Com DVD ao vivo recém-lançado, cariocas da Ponto de Equilíbrio se apresentam na cidade no dia 18, com Natiruts, Criolo e Jau
Cena independente por natureza, o reggae brasileiro tem na banda carioca
Ponto de Equilíbrio (foto: João Paulo Racy) um de seus expoentes mais
fiéis às raízes rastafári do gênero.
Com show em Salvador marcado para o dia 18, a banda está em plena turnê de lançamento do DVD Juntos Somos Fortes, recém-lançado.
No vídeo, a força roots da banda surge plena, com tudo o que caracteriza o estilo: chacundum malemolente, louvações à Jah (há até uma oração) e Hailê Selassiê, à ganja e à Mãe África.
Se, para quem não é exatamente fã, a coisa toda pode soar meio clichê, isso não importa muito à imensa base de fãs angariada na trajetória desta banda da Vila Isabel, que completa 15 anos em 2014.
“Este é um trabalho do qual nos orgulhamos bastante”, afirma o baterista, compositor e letrista Lucas Kastrup.
“Ele veio coroar esses 14 anos de banda após três CDs, trazendo o registro de um show, com a performance da banda ao vivo no palco e o contato com o público. Somente um DVD para registrar dessa forma”, diz.
No Circo Voador, a Ponto recebeu dois ilustres da cena carioca: Marcelo D2 e Lauro Farias (baixista d’O Rappa). “As presenças de Marcelo e Laurinho vieram abrilhantar ainda mais este show único”, acredita.
“Nos extras, ainda é possível ver clipes com os jamaicanos do The Congos e Don Carlos, além de making of e um documentário que nós mesmos produzimos, intitulado Liberdade em Neves”, acrescenta Lucas.
No repertório de 18 músicas, todas as preferidas dos fãs, como Aonde Vai Chegar, Novo Dia e Janela da Favela, mais uma inédita. “Tentamos juntar as músicas que transmitissem um pouco de cada etapa da nossa trajetória, priorizando as mais cantadas por nosso público, além da inédita Estar Com Você, do nosso guitarrista Marcio Sampaio em parceria com o vocalista Helio Bentes”, conta.
Roots sem diluição
Diferente da maioria das bandas de reggae de sucesso popular, a Ponto de Equilíbrio tem a vantagem de não diluir a música, mantendo o peso e o suingue roots originais da Jamaica, com um toque brasileiro.
“O reggae acaba sendo o trilho no qual seguimos, a base da nossa construção, dentro da qual outros elementos oriundos do samba, do rap, da música africana e brasileira, do blues e do rock enriquecem nossa música, mantendo sua identidade, pois afinal existe uma raiz em comum entre todas elas”, diz.
“Acredito que falamos uma mensagem clara, sem arrodeios. Quem não conhece um vizinho ou outra pessoa para a qual gostaria de dizer ‘seu assunto principal é falar mal da vida alheia, mas isso é coisa feia’ (letra de Onde Vai Chegar)”, cita o baterista.
Para os muitos fãs soteropolitanos que aguardam o show no Wet ‘n’ Wild no dia 18, Lucas diz que “o público baiano com certeza se destaca pelo entusiasmo e interação no show”.
“Para nós é um lugar muito especial, desde muito jovens o som de Edson Gomes tocava nas nossas vitrolas e admiramos a cena reggae da Bahia, como um todo”, conclui.
Juntos Somos Forte / Ponto de Equilíbrio / Kilimanjaro Produções / R$ 30 / www.lojapontodeequilibrio.com.br
Luau Natiruts / Com Natiruts, Criolo, Jau e Ponto de Equilibrio / 18 de Janeiro, 20 horas / Wet´n Wild / Ingressos Pista: R$ 100 e R$ 50 / Camarote: R$ 150 e R$ 75
ENTREVISTA: LUCAS KASTRUP
Ficaram satisfeitos com o resultado do DVD? Saiu tudo direitinho como vocês esperavam?
Lucas Kastrup: Sim. Este é um trabalho com o qual nos orgulhamos bastante. Veio coroar esses 14 anos de banda que agora vamos comemorar. Após três Cds gravados o DVD Juntos Somos Fortes veio trazer o registro de um show, com a performance da banda ao vivo no palco e o contato com o público. Somente um DVD para registrar dessa forma. A presença de Marcelo D2 e do Laurinho d´ORappa viream abrilhantar ainda mais este show único no palco do Circo Voador, no Rio de Janeiro. Nos extras é possível ver video-clipes com a participação de jamaicanos como The Congos e Don Carlos, além do Making Of e de um documentário que nós mesmos produzimos, intitulado "Liberdade em Neves".
Qual foi o critério de seleção do repertório?
LK: A escolha não foi tão fácil pois ao tentar resumir 13 anos de caminhada em um único registro, nem tudo pode ser incluído, o que por outro lado nos estimula a pensarmos em projetos futuros. Tentamos juntar num mesmo show as músicas que transmitissem um pouco de cada etapa da nossa trajetória. Dessa forma o DVD traz um apanhado de nossos três álbuns, priorizando as músicas mais cantadas por nosso público desde o Reggae a Vida com Amor (de 2004), Abre a Janela (2007) e Dia após dia lutando (2010). O DVD Juntos Somos Fortes também conta com a música inédita "Estar com você", uma composição do nosso guitarrista Marcio Sampaio em parceria com o vocalista Helio Bentes.
Diferente de muitas outras bandas, vcs conseguem fazer sucesso popular sem diluir a música reggae, mantendo o peso e o suingue original jamaicanos, roots mesmo. A que se deve esse êxito duplo - artístico e comercial - de voces?
LK: Acredito que falamos uma mensagem clara, sem arrodeios. Vamos direto ao ponto e da forma que diferentes gerações conseguem assimilar e se identificar com o que falamos. Quem não conhece um vizinho ou outra pessoa para a qual gostaria de dizer "seu assunto principal é falar mal da vida alheia, mas isso é coisa feia". O reggae acaba sendo o trilho no qual seguimos, a base da nossa construção, dentro da qual outros elementos oriundos do samba, do rap, da música africana e brasileira,do blues e do rock enriquecem nossa música, mantendo sua identidade, pois afinal existe uma raiz em comum entre todas elas.
Volta e meia a Ponto de Equilíbrio está aqui em Salvador, participando de grandes eventos de reggae. Como é a relação de vcs com o público baiano? Tem algum artista do reggae baiano que vs curtem?
LK: Encontramos um público vibrante em grande parte do território nacional e mesmo fora do país. O público baiano com certeza se destaca pelo entusiasmo e interação no show. Para nós é um lugar muito especial, desde muito jovens o som de Edson Gomes tocava nas nossas vitrolas e admiramos a cena reggae da Bahia, como um todo.
O show começa com uma oração rastafari, correto? Os membros da banda são adeptos da religião? Como é ser um rastafari no Brasil? É uma religião aceita? Há locais de oração, como templos ou algo parecido?
LK: A banda se identifica com a filosofia e estilo de vida rastafari. Mas acreditamos que cada um de nós trabalha isso da sua forma, no dia a dia e então não pretendemos propagar uma forma única de ser rastafari. No Brasil ainda existe muito preconceito e falta de informação mas acreditamos que estamos trabalhando para transformar essa realidade. O rastafari original é ligado ao Nyahbinghi, a batida do coração no tambor. Essa é a forma de louvor que mais nos identificamos e colocamos em nossa música reggae, mas existem alguns grupos específicos como os Bobo Ashanty, as Doze Tribos de Israel e outros, que estão difundidos até mesmo dentro do Brasil. Respeitamos e nos consideramos irmãos de todos os grupos que levantam a bandeira de Rastafari, dentro ou fora do reggae.
O Rio de Janeiro, assim como o Maranhão, a Bahia e o Rio Grande do sul são celeiros de bandas e artistas de reggae no Brasil. Como está o movimento aí no Rio? Algum artista novo que vocês gostariam de recomendar ao público?
LK: Temos o grande privilégio de trabalharmos com o reggae, na estrada de Norte a Sul do Brasil. Em cada parte encontramos pessoas identificadas com essa tradição musical e com nossa mensagem. No Rio de Janeiro é sempre um local muito especial pois é onde tocamos com nossos amigos e entes queridos. Algumas bandas se destacam em um novo momento do reggae no Rio, tais como: Daniel Profeta, Filhos da Luz, Yute Lions, Força Viva Riddim e outras.
Blog (que, nos seus primórdios, entre 2004-05, foi de um programa de rádio) sobre rock e cultura pop. Hoje é o blog de Chico Castro Jr., jornalista formado pela Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia. Atualmente, é repórter do Caderno 2+ do jornal A Tarde, no qual algumas das matérias vistas aqui foram anteriormente publicadas. Assina a coluna Coletânea, dedicada à música independente baiana. Nossa base é Salvador, Bahia, a cidade do axé, a cidade do terror.
Páginas
▼
segunda-feira, dezembro 30, 2013
sábado, dezembro 28, 2013
LANÇADO NO BRASIL, 3º ROMANCE DE "STEPHEN KING SUECO" É DE GELAR OS OSSOS
John Ajvide Lindqvist, a vontade no ambiente de Domarö. Foto Maria A. Lindqvist |
Conhecido como o “Stephen King sueco”, Lindqvist mostra neste seu terceiro romance por que anda com a moral em alta entre o público leitor de romances de terror e suspense.
Assim como King, Lindqvist parte sempre do ponto de vista do homem comum para tecer suas tramas de mistério – o que ele faz com raro domínio e sem a menor pressa em envolver o leitor, também como faz a sua contraparte americana.
Com quase 500 páginas, o que pode assustar leitores de menor fôlego, A Maldição de Domarö é um livro difícil de ser largado de lado, depois de iniciada a leitura.
Novamente, é necessário citar o Rei do Terror norte-americano, já que assim como nas narrativas longas mais clássicas de King (O Iluminado, Christine, A Hora do Vampiro), A Maldição de Domarö se impõe na vida do leitor como uma febre, tornando-o “amigo” íntimo dos personagens e deixando-o ansioso para saber dos seus destinos.
Se isso não for boa literatura, ainda que seja de caráter francamente popular, fica a pergunta: então, o que é?
Levantada do chão
Assim como no último livro de Lindqvist lançado no Brasil – Mortos Entre Vivos, 2012 – A Maldição de Domarö mistura terror e suspense com boas doses de drama familiar.
Se em Mortos o drama era o de famílias que, de repente, tinham seus parentes falecidos (e em decomposição) batendo nas suas portas, aqui Lindqvist parte do misterioso desaparecimento de Maja, uma menina de seis anos, para tecer uma grande teia de subtramas em torno de uma ilha fictícia (Domarö) e seus habitantes.
Tudo começa em um dia gelado de inverno, quando o casal Anders e Cecilia e sua fiha, Maja, vão passar alguns dias na ilha, aonde eles costumavam passar as férias de verão.
Durante um passeio ao farol de Domarö, Maja simplesmente evapora. Desaparece sem deixar qualquer vestígio, já que suas pegadas se interrompem na neve, como se tivesse sido levantada do chão.
Dois anos depois, alcóolatra, separado de Cecilia e arrasado, Anders volta à ilha, aonde moram sua avó Anna-Greta e seu marido, Simon, um mágico de teatro, aposentado.
A partir daí, Lindqvist solta de vez suas petecas, usando e abusado de flashbacks para contar as histórias passadas de Anders, sua juventude na ilha, Simon, Anna-Greta e de Domarö.
Há ainda muitas referências à cultura pop, incluindo uma enxurrada delas sobre The Smiths, por causa de dois personagens particularmente sinistros e obcecados por Morrisey & Cia.
Todos os personagens tem segredos em passados obscuros e, a cada pagina, Lindqvist parece reservar uma surpresa para o leitor – que não tem escolha, senão continuar lendo até o emocionante fim.
Em tempo: O blogueiro entrevistou Lindqvist em 2012, quando foi lançado no Brasil o livro Mortos Entre Vivos. Na entrevista, ele conta que está trabalhando com Tomas Alfredson (diretor de Deixe Ela Entrar) na adaptação de Harbour (título de A Maldição de Domarö em inglês) para o cinema. Relembre aqui.
A maldição de Domarö / John Ajvide Lindqvist / Tordesilhas / 496 p. / R$ 49,90 / www.tordesilhaslivros.com.br
sexta-feira, dezembro 27, 2013
FUNDADORA DA CENA FEIRENSE, CLUBE DE PATIFES LANÇA ÓTIMO ACÚSTICO E TOCA EM SSA DIA 12
Clube de Patifes. Foto: André do Carmo |
Com 15 anos de estrada, o trio lançou recentemente um belo álbum acústico no qual reinterpreta faixas dos seus dois discos de estúdio: Do Palco ao Balcão (2001) e Com um Pouco Mais de Alma (2010), mais inéditas.
Muito bacana, acessível e bem produzido, o Acústico Clube de Patifes está disponível para download gratuito no site do banda.
“O CD físico chega em fevereiro”, avisa Pablicio Jorge, o Pablues, cantor e líder.
O álbum marca este momento frutífero para a banda e e a cena, e para comemorar, os Patifes fizeram um show chiquérrimo no Museu de Arte Contemporânea (MAC) de Feira de Santana, em 30 de novembro.
“Foi emocionante”, conta Pablues. “A galera ficou extasiada e depois do show foi uma festa danada com a gente”, diz.
A essa altura, a banda já soltou também o clipe da faixa Vela, dirigido por Eduardo Quintela.
“E já estamos preparando nosso quarto disco, que vai se chamar Casa de Marimbondos e sai ainda em 2014, com produção de andré t., se tudo der certo”, adianta Pablues.
“A questão profissional da coisa está rolando. Fazemos merchandising, vendemos camisa, bottom, adesivo, o CD vem aí. Estamos querendo chegar com força no mercado musical, independente de ser rock, pop ou blues. Aonde der para tocar, vamos chegar e fazer bonito”, garante o músico.
Em Salvador no dia 12
Com participações de Fábio Cascadura (Buscando o Sol), Julio Caldas (Vela), Rafael Luz (banjo, Mulher de Repente) e Rogério Ferrer (acordeon, teclados), entre outros, o Acústico também marca essa virada dos Patifes, em busca de dialogar com um público mais amplo.
“O estilo é importante para se posicionar no mercado, mas quando você ganha maturidade, é mais importante tentar agradar ao público”, acredita.
“Aqui não tem mais menino de interior que faz um sonzinho. Não. A galera de cenas como Feira, Camaçari e Cruz da Almas está profissa e pode assumir qualquer palco Brasil afora”, reivindica Pablues.
“No dia 12 de janeiro estaremos aí em Salvador para tocar com Cascadura no Pelourinho. Apareçam”, convida.
Ouça, baixe: www.clubedepatifes.com.br
quinta-feira, dezembro 26, 2013
PODCAST ROCKS OFF #3
Pretzel Logic, o clássico 2º LP do Steely Dan, visto aqui in loco |
Com Nei Bahia, Miguel Cordeiro e Osvaldo Braminha Silveira Jr.
Altos papos sempre com o tal de rock´n´roll no centro da conversa, com o nosso primeiro convidado, jornalista e rockloquista Chicão".
Through With Buzz, uma das obras-primas do clássico Pretzel Logic (1974) do Steely Dan, fecha o programa.
Essa foto, de Bob Egan, buscou o local exato onde foi clicada a imagem da capa: "Fifth Avenue and 79th Street in New York City, where the cart remains just above the 79th Street Transverse near the 'Miners' Gate'". Vejam mais capas em seus locais exatos aqui.
Parte 1
Parte 2
BILL WATTERSON CONTRA O MUNDO
Coletânea de Calvin & Haroldo traz momentos mais significativos da tira, com comentários e a filosofia do cartunista criador
Autor de Calvin & Haroldo, uma das tiras de quadrinhos mais adoradas da história dessa mídia, Bill Watterson sempre foi uma figura esquiva, avesso a badalações e à exploração comercial indiscriminada de sua criação.
N’O Livro do Décimo Aniversário, recém-lançado, o próprio Watterson explica suas posturas diante da indústria.
Como os seguidores da filosofia calviniana devem saber, Watterson parou de produzir – e nunca mais retomou – as tiras da série em 1995, apenas dez anos após o início, em 1985.
Este álbum foi lançado justamente no ano da interrupção, como uma despedida, reunindo os momentos mais significativos de Calvin, Haroldo e a turma, com a adição dos preciosos comentários do autor.
Como Watterson quase nunca dá entrevista (só concedeu duas desde 1995), O Livro do Décimo Aniversário é uma rara oportunidade de saber o que pensa o recluso autor, que fala em primeira pessoa sobre vários assuntos, sem meias palavras.
Watterson abre o livro com quase 20 páginas de texto corrido, abordando desde a mídia quadrinhos em si aos personagens coadjuvantes de Calvin, passando pelo sistema dos syndicates, sua luta contra o licenciamento de sua criação, períodos sabáticos etc.
Latifúndio em quadrinhos
As maiores bordoadas do cartunista sobram mesmo é para o “sistema” – leia-se jornais e syndicates (empresas que dominam a distribuição das tiras).
Aos jornais, Watterson atribui “restrições severas às tiras”. “Temas controversos e opiniões de caráter pessoal raramente são tolerados. As necessidades mercadológicas dos grandes jornais estão sempre acima da preocupação com a expressão artística”, constata.
Para complicar, a maior parte do espaço disponível – “diminuto”, para o autor – é latifúndio de tiras que se estendem por gerações, tornando-se verdadeiras instituições.
“Blondie já está nos jornais há 65 anos e Recruta Zero, Dennis O Pimentinha e Peanuts já superaram os 40 anos de publicação”, contabiliza Watterson.
"Mesmo uma tira mais recente, como Doonesbury, já existe há 25 anos – ou seja, um quarto do tempo de existência da página de quadrinhos nos jornais (surgida em 1895). A rotatividade na elite desse tipo de negócio é baixíssima”, nota.
Vale lembrar que este texto foi publicado há 18 anos.
O resultado desta combinação de espaço cada vez menor com baixa rotatividade tem sido fatal para o gênero das tiras: “Sessenta anos atrás, as melhores tiras não eram só desenhinhos divertidos, eram também belíssimos. Não consigo pensar em uma tira atual que chegue perto desse nível de capricho”.
Contra o licenciamento
Mas o que realmente impressiona em Watterson é a sua ferrenha determinação em não entregar seus “filhos” à sanha mercantilista da indústria.
Quem gosta de Calvin sabe: qualquer camisa, caneca ou lancheira com o menino e seu tigre estampados é ilegal e pirata, pois o autor jamais permitiu a produção e comercialização de qualquer produto, fora suas tiras em jornais e coletâneas.
“Quando o quadrinista licencia seus personagens, sua voz é cooptada pelos interesses dos fabricantes de brinquedos, produtores de programas televisivos e publicitários”, afirma.
“Os personagens em si se tornam celebridades (...), dizendo apenas aquilo que é determinado por quem os paga. Quando chega a esse ponto, a tira perde sua alma”, conclui.
Foi, em grande medida, por conta da pressão sofrida pela sua resistência em faturar, que Watterson eventualmente abandonou a prancheta, interrompendo a produção das tiras em 1995.
“Esses desentendimentos eram ridículos. Eu devo ser o único cartunista do mundo que lamenta o sucesso alcançado por seu trabalho”, admite.
Calvin & Haroldo - O livro do décimo aniversário / Bill Watterson / Conrad/ 208 p./ R$ 47/ www.lojaconrad.com.br
Autor de Calvin & Haroldo, uma das tiras de quadrinhos mais adoradas da história dessa mídia, Bill Watterson sempre foi uma figura esquiva, avesso a badalações e à exploração comercial indiscriminada de sua criação.
N’O Livro do Décimo Aniversário, recém-lançado, o próprio Watterson explica suas posturas diante da indústria.
Como os seguidores da filosofia calviniana devem saber, Watterson parou de produzir – e nunca mais retomou – as tiras da série em 1995, apenas dez anos após o início, em 1985.
Este álbum foi lançado justamente no ano da interrupção, como uma despedida, reunindo os momentos mais significativos de Calvin, Haroldo e a turma, com a adição dos preciosos comentários do autor.
Como Watterson quase nunca dá entrevista (só concedeu duas desde 1995), O Livro do Décimo Aniversário é uma rara oportunidade de saber o que pensa o recluso autor, que fala em primeira pessoa sobre vários assuntos, sem meias palavras.
Watterson abre o livro com quase 20 páginas de texto corrido, abordando desde a mídia quadrinhos em si aos personagens coadjuvantes de Calvin, passando pelo sistema dos syndicates, sua luta contra o licenciamento de sua criação, períodos sabáticos etc.
Latifúndio em quadrinhos
As maiores bordoadas do cartunista sobram mesmo é para o “sistema” – leia-se jornais e syndicates (empresas que dominam a distribuição das tiras).
Aos jornais, Watterson atribui “restrições severas às tiras”. “Temas controversos e opiniões de caráter pessoal raramente são tolerados. As necessidades mercadológicas dos grandes jornais estão sempre acima da preocupação com a expressão artística”, constata.
Para complicar, a maior parte do espaço disponível – “diminuto”, para o autor – é latifúndio de tiras que se estendem por gerações, tornando-se verdadeiras instituições.
“Blondie já está nos jornais há 65 anos e Recruta Zero, Dennis O Pimentinha e Peanuts já superaram os 40 anos de publicação”, contabiliza Watterson.
"Mesmo uma tira mais recente, como Doonesbury, já existe há 25 anos – ou seja, um quarto do tempo de existência da página de quadrinhos nos jornais (surgida em 1895). A rotatividade na elite desse tipo de negócio é baixíssima”, nota.
Vale lembrar que este texto foi publicado há 18 anos.
O resultado desta combinação de espaço cada vez menor com baixa rotatividade tem sido fatal para o gênero das tiras: “Sessenta anos atrás, as melhores tiras não eram só desenhinhos divertidos, eram também belíssimos. Não consigo pensar em uma tira atual que chegue perto desse nível de capricho”.
Contra o licenciamento
Mas o que realmente impressiona em Watterson é a sua ferrenha determinação em não entregar seus “filhos” à sanha mercantilista da indústria.
Quem gosta de Calvin sabe: qualquer camisa, caneca ou lancheira com o menino e seu tigre estampados é ilegal e pirata, pois o autor jamais permitiu a produção e comercialização de qualquer produto, fora suas tiras em jornais e coletâneas.
“Quando o quadrinista licencia seus personagens, sua voz é cooptada pelos interesses dos fabricantes de brinquedos, produtores de programas televisivos e publicitários”, afirma.
“Os personagens em si se tornam celebridades (...), dizendo apenas aquilo que é determinado por quem os paga. Quando chega a esse ponto, a tira perde sua alma”, conclui.
Foi, em grande medida, por conta da pressão sofrida pela sua resistência em faturar, que Watterson eventualmente abandonou a prancheta, interrompendo a produção das tiras em 1995.
“Esses desentendimentos eram ridículos. Eu devo ser o único cartunista do mundo que lamenta o sucesso alcançado por seu trabalho”, admite.
Calvin & Haroldo - O livro do décimo aniversário / Bill Watterson / Conrad/ 208 p./ R$ 47/ www.lojaconrad.com.br
sexta-feira, dezembro 20, 2013
ASTERIX ENTRE OS PICTOS MARCA PASSAGEM DE BASTÃO DE UDERZO A NOVOS ARTISTAS
A boa notícia é que Jean-Yves Ferri (roteiro) e Didier Conrad (arte) não decepcionaram na estreia.
Após uma série de álbuns fracos produzidos solitariamente por Uderzo (o roteirista original, René Goscinny, morreu em 1977), a dupla tratou de resgatar a tradição da dupla criadora, de promover o choque cultural entre os irredutíveis gauleses e outros povos europeus ancestrais.
No caso aqui, os pictos – ou seja, escoceses. A estratégia deu certo e a HQ tem aquele gostinho de clássicos como Asterix Entre os Bretões, Asterix na Hispânia e Asterix Entre os Helvéticos.
Tudo começa quando Asterix e Obelix encontram, na beira da praia, um guerreiro picto dentro de um bloco de gelo.
Estranha bebida âmbar
Com suas pinturas corporais e o indefectível kilt (saiote típico escocês), Mac Olosso acaba virando o xodó das mulheres da aldeia, causando ciúmes.
Asterix e Obelix, claro, aceitam acompanhar o picto até sua terra e lá, vivem mais uma aventura e conhecem as peculiaridades locais, como gaitas de foles, nomes iniciados com Mac, o monstro de Loch Ness e claro, uma estranha bebida de cor âmbar que dá o maior barato.
Certamente não é o melhor álbum de Asterix, mas é um bom recomeço para o baixinho.
Asterix entre os pictos / de Jean-Yves Ferri (roteiro) e Didier Conrad (arte) / Editora Record / 48 p. / R$ 28
quinta-feira, dezembro 19, 2013
DALI EM SALVADOR: CAIXA CULTURAL TRAZ AS GRAVURAS DO BIGODUDO PARA A DIVINA COMÉDIA
A cruz de Marte |
É a mostra Dalí: A Divina Comédia, que expõe na Caixa Cultural as 100 ilustrações de Salvador Dalí para o poema épico A Divina Comédia.
Escrito pelo poeta fiorentino Dante Alighieri (1265-1321), A Divina Comédia narra sua epopeia pelas profundezas do inferno, purgatório e enfim, paraíso, sempre em busca de sua amada Beatriz e guiado pelo poeta romano Virgílio.
A obra, um dos tesouros da cultura universal, teve inúmeras interpretações gráficas ao longo dos séculos, entre as quais destacam-se as gravuras de Gustave Doré (1832-1883), as telas de Botticelli (1445-1510) e, claro, esta série do espanhol Salvador Dalí (1904-1989), criadas entre 1950 e 1960, a pedido do governo italiano, para comemorar os 700 anos de Alighieri.
“São 100 trabalhos originais de Dalí: 100 gravuras feitas a partir das aquarelas produzidas por ele, uma para cada canto do poema”, conta Ania Rodriguez, uma das curadoras da mostra.
Os avarentos |
Inicialmente, o artista espanhol ia interpretar os 100 cantos em 100 aquarelas, mas depois decidiu transformá-las em gravuras – plataforma mais adequadas para a ilustração literária, além de serem reprodutíveis.
Com o auxílio de dois gravadores franceses, Raymond Jacquet e Jean Taricco, Dalí produziu uma tiragem de 500 exemplares para cada gravura. A série desta mostra, de um colecionador privado espanhol e que está em turnê pelas caixas Culturais, é a de número 238.
“Talvez a característica mais marcante desta interpretação de Dalí seja a de que ele não se prendeu ao texto de Dante”, afirma Ania Rodriguez.
“Ele colocou muito de sua própria atitude artística. Vemos também um pouco da sua trajetória como artista. Até por que este foi um trabalho que ele assumiu com total maturidade”, acrescenta Ania, lembrando que, quando aceitou a encomenda dos italianos, Dalí já era um artista consagrado, de quase 50 anos de idade.
O anjo guia |
“O paraíso é mais equilibrado e concorda com o período posterior de Dalí, menos conhecido do grande publico, mas importante, que é o Manifesto do Misticismo Nuclear”, conta.
“Em A Divina Comédia, Dali olha para sua própria carreira com um sentido de compor uma trajetória. Ele não apenas ilustra o poema de Dante: ele ilustra a si mesmo”, conclui Ania.
Dalí: A Divina Comédia / Abertura:
quarta-feira, dezembro 18, 2013
ESTREIA NO ROCK LOCO: PODCAST ROCKS OFF
O Ricardinho ficou excitadão com a estreia do Rocks Off |
"Antes, um apêndice, uma extensão. Não há conflito entre as duas facções. Só que o Rocks Off é mais voltado ao classic rock e menos às novidades", me esclarece o almirante Nei Bahia.
Elenco fixo: Nei Bahia, Miguel Cordeiro e Osvaldo Braminha Silveira Jr.
Haverá convidados especiais nas próximas edições. Enjoy os três primeiros programas...
Rocks Off # 1: Conversa sobre música rock e o que mais pintar...até certo ponto. Rock pra rockeiro!
Rocks Off # 2: Segunda onda - Parte 1. 1972-1974, olhando de longe é difícil acreditar quanta boa música saiu desse período.
Rocks Off # 3: Segunda onda - Parte 2.
PODCAST CLASHCITY ROCKERS # 20
VEULIAH LANÇA SEGUNDO ÁLBUM COM SHOW NO PORTELA, SÁBADO
Veuliah (Foto por Ana Prado) |
O baile metálico ainda conta com shows das bandas Pandora (de Bruno Leal, que nos anos 1990 liderava a lendária Mercy Killing) e Behaviour.
Chaotic Genesis dá continuidade ao trabalho iniciado pela Veuliah em seu primeiro CD, Deep Visions of Unreality (2005): uma bem azeitada fusão da brutalidade death metal com teclados progressivos e melodias e harmonias mais suaves.
Ambicioso, o segundo registro fonográfico do sexteto é também um álbum conceitual: ou seja, ele narra uma história com início, meio e fim, assim como um livro ou um filme.
“É a história de uma pessoa que acompanhamos desde o nascimento”, conta o vocalista (e advogado) Fabio Gouvêa.
“Essa pessoa está predestinada a salvar a humanidade, mas no meio do caminho ela se corrompe, morre e renasce, com a ideia de reiniciar o ciclo e tentar tudo de novo”, resume.
Fabio diz que o que difere Chaotic Genesis do seu predecessor é que, neste, a obra foi “pensada do começo ao fim”.
Melodic death, dark metal
“O primeiro CD eram de composições que juntamos, um apanhado. Neste segundo, pensamos em compô-lo fechado, conceitual, com uma história coesa, mas mantendo o estilo característico da banda”, detalha.
Estilo que, variando a fonte, já teve algumas rotulações diferentes.
“Antes chamavam de melodic death. Agora chamam de dark metal. Mas preferimos não definir muito e sim, buscar sempre um estilo próprio, para além dos rótulos”, reivindica.
“Mas o lance é esse mesmo: base death metal bem brutal, mas com linhas melódicas mais suaves, mais clássicas, sempre misturando agressividade com suavidade”, descreve Fabio.
Em 2008, a Veuliah participou de um concurso para bandas brasileiras valendo vaga no tradicional festival alemão de heavy metal Wacken Open Air.
Sagraram-se campeões do Norte-Nordeste, mas perderam na final em São Paulo para os paulistas da Torture Squad.
“Ainda não chegamos a tocar na Europa, como (as locais) Headhunter e Malefector, mas está nos planos, sim”, conclui.
A Veuliah é Fabio Gouvêa (vocal), Julio Gouvêa (guitarra), Ricardo Sanct (guitarra), Luciano Veiga (teclados), Márcio Medeiros (baixo) e Ricardo Agatte (bateria).
Veuliah / Lançamento: Chaotic Genesis / Com Pandora e Behavior / Portela Café / Sábado, 23 horas / R$ 30 ou R$ 20 (antecipado na midialouca, Companhia da Pizza e PHNX Athelier)
NUETAS
I Hate Mondays too
Toda segunda-feira o Dubliner’s Irish Pub tem realizado o evento I Hate Mondays, sempre com a dupla blueseira Soda Acústica (Marconi Lins - ao lado, foto de Fabian Chagas - e Gabriel de Moura), mais convidados. 21 horas, entrada gratuita.
La Roquestra quinta
A fanfarra La Roquestra faz mais um baile pré-carnaval do bloco Rolha Monstra. Black Sabbath, Rage Against The Machine e Iron Maiden para dançar de dedinho pra cima. Portela Café, quinta-feira, 22 horas, R$ 25.
Tuzé de Abreu está no Jazz em Plutão
Comandado pelo músico Vandex, o programa Jazz em Plutão traz o baiano Tuzé de Abreu. Com composições gravadas por Caetano Veloso, Gal Costa, Tom Zé, Amelinha, Elza Soares, Fagner e outros, Tuzé é um dos mais destacados seguidores de João Gilberto e Walter Smetak. É membro da Orquestra Sinfônica da Universidade Federal da Bahia e integra a banda de Riachão. No Jazz Em Plutão, ele será acompanhado pelo violonista Aderbal Duarte. Sexta-feira, ao vivo, a partir das 20h30, no site www.vandex.tv.
terça-feira, dezembro 17, 2013
BILLY JACKSON, HQ DE CAU GOMEZ E VICTOR MASCARENHAS, TEM LANÇAMENTO HOJE, NA RV
Nasce uma estrela? |
Essas figuras complexas ainda merecem estudo sério para saber o que se passa em suas cabecinhas.
Enquanto este não sai, vale conferir a HQ baiana Billy Jackson, que tem lançamento hoje, na RV Cultura & Arte.
Ilustrada pelo multipremiado cartunista de A Tarde Cau Gomez, a HQ é uma adaptação do escritor baiano Victor Mascarenhas para um conto de sua própria autoria, Superstar, publicado em seu primeiro livro, A insuportável família feliz (Editora P55, 2011).
A iniciativa de verter o conto de Mascarenhas para a linguagem dos quadrinhos foi uma sugestão do próprio Cau: “Li o conto e fiquei super empolgado com a história. No dia seguinte liguei pro Victor com a proposta da adaptação”, conta o artista.
“Eu tava mesmo devendo uma HQ dessas“, percebe Cau, que tem algumas HQs curtas no currículo – e agora conta com Billy Jackson como seu primeiro álbum.
No livro, Mascarenhas e Gomez contam a história de Agnaldo, um típico jovem preto, pobre e da periferia de Salvador que se encanta com Michael Jackson quando ele estoura com Thriller (1983).
Um belo dia, ele entra em um armário – que, se for metafórico, a HQ não deixa claro, mas talvez isto não seja importante para a narrativa em si.
Quando sai do armário – sob ameaças de “corretivo“ do pai – Agnaldo já surge, glorioso, como Billy Jackson.
Victor e Cau. Foto: Caixa de Fósforos |
O resultado é uma HQ que, para além da beleza plástica e da narrativa enxuta, oferece uma visão desencantada – ainda que terna – da adoração cega a ídolos de barro.
Destaque também para o aspecto sujo e deprimente das ruas de Salvador, perfeitamente captadas no papel pela arte de Cau Gomez.
Fascínio pelo fake
”Na verdade, não me baseei em nenhum cover específico de Michael Jackson”, conta Victor Mascarenhas.
O Moonwalk, segundo Cau Gomez |
Para Victor, Agnaldo é um “pobre preto sem perspectivas, que vê em Michael Jackson a chance de se transformar em outra pessoa e ter um protagonismo na vida”, observa.
“Agnaldo é um excluído. A única forma dele se sentir aceito é imitando seu ícone”, ecoa Cau Gomez.
“Acompanhando a transformação de Michael, ele deixa de ser Agnaldo e vira Billy, seguindo a decadência do ídolo, até que ele morre. Como uma pessoa que transformou a vida para a acompanhar a de outra reage, quando essa pessoa morre? Essa é a grande questão dessa história”, afirma Victor.
Cau Gomez conta que “sempre fui muito fã do Michael, mas também fiquei muito chocado quando ele começou a se metamorfosear daquela forma quase kafkiana”.
“Pareceu uma coisa incontrolável. Cheguei a ter repulsa do ser humano que ele se tornou. Mas consigo separar a produção musical dele desde criança dessa coisa toda”, afirma.
Publicação bem cuidada, Billy Jackson sai bancada 100% pela RV Cultura & Arte, sem edital.
Billy Jackson / Lançamento: Hoje, 18 horas / RV Cultura & Arte (R. Barro Vermelho 32, Rio Vermelho) / gratuito
Billy Jackson / Victor Mascarenhas e Cau Gomez / 52 p. R$ 29,90 / www.rvculturaearte.com
sábado, dezembro 14, 2013
O PLANETA DOS BONS SONS
O jornalista Fábio Massari, do inesquecível Lado B da MTV Brasil, fala de música pop com rara propriedade em seu quarto livro, Mondo Massari
Poucos jornalistas de música são tão reverenciados no Brasil quanto Fabio Massari.
Não por acaso, ele é carinhosamente conhecido como “Reverendo” – desde os tempos em que apresentava o programa Lado B na MTV Brasil.
O fato é que poucos jornalistas especializados – talvez nenhum – conhecem tão bem os subterrâneos da música pop planetária quanto Massari.
E isso é facinho de comprovar: basta uma passada de olhos em seu novo livro, Mondo Massari, uma coletânea de textos e entrevistas que acaba de chegar às livrarias.
A seguir, entrevista por email com o Reverendo, onde ele fala um pouco de si mesmo, do livro, Frank Zappa, Islândia, MTV Brasil e – com inesperado entusiasmo – do nosso querido rock baiano.
ENTREVISTA: FABIO MASSARI
Pode nos contar um pouco sobre como você começou nesse negócio de ouvir rock – e depois, de escrever sobre isso?
Fabio Massari: Acho que dá pra dizer que começou naturalmente, sem forçação de barra ou com algo que tenha deflagrado o interesse. Minha família não é, digamos, musical – mas a vitrola estava lá e discos circulavam. E curti rádio desde sempre: música e todo tipo de conversa, falação mesmo, programas esportivos, humorísticos etc. Sou radialista de formação e predileção! O rock chegou no embalo de Elvis, Beatles, Secos & Molhados, Elton John, Suzi Quatro, Raul Seixas e, claro, Alice Cooper: aqui sim, o momento de revelação, transformação. Muscle Of Love (1973) é o LP que inaugura minha coleção (pelo menos decidi assim num artigo para a saudosa revista General), marco-zero (ainda que não tenha sido o primeiro de fato).
Desde os tempos da MTV, você era, volta e meia, referido como especialista em Frank Zappa (1940-1993), compositor de rock com bagagem erudita e sobre quem você escreveu o livro Zappa: Detritos Cósmicos. Como você avalia o seu legado?
FM: Zappa tinha mesmo essa “bagagem erudita”, ainda que haja divergências entre especialistas quanto à intensidade desses “estudos”. Acho que era tudo mais intuitivo e a pesquisa era conduzida à sua maneira, sem muito envolvimento com formatos acadêmicos. Mas ele se deliciava com outros gêneros e subgêneros. Nas suas composições (vale lembrar que se definia pura e simplesmente como “American composer”) tinha de tudo: jazz, blues, psicodelia, colagens vanguardistas, marchinhas mil e... no fim das contas, sua música não se parecia com nada disso. Além das possibilidades infinitas do legado, acho que destaca-se a postura de um artista em plena sintonia com seu tempo, que não tinha medo de encarar os “atrasa-lado” corporativos e que se dedicava à sua arte – e aos fãs – com todo o carinho e respeito do universo.
Lembro que no Lado B vc entrevistou em uma ou duas ocasiões a banda baiana brincando de deus, pioneira do indie rock brasileiro (e orgulho de parte dos doidões locais, fãs do chamado - por aqui, de forma meio jocosa - "rock triste"). Você tem alguma lembrança da brincando de deus? Considera relevante alguma outra banda da cena baiana?
FM: Como assim? Mas é claro! O rock triste fez muito parte da trilha sonora do Lado B (e atividades televisivas com nossa chancela). A brincando de deus era uma das prediletas, sempre muito legal encontrar o pessoal – e nos batemos muitas vezes nos festivais da vida. O Messias (Bandeira, vocalista) sempre foi um cara muito interessante de entrevistar e de conversar na camaradagem, fora das câmeras. Sempre teve um discurso elaborado, consistente, pensava a banda, a cena em contextos bem demarcados. Era mesmo bem interessante. Aliás ele foi um dos responsáveis por irmos cobrir a cena in loco, no histórico festival Boom Bahia. Na verdade, esse momento anos 90 me pareceu muito “quente” para a cena local. De minha parte, curti muito várias bandas. Estão todas aqui (cassetes, CDs e uns vinis legais). (Dr.) Cascadura (clássico ainda subestimado) e Dead Billies (a certa altura, a melhor banda “ao vivo” do país, talvez do planeta). E Inkoma, Lisergia, Dois Sapos & Meio, Saci Tric, Crac!, Úteros em Fúria e Treblinka. E a mais espetacular gema discográfica (CD-R) da divisão baiana da minha coleção: Guizzzmo! Viva o Grande Irmão (referência a Rogério Big Brother - ou Big Bross -, produtor local).
A geração da qual a brincando de deus fez parte - a primeira turma do indie brasuca, incluindo Pin Ups, PELVs, Killing Chainsaw, Low Dream, Second Come e Mickey Junkies, entre outras - é hoje meio que desconsiderada pela geração pós-Los Hermanos: por que cantavam em inglês e não reverenciavam nossa MPB, entre outras razões. Como você vê isso? Essa geração merece uma revisão crítica?
FM: Deveria existir uma revisão crítica e pronto. São muitos vetores nesse gráfico das percepções críticas. É possível que haja pontos de contato entre essa turma 90’s com os “pós-Los Hermanos”. A questão é a falta de “estudos” nesse sentido, aquele velho papo de resgatar algo das nossas heranças culturais. E do ponto de vista do mercado também: onde estão os discos comemorativos, especiais, boxes com fotos e textos?
Você escreveu um livro sobre o rock islandês, Rumo à Estacão Islândia. Porque? Ele é de fato extraordinário? Ou você foi movido pelo exotismo da coisa?
FM: O projeto era, acima de qualquer coisa, pessoal, de corte discográfico-existencial! Investigação que poderia ter sido na Nova Zelândia ou Bahia. Discos e personagens e algumas de suas histórias. No caso da Islândia, ela possui cena riquíssima de sons e é um lugar loucamente belo!
Ainda existe lugar nas rádios comerciais para programas como os seus ou só na internet?
FM: Nas comerciais o espaço é cada vez menor, sem dúvida, mas não é impossível. Na net o que mais existe é espaço para programas autorais, convencionais ou não.
Qual foi o critério de seleção para os textos do livro?
FM: Mondo Massari reune o material que produzi com essa marca. Programa da MTV (no livro conto do surgimento e dou uma amostra das entrevistas), colunas na Rolling Stone e Yahoo. A segunda parte traz entrevistas do programa ETC, que apresentei na Oi FM até o começo de 2012. Como o ETC quase se chamou Mondo Massari, fecha-se um ciclo: TV, revista, net e rádio. Um diário de bordo geral da minha Enterprise pessoal.
Como foi para você ver a MTV Brasil acabar no ar?
FM: Trabalhei lá de fevereiro de 1991 a fevereiro de 2003: 12 anos de muita coisa legal realizada, tudo certo e resolvido. Foi legal ter participado da despedida. Só tenho curiosidade para saber o que vai ser do arquivo da MTV Brasil: Que fim vai levar? Quem vai levar e para fazer o que?
Que grande banda ou ídolo (vivo) vc gostaria de entrevistar mas ainda não teve oportunidade? E o que vc perguntaria à ele (ela)?
FM: Não sei nem por onde começar! David Bowie e Tom Waits e Les Claypool e Robbie Robertson...
Grandes selos costumam ser associados à grandes cenas. Seattle, Sub Pop. Madchester, Factory. Bay Area, Alternative Tentacles. E por aí vai. Que outras cenas / selos ainda pouco conhecidos você poderia nos recomendar?
FM: Essence Music, de Juiz de Fora.
Você tem alguma antena escondida acoplada à nuca? Aonde posso conseguir uma pra mim também? Ou é de nascença?
FM: Se tenho ainda não percebi nem localizei; mas se tenho, tenho certeza de que vossa excelencia também tem!
PROSA CATIVANTE DO REVERENDO CONSERVADA NAS PÁGINAS DE MONDO MASSARI
Nos anos 1990, quando a informação era privilégio apenas de rádios, TVs e jornais, quem queria ouvir o que havia de melhor, mais novo e instigante no rock planetário tinha destino certo: o programa Lado B, da MTV Brasil.
O apresentador, um sujeito magro, simpático e muito bem falante, era o jornalista e radialista Fabio Massari.
À frente do Lado B, o Reverendo Massari catequizou gerações de jovens que hoje tentam seguir seus passos na incessante busca pelos – como ele costuma dizer – “bons sons”.
Busca que ele jamais cessou, como se pode ver nesta preciosa coletânea sob a chancela Mondo Massari – que já foi programa na MTV (pós-Lado B) e coluna na Rolling Stone e Yahoo.
Está aqui, conservado para a posteridade, o cativante (e criativo) discurso oral do radialista, que fala do que há de mais obscuro e interessante na música pop com tanta propriedade, que é impossível não querer ouvir os artistas que ele recomenda.
No livro, entrevistas com gente do porte de John Cale, Marianne Faithfull, Karlheinz Stockhausen e Glen Matlock, além de bandas maneiríssimas como Yo La Tengo, X, Television, The Bellrays, The Mars Volta, Cavalera Conspiracy, The Kills e muitas outras. Há ainda relatos de shows (The Police em 1982), artigos, resenhas e muito mais.
Uma bíblia dos bons sons para aficionados e neófitos.
Mondo Massari / Fábio Massari / Ideal/ 476 p. / R$ 49,90 / www.edicoesideal.com
Reverendo. Fotos: Marcelo Ribeiro |
Não por acaso, ele é carinhosamente conhecido como “Reverendo” – desde os tempos em que apresentava o programa Lado B na MTV Brasil.
O fato é que poucos jornalistas especializados – talvez nenhum – conhecem tão bem os subterrâneos da música pop planetária quanto Massari.
E isso é facinho de comprovar: basta uma passada de olhos em seu novo livro, Mondo Massari, uma coletânea de textos e entrevistas que acaba de chegar às livrarias.
A seguir, entrevista por email com o Reverendo, onde ele fala um pouco de si mesmo, do livro, Frank Zappa, Islândia, MTV Brasil e – com inesperado entusiasmo – do nosso querido rock baiano.
ENTREVISTA: FABIO MASSARI
Pode nos contar um pouco sobre como você começou nesse negócio de ouvir rock – e depois, de escrever sobre isso?
Fabio Massari: Acho que dá pra dizer que começou naturalmente, sem forçação de barra ou com algo que tenha deflagrado o interesse. Minha família não é, digamos, musical – mas a vitrola estava lá e discos circulavam. E curti rádio desde sempre: música e todo tipo de conversa, falação mesmo, programas esportivos, humorísticos etc. Sou radialista de formação e predileção! O rock chegou no embalo de Elvis, Beatles, Secos & Molhados, Elton John, Suzi Quatro, Raul Seixas e, claro, Alice Cooper: aqui sim, o momento de revelação, transformação. Muscle Of Love (1973) é o LP que inaugura minha coleção (pelo menos decidi assim num artigo para a saudosa revista General), marco-zero (ainda que não tenha sido o primeiro de fato).
Desde os tempos da MTV, você era, volta e meia, referido como especialista em Frank Zappa (1940-1993), compositor de rock com bagagem erudita e sobre quem você escreveu o livro Zappa: Detritos Cósmicos. Como você avalia o seu legado?
FM: Zappa tinha mesmo essa “bagagem erudita”, ainda que haja divergências entre especialistas quanto à intensidade desses “estudos”. Acho que era tudo mais intuitivo e a pesquisa era conduzida à sua maneira, sem muito envolvimento com formatos acadêmicos. Mas ele se deliciava com outros gêneros e subgêneros. Nas suas composições (vale lembrar que se definia pura e simplesmente como “American composer”) tinha de tudo: jazz, blues, psicodelia, colagens vanguardistas, marchinhas mil e... no fim das contas, sua música não se parecia com nada disso. Além das possibilidades infinitas do legado, acho que destaca-se a postura de um artista em plena sintonia com seu tempo, que não tinha medo de encarar os “atrasa-lado” corporativos e que se dedicava à sua arte – e aos fãs – com todo o carinho e respeito do universo.
Lembro que no Lado B vc entrevistou em uma ou duas ocasiões a banda baiana brincando de deus, pioneira do indie rock brasileiro (e orgulho de parte dos doidões locais, fãs do chamado - por aqui, de forma meio jocosa - "rock triste"). Você tem alguma lembrança da brincando de deus? Considera relevante alguma outra banda da cena baiana?
FM: Como assim? Mas é claro! O rock triste fez muito parte da trilha sonora do Lado B (e atividades televisivas com nossa chancela). A brincando de deus era uma das prediletas, sempre muito legal encontrar o pessoal – e nos batemos muitas vezes nos festivais da vida. O Messias (Bandeira, vocalista) sempre foi um cara muito interessante de entrevistar e de conversar na camaradagem, fora das câmeras. Sempre teve um discurso elaborado, consistente, pensava a banda, a cena em contextos bem demarcados. Era mesmo bem interessante. Aliás ele foi um dos responsáveis por irmos cobrir a cena in loco, no histórico festival Boom Bahia. Na verdade, esse momento anos 90 me pareceu muito “quente” para a cena local. De minha parte, curti muito várias bandas. Estão todas aqui (cassetes, CDs e uns vinis legais). (Dr.) Cascadura (clássico ainda subestimado) e Dead Billies (a certa altura, a melhor banda “ao vivo” do país, talvez do planeta). E Inkoma, Lisergia, Dois Sapos & Meio, Saci Tric, Crac!, Úteros em Fúria e Treblinka. E a mais espetacular gema discográfica (CD-R) da divisão baiana da minha coleção: Guizzzmo! Viva o Grande Irmão (referência a Rogério Big Brother - ou Big Bross -, produtor local).
A geração da qual a brincando de deus fez parte - a primeira turma do indie brasuca, incluindo Pin Ups, PELVs, Killing Chainsaw, Low Dream, Second Come e Mickey Junkies, entre outras - é hoje meio que desconsiderada pela geração pós-Los Hermanos: por que cantavam em inglês e não reverenciavam nossa MPB, entre outras razões. Como você vê isso? Essa geração merece uma revisão crítica?
"Deveria existir uma revisão crítica e pronto" |
Você escreveu um livro sobre o rock islandês, Rumo à Estacão Islândia. Porque? Ele é de fato extraordinário? Ou você foi movido pelo exotismo da coisa?
FM: O projeto era, acima de qualquer coisa, pessoal, de corte discográfico-existencial! Investigação que poderia ter sido na Nova Zelândia ou Bahia. Discos e personagens e algumas de suas histórias. No caso da Islândia, ela possui cena riquíssima de sons e é um lugar loucamente belo!
Ainda existe lugar nas rádios comerciais para programas como os seus ou só na internet?
FM: Nas comerciais o espaço é cada vez menor, sem dúvida, mas não é impossível. Na net o que mais existe é espaço para programas autorais, convencionais ou não.
Qual foi o critério de seleção para os textos do livro?
FM: Mondo Massari reune o material que produzi com essa marca. Programa da MTV (no livro conto do surgimento e dou uma amostra das entrevistas), colunas na Rolling Stone e Yahoo. A segunda parte traz entrevistas do programa ETC, que apresentei na Oi FM até o começo de 2012. Como o ETC quase se chamou Mondo Massari, fecha-se um ciclo: TV, revista, net e rádio. Um diário de bordo geral da minha Enterprise pessoal.
Como foi para você ver a MTV Brasil acabar no ar?
FM: Trabalhei lá de fevereiro de 1991 a fevereiro de 2003: 12 anos de muita coisa legal realizada, tudo certo e resolvido. Foi legal ter participado da despedida. Só tenho curiosidade para saber o que vai ser do arquivo da MTV Brasil: Que fim vai levar? Quem vai levar e para fazer o que?
Que grande banda ou ídolo (vivo) vc gostaria de entrevistar mas ainda não teve oportunidade? E o que vc perguntaria à ele (ela)?
FM: Não sei nem por onde começar! David Bowie e Tom Waits e Les Claypool e Robbie Robertson...
Grandes selos costumam ser associados à grandes cenas. Seattle, Sub Pop. Madchester, Factory. Bay Area, Alternative Tentacles. E por aí vai. Que outras cenas / selos ainda pouco conhecidos você poderia nos recomendar?
FM: Essence Music, de Juiz de Fora.
Você tem alguma antena escondida acoplada à nuca? Aonde posso conseguir uma pra mim também? Ou é de nascença?
FM: Se tenho ainda não percebi nem localizei; mas se tenho, tenho certeza de que vossa excelencia também tem!
PROSA CATIVANTE DO REVERENDO CONSERVADA NAS PÁGINAS DE MONDO MASSARI
Nos anos 1990, quando a informação era privilégio apenas de rádios, TVs e jornais, quem queria ouvir o que havia de melhor, mais novo e instigante no rock planetário tinha destino certo: o programa Lado B, da MTV Brasil.
O apresentador, um sujeito magro, simpático e muito bem falante, era o jornalista e radialista Fabio Massari.
À frente do Lado B, o Reverendo Massari catequizou gerações de jovens que hoje tentam seguir seus passos na incessante busca pelos – como ele costuma dizer – “bons sons”.
Busca que ele jamais cessou, como se pode ver nesta preciosa coletânea sob a chancela Mondo Massari – que já foi programa na MTV (pós-Lado B) e coluna na Rolling Stone e Yahoo.
Está aqui, conservado para a posteridade, o cativante (e criativo) discurso oral do radialista, que fala do que há de mais obscuro e interessante na música pop com tanta propriedade, que é impossível não querer ouvir os artistas que ele recomenda.
No livro, entrevistas com gente do porte de John Cale, Marianne Faithfull, Karlheinz Stockhausen e Glen Matlock, além de bandas maneiríssimas como Yo La Tengo, X, Television, The Bellrays, The Mars Volta, Cavalera Conspiracy, The Kills e muitas outras. Há ainda relatos de shows (The Police em 1982), artigos, resenhas e muito mais.
Uma bíblia dos bons sons para aficionados e neófitos.
Mondo Massari / Fábio Massari / Ideal/ 476 p. / R$ 49,90 / www.edicoesideal.com
quarta-feira, dezembro 11, 2013
PODCAST CLASH CITY ROCKERS #19
terça-feira, dezembro 10, 2013
ELAS CANTAM CAMISA
Camisa de Vênus faz nova temporada no Dubliner's aos sábados de janeiro, desta vez com uma novidade: a cada show, duas cantoras sobem no palco com a banda
Digam o que quiserem, o Camisa de Vênus pós-Marcelo Nova não recua.
Com Eduardo Scott à frente da lendária banda baiana desde 2010 (foto: Jessica Silva.), o grupo já percorreu o Brasil fazendo shows e lotou a arena do Parque da Cidade, além de apresentações regulares em inferninhos.
Em julho último, fizeram uma temporada no Dubliner’s Irish Pub – mesmo local em que, agora, anunciam nova série de shows aos sábados de janeiro (começando pelo dia 10).
A diferença é que, desta vez, eles vão contar com várias cantoras convidadas.
Isso mesmo, caro leitor. O Camisa de Vênus, historicamente conhecida como uma das bandas mais machistas do Brasil, vai receber no palco diversas cantoras que militam no rock / alternativo.
Lista completa: Rebeca Mata, Nancy Viegas, Thathi, Danny Nascimento, Shalin Way, Fer Nanda, Diana Marinho, Clariana Fróes e Júlia Tazzi.
Cantoras do The Voice
A cada sexta, duas cantoras participam do show. “A temporada de julho foi um sucesso, com dias sold out (esgotado) e tudo”, conta Eduardo Scott.
“Aí o dono da casa nos convidou para outra, no verão. Tivemos essa ideia de chamar as roqueiras da cidade. Por que? Porque nunca aconteceu, é algo inédito. Fora que o Camisa sempre teve essa fama de banda machista, né?”, percebe.
“Apesar disso, todas elas adoraram a ideia, ficaram super felizes com o convite”, afirma.
Eduardo garante que não teve teste do sofá para selecionar as convidadas.
”Dei uma pesquisada para escolher cantoras que estao fazendo shows na noite, em atividade. Além de também buscar representantes de gerações diferentes”, conta.
A lista traz desde veteranas como Nancy e Rebeca Matta, até novidades, como Fer Nanda e Clariana Fróes.
“Fer Nanda tem uma banda no estilo Pitty. Clariana era da banda Ex-29 e participou do The Voice. Júlia Tazzi também participou The Voice e do Caldeirão do Huck”, conta.
“E elas mesmas escolhem as músicas que querem cantar”.
Além das Camisetes, o Camisa vai mostrar duas músicas novas, “que estariam no disco que está emperrado na justiça (em disputa com Marcelo Nova): Sem Nada, minha com Gustavo Müllen e outra sem titulo ainda, minha, de Karl Hümmel e Gustavo”, conclui Scott.
Camisa de Vênus & rockeiras de Salvador / Temporada às sextas-feiras de janeiro: dias 10, 17, 24 e 31, 23 horas / Dubliners Irish Pub / R$ 20
NUETAS
Guerilla gig na Dinha
As bandas Rivermann, Declinium (instituição pós-punk de Camaçari, grande banda) e Elefante Grego tocam no Largo da Dinha, sábado 14, esquema de guerrilha, style gato puxado direto do poste, não paga nada. Horário? Provavelmente, de noite!
Ponto FIAC segue
O Ponto FIAC segue no fim de semana, com The Baggios (quinta-feira), Suinga e Lucas Santanna (sexta) e Pirigulino Babilake (sábado). No Cine Teatro Solar Boa Vista (Engenho Velho de Brotas), sempre às 22 horas, R$ 10 e R$ 5.
GO! Rock no Portela
Les Royales (rockabilly), Paulinho Oliveira (hard rock) e DJ Bigbross fazem a festa GO! Rock Music nesta sexta-feira 13 às 22 horas, no Portela Café. R$ 25.
Musique in Commons
Ocolunista blogueiro, Lucas DJ Albarn Cunha, Luciano el Cabong Matos e Nei Bahia discotecam no happy hour Musique!. A ocasião é para lançar o blog Monde Musique, de Lucas. Amanhã, 18 horas, na Commons, entrada gratuita. De antemão, o colunista avisa da própria inépcia como DJ e de seu gosto duvidoso. Na verdade, o cartaz (que diga-se de passagem, tem sua bela arte assinada pelo meu brother Bruno Aziz) atribui ao blogueiro a função "DJ", o que, faço questão de esclarecer aqui, não corresponde à verdade. DJ é profissão séria e ganha-pão para muita gente. Eu, como muita gente suspeita, não sou DJ, não tenho formação de DJ e tenho o maior respeito por que aqueles que estudaram para dominar as artes do Live PA, scratches etc e tal. Claro que já discotequei muito por aí - nas velhas festas do Rock Loco, no saudoso Miss Modular, na saudosa Feira Hype (em vinil, uma experiência maravilhosa, aliás), Praia dos Livros, shows e festinhas avulsas por aí. Mas me limito a escolher faixas de CD e, na medida do possível, colar uma na outra direitinho, para o som não parar. Disse uma vez para Roger 'n' Roll (esse sim, um DJ de verdade), que como DJ, eu não passo de um seletor de frequência. Dito tudo isso, chego a conclusão que não passo de mais um jornalista gaiato que sucumbiu a própria vaidade. Mas como não tenho nem facebook e me policio muito com essas coisas, também posso me permitir dar uma DJzada vez ou outra....
Camisa 2013: Karl H., Robinson Cunha, Scott, Ricardo Cadinho e Gustavo M. |
Com Eduardo Scott à frente da lendária banda baiana desde 2010 (foto: Jessica Silva.), o grupo já percorreu o Brasil fazendo shows e lotou a arena do Parque da Cidade, além de apresentações regulares em inferninhos.
Em julho último, fizeram uma temporada no Dubliner’s Irish Pub – mesmo local em que, agora, anunciam nova série de shows aos sábados de janeiro (começando pelo dia 10).
A diferença é que, desta vez, eles vão contar com várias cantoras convidadas.
Isso mesmo, caro leitor. O Camisa de Vênus, historicamente conhecida como uma das bandas mais machistas do Brasil, vai receber no palco diversas cantoras que militam no rock / alternativo.
Lista completa: Rebeca Mata, Nancy Viegas, Thathi, Danny Nascimento, Shalin Way, Fer Nanda, Diana Marinho, Clariana Fróes e Júlia Tazzi.
Cantoras do The Voice
A cada sexta, duas cantoras participam do show. “A temporada de julho foi um sucesso, com dias sold out (esgotado) e tudo”, conta Eduardo Scott.
“Aí o dono da casa nos convidou para outra, no verão. Tivemos essa ideia de chamar as roqueiras da cidade. Por que? Porque nunca aconteceu, é algo inédito. Fora que o Camisa sempre teve essa fama de banda machista, né?”, percebe.
“Apesar disso, todas elas adoraram a ideia, ficaram super felizes com o convite”, afirma.
Eduardo garante que não teve teste do sofá para selecionar as convidadas.
”Dei uma pesquisada para escolher cantoras que estao fazendo shows na noite, em atividade. Além de também buscar representantes de gerações diferentes”, conta.
A lista traz desde veteranas como Nancy e Rebeca Matta, até novidades, como Fer Nanda e Clariana Fróes.
“Fer Nanda tem uma banda no estilo Pitty. Clariana era da banda Ex-29 e participou do The Voice. Júlia Tazzi também participou The Voice e do Caldeirão do Huck”, conta.
“E elas mesmas escolhem as músicas que querem cantar”.
Além das Camisetes, o Camisa vai mostrar duas músicas novas, “que estariam no disco que está emperrado na justiça (em disputa com Marcelo Nova): Sem Nada, minha com Gustavo Müllen e outra sem titulo ainda, minha, de Karl Hümmel e Gustavo”, conclui Scott.
Camisa de Vênus & rockeiras de Salvador / Temporada às sextas-feiras de janeiro: dias 10, 17, 24 e 31, 23 horas / Dubliners Irish Pub / R$ 20
NUETAS
Guerilla gig na Dinha
As bandas Rivermann, Declinium (instituição pós-punk de Camaçari, grande banda) e Elefante Grego tocam no Largo da Dinha, sábado 14, esquema de guerrilha, style gato puxado direto do poste, não paga nada. Horário? Provavelmente, de noite!
Ponto FIAC segue
O Ponto FIAC segue no fim de semana, com The Baggios (quinta-feira), Suinga e Lucas Santanna (sexta) e Pirigulino Babilake (sábado). No Cine Teatro Solar Boa Vista (Engenho Velho de Brotas), sempre às 22 horas, R$ 10 e R$ 5.
GO! Rock no Portela
Les Royales (rockabilly), Paulinho Oliveira (hard rock) e DJ Bigbross fazem a festa GO! Rock Music nesta sexta-feira 13 às 22 horas, no Portela Café. R$ 25.
Musique in Commons
O
segunda-feira, dezembro 09, 2013
PREMIADA, AZUL É A COR MAIS QUENTE CHEGA EM HQ E NAS TELAS
Meio romance de formação, meio panfleto GLS, o fenômeno Azul é a Cor Mais Quente chega ao Brasil quase que simultaneamente em sua forma original (a graphic novel de Julie Maroh) e na adaptação cinematográfica, de Abdellatif Kechiche.
Nas duas formas, a obra foi amplamente reconhecida e premiada.
A HQ original francesa, lançada em 2010, ganhou o Prêmio de Público do Festival Internacional de Angoulême 2011, entre outros, além de ter sido traduzida para inglês, espanhol, alemão, italiano, holandês e claro, português.
Já o filme, dirigido pelo franco-tunisiano Kechiche, faturou nada menos que a Palma de Ouro, prêmio máximo do Festival de Cannes 2013.
Uma trajetória notavelmente vitoriosa para uma obra que, na sua fonte original – a história em quadrinhos – deixa bem evidentes tanto méritos quanto defeitos.
No diário
Contada a partir dos diários de uma das protagonistas, a estudante Clémentine, a trama mostra o encontro – e subsequente paixão – entre ela e uma jovem de cabelos e olhos azuis, Emma.
Clém, como é chamada pelos amigos, é a primeira vista, uma jovem como outra qualquer: vai a escola, mora com os pais, tem uma rodinha de amigos e paquera um rapaz do colégio com pinta de grunge (a história em inicia em 1994).
Porém, quando começa a namorar com Thomas, o tal rapazinho de barbicha, Clémentine “trava” – e sempre na hora do chamado rala & rola.
E aí começam os problemas da HQ.
Boa parte do texto da menina em seu diário soa exatamente como deve soar uma menina comum de 15 anos escrevendo em seu diário: sentimentalóide, carregado de clichês e tolinho.
Em nome da verossimilhança, o recurso é legítimo, mas isso não é desculpa. Muitas obras já foram escritas na linha do “Querido Diário” adolescente e nem todas soam bobinhas.
Romeu & Julieta
Um belo dia, Clémentine cruza na rua com Emma, a garota de cabelos azuis, com quem troca um longo e lânguido olhar.
Não demora, elas se conhecem, se apaixonam e, entre idas e vindas, resolvem ficar juntas, contra tudo e contra todos.
Se só esta descrição está carregada de clichês, é por que o mesmo acontece com a HQ.
No fim das contas, trata-se da mesma velha história de amor proibido – a mesma que está incrustada no imaginário popular desde Romeu & Julieta.
A diferença é que aqui o casal é formado por duas mulheres, em um contexto de ativismo GLS.
Isso não é ruim em si – a causa é mais do que justa e merecedora de todo respeito e apoio.
O problema de Azul é a Cor Mais Quente é que ela não se traduz em uma grande HQ – como sua aclamação prévia faz crer.
Como méritos, pode-se dizer que a autora tem bom domínio da técnica narrativa sequencial, com especial destaque para as expressões faciais dos personagens e para o uso das cores.
Azul é a Cor Mais Quente é HQ que se lê de uma sentada, dada sua fluidez narrativa, além contar uma história sensível e com a qual muitas (e muitos) poderão se identificar, apesar dos seus defeitos.
Azul é a Cor Mais Quente / Julie Maroh / Martins Fontes/ 160 p./ R$ 39,90/ www.martinsmartinsfontes.com.br
Nas duas formas, a obra foi amplamente reconhecida e premiada.
A HQ original francesa, lançada em 2010, ganhou o Prêmio de Público do Festival Internacional de Angoulême 2011, entre outros, além de ter sido traduzida para inglês, espanhol, alemão, italiano, holandês e claro, português.
Já o filme, dirigido pelo franco-tunisiano Kechiche, faturou nada menos que a Palma de Ouro, prêmio máximo do Festival de Cannes 2013.
Uma trajetória notavelmente vitoriosa para uma obra que, na sua fonte original – a história em quadrinhos – deixa bem evidentes tanto méritos quanto defeitos.
No diário
Contada a partir dos diários de uma das protagonistas, a estudante Clémentine, a trama mostra o encontro – e subsequente paixão – entre ela e uma jovem de cabelos e olhos azuis, Emma.
Clém, como é chamada pelos amigos, é a primeira vista, uma jovem como outra qualquer: vai a escola, mora com os pais, tem uma rodinha de amigos e paquera um rapaz do colégio com pinta de grunge (a história em inicia em 1994).
Porém, quando começa a namorar com Thomas, o tal rapazinho de barbicha, Clémentine “trava” – e sempre na hora do chamado rala & rola.
E aí começam os problemas da HQ.
Boa parte do texto da menina em seu diário soa exatamente como deve soar uma menina comum de 15 anos escrevendo em seu diário: sentimentalóide, carregado de clichês e tolinho.
Em nome da verossimilhança, o recurso é legítimo, mas isso não é desculpa. Muitas obras já foram escritas na linha do “Querido Diário” adolescente e nem todas soam bobinhas.
Romeu & Julieta
Um belo dia, Clémentine cruza na rua com Emma, a garota de cabelos azuis, com quem troca um longo e lânguido olhar.
Não demora, elas se conhecem, se apaixonam e, entre idas e vindas, resolvem ficar juntas, contra tudo e contra todos.
Se só esta descrição está carregada de clichês, é por que o mesmo acontece com a HQ.
No fim das contas, trata-se da mesma velha história de amor proibido – a mesma que está incrustada no imaginário popular desde Romeu & Julieta.
A diferença é que aqui o casal é formado por duas mulheres, em um contexto de ativismo GLS.
Isso não é ruim em si – a causa é mais do que justa e merecedora de todo respeito e apoio.
O problema de Azul é a Cor Mais Quente é que ela não se traduz em uma grande HQ – como sua aclamação prévia faz crer.
Como méritos, pode-se dizer que a autora tem bom domínio da técnica narrativa sequencial, com especial destaque para as expressões faciais dos personagens e para o uso das cores.
Azul é a Cor Mais Quente é HQ que se lê de uma sentada, dada sua fluidez narrativa, além contar uma história sensível e com a qual muitas (e muitos) poderão se identificar, apesar dos seus defeitos.
Azul é a Cor Mais Quente / Julie Maroh / Martins Fontes/ 160 p./ R$ 39,90/ www.martinsmartinsfontes.com.br
sexta-feira, dezembro 06, 2013
PODCAST CLASH CITY ROCKERS # 18
PONTO FIAC OCUPA SOLAR BOA VISTA COM MÚSICA NOVA POR DOIS FINS DE SEMANA
O Festival Internacional de Artes Cênicas (FIAC) está expandindo as atividades, além do evento em si realizado em setembro.
A iniciativa é o festival de música Ponto FIAC, que ocupa o Solar Boa Vista com shows por dois fins de semana.
Começa hoje, com Bixiga 70 (SP) e segue amanhã, com Skanibais, o hip hop do Opanijé e A.MA.SSA no domingo.
Semana que vem tem The Baggios (SE, ao lado, em foto de Snapic), Lucas Santtana, Suinga e Pirigulino Babilake.
Um cardápio e tanto para interessados em música que prescinde de coreografias infantis ou palavras de ordem.
Além dos shows, haverá mostras de artes visuais, oficinas e até uma moqueca de miraguaia (a programação completa está no site do evento).
“Para a parte musical, a gente contou com a curadoria de Ronei Jorge, artista que é uma referência da cena independente. Já a parte de artes visuais ficou a cargo de Marcelo Resende, que é diretor do Museu de Arte Moderna (MAM)”, conta Felipe de Assis, um dos organizadores do FIAC.
Skanibais, foto Anderson Fereira |
Som caleidoscópico
Atração que abre hoje – em grande estilo – o Ponto FIAC, a Bixiga 70 é hoje uma sensação da música independente. E diferente de muita coisa com esse status, eis aqui uma banda que de fato merece aplausos.
Com dez feras no palco, trata-se de uma mini big band de música instrumental sem fronteiras, que parte de base afro beat para explorar diversos territórios estilísticos.
Caleidoscópica, funky, exuberante, a Bixiga 70 cristaliza a tendência recente das bandas de som instrumental que deram fim ao velho estigma da “música de músicos”.
“Estamos realizados”, diz Maurício Fleury (teclado e guitarra). “Salvador foi a primeira cidade que queríamos ter tocado desde o início”, diz.
Não se trata de mera gentileza. A música baiana está no DNA da Bixiga 70 – não é por acaso que a faixa de abertura do seu álbum mais recente é Deixa a Gira Girá, ponto de candomblé gravado pelos lendários Os Tincoãs em 1973.
“É por causa d’Os Tincoãs mesmo, que botou o candomblé no samba africano e é uma grande influência para a gente”, afirma Maurício.
“Além de bandas daí que gostamos, como Baiana System, Retrofoguetes e Orkestra Rumpilezz, com a qual tivemos a honra de dividir o palco em São Paulo. Admiramos muito Letieres Leite por tudo que ele faz pela música ”, conclui.
Ponto FIAC / A partir de hoje até 14 de dezembro (fins de semana) / Solar Boa Vista (Eng. Velho de Brotas) / R$ 10 e R$ 5 / www.pontofiac.com.br
ENTREVISTA MAURÍCIO FLEURY (BIXIGA 70)
E aí, estão felizes por tocar em Salvador?
Bixiga 70. Foto: Nicole Heiniger |
Vocês tem tido uma ótima recepção de público para uma banda instrumental, algo que vem se repetindo, com outras bandas também. Acha que já foi o tempo em que música instrumental era coisa "de músico para outros músicos"?
MF: Aí mesmo vocês tem os Retrofoguetes, que é um ótimo exemplo de música instrumental que não fica mais confinada a uma escola específica de música brasileira pós-bossa nova. A música instrumental brasileira é forte desde o começo, com o choro, Pixinguinha. Mas depois da bossa, a coisa ficou meio estigmatizada de ser muito jazzística, uma coisa de salão de jazz, para ouvir sentado. Foi criada toda uma aura. Mas nos últimos anos, a música instrumental tem dito muito, mesmo sem letra. São outras vibrações, outras mensagens vindas de muitas bandas instrumentais legais, como os Retrofoguetes, os Dead Rocks (banda surf de São Carlos), está super vivo o lado instrumental no rap, a banda Hurtmold, que também é ligada ao rock, mas traz outras sonoridades, e também ao jazz mas não de uma forma bossa novistica. O Bixiga entra nisso, da música instrumental contemporânea que tem várias mensagens e é dançante e não é só jazz ou afro, tem eletrônica, hip hop etc. A ideia é fazer um som atual com uma formação grande, com vários músicos e que não quer ficar confinada na coisa virtuosística do jazz apesar de ter influências de jazz.A gente gosta, mas não só. E também não precisa de uma figura discursando lá na frente. Muitas bandas e artistas foram achando esquemas de instrumentação para diversas formações e propostas diferentes. Estava escutando agora há pouco o disco do Anjo Gabriel, que faz instrumental e é rock psicodélico. O que fica é que temos uma relação com a música brasileira instrumental, mas o pessoal que precisa enquadrar pode dizer que tentamos fazer uma fusão de música contemporânea que não seja meramente virtuosística.
Vocês tem influências da Orkestra Rumpilezz ou ou vocês e a Orkestra Rumpilezz é que tem as mesmas influências?
MF: Acho que são coisas diferentes. Buscamos um som próprio e somamos muitas influências de fora (do Brasil). Mas não vamos copiar, pois admiramos muito o trabalho de Letieres Leite e tudo o que ele faz para a musica brasileira, é um trabalho maravilhoso. A gente gosta de muitos tipos de música, mas não temos o rebuscamento que a OR tem. A gente é mais rock 'n' roll, tem baixo, guitarra, teclado. Dividimos o palco com a OR em novembro, aqui em São Paulo, no Largo da Batata, em um show de graça. A Rumpilezz tocou antes e depois eles tocaram conosco a música d'Os Tincoãs que a gente gravou. Eles são bem focados e refinados, enquanto que nosso som é mais sujo e rock.
Vocês já fizeram diversos shows no exterior. Como foi a experiência?
Bixiga 70. Foto: Nicole Heiniger |
Planos para 2014?
MF: Sempre tocar, tocar, tocar, viajar, levar para onde puder. O grande segredo de tudo é o trabalho e também produzir. Temos muitos projetos que circundam a banda. E deve sair outro disco do Bixiga em 2014. Queremos circular pelo Brasil em lugares que ainda não tocamos, tipo Salvador, que é uma realização para a gente, além de outras capitais e pelo interior.
O processo de composição do Bixiga 70 é coletivo? Como funciona? Tipo jam no estúdio?
MF: A gente assina as composições em parceria entre dois ou três membros e a banda, por que um chega com um tema e a banda vai desenvolvendo e virando uma coisa que agrade aos dez membros, por isso assina junto. Pode acontecer de ser uma jam e alguém levar para casa e escrever algo em cima. É bem coletivo. Sempre tem alguém que inicia a coisa, mas se não tiver os dez, não rola nada. Alguém tem que dar o pontapé inicial e agente pensa a composição do jeito que acontece.