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terça-feira, dezembro 17, 2013

BILLY JACKSON, HQ DE CAU GOMEZ E VICTOR MASCARENHAS, TEM LANÇAMENTO HOJE, NA RV

Nasce uma estrela?
Reflexo distorcido da cultura pop de massa, sósias de Michael Jackson se tornaram tão comuns na paisagem do entretenimento popular quanto os de Elvis e Raul Seixas.

Essas figuras complexas ainda merecem estudo sério para saber o que se passa em suas cabecinhas.

Enquanto este  não sai, vale conferir a HQ baiana Billy Jackson, que tem lançamento hoje, na RV Cultura & Arte.

Ilustrada pelo multipremiado cartunista de A Tarde Cau Gomez, a HQ é uma adaptação do escritor baiano Victor Mascarenhas para um conto de sua própria autoria, Superstar, publicado em seu primeiro livro, A insuportável família feliz (Editora P55, 2011).

A iniciativa de verter o conto de Mascarenhas para a linguagem dos quadrinhos foi uma sugestão do próprio Cau: “Li o conto e fiquei super empolgado com a história. No dia seguinte liguei pro Victor com a proposta da adaptação”, conta o artista.

“Eu tava mesmo devendo uma HQ dessas“, percebe Cau, que tem algumas HQs curtas no currículo – e agora conta com Billy Jackson como seu primeiro álbum.

No livro, Mascarenhas e Gomez contam a história de Agnaldo, um típico jovem preto, pobre e da periferia de Salvador que se encanta com Michael Jackson quando ele estoura com Thriller (1983).

Um belo dia, ele entra em um armário – que, se for metafórico, a HQ não deixa claro, mas talvez isto não seja importante para a narrativa em si.

Quando sai do armário – sob  ameaças de “corretivo“ do  pai – Agnaldo já surge, glorioso, como Billy Jackson.

Victor e Cau. Foto: Caixa de Fósforos
De leitura ágil, a HQ segue a trajetória do sósia em paralelo à do ídolo. E vai mostrando como o processo de transformações bizarras, decadência e morte precoce se reflete em Agnaldo / Billy.

O resultado é uma HQ que, para além da beleza plástica e da narrativa enxuta, oferece uma visão desencantada – ainda que terna – da adoração cega a ídolos de barro.

Destaque também para o aspecto sujo e deprimente das ruas de Salvador, perfeitamente captadas no papel pela arte de Cau Gomez.

Fascínio pelo fake

”Na verdade, não me baseei em nenhum cover específico de Michael Jackson”, conta Victor Mascarenhas.

O Moonwalk, segundo Cau Gomez
“É essa coisa do fake, da reinvenção, que me atrai. Meu ultimo livro (Xing Ling: Made in China, Solisluna, 2013),  é sobre isso também: a falsificação da baianidade, o fake baratinho”, acrescenta.

Para Victor, Agnaldo é um “pobre preto sem perspectivas, que  vê em Michael Jackson a chance de se transformar em outra pessoa e ter um protagonismo na vida”, observa.

“Agnaldo é um excluído. A única forma dele se sentir aceito é imitando seu ícone”, ecoa Cau Gomez.

“Acompanhando a transformação de Michael, ele deixa de ser Agnaldo e vira Billy, seguindo a decadência do ídolo, até que ele morre. Como uma pessoa que transformou a vida para a acompanhar a  de outra reage, quando essa pessoa morre? Essa é a grande questão dessa história”, afirma Victor.

Cau Gomez conta que “sempre fui muito fã do Michael, mas também fiquei muito chocado quando ele começou a se metamorfosear daquela forma quase kafkiana”.

“Pareceu uma coisa incontrolável. Cheguei a ter repulsa do ser humano que ele se tornou. Mas consigo separar a produção musical dele desde criança dessa coisa toda”, afirma.

Publicação bem cuidada, Billy Jackson sai bancada 100% pela RV Cultura & Arte, sem edital.

Billy Jackson / Lançamento: Hoje, 18 horas /  RV Cultura & Arte (R. Barro Vermelho 32, Rio Vermelho) /  gratuito

Billy Jackson / Victor Mascarenhas e Cau Gomez / 52 p. R$ 29,90 / www.rvculturaearte.com

2 comentários:

  1. Sandman Movie Coming Together!

    http://www.bleedingcool.com/2013/12/16/sandman-movie-coming-together-joseph-gordon-levitt-making-deal-to-star-and-direct

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  2. Coisa mais chata essas listas de melhores do ano.

    http://omelete.uol.com.br/musica/melhores-discos-de-2013/

    De qualquer forma, estão aí contempladas duas apostas do Rock Loco em 2013: Unknown Mortal Orchestra e Deolinda.

    Além dos óbvios QOTSA e Daft Punk. salvam-se ainda Thee Oh Sees, Bixiga 70, MSP, Macca, Bowie, MBV, Elvis C. & The Roots.

    O resto é viagem, ilusão, miragem, delírios de grandeza.

    E Zé Finí!

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