Mostra Pererê do Brasil, na Caixa Cultural, recupera personagem clássico criado por Ziraldo em 1960
Criado em uma época de grande polarização política e inovação artística (1960), Pererê, do Ziraldo, marcou época com sua abordagem para crianças do folclore e de questões ecológicas do Brasil.
Amanhã, o cartunista mineiro estará na cidade para a estreia nacional da exposição Pererê do Brasil.
Em cartaz até 29 de novembro na Caixa Cultural, a mostra exibirá os personagens em tamanho ampliado, histórias completas, capas restauradas, edições originais, pranchas com desenhos inéditos e quadrinhos animados.
Marco dos quadrinhos brasileiros, Pererê é hoje visto por estudiosos como Moacy Cirne como o equivalente em HQ às grandes manifestações culturais da época, como a bossa nova e o Cinema Novo.
De fato, pois o mesmo princípio nacionalista que guiou Glauber Rocha e Tom Jobim, guiou também Ziraldo em sua criação.
“Na época, eu trabalhava (na revista) O Cruzeiro, um veiculo mais poderoso do que a Globo é hoje”, conta o cartunista, por telefone.
“Daí que tava rolando, no começo dos anos 1960, uma nacionalização geral: reforma agrária e urbana, Cinema Novo, poema/processo (movimento literário pós-concretista), artes de vanguarda. Era uma euforia danada para reescrever o Brasil”, relata.
Inocência perdida
Um dia, Ziraldo foi abordado pelo diretor financeiro d’O Cruzeiro: “Ele veio e disse, ‘Ziraldo, acho que esse século vai acabar socialista’. Daí ele não poderia mais publicar HQs estrangeiras, como Bolinha e Riquinho. ‘É melhor eu prevenir e fazer uma HQ brasileira para poder publicar n’O Cruzeiro’, eu pensei na época”.
Lançada em janeiro de 1960, a revista Pererê teve 43 edições escritas e desenhadas exclusivamente por Ziraldo, circulando até – justamente – abril de 1964, mês do golpe militar.
"Eu fazia (a revista) com três meses de antecedência. Quando foi em janeiro (de 1964), o editor já estava conspirando com a direita: 'Olha que esse país não vai acabar socialista, tá muito caro fazer o Pererê e tal'. Tinha que pagar fotolito etc. Era mais caro (de produzir) do que quatro revistas americanas. (O Pererê acabou) foi exatamente por causa do golpe, senão eu tava aí até hoje, estaria tão famoso e rico quanto a Turma da Mônica. O Maurício (de Souza) começou comigo, começamos juntos, praticamente. Mas o Pererê continua na memória e a mostra é muito bem feita", relata.
“Mas aí (quando o Pererê acabou), fui pra casa chorar e pensar na vida. Anos depois, me juntei com amigos na fundação d’O Pasquim”, conta.
Agora, associado ao produtor conterrâneo Tarcísio Vidigal, o qual já assinou a produção dos filmes Menino maluquinho (1995) e Menino maluquinho II: A aventura (1998), Ziraldo planeja uma animação em longa-metragem do personagem: “Pererê não chegou a existir na ditadura, morreu antes. Como é um personagem muito forte do nosso folclore, protetor da fauna, muita gente se esforça pra manter essa memória viva, como esse menino que produziu o filme do Menino Maluquinho, Tarcísio. Ele está com um projeto de desenho animado”, diz.
Ao longo dos anos, o Pererê foi diversas vezes revisitado, gerando seriados, especial para televisão (TV Cultura), LP, musical de teatro, livros didáticos, selo e mesmo uma nova revista, pela Editora Globo, nos anos 1990.
“Essa segunda fase não teve tanta graça, não era só eu fazendo”, diz Ziraldo.
“Hoje, não faria mais HQs do Pererê, perdi a inocência. Agora eu tô sabido, não vou conseguir essa pureza de novo. Fazer um desenho animado me interessa mais”, afirma.
Recentemente, Ziraldo se envolveu (ou foi envolvido) em mais uma dessas polêmicas de Facebook, quando deu sua opinião sobre o beijo de Fernanda Montenegro e Nathalia Timberg em uma novela da Globo, tornando-se alvo de muita censura nas redes sociais.
"(A censura) Na ditadura você percebia que era censura e essa era a intenção deles. Já a internet é tao livre quanto uma parede de banheiro público: o cara pode escrever o quiser, tem espaço para todo mundo. (Antigamente), Quando você tinha um protesto a fazer, você escrevia uma carta para o jornal. Hoje, não gostou, não precisa escrever uma carta, você bota na internet, como todo mundo. Quem produz arte está exposto, entregue a multidão, pode ser linchado por qualquer multidão. O que desmoraliza é a palavra escrita. Como todo mundo pode chegar na internet e dar opinião, mas ela quase sempre não tem profundidade, só revela a má qualidade do ensino brasileiro. Tem muito mais gente ignorante do que culta no mundo e na internet é a mesma coisa, qualquer um pode entrar e falar. A opinião da turba sobre Chico Buarque é inacreditável. Antes você tinha que escrever uma carta para editor. Mas a censura da ditadura, toda censura é horrível, é o poder que quer que você se comporte assim ou assado. Já a censura da internet é contaminada: pode ser por inveja, pode ser por tudo, não tem consistência. Mas é muito triste, por que revela que tem muito mais gente ignorante do que sábia por aí", conclui Ziraldo.
Pererê do Brasil, de Ziraldo / Abertura: amanhã, 19 horas, com a presença do autor / Visitação até 29 de novembro, das 9h às 18h, terça- feira a domingo / CAIXA Cultural Salvador (Rua Carlos Gomes, 57, Centro) / Gratuito
Putz...mas o Ziraldo peidou na farota no comentário sobre a Fernanda...pode até dizer que tem muita gente vendo preconceito em tudo...mas sinceramente não entendi...porra, é uma história...quem num quer num vê...pode até não gostar...blz...é um direito seu...mas eu não entendi a crítica...não vi argumentos mais profundos para a crítica dele...e olha que não sou gay...e não defendo bandeira mais de ninguém...mas não acreditei na crítica rasa q ele fez...
ResponderExcluirDesnecessário, para dizer o mínimo.
ResponderExcluirNenhuma pessoa com 50% de um cérebro iria desperdiçar tempo ou dinheiro lendo excrementos como Bostinha e FuRiquinho.
ResponderExcluirO diretor financeiro d’O Cruzeiro nos brindou com mais uma dose da merda no lugar do cérebro que acomete 100% dos editores brasileiros. Nunca foi tão auto-evidente o despreparo e a falta de visão dos ratos de terno que dirigem esse país. Na política ou nos negócios, estamos há 500 anos sempre nas mãos dos piores.
Artigo equilibrado, sobre temas difíceis e de equilíbrio precário. Polêmicas e ideologias tratadas com objetividade por Chico Castro Jr. Parabéns.
ResponderExcluirFalando em total falta de credibilidade (e mesmo de respeitabilidade) que acomete 99% da grande imprensa musical em seus maiores veículos:
ResponderExcluirDepois que a revistelha Rolling Stone brasileira se consagrou como o órgão excretor de mídia ao erigir mensalmente mais um monumento á mediocridade reinante neste país, trazendo na capa o falecido playboy vagabundo Cazuza (que por uma incrível coincidência era o filho do diretor da gravadora Som Livre e sobrinho-neto do dono das organizações Globo, Roberto Marinho) e anunciando com infinita cara-de-pau que aquela privada ambulante era "o maior POETA do rock brasileiro"...
...Já estamos aguardando para a próxima edição-excremento a consagração da latrina falante Preta Gil como "a maior FILÓSOFA da música popular brasileira".
É por isso que quando alguém me oferece uma assinatura da revista Rolling Stone eu sempre respondo: "Não precisa, o meu cachorro limpa o cu com jornal mesmo. O papel é mais macio, e a tinta quase não sai."
E olha que eu nem tenho cachorro.
Falando em Preta Gil (Não tenho nada contra ela, nem a favor, muito pelo contrário):
ResponderExcluirhttps://br.celebridades.yahoo.com/post/130069756100/bela-gil-revela-que-seu-marido-teve-um-caso-com
Puxa, tanta gente boa fazendo trampo legal e o "jornalismo" deles se atende a isso...até mesmo sobre alimentação e tal...já que tão falando da Bela Gil...mas me colocam isso...e eu otário ainda clico...
ENFIM: a Deusa do Rock de Soterópolis LYGIA CABUS canta AO VIVO em um vídeo no Youtube. São apenas 48 segundos captados por celular. Prova suficiente de que basta uma banda afiada e a estrela pode brilhar como nos bons e velhos tempos da Treblinka, da Blue Velvet e do THC - Típicos Habitantes da Cidade. Que venha então um video com show completo da próxima banda da rainha dos palcos Lygia Cabus.
ResponderExcluirLigia Cabus com a Revivals Blues Rock
https://www.youtube.com/watch?v=iNywnZvn8Qg
Ora, Sputter, não seja por isso: você devia ter assistido o vídeo deletado do Youtube, de um show em que Preta Gil relincha á plateia sobre qual é a parte mais importante do corpo dela, e a multidão completa a frase, enquanto ela aponta o dedo para o dito cujo:
ResponderExcluir"MEU..."
"...CU!"
"Tô fudida!..."
Tudo isso na presença do pai, que está ali como guitarrista da banda bunda.
...e no palco, quando alguém pergunta ao então ministro da Cultura Gilberto Gil se foi essa a educação que ele deu á filha, ele responde com um sorriso amarelo:
"Ah, é isso, a pessoa tem que se libertar, né?..."
Mais tarde, a filha do então ministro da Cultura se superou: num programa de TV, Preta Gil enfiou um cartão de crédito no cu.
E aí, Sputter? Nada contra, nem a favor?