is talk about their hate
    and i hate them too.

    pra ouvir:


    https://www.youtube.com/watch?v=xYPqM8bcsbk

    E o que eu mais gosto nela, que não lembro se foi espontâneo ou pensado...mas é que o fato d´eu odiar eles tb...faz-me um ser como qq um outro...um odiador...mas não tão obsoleto quando os que eu odeio...eu acho

    ps.: Substancial Damage do Keith é bem na pegada de Jon Spencer...que é na pegada de outros black rockers...

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  14. http://outraspalavras.net/brasil/judith-butler-queer-para-um-mundo-nao-binario/

    não tenho mais saco pra isso...pra mim kd um ama...trepa com quem quer, se a outra pessoa querer tb...é o que quiser...chama-se do que quiser...nem li direito...mas gostei da parte que fala de que existe diferenças biológicas entre homem e mulher...porque já vi muitas feministas dizerem que não...

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  15. cara...esse disco do Daniel Norgren tá bom viu...e já tem uns bons meses lançados...

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