Longe vai o tempo em que roqueiro brasileiro tinha, como dizia Rita Lee, “cara de bandido”.
Ou não? Bom, no que depender da banda baiana Mötrícia, que faz show de pré-lançamento do seu primeiro CD neste sábado, esta gloriosa tradição há de ser mantida e preservada.
“A bandeira do rock ficou pesada. Ninguém mais quer encarar essa barra”, observa o vocalista Leonardo Leão.
Figura atuante no cenário local há coisa de vinte anos, Leão é oriundo da cena do heavy metal, tendo liderado bandas elogiadas, como Shadows e Drearylands.
Com a Mötrícia, ele e Álvaro Tattoo Medrado, Adriano Bastos (guitarras), Larriri Vasconcelos (baixo) e Mark Mesquita (bateria) apostam no movimento marotamente batizado de MPB: Música Pesada Brasileira, com direito a manifesto e tudo, a ser lançado em breve e assinado por diversas bandas daqui e de outros estados do Brasil.
Trata-se de uma reação ao atual cenário do rock brasileiro, infestado de “MPB” – a outra. "E quaisquer outras bandas de rock que quiserem assinar o manifesto e entrar no movimento, é so entrar em contato", convida Leão.
Sem mistura indigesta
“Hoje só vejo a garotada fazendo rock misturado com samba, eletrônico, rap, regional, MPB e, aqui, até axé music, que deixou de ser odiada pelos rockers e foi incorporada em misturas indigestas”, dispara Leão.
A culpa por este estado de coisas, entretanto, não é tanto dos jovens, contemporiza: “Os roqueiros das antigas ficaram velhos. Com a maturidade veio uma certa vergonha de ser roqueiro. De repente todo mundo ficou sério, posando de intelectual, cabeça aberta. O radicalismo deu lugar ao ecletismo”.
Com a Mötrícia o papo é outro. “É o rock que vem do hard rock, do metal, do hardcore, do r0ckabilly: os sons que a gente curte. Eu ouço Novos Baianos, mas não é por isso que eu vou botar na minha música”, diz.
Produzido por andré t., o primeiro álbum da Mötrícia estará disponível em CD a partir de janeiro, mas quem quiser baixar, poderá faze-lo em breve.
“Em dezembro, liberamos para download, mas este é um disco para ser ouvido em alto e bom som: bote o CD e aumente o volume. Esse negócio de ouvir MP3 em fone de ouvido não nos faz justiça”, demarca o cantor.
A apresentação de sábado ainda traz de volta a série mensal de shows A Casa do Rock.
"Em janeiro tem mais Casa do Rock. A gente deve se apresentar nas próximas edições também, mas sempre terá mais duas bandas: uma autoral e uma de cover", conclui Leão.
A Casa do Rock – Motricia, Jonas, Combat Rock / Dubliners Irish Pub (Rio Vermelho) / Sábado, 22 horas / R$ 10
MICRO-RESENHA: MÖTRÍCIA
Tirem as crianças da sala. A Mötrícia, alinhada a bandas locais como Pastel de Miolos, Bestiário e Gozo de Lebre (há outras), faz rock misturado com... rock. E sem abrir mão de itens essenciais como peso, poesia, objetividade e personalidade. As referências são, obviamente Mötorhead (o trema em Mötrícia é só mais um detalhe), Black Sabbath e, de mais recente, stoner rock. A faixa de abertura, Noturno, é para ficar no ouvido, com sua letra espetacular e, desde já, icônica: "Não sou um cara triste, mas sinto que a alegria não me cai / Sempre tento ver o sol que todos cantam, mas só há nuvens em meus dias", urra Leão, cada dia mais rouco, sob as guitarras imundas de Álvaro e Adriano. Rock tradicional, mas nunca careta, para quem garante o que tem entre as pernas. Bem-vindos. Download gratuito em dezembro, CD físico disponível em janeiro. Ouça mais em http://soundcloud.com/motricia
Blog (que, nos seus primórdios, entre 2004-05, foi de um programa de rádio) sobre rock e cultura pop. Hoje é o blog de Chico Castro Jr., jornalista formado pela Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia. Atualmente, é repórter do Caderno 2+ do jornal A Tarde, no qual algumas das matérias vistas aqui foram anteriormente publicadas. Assina a coluna Coletânea, dedicada à música independente baiana. Nossa base é Salvador, Bahia, a cidade do axé, a cidade do terror.
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quinta-feira, novembro 29, 2012
terça-feira, novembro 27, 2012
MICRO-RESENHAS SEM TÍTULO - E APROVEITA QUE EU TÔ CALMO
Bobby na trave
Gênio do soul, o veterano Bobby Womack (68 anos) bem que tentou um retorno em grande estilo com este novo álbum produzido por Damon Albarn. A despeito de sua voz ainda espetacular, a produção modernosa bateu na trave. Nota 7. Bobby Womack / The Bravest Man in the Universe / LAB 344 / R$ 34,90
Quem sabe no próximo
Uma das sensações mais recentes do rock inglês, o segundo CD do The Vaccines soa como uma transição entre o hype indie mané (nas faixas No Hope e Teenage Icon) e a grande banda de rock que ainda podem vir a ser (Aftershave Ocean, Weirdo). The Vaccines / Come of Age / Sony / R$ 27,90
A velha fritação psyche
Dizem que grandes artistas fazem sempre a mesma obra, apenas recriando-a ao longo da carreira. Está aqui mais um exemplo: o Spiritualized, combo neopsicodélico do inglês Jason Pierce, com mais um épico na mesma linha dos álbuns anteriores. Neste caso, isto é um elogio. Spiritualized / Sweet Heart Sweet Light / Lab 344 / R$ 34,90
Jazzístico erudito
O incrível pianista Chick Corea, seus quatro músicos de acompanhamento e orquestra de câmara “viajam” pelo mundo em seis peças, uma para cada continente. No disco 2, improvisos. Prazer auditivo ininterrupto, do tamanho do mundo. Chick Corea / The Continents / Universal / R$ 42,90
Embate de titãs
Gigantes em suas respectivas épocas, reduzidas nestes tempos picaretas, Ultraje a Rigor e Raimundos saem com este split, no qual releem pérolas do repertório uma da outra. Destaques: Mim Quer Tocar em arranjo surf e Selim, com levada de arrocha. Ultraje a Rigor Vs. Raimundos / Idem / Deckdisc / R$ 29,9
Iluminação musical
Conhece Edmundo Villani- Côrtes? Aos 80 anos, ele é um dos grandes compositores eruditos do Brasil. E se não fosse esta bela homenagem do Grupo AUM, íamos continuar sem saber. Agora, ouça e se ilumine. Grupo Aum / Cortesia: 80 anos de Edmundo Villani-Côrtes / www.grupoaum.com.br / R$ 36,50
A fina arte perdida do pop invulgar
Mestres da fina arte perdida de fazer música pop com classe, o Duran Duran deve até as calças à Bryan Ferry & Roxy Music (fase Avalon, claro). O que não tira seu brilho próprio, pleno neste show, de dezembro de 2011. Hit após hit, competência e carisma totais. Duran Duran / A Diamond inthe Mind / Lab 344 / R$ 39,90
Meu caro Bilal
Mais do que um belo álbum de HQ europeia clássica, este volume em capa dura é um evento: pela primeira vez a Trilogia Nikopol é lançada completa no Brasil. Paris, 2023: os fascistas estão no poder. Surge uma pirâmide voadora, com deuses egípicios. Entram em cena mutantes, uma mulher de cabelos azuis, conglomerados multinacionais e cineastas experimentais. Uma delirante trama com intrigas políticas, realismo fantástico e ficção científica. Coisa de gênio. A Trilogia Nikopol / Enki Bilal / Nemo/ 184 p./ R$ 69/ editoranemo.com.br
Ela também escrevia (ótimos) contos
Além de alguns obscuros dramas familiares (sob o pseudônimo Mary Westmacott), a rainha do romance policial também escreveu alguns contos de terror e sobrenatural, como o que dá título à este coletânea, sobre uma marca de pólvora em formato de cão. De quebra, o clássico Testemunha de Acusação, que, no cinema, rendeu o melhor drama de tribunal de todos os tempos, dirigido por Billy Wilder (1957). O Cão da Morte / Agatha Christie / L&PM / 256 p. / R$ 19 / lpm.com.br
Bela cantora
Acusada por muitos críticos de over-singing (exageros vocais a la calouros do Raul Gil) Miss Stone solta LP de releituras de clássicos obscuros do soul, como a sensacional (For God's Sake) Give More Power to the People (Chi-Lites), Teardrop (Womack & Womack) e Sideway Shuffle (Linda Lewis). Se erra de um lado, acerta do outro. Média cinco, passou. Joss Stone / The Soul Sessions Vol. 2 / Warner / R$ 27,90
Caixa de areia gigante
Criado sob sua asa, Elton John liberou o duo australiano de dance Pnau para “brincar” com sua obra e criar faixas originais. O resultado é bem interessante e passou longe dos cavalos de batalha do mestre do pop. Bom pra pista e também para simplesmente ouvir. Elton John Vs. Pnau / Good Morning to the Night / Universal / R$ 34,90
Estetas da voz
Conhecidos tanto pela abordagem avant garde da música pop quanto pelo fascínio pela arte vocal, o grupo Dirty Projectors e a cantora Björk uniram forças neste estranho mas ainda belo álbum com renda revertida ao projeto de proteção dos mares da National Geographic. Dirty Projectors + Björk / Mount Wittenberg Orca / Domino - Lab 344 / R$ 29,90
Quase no auge
Com este volume – o quinto – a L&PM fecha a primeira década das tiras diárias e pranchas dominicais da genial criação de Charles Schulz, a tira Peanuts, que apresentou ao mundo o cachorrinho Snoopy, o azarado Charlie Brown, a geniosa Lucy e toda a turma. Nesta altura, seu estilo de desenho já estava cristalizado e a narrativa, bem próxima do auge criativo. Estão aqui clássicos como a tira “A felicidade é um cachorrinho fofo” e a dominical Observando nuvens. Inocência e inteligência em absoluta harmonia. Peanuts Completo: 1959-1960 / Charles M. Schulz / L&PM / 344 p./ R$ 75 / lpm.com.br
No primas donnas
Quem pensa que O Fantasma da Ópera é só um musical brega da Broadway, pode ficar surpreso com o livro original. O peso trágico está todo aqui, mas a história do triângulo amoroso entre uma cantora lírica, um nobre e um gênio louco que habita os porões do teatro é muito mais sobre os contornos obscuros da alma humana do que sobre primas-donna se saracoteando no palco. O Fantasma da Ópera / Gaston Leroux / L&PM / 336 p. / R$ 19,50 / lpm.com.br
Aprenda com o mestre
Renato Silva (1904-1981), foi um legítimo artista da Belle Epoque carioca. Trabalhou n’O Cruzeiro, A Gazeta e outros veículos. É dele a arte de Garra Cinzenta, clássico da HQ nacional. Pioneiro no ensino de desenho profissional, lançou este Manual em 1939, que volta às livrarias, após décadas fora de catálogo. Manual Prático de Desenho / Renato Silva / Criativo / 156 p. / R$ 49 / comix.com.br
Jogo de memória
Um morador de rua idoso e prestes a morrer (que ainda por cima, come dicionários), um casal viajando de carro pela Patagônia e até aquele menino que mandou Silvio Santos para aquele lugar são os personagens desta estranha, porém bela HQ do quadrinista (e stand- up comic) Rogério Vilela. Jogo de memória entre o sonhar e mundo desperto, Vilela traça aqui sua história particular da cultura pop do último século. Acordes / Rogério Vilela / Devir / 72 p. / R$ 29,50 / devir.com.br
Gênio do soul, o veterano Bobby Womack (68 anos) bem que tentou um retorno em grande estilo com este novo álbum produzido por Damon Albarn. A despeito de sua voz ainda espetacular, a produção modernosa bateu na trave. Nota 7. Bobby Womack / The Bravest Man in the Universe / LAB 344 / R$ 34,90
Quem sabe no próximo
Uma das sensações mais recentes do rock inglês, o segundo CD do The Vaccines soa como uma transição entre o hype indie mané (nas faixas No Hope e Teenage Icon) e a grande banda de rock que ainda podem vir a ser (Aftershave Ocean, Weirdo). The Vaccines / Come of Age / Sony / R$ 27,90
A velha fritação psyche
Dizem que grandes artistas fazem sempre a mesma obra, apenas recriando-a ao longo da carreira. Está aqui mais um exemplo: o Spiritualized, combo neopsicodélico do inglês Jason Pierce, com mais um épico na mesma linha dos álbuns anteriores. Neste caso, isto é um elogio. Spiritualized / Sweet Heart Sweet Light / Lab 344 / R$ 34,90
Jazzístico erudito
O incrível pianista Chick Corea, seus quatro músicos de acompanhamento e orquestra de câmara “viajam” pelo mundo em seis peças, uma para cada continente. No disco 2, improvisos. Prazer auditivo ininterrupto, do tamanho do mundo. Chick Corea / The Continents / Universal / R$ 42,90
Embate de titãs
Gigantes em suas respectivas épocas, reduzidas nestes tempos picaretas, Ultraje a Rigor e Raimundos saem com este split, no qual releem pérolas do repertório uma da outra. Destaques: Mim Quer Tocar em arranjo surf e Selim, com levada de arrocha. Ultraje a Rigor Vs. Raimundos / Idem / Deckdisc / R$ 29,9
Iluminação musical
Conhece Edmundo Villani- Côrtes? Aos 80 anos, ele é um dos grandes compositores eruditos do Brasil. E se não fosse esta bela homenagem do Grupo AUM, íamos continuar sem saber. Agora, ouça e se ilumine. Grupo Aum / Cortesia: 80 anos de Edmundo Villani-Côrtes / www.grupoaum.com.br / R$ 36,50
A fina arte perdida do pop invulgar
Mestres da fina arte perdida de fazer música pop com classe, o Duran Duran deve até as calças à Bryan Ferry & Roxy Music (fase Avalon, claro). O que não tira seu brilho próprio, pleno neste show, de dezembro de 2011. Hit após hit, competência e carisma totais. Duran Duran / A Diamond inthe Mind / Lab 344 / R$ 39,90
Meu caro Bilal
Mais do que um belo álbum de HQ europeia clássica, este volume em capa dura é um evento: pela primeira vez a Trilogia Nikopol é lançada completa no Brasil. Paris, 2023: os fascistas estão no poder. Surge uma pirâmide voadora, com deuses egípicios. Entram em cena mutantes, uma mulher de cabelos azuis, conglomerados multinacionais e cineastas experimentais. Uma delirante trama com intrigas políticas, realismo fantástico e ficção científica. Coisa de gênio. A Trilogia Nikopol / Enki Bilal / Nemo/ 184 p./ R$ 69/ editoranemo.com.br
Ela também escrevia (ótimos) contos
Além de alguns obscuros dramas familiares (sob o pseudônimo Mary Westmacott), a rainha do romance policial também escreveu alguns contos de terror e sobrenatural, como o que dá título à este coletânea, sobre uma marca de pólvora em formato de cão. De quebra, o clássico Testemunha de Acusação, que, no cinema, rendeu o melhor drama de tribunal de todos os tempos, dirigido por Billy Wilder (1957). O Cão da Morte / Agatha Christie / L&PM / 256 p. / R$ 19 / lpm.com.br
Bela cantora
Acusada por muitos críticos de over-singing (exageros vocais a la calouros do Raul Gil) Miss Stone solta LP de releituras de clássicos obscuros do soul, como a sensacional (For God's Sake) Give More Power to the People (Chi-Lites), Teardrop (Womack & Womack) e Sideway Shuffle (Linda Lewis). Se erra de um lado, acerta do outro. Média cinco, passou. Joss Stone / The Soul Sessions Vol. 2 / Warner / R$ 27,90
Caixa de areia gigante
Criado sob sua asa, Elton John liberou o duo australiano de dance Pnau para “brincar” com sua obra e criar faixas originais. O resultado é bem interessante e passou longe dos cavalos de batalha do mestre do pop. Bom pra pista e também para simplesmente ouvir. Elton John Vs. Pnau / Good Morning to the Night / Universal / R$ 34,90
Estetas da voz
Conhecidos tanto pela abordagem avant garde da música pop quanto pelo fascínio pela arte vocal, o grupo Dirty Projectors e a cantora Björk uniram forças neste estranho mas ainda belo álbum com renda revertida ao projeto de proteção dos mares da National Geographic. Dirty Projectors + Björk / Mount Wittenberg Orca / Domino - Lab 344 / R$ 29,90
Quase no auge
Com este volume – o quinto – a L&PM fecha a primeira década das tiras diárias e pranchas dominicais da genial criação de Charles Schulz, a tira Peanuts, que apresentou ao mundo o cachorrinho Snoopy, o azarado Charlie Brown, a geniosa Lucy e toda a turma. Nesta altura, seu estilo de desenho já estava cristalizado e a narrativa, bem próxima do auge criativo. Estão aqui clássicos como a tira “A felicidade é um cachorrinho fofo” e a dominical Observando nuvens. Inocência e inteligência em absoluta harmonia. Peanuts Completo: 1959-1960 / Charles M. Schulz / L&PM / 344 p./ R$ 75 / lpm.com.br
No primas donnas
Quem pensa que O Fantasma da Ópera é só um musical brega da Broadway, pode ficar surpreso com o livro original. O peso trágico está todo aqui, mas a história do triângulo amoroso entre uma cantora lírica, um nobre e um gênio louco que habita os porões do teatro é muito mais sobre os contornos obscuros da alma humana do que sobre primas-donna se saracoteando no palco. O Fantasma da Ópera / Gaston Leroux / L&PM / 336 p. / R$ 19,50 / lpm.com.br
Aprenda com o mestre
Renato Silva (1904-1981), foi um legítimo artista da Belle Epoque carioca. Trabalhou n’O Cruzeiro, A Gazeta e outros veículos. É dele a arte de Garra Cinzenta, clássico da HQ nacional. Pioneiro no ensino de desenho profissional, lançou este Manual em 1939, que volta às livrarias, após décadas fora de catálogo. Manual Prático de Desenho / Renato Silva / Criativo / 156 p. / R$ 49 / comix.com.br
Jogo de memória
Um morador de rua idoso e prestes a morrer (que ainda por cima, come dicionários), um casal viajando de carro pela Patagônia e até aquele menino que mandou Silvio Santos para aquele lugar são os personagens desta estranha, porém bela HQ do quadrinista (e stand- up comic) Rogério Vilela. Jogo de memória entre o sonhar e mundo desperto, Vilela traça aqui sua história particular da cultura pop do último século. Acordes / Rogério Vilela / Devir / 72 p. / R$ 29,50 / devir.com.br
sábado, novembro 24, 2012
BARDO EM QUADRINHOS NA COLEÇÃO DA NEMO
Em um mundo aonde tudo parece conspirar para anular qualquer traço de pensamento crítico, personalidade própria e alma, ler William Shakespeare chega ser um exercício de subversão.
E quanto mais jovem, melhor. Um bom atalho para introduzir o bardo inglês às crianças e jovens está na Coleção Shakespeare Em Quadrinhos (Editora Nemo).
Com três volumes já lançados há alguns meses (Romeu & Julieta, Otelo e Sonhos de Uma Noite de Verão), a coleção acaba de ganhar mais dois volumes: A Tempestade e Macbeth.
É verdade que clássicos literários convertidos em quadrinhos se tornaram um belo filão de mercado para as editoras, ávidas a serem incluídas na cobiçada lista anual de obras a serem adquiridas pelo Programa Nacional Biblioteca nas Escolas (PNBE), do Ministério da Educação (MEC).
É verdade também que, nem sempre, tais HQs constituem uma adaptação à altura da obra original.
Felizmente, não é caso desta coleção.
Primeiro, é preciso dar um desconto: condensar uma obra de Shakespeare em 64 páginas de quadrinhos não é tarefa fácil.
E depois, nenhuma adaptação em HQ substitui a obra original. Elas costumam servir justamente como uma introdução resumida, uma espécie de “aperitivo”, para que o leitor se interesse pela obra, o autor etc.
O editor da coleção, o também quadrinista Wellington Srbek (autor da premiada Estórias Gerais), chama a atenção justamente para este caráter introdutório: “A principal orientação (aos roteiristas e desenhistas) é ser o mais fiel possível aos fatos narrados na obra original”, conta, em entrevista.
“Partindo disso, cada dupla de autores faz um trabalho de transposição da peça para a linguagem dos quadrinhos, tendo em mente o público final ao qual as adaptações se destinam, que são os leitores jovens”, diz.
Com uma obra tão extensa quanto essencial, a seleção de peças a serem adaptadas é, certamente, a parte mais fácil do trabalho: “Simplesmente selecionamos as obras mais importantes e mais significativas de Shakespeare”, define Srbek.
Feita a escolha das obras, parte-se para a seleção dos profissionais designados para adaptá-las: “Neste caso, como conheço diversos roteiristas e desenhistas brasileiros, foi mais uma questão de reunir duplas cujo trabalho mais se aproximasse do estilo e da temática de cada peça”, detalha o editor.
A adaptação de A Tempestade é um ótimo exemplo de como o processo aparentemente simples assumido por Wellington funcionou bem.
O roteiro ficou a cargo de Lillo Parra, com experiência de mais de dez anos no meio teatral, com os coletivos paulistas Teatro Popular União e Olho Vivo.
Já o traço delicado, fluido, de Jefferson Costa caiu como uma luva em figuras fantasiosas como o feiticeiro italiano Próspero e seu servo monstruoso, Caliban.
Já o traço sombrio (e totalmente colorido em tons terrosos) de Rafael Vasconcellos se prestou com notável leveza ao clima de traições e intrigas medievais de Macbeth. Marcela Godoy, romancista (O Primeiro Relato da Queda de Um Demônio) e roteirista do volume Romeu & Julieta, também cumpriu bem sua tarefa em Macbeth.
Claro, todos aqueles longos monólogos e diálogos típicos do velho William são aqui resumidos, mas não diminuídos.
“Na verdade, no caso da Coleção Shakespeare, os roteiristas fazem uma recriação do texto original, partindo do que o autor escreveu, mas pensando na narrativa dos quadrinhos”, esclarece Wellington, que prepara, ele mesmo, uma adaptação sem resumos de Hamlet para breve, com o desenhista Alex Shibao.
“Está em produção agora Rei Lear, com roteiro de Jozz e desenhos de Octavio Cariello. Temos também em finalização uma adaptação de Hamlet, mas esta não será para a Coleção Shakespeare, pois tem uma proposta diferente; foi uma tradução direta do texto original da peça, feita por mim, que está sendo desenhada por Alex Shibao, e é voltada para um público mais adulto”, conclui.
Macbeth / William Shakespeare, Marcela Godoy e Rafael Vasconcellos / Nemo/ 64 p/ R$ 39/ www.editoranemo.com.br
A Tempestade / W. Shakespeare, Lillo Parra e Jefferson Costa / Nemo/ 64 p/ R$ 39/ www.editoranemo.com.br
E quanto mais jovem, melhor. Um bom atalho para introduzir o bardo inglês às crianças e jovens está na Coleção Shakespeare Em Quadrinhos (Editora Nemo).
Com três volumes já lançados há alguns meses (Romeu & Julieta, Otelo e Sonhos de Uma Noite de Verão), a coleção acaba de ganhar mais dois volumes: A Tempestade e Macbeth.
É verdade que clássicos literários convertidos em quadrinhos se tornaram um belo filão de mercado para as editoras, ávidas a serem incluídas na cobiçada lista anual de obras a serem adquiridas pelo Programa Nacional Biblioteca nas Escolas (PNBE), do Ministério da Educação (MEC).
É verdade também que, nem sempre, tais HQs constituem uma adaptação à altura da obra original.
Felizmente, não é caso desta coleção.
Primeiro, é preciso dar um desconto: condensar uma obra de Shakespeare em 64 páginas de quadrinhos não é tarefa fácil.
E depois, nenhuma adaptação em HQ substitui a obra original. Elas costumam servir justamente como uma introdução resumida, uma espécie de “aperitivo”, para que o leitor se interesse pela obra, o autor etc.
O editor da coleção, o também quadrinista Wellington Srbek (autor da premiada Estórias Gerais), chama a atenção justamente para este caráter introdutório: “A principal orientação (aos roteiristas e desenhistas) é ser o mais fiel possível aos fatos narrados na obra original”, conta, em entrevista.
“Partindo disso, cada dupla de autores faz um trabalho de transposição da peça para a linguagem dos quadrinhos, tendo em mente o público final ao qual as adaptações se destinam, que são os leitores jovens”, diz.
Com uma obra tão extensa quanto essencial, a seleção de peças a serem adaptadas é, certamente, a parte mais fácil do trabalho: “Simplesmente selecionamos as obras mais importantes e mais significativas de Shakespeare”, define Srbek.
Feita a escolha das obras, parte-se para a seleção dos profissionais designados para adaptá-las: “Neste caso, como conheço diversos roteiristas e desenhistas brasileiros, foi mais uma questão de reunir duplas cujo trabalho mais se aproximasse do estilo e da temática de cada peça”, detalha o editor.
A adaptação de A Tempestade é um ótimo exemplo de como o processo aparentemente simples assumido por Wellington funcionou bem.
O roteiro ficou a cargo de Lillo Parra, com experiência de mais de dez anos no meio teatral, com os coletivos paulistas Teatro Popular União e Olho Vivo.
Já o traço delicado, fluido, de Jefferson Costa caiu como uma luva em figuras fantasiosas como o feiticeiro italiano Próspero e seu servo monstruoso, Caliban.
Já o traço sombrio (e totalmente colorido em tons terrosos) de Rafael Vasconcellos se prestou com notável leveza ao clima de traições e intrigas medievais de Macbeth. Marcela Godoy, romancista (O Primeiro Relato da Queda de Um Demônio) e roteirista do volume Romeu & Julieta, também cumpriu bem sua tarefa em Macbeth.
Claro, todos aqueles longos monólogos e diálogos típicos do velho William são aqui resumidos, mas não diminuídos.
“Na verdade, no caso da Coleção Shakespeare, os roteiristas fazem uma recriação do texto original, partindo do que o autor escreveu, mas pensando na narrativa dos quadrinhos”, esclarece Wellington, que prepara, ele mesmo, uma adaptação sem resumos de Hamlet para breve, com o desenhista Alex Shibao.
“Está em produção agora Rei Lear, com roteiro de Jozz e desenhos de Octavio Cariello. Temos também em finalização uma adaptação de Hamlet, mas esta não será para a Coleção Shakespeare, pois tem uma proposta diferente; foi uma tradução direta do texto original da peça, feita por mim, que está sendo desenhada por Alex Shibao, e é voltada para um público mais adulto”, conclui.
Macbeth / William Shakespeare, Marcela Godoy e Rafael Vasconcellos / Nemo/ 64 p/ R$ 39/ www.editoranemo.com.br
A Tempestade / W. Shakespeare, Lillo Parra e Jefferson Costa / Nemo/ 64 p/ R$ 39/ www.editoranemo.com.br
quinta-feira, novembro 22, 2012
MAX: VISÃO TOTAL - MOSTRA DO ACLAMADO QUADRINISTA ESPANHOL ABRE HOJE EM SALVADOR
Um dos principais nomes da HQ, do cartum e da arte gráfica espanhola dos últimos 40 anos, o artista Max ganha vasta mostra inédita em Salvador a partir de hoje, no Instituto Cervantes.
Nascido Francesc Capdevila, este catalão nascido em Barcelona é velho conhecido de apreciadores das HQs europeias.
No final dos anos 1980, a saudosa revista brasileira Animal publicou em capítulos sua HQ mais famosa: Peter Punk, uma frenética paródia do clássico de J.M. Barrie proibida para menores e recheada de sexo, sangue, drogas e rock ‘n’ roll.
Desde então, teve pouca coisa publicada no Brasil, como a elogiada graphic novel O Prolongado Sonho do Sr. T (Zarabatana, 2006). A mostra Panóptica 1973-2011, que já passou por Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte traz cerca de 60 trabalhos, muitos deles originais.
O termo panóptico, criado no século XVIII pelo jurista inglês Jeremy Bentham, refere-se ao olho que tudo vê – bem adequado à proposta da exposição, que oferece uma visão panorâmica da carreira de Max.
“Esta mostra abarca um periodo longo, de quase quarenta anos. Daí a ideia do panóptico, do olho que abarca tudo. Aqui, este olho tenta abarcar toda a rica trajetória de Max, um artista multifacetado e de estilo muito próprio”, descreve a curadora Marta Sierra.
Fotocópias clandestinas
Como quase todo mundo que começou a publicar quadrinhos nos anos 1970, Max era fortemente influenciado pelo movimento dos comix underground norte-americanos, que tinham Robert Crumb como papa.
Como a Espanha, contudo, vivia no duro regime ditatorial do Generalissimo Francisco Franco, não havia lugar para artistas como Max, que tinham que publicar suas HQs de forma clandestina, na base da fotocópia.
“Ele era basicamente um jovem que queria viver de desenho em uma época muito difícil de censura no regime Franquinta. Mas depois ele foi desenvolvendo seu estilo”, diz.
“Depois da morte de Franco (em 1975), houve uma ascenção da contracultura espanhola, com grande efervescência nos anos 1980. Isso abriu novas possibilidades e Max passou a publicar na histórica revista El Vibora, que ele ajudou a fundar e que significou muito para a geração que viveu esta época”, descreve Marta.
Com o tempo, sua fama foi crescendo na Europa e Estados Unidos. Suas HQs e ilustrações vem sendo publicadas em revistas internacionais como a New Yorker Magazine.
“Na verdade, como se pode ver nesta mostra, Max não tem fidelidade a um estilo só, explorando várias técnicas de desenho. E ainda escreve suas próprias histórias, com vários livros publicados. Esperamos que agora saiam mais livros dele no Brasil”, observa Marta.
“Nas outras cidades por onde passou este mostra, ficou clara a conexão impressionante do O público brasileiro com o trabalho de Max. Todos captam muito bem seu trabalho”, garante.
Max, Panóptica 1973 – 2011 / A partir de hoje, até 26 de janeiro de 2013 / visitas de segunda a sexta-feira, das 9h as 19 horas / Abertura: Hoje, 19 horas, com presença da curadora Marta Sierra / Instituto Cervantes / Avenida Sete de Setembro, 2792 (Ladeira da Barra)
Nascido Francesc Capdevila, este catalão nascido em Barcelona é velho conhecido de apreciadores das HQs europeias.
No final dos anos 1980, a saudosa revista brasileira Animal publicou em capítulos sua HQ mais famosa: Peter Punk, uma frenética paródia do clássico de J.M. Barrie proibida para menores e recheada de sexo, sangue, drogas e rock ‘n’ roll.
Desde então, teve pouca coisa publicada no Brasil, como a elogiada graphic novel O Prolongado Sonho do Sr. T (Zarabatana, 2006). A mostra Panóptica 1973-2011, que já passou por Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte traz cerca de 60 trabalhos, muitos deles originais.
O termo panóptico, criado no século XVIII pelo jurista inglês Jeremy Bentham, refere-se ao olho que tudo vê – bem adequado à proposta da exposição, que oferece uma visão panorâmica da carreira de Max.
“Esta mostra abarca um periodo longo, de quase quarenta anos. Daí a ideia do panóptico, do olho que abarca tudo. Aqui, este olho tenta abarcar toda a rica trajetória de Max, um artista multifacetado e de estilo muito próprio”, descreve a curadora Marta Sierra.
Fotocópias clandestinas
Como quase todo mundo que começou a publicar quadrinhos nos anos 1970, Max era fortemente influenciado pelo movimento dos comix underground norte-americanos, que tinham Robert Crumb como papa.
Como a Espanha, contudo, vivia no duro regime ditatorial do Generalissimo Francisco Franco, não havia lugar para artistas como Max, que tinham que publicar suas HQs de forma clandestina, na base da fotocópia.
“Ele era basicamente um jovem que queria viver de desenho em uma época muito difícil de censura no regime Franquinta. Mas depois ele foi desenvolvendo seu estilo”, diz.
“Depois da morte de Franco (em 1975), houve uma ascenção da contracultura espanhola, com grande efervescência nos anos 1980. Isso abriu novas possibilidades e Max passou a publicar na histórica revista El Vibora, que ele ajudou a fundar e que significou muito para a geração que viveu esta época”, descreve Marta.
Com o tempo, sua fama foi crescendo na Europa e Estados Unidos. Suas HQs e ilustrações vem sendo publicadas em revistas internacionais como a New Yorker Magazine.
“Na verdade, como se pode ver nesta mostra, Max não tem fidelidade a um estilo só, explorando várias técnicas de desenho. E ainda escreve suas próprias histórias, com vários livros publicados. Esperamos que agora saiam mais livros dele no Brasil”, observa Marta.
“Nas outras cidades por onde passou este mostra, ficou clara a conexão impressionante do O público brasileiro com o trabalho de Max. Todos captam muito bem seu trabalho”, garante.
Max, Panóptica 1973 – 2011 / A partir de hoje, até 26 de janeiro de 2013 / visitas de segunda a sexta-feira, das 9h as 19 horas / Abertura: Hoje, 19 horas, com presença da curadora Marta Sierra / Instituto Cervantes / Avenida Sete de Setembro, 2792 (Ladeira da Barra)
JATO INVISÍVEL: DISSIDÊNCIA DA PASTEL DE MIOLOS É MAIS UMA BOA SURPRESA DA RMS
Este blogueiro já disse isso aqui há algum tempo: em termos de bandas de rock, a RMS (região metropolitana, especialmente Lauro de Feitas, Camaçari e Simões Filho) parece estar para Salvador assim como Manchester está (estava) para Londres (guardadas as devidas proporções, óbvio).
Com uma cena integrada em torno do selo Brechó Records, bandas como Pastel de Miolos, Declinium, The Pivos, Norfist, Movidos a Álcool e, mais recentemente, Jato Invisível, a região parece sustentar – ao contrário da chocha (e desintegrada) cena soteropolitana – que, sim, ainda se faz rock “tipo rock mesmo” na Bahia.
Dissidência da Pastel de Miolos, a Jato foi fundada em 2010 por Alex Costa, baixista original do power trio de Camaçari. “Na realidade, a Jato Invisível era um projeto paralelo meu junto a Pastel, que eu tocava com minha esposa, Silvana”, conta.
No início de 2012, contudo, Alex resolveu assumir a Jato de uma vez, deixando a Pastel. “Depois de uns shows de boa repercussão com a Jato Invisível, vi que tinha chegado o momento de seguir adiante”, relata.
Com uma proposta menos punk e mais rock (especialmente clássico e indie), a Jato conta com Alex e Duda Machado (guitarras), Silvana Sioux Costa (ex-Bosta Rala, baixo e vocais) e Ed Almeida (bateria).
“É que, realmente eu não tava mais numa pegada tão punk. Tava a fim de fazer outras coisas na música. Eu ainda ouço muito punk, mas minha pegada pessoal hoje é mais indie e rock clássico”, afirma.
A amizade com os meninos da Pastel continua, até por que a banda segue ligada ao selo independente deles, o já citado Brechó. No site do selo, já é possível baixar o CD demo Voo #1 gratuito, com seis faixas.
“Ano que vem vamos gravar um CD cheio, que deve estar pronto até o fim do primeiro semestre. Sim, devemos sair pela brechó”, conta.
Básico, mas limpinho
Enquanto isso, o quarteto vem circulando. Além da área metropolitana, já se apresentaram algumas vezes em Salvador, foram em Baixa Grande (Chapada) e estão fechando datas em mais cidades, como Conceição do Almeida e Valente.
“E tem mais data em Salvador. Vamos tocar no Festival Sotero Rock Politano dia 22 de dezembro, no Sunshine, com Nute (Alagoinhas), Latromodem e Modus Operandi”, informa.
No site da Brechó também é possível assistir ao primeiro clipe da banda, para a canção Debaixo do Tapete.
Simples, mas limpinho, é um bom cartão de visitas para o rock básico, despretensioso e em bom português da Jato, que tem como trunfo a bela voz de Sioux.
Ouça: http://brechodiscos.wordpress.com/about/jatoinvisivel/
NUETA:
Velhas Virgens sexta
A debochada banda paulista de rock ‘n’ roll Velhas Virgens faz show no Groove Bar nesta sexta-feira. Prestes a lançar o DVD Ninguém Beija Como As Lésbicas, a banda, totalmente independente, já conta 26 anos de estrada, com 12 álbuns lançados, documentário, HQ e até cerveja de fabricação própria. Diversão garantida. R$ 30, R$ 40 (2º Lote) e R$ 60 (camarote). A casa abre às 22 horas.
Com uma cena integrada em torno do selo Brechó Records, bandas como Pastel de Miolos, Declinium, The Pivos, Norfist, Movidos a Álcool e, mais recentemente, Jato Invisível, a região parece sustentar – ao contrário da chocha (e desintegrada) cena soteropolitana – que, sim, ainda se faz rock “tipo rock mesmo” na Bahia.
Dissidência da Pastel de Miolos, a Jato foi fundada em 2010 por Alex Costa, baixista original do power trio de Camaçari. “Na realidade, a Jato Invisível era um projeto paralelo meu junto a Pastel, que eu tocava com minha esposa, Silvana”, conta.
No início de 2012, contudo, Alex resolveu assumir a Jato de uma vez, deixando a Pastel. “Depois de uns shows de boa repercussão com a Jato Invisível, vi que tinha chegado o momento de seguir adiante”, relata.
Com uma proposta menos punk e mais rock (especialmente clássico e indie), a Jato conta com Alex e Duda Machado (guitarras), Silvana Sioux Costa (ex-Bosta Rala, baixo e vocais) e Ed Almeida (bateria).
“É que, realmente eu não tava mais numa pegada tão punk. Tava a fim de fazer outras coisas na música. Eu ainda ouço muito punk, mas minha pegada pessoal hoje é mais indie e rock clássico”, afirma.
A amizade com os meninos da Pastel continua, até por que a banda segue ligada ao selo independente deles, o já citado Brechó. No site do selo, já é possível baixar o CD demo Voo #1 gratuito, com seis faixas.
“Ano que vem vamos gravar um CD cheio, que deve estar pronto até o fim do primeiro semestre. Sim, devemos sair pela brechó”, conta.
Básico, mas limpinho
Enquanto isso, o quarteto vem circulando. Além da área metropolitana, já se apresentaram algumas vezes em Salvador, foram em Baixa Grande (Chapada) e estão fechando datas em mais cidades, como Conceição do Almeida e Valente.
“E tem mais data em Salvador. Vamos tocar no Festival Sotero Rock Politano dia 22 de dezembro, no Sunshine, com Nute (Alagoinhas), Latromodem e Modus Operandi”, informa.
No site da Brechó também é possível assistir ao primeiro clipe da banda, para a canção Debaixo do Tapete.
Simples, mas limpinho, é um bom cartão de visitas para o rock básico, despretensioso e em bom português da Jato, que tem como trunfo a bela voz de Sioux.
Ouça: http://brechodiscos.wordpress.com/about/jatoinvisivel/
NUETA:
Velhas Virgens sexta
A debochada banda paulista de rock ‘n’ roll Velhas Virgens faz show no Groove Bar nesta sexta-feira. Prestes a lançar o DVD Ninguém Beija Como As Lésbicas, a banda, totalmente independente, já conta 26 anos de estrada, com 12 álbuns lançados, documentário, HQ e até cerveja de fabricação própria. Diversão garantida. R$ 30, R$ 40 (2º Lote) e R$ 60 (camarote). A casa abre às 22 horas.
sexta-feira, novembro 16, 2012
CARROSSEL DE HITS
Arnaldo Antunes não para. Atualmente, o homem trabalha dois discos, lançados com um intervalo de apenas seis meses: A Curva da Cintura (em parceria com Edgard Scandurra e o astro malinês Toumani Diabaté) e o Acústico MTV.
É o show deste último que ele traz a Salvador, neste domingo.
Ele jura que é coincidência, mas o Acústico, uma bela revisão de seu repertório desde os Titãs, saiu bem no ano que em completa 30 anos de carreira.
“A MTV tinha parado com os Acústicos por uns dois anos, aí, quando resolveram retomar o formato, me convidaram. Foi uma feliz coincidência, bem no ano em que completo três décadas de carreira. Então juntou tudo”, relata, por telefone.
Outra feliz coincidência foi todos os membros de sua superbanda estarem disponíveis no mesmo fim de semana para este show na Concha Acústica.
“As vezes tem que substituir alguém, mas neste show teremos a formação completa, sim. Tem sido difícil mantê-la em todas as apresentações por que todos tem seus compromissos solo”, comenta Arnaldo.
Também, com uma formação estrelada dessas, não é de se admirar a dificuldade. Confira: Edgard Scandurra (violão), Marcelo Jeneci (teclados, acordeão), Curumin (bateria), Betão Aguiar (baixo, guitarra, violão) e Chico Salem (violão, banjo).
“Sou muito fã de todos e é uma honra poder tocar com eles. E como já vimos de uma experiência de anos, o trabalho acaba sendo muito fácil e prazeroso. Temos muita química, seja no palco ou estúdio”, diz.
No palco, além de Arnado e a banda, um belíssimo cenário em torno dos artistas, em forma de carrossel iluminado. “Vai ter o carrossel. A única coisa que não dá para recriar ao vivo é o palco giratório. E é sempre uma alegria tocar na Concha. Sempre fiz shows muito intensos ali, desde os Titãs”, acrescenta.
Processo de decantação
O que não foi fácil para Arnaldo foi a escolha do repertório para o Acústico. Afinal, são 30 anos, duas bandas (Titãs e Tribalistas), onze álbuns solo: “Foi um processo demorado, difícil”, disse.
“Pensei em ter músicas de várias fases. Queria coisas dos Titãs, Tribalistas, coisas que compus e foi gravado por outros artistas e coisas inéditas. Fiz uma seleção bem maior do que realmente foi pro disco. A partir daí foi um processo de decantação com a banda”, detalha.
Ao lado do produtor Liminha (com quem não trabalhava há muito tempo), Arnaldo e banda passaram a ensaiar todos os dias durante vinte dias. “Aí fomos escolhendo as que ficaram com melhores resultados de arranjo no formato acústico. A ideia era não deixar soar como um cover, muito parecida às originais. Eu queria arranjos que recriassem e dessem nova atmosfera as canções ”, diz.
Quanto A Curva da Cintura, infelizmente ainda não há previsão para shows no Brasil. “Queremos muito trazer o Toumani, mas ainda não aconteceu. Só fizemos cinco shows na Europa com ele em julho e foi muito emocionante”, conclui.
Arnaldo Antunes Acústico / Abertura: Aparelhos Multiuso / Domingo, 18h30 / Concha Acústica (TCA) / R$ 40 e R$ 20
É o show deste último que ele traz a Salvador, neste domingo.
Ele jura que é coincidência, mas o Acústico, uma bela revisão de seu repertório desde os Titãs, saiu bem no ano que em completa 30 anos de carreira.
“A MTV tinha parado com os Acústicos por uns dois anos, aí, quando resolveram retomar o formato, me convidaram. Foi uma feliz coincidência, bem no ano em que completo três décadas de carreira. Então juntou tudo”, relata, por telefone.
Outra feliz coincidência foi todos os membros de sua superbanda estarem disponíveis no mesmo fim de semana para este show na Concha Acústica.
“As vezes tem que substituir alguém, mas neste show teremos a formação completa, sim. Tem sido difícil mantê-la em todas as apresentações por que todos tem seus compromissos solo”, comenta Arnaldo.
Também, com uma formação estrelada dessas, não é de se admirar a dificuldade. Confira: Edgard Scandurra (violão), Marcelo Jeneci (teclados, acordeão), Curumin (bateria), Betão Aguiar (baixo, guitarra, violão) e Chico Salem (violão, banjo).
“Sou muito fã de todos e é uma honra poder tocar com eles. E como já vimos de uma experiência de anos, o trabalho acaba sendo muito fácil e prazeroso. Temos muita química, seja no palco ou estúdio”, diz.
No palco, além de Arnado e a banda, um belíssimo cenário em torno dos artistas, em forma de carrossel iluminado. “Vai ter o carrossel. A única coisa que não dá para recriar ao vivo é o palco giratório. E é sempre uma alegria tocar na Concha. Sempre fiz shows muito intensos ali, desde os Titãs”, acrescenta.
Processo de decantação
O que não foi fácil para Arnaldo foi a escolha do repertório para o Acústico. Afinal, são 30 anos, duas bandas (Titãs e Tribalistas), onze álbuns solo: “Foi um processo demorado, difícil”, disse.
“Pensei em ter músicas de várias fases. Queria coisas dos Titãs, Tribalistas, coisas que compus e foi gravado por outros artistas e coisas inéditas. Fiz uma seleção bem maior do que realmente foi pro disco. A partir daí foi um processo de decantação com a banda”, detalha.
Ao lado do produtor Liminha (com quem não trabalhava há muito tempo), Arnaldo e banda passaram a ensaiar todos os dias durante vinte dias. “Aí fomos escolhendo as que ficaram com melhores resultados de arranjo no formato acústico. A ideia era não deixar soar como um cover, muito parecida às originais. Eu queria arranjos que recriassem e dessem nova atmosfera as canções ”, diz.
Quanto A Curva da Cintura, infelizmente ainda não há previsão para shows no Brasil. “Queremos muito trazer o Toumani, mas ainda não aconteceu. Só fizemos cinco shows na Europa com ele em julho e foi muito emocionante”, conclui.
Arnaldo Antunes Acústico / Abertura: Aparelhos Multiuso / Domingo, 18h30 / Concha Acústica (TCA) / R$ 40 e R$ 20
DOSE DUPLA DE PROJEÇÕES SONORAS
COM DUAS PROJEÇÕES SONORAS EM NOVEMBRO, O MAB TOMA FÔLEGO E PLANEJA UM GRAN FINALE PARA O MÊS QUE VEM
Após uma breve pausa na atividades abertas ao público em geral - por que as visitas às escolas continuaram - o MAB (Música de Agora na Bahia) retorna em novembro com duas projeções sonoras de música eletroacústica.
A primeira é nesta segunda-feira, dia 19, quando o MAB faz estreia no Teatro do Movimento (Escola de Dança da Universidade Federal da Bahia).
E a segunda é dois dias depois, quarta-feira, no espaço habitual (e sempre prazeroso) dos frequentadores do MAB: o Cabaré dos Novos do Teatro Vila Velha.
A projeção no Teatro do Movimento se dará neste espaço específico justamente por que teremos dois números com intervenções de bailarinas. Em Bagatelas do Encontro, peça de Daniel Mendes, as bailarinas Aline Lucena, Bel Souza e Lia Sfoggia executarão o número de videodança Releituras Corpóreas II,
Já em m'bolumbümba 4, peça composta por Guilherme Bertissolo, Lia Sfoggia executa outro número de videodança ao som do berimbau tocado por Alexandre Espinheira e as intervenções eletrônicas pilotadas pelo autor da peça.
As outras peças apresentadas na ocasião serão Termination Shock (de Martin Jaroszewicz, inspirada nas recentes descobertas da Missão Voyager da NASA), Poema Sinfônico para 16 Metrônomos Surround (de Alexandre Espinheira) e paîé 'y (de Paulo Rios Filho, com intervenções de bouzouki, eletrônica e vídeo).
Uma noite bem variada e com múltiplas intervenções, portanto.
No dia 21, o Cabaré dos Novos receberá um programa repleto de humor (Estudo de Colagem Pop e Estudo Cartoon, peças de Luiz Eduardo Castelões), intervenções em vídeo (Interlúdio em Branco e Preto e Interlúdio em Sépia, de Guilherme Bertissolo), mensagens psicogravadas (Mixagens Psicogravadas de Stockhausen para Pinheirinho, de Guilherme Lunhani) e até exorcismo (Fantasia Baiana para Piano de Brinquedo, de Alexandre Espinheira, na qual o autor busca exorcizar uma música do Carnaval 2011 que ficou "grudada" em seu juízo).
Mais uma noite especial e incomum proporcionada pelo MAB, parecida com nada do que você já ouviu antes.
Mês a mês, o Música de Agora na Bahia vem trazendo a nova música de concerto produzida nas academias mais avançadas daqui e do mundo ao público baiano.
E em dezembro, o MAB se despedirá do público com um superconcerto para banda de rock. Aguardem.
PROJEÇÕES SONORAS - Quando ouvimos falar em projeção, logo pensamos em cinema, aonde a imagem em movimento é projetada sobre uma tela branca.
A projeção sonora é quase a mesma coisa, só que, aqui, o que é projetado é o som. A "tela" são os ouvidos, a mente e o coração dos "espectadores".
Desta forma, a série de Projeções Sonoras de Composições Eletroacústicas do MAB serão sempre executadas em sistema quadrifônico de alto-falantes.
Ou seja, a audiência estará "cercada" por quatro caixas acústicas, ouvindo obras que utilizam meios eletrônicos para processamento e transformação do som, propondo uma espacialidade específica, resultando em uma experiência de imersão sônica única.
VILA DA MÚSICA - As Projeções Sonoras do MAB acontecem dentro do projeto Vila da Música, do Teatro Vila Velha. O MAB é parceiro do Vila da Música, que por sua vez, é patrocinado pela Oi.
O MAB é uma série de dezenas de atividades que englobam: concertos, projeções sonoras, seminários, palestras, mini-recitais em escolas públicas e intervenções urbanas, se estendendo de maio até dezembro de 2012.
O MAB é uma realização da Associação Civil Oficina de Composição Agora (OCA) com patrocínio do Fundo de Cultura da Bahia.
SIGA O MAB: www.musicadeagoranabahia.com (clique em Blog).
SERVIÇO
7º Projeção Sonora de Música Eletroacústica
Teatro do Movimento - Escola de Dança da Universidade Federal da Bahia (Ondina)
Segunda-feira, 19 de novembro de 2012, 20 horas
8º Projeção Sonora de Música Eletroacústica
Teatro Vila Velha - Passeio Público, s/n, Campo Grande
Quarta-feira, 21 de novembro de 2012, 20 horas
ENTRADA GRATUITA
Após uma breve pausa na atividades abertas ao público em geral - por que as visitas às escolas continuaram - o MAB (Música de Agora na Bahia) retorna em novembro com duas projeções sonoras de música eletroacústica.
A primeira é nesta segunda-feira, dia 19, quando o MAB faz estreia no Teatro do Movimento (Escola de Dança da Universidade Federal da Bahia).
E a segunda é dois dias depois, quarta-feira, no espaço habitual (e sempre prazeroso) dos frequentadores do MAB: o Cabaré dos Novos do Teatro Vila Velha.
A projeção no Teatro do Movimento se dará neste espaço específico justamente por que teremos dois números com intervenções de bailarinas. Em Bagatelas do Encontro, peça de Daniel Mendes, as bailarinas Aline Lucena, Bel Souza e Lia Sfoggia executarão o número de videodança Releituras Corpóreas II,
Já em m'bolumbümba 4, peça composta por Guilherme Bertissolo, Lia Sfoggia executa outro número de videodança ao som do berimbau tocado por Alexandre Espinheira e as intervenções eletrônicas pilotadas pelo autor da peça.
As outras peças apresentadas na ocasião serão Termination Shock (de Martin Jaroszewicz, inspirada nas recentes descobertas da Missão Voyager da NASA), Poema Sinfônico para 16 Metrônomos Surround (de Alexandre Espinheira) e paîé 'y (de Paulo Rios Filho, com intervenções de bouzouki, eletrônica e vídeo).
Uma noite bem variada e com múltiplas intervenções, portanto.
No dia 21, o Cabaré dos Novos receberá um programa repleto de humor (Estudo de Colagem Pop e Estudo Cartoon, peças de Luiz Eduardo Castelões), intervenções em vídeo (Interlúdio em Branco e Preto e Interlúdio em Sépia, de Guilherme Bertissolo), mensagens psicogravadas (Mixagens Psicogravadas de Stockhausen para Pinheirinho, de Guilherme Lunhani) e até exorcismo (Fantasia Baiana para Piano de Brinquedo, de Alexandre Espinheira, na qual o autor busca exorcizar uma música do Carnaval 2011 que ficou "grudada" em seu juízo).
Mais uma noite especial e incomum proporcionada pelo MAB, parecida com nada do que você já ouviu antes.
Mês a mês, o Música de Agora na Bahia vem trazendo a nova música de concerto produzida nas academias mais avançadas daqui e do mundo ao público baiano.
E em dezembro, o MAB se despedirá do público com um superconcerto para banda de rock. Aguardem.
PROJEÇÕES SONORAS - Quando ouvimos falar em projeção, logo pensamos em cinema, aonde a imagem em movimento é projetada sobre uma tela branca.
A projeção sonora é quase a mesma coisa, só que, aqui, o que é projetado é o som. A "tela" são os ouvidos, a mente e o coração dos "espectadores".
Desta forma, a série de Projeções Sonoras de Composições Eletroacústicas do MAB serão sempre executadas em sistema quadrifônico de alto-falantes.
Ou seja, a audiência estará "cercada" por quatro caixas acústicas, ouvindo obras que utilizam meios eletrônicos para processamento e transformação do som, propondo uma espacialidade específica, resultando em uma experiência de imersão sônica única.
VILA DA MÚSICA - As Projeções Sonoras do MAB acontecem dentro do projeto Vila da Música, do Teatro Vila Velha. O MAB é parceiro do Vila da Música, que por sua vez, é patrocinado pela Oi.
O MAB é uma série de dezenas de atividades que englobam: concertos, projeções sonoras, seminários, palestras, mini-recitais em escolas públicas e intervenções urbanas, se estendendo de maio até dezembro de 2012.
O MAB é uma realização da Associação Civil Oficina de Composição Agora (OCA) com patrocínio do Fundo de Cultura da Bahia.
SIGA O MAB: www.musicadeagoranabahia.com (clique em Blog).
SERVIÇO
7º Projeção Sonora de Música Eletroacústica
Teatro do Movimento - Escola de Dança da Universidade Federal da Bahia (Ondina)
Segunda-feira, 19 de novembro de 2012, 20 horas
8º Projeção Sonora de Música Eletroacústica
Teatro Vila Velha - Passeio Público, s/n, Campo Grande
Quarta-feira, 21 de novembro de 2012, 20 horas
ENTRADA GRATUITA
quarta-feira, novembro 14, 2012
DYNAMUS: METALCORE, FÉ EM DEUS E PÉ NA TÁBUA
Engana-se quem pensa que o rock baiano se resume à dúzia e meia de bandas que se revezam entre bares e biroscas no bairro do Rio Vermelho.
No underground do underground tem banda que se movimenta e se viabiliza por si própria, fora dos esquemas de amizade e das controversas panelas locais.
Uma delas é a Dynamus, power trio de rock pesado que pratica um competente crossover de heavy metal com hardcore e tem rodado diversas cidades dentro e fora da Bahia.
Após alguns anos na batalha, a rapaziada acaba de lançar seu primeiro CD, Quando Estou Fraco Então Sou Forte (selo Rhythm Rock).
Produzido pelo experiente Sidney Falcão, que já assinou discos de bandas consagradas do metal como Headhunter D.C e Mystifier, o debut álbum traz o ataque sônico furioso e consciente de Eldo Luiz (voz e guitarra), Ticiano Lima (baixo) e Amarildo Santos (Bateria).
Diversificado, o disco traz uma participação especial do do rapper Danilo (Act of Revenge), na faixa Dementia.
“É que a gente sempre escutou rap, né? E também já tocamos por aí com bandas de rap, então rola uma influência mútua. Aí chamamos esse cara, Danilo. Ele era de uma banda de Narandiba, chamada Faces Ideológicas. Chamamos ele, sentamos, escrevemos, fomos pro estúdio”, relata Eldo.
Agenda agitada
Outro aspecto que meio que salta aos olhos (e ouvidos) ao ouvir o CD é a predominância de um certo ponto de vista religioso nas letras, sempre com temas sociais.
Mas a Dynamus não é uma banda de rock gospel, garante Eldo – não que haja algo de errado com isso.
“Não somos gospel. Somos cristãos. A conjuntura das letras reflete o que gente vive em Salvador, essa cidade feudal. Isso vai na concepção lírica”, diz.
Ativo, o trio já rodou por diversos estados, como Sergipe, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Minas Gerais. E continua com uma agenda bem agitada. No mês passado, se apresentaram em Barreiras (extremo oeste baiano).
“No dia 23 vamos para Feira de Santana e no dia 31, Santo Amaro. No dia 8 de dezembro, vamos fazer Aracaju, dia 15 Recife, e Jaboatão dos Guararapes no dia seguinte. E em janeiro, vamos tocar em Itabuna e Ilhéus”, detalha Eldo.
“Hoje, o cenário underground te dá essa possibilidade de fazer shows por aí. Não dá para ser toda semana, mas pelo menos uma vez por mês dá pra fazer um show fora”, garante.
E no que depender de Eldo, não para por aí. “Vamos regravar e relançar Quando Estou Fraco Então Sou Forte em inglês, para tentar fazer contatos fora do Brasil. A Mystifier vai ficar um mês rodando pelo Chile, Bolívia e tal. Existe um cenário em que dá para se manter”, acredita.
“Se trabalhar diretinho você pode até não ganhar o bastante para viver, mas pelo menos não vai pagar pra tocar”, conclui.
Impacto Music / Com as bandas Dynamus, Bootstrap, Infekta, Maquiaveis, Bullet Killer e outras / Sunshine (antigo Idearium, Rio Vermelho) / Sábado, 13 horas / R$ 10
Ouça: soundcloud.com/dynamus_band
NUETAS
Dão: Nobre Balanço
Dão & A Caravanablack apresentam na quinta-feira o show Nobre Balanço na Arena do Teatro Sesc Senac Pelourinho. Funk, soul, samba e demais ritmos black sacolejantes para lavar a alma, seja ela negra, branca ou cor de burro quando foge, como a do blogueiro. Às 21h30, R$ 20 e R$ 10.
Hoje: Nuvem de DJs no Pós
A Nuvem de DJs, coletivo informal capiteaneado pelo incansável Messias Bandeira, aporta no Póstudo hoje, com o próprio Messias (DJ Elettra), DJ Kylt (convidada especial da Paraíba) e Mauro Telefunksoul. Às 21 horas, R$ 5.
Hoje: a banda certa no lugar certo
Adequação é isso: a Drama Urbano faz show de encerramento da Semana de... Urbanismo da Uneb. Hoje, 18 horas, na Uneb (Cabula), grátis.
Amanhã: Álvaro, Eric e Luiz no Pós
Álvaro e Eric Assmar (violões, vozes) e Luiz Rocha (gaita, voz) fazem noite de blues acústico no Póstudo, nesta quinta-feira. No repertório, standards e autorais. 21h30, R$ 15.
No underground do underground tem banda que se movimenta e se viabiliza por si própria, fora dos esquemas de amizade e das controversas panelas locais.
Uma delas é a Dynamus, power trio de rock pesado que pratica um competente crossover de heavy metal com hardcore e tem rodado diversas cidades dentro e fora da Bahia.
Após alguns anos na batalha, a rapaziada acaba de lançar seu primeiro CD, Quando Estou Fraco Então Sou Forte (selo Rhythm Rock).
Produzido pelo experiente Sidney Falcão, que já assinou discos de bandas consagradas do metal como Headhunter D.C e Mystifier, o debut álbum traz o ataque sônico furioso e consciente de Eldo Luiz (voz e guitarra), Ticiano Lima (baixo) e Amarildo Santos (Bateria).
Diversificado, o disco traz uma participação especial do do rapper Danilo (Act of Revenge), na faixa Dementia.
“É que a gente sempre escutou rap, né? E também já tocamos por aí com bandas de rap, então rola uma influência mútua. Aí chamamos esse cara, Danilo. Ele era de uma banda de Narandiba, chamada Faces Ideológicas. Chamamos ele, sentamos, escrevemos, fomos pro estúdio”, relata Eldo.
Agenda agitada
Outro aspecto que meio que salta aos olhos (e ouvidos) ao ouvir o CD é a predominância de um certo ponto de vista religioso nas letras, sempre com temas sociais.
Mas a Dynamus não é uma banda de rock gospel, garante Eldo – não que haja algo de errado com isso.
“Não somos gospel. Somos cristãos. A conjuntura das letras reflete o que gente vive em Salvador, essa cidade feudal. Isso vai na concepção lírica”, diz.
Ativo, o trio já rodou por diversos estados, como Sergipe, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Minas Gerais. E continua com uma agenda bem agitada. No mês passado, se apresentaram em Barreiras (extremo oeste baiano).
“No dia 23 vamos para Feira de Santana e no dia 31, Santo Amaro. No dia 8 de dezembro, vamos fazer Aracaju, dia 15 Recife, e Jaboatão dos Guararapes no dia seguinte. E em janeiro, vamos tocar em Itabuna e Ilhéus”, detalha Eldo.
“Hoje, o cenário underground te dá essa possibilidade de fazer shows por aí. Não dá para ser toda semana, mas pelo menos uma vez por mês dá pra fazer um show fora”, garante.
E no que depender de Eldo, não para por aí. “Vamos regravar e relançar Quando Estou Fraco Então Sou Forte em inglês, para tentar fazer contatos fora do Brasil. A Mystifier vai ficar um mês rodando pelo Chile, Bolívia e tal. Existe um cenário em que dá para se manter”, acredita.
“Se trabalhar diretinho você pode até não ganhar o bastante para viver, mas pelo menos não vai pagar pra tocar”, conclui.
Impacto Music / Com as bandas Dynamus, Bootstrap, Infekta, Maquiaveis, Bullet Killer e outras / Sunshine (antigo Idearium, Rio Vermelho) / Sábado, 13 horas / R$ 10
Ouça: soundcloud.com/dynamus_band
NUETAS
Dão: Nobre Balanço
Dão & A Caravanablack apresentam na quinta-feira o show Nobre Balanço na Arena do Teatro Sesc Senac Pelourinho. Funk, soul, samba e demais ritmos black sacolejantes para lavar a alma, seja ela negra, branca ou cor de burro quando foge, como a do blogueiro. Às 21h30, R$ 20 e R$ 10.
Hoje: Nuvem de DJs no Pós
A Nuvem de DJs, coletivo informal capiteaneado pelo incansável Messias Bandeira, aporta no Póstudo hoje, com o próprio Messias (DJ Elettra), DJ Kylt (convidada especial da Paraíba) e Mauro Telefunksoul. Às 21 horas, R$ 5.
Hoje: a banda certa no lugar certo
Adequação é isso: a Drama Urbano faz show de encerramento da Semana de... Urbanismo da Uneb. Hoje, 18 horas, na Uneb (Cabula), grátis.
Amanhã: Álvaro, Eric e Luiz no Pós
Álvaro e Eric Assmar (violões, vozes) e Luiz Rocha (gaita, voz) fazem noite de blues acústico no Póstudo, nesta quinta-feira. No repertório, standards e autorais. 21h30, R$ 15.
segunda-feira, novembro 12, 2012
ERIC ASSMAR TRIO LANÇA PRIMEIRO CD HOJE, COM SHOW GRATUITO
A foto impressa na mídia do disco do Eric Assmar Trio (ao lado, em foto dePedro Coelho) não poderia ser mais adequada: em close, vemos as bolhas nas pontas dos dedos do jovem guitarrista.
A crueza da imagem casa bem com o que se ouve no álbum, que tem show gratuito de lançamento hoje, no Teatro do Irdeb (veja serviço abaixo).
Filho de Álvaro Assmar, que pode tranquilamente ser apontado como uma espécie de patrono do blues baiano, Eric, hoje aos 24 anos, vem tocando sua guitarra desde os nove, quando teve, provavelmente, sua primeira intuição espontânea.
“Eu já tinha interesse (em música) desde a infância. Eu enxergava a guitarra como algo especial, um lance mágico. Era como se quem a empunhasse tivesse algum tipo de poder sobrenatural”, relata Eric.
Desde que começou a se apresentar nos palcos da night local – seja com seu Trio, seja com diversas bandas, como Cavern Beatles e Vandex –, ele tem deixado cabelos e orelhas em pé, tamanha a eletricidade que parece escapar, faiscante, dos seus dedos calejados.
Eletricidade plenamente preservada na gravação esquema “ao vivo no estúdio”, apresentada em seu primeiro CD. “Pô, o disco tá massa, a intenção era essa mesmo, trazer a vibe do som ao vivo para a gravação no estúdio”, confirma o rapaz.
Às próprias custas
Ladeado pelo baixista Rafael Zumaeta e pelo baterista Thiago Gomes, Eric se enfurnou no estúdio por duas noites com seu pai e o já citado Vandex na mesa de som.
O resultado está nas onze belas faixas do disco, sendo duas instrumentais e nove com letras – algumas em inglês, outras em português.
“É um disco totalmente independente, gravado às minhas custas, graças a grana que faço com os shows das bandas cover em que toco e a ajuda de muitos amigos queridos que abraçaram o projeto. Um pouco das duas coisas”, detalha Eric, que aliás, ganhou esse nome do pai bluesman em homenagem ao Deus da guitarra, Eric Clapton.
“Foi uma batalha danada pra botar esse projeto de pé, então pretendo fazer o melhor que posso para marcar este momento. O show foi preparado com o máximo de cuidado”, afirma.
Hoje, sobre o palco, Eric vai desfiar o repertório do disco, mais um ou dois standards do blues.
O show, que acontece no Teatro do Instituto de Rádio Difusão Educativa da Bahia (aonde fica a TV Educativa local), será filmado para ser exibido na própria TVE, durante o verão.
“Mais adiante, a intenção é descer (para o Sudeste), mas antes, quero tornar esse disco conhecido pelo maior numero possivel de pessoas. Esta é minha a cidade, então, quero ser conhecido aqui primeiro”, diz.
ERIC ASSMAR TRIO / Lançamento / Hoje, 20 horas / TEATRO DO IRDEB / R. Pedro Gama, 413, Federação / Gratuito
Em tempo: o disco estará sendo vendido no show de hoje, por R$ 20.
A crueza da imagem casa bem com o que se ouve no álbum, que tem show gratuito de lançamento hoje, no Teatro do Irdeb (veja serviço abaixo).
Filho de Álvaro Assmar, que pode tranquilamente ser apontado como uma espécie de patrono do blues baiano, Eric, hoje aos 24 anos, vem tocando sua guitarra desde os nove, quando teve, provavelmente, sua primeira intuição espontânea.
“Eu já tinha interesse (em música) desde a infância. Eu enxergava a guitarra como algo especial, um lance mágico. Era como se quem a empunhasse tivesse algum tipo de poder sobrenatural”, relata Eric.
Desde que começou a se apresentar nos palcos da night local – seja com seu Trio, seja com diversas bandas, como Cavern Beatles e Vandex –, ele tem deixado cabelos e orelhas em pé, tamanha a eletricidade que parece escapar, faiscante, dos seus dedos calejados.
Eletricidade plenamente preservada na gravação esquema “ao vivo no estúdio”, apresentada em seu primeiro CD. “Pô, o disco tá massa, a intenção era essa mesmo, trazer a vibe do som ao vivo para a gravação no estúdio”, confirma o rapaz.
Às próprias custas
Ladeado pelo baixista Rafael Zumaeta e pelo baterista Thiago Gomes, Eric se enfurnou no estúdio por duas noites com seu pai e o já citado Vandex na mesa de som.
O resultado está nas onze belas faixas do disco, sendo duas instrumentais e nove com letras – algumas em inglês, outras em português.
“É um disco totalmente independente, gravado às minhas custas, graças a grana que faço com os shows das bandas cover em que toco e a ajuda de muitos amigos queridos que abraçaram o projeto. Um pouco das duas coisas”, detalha Eric, que aliás, ganhou esse nome do pai bluesman em homenagem ao Deus da guitarra, Eric Clapton.
“Foi uma batalha danada pra botar esse projeto de pé, então pretendo fazer o melhor que posso para marcar este momento. O show foi preparado com o máximo de cuidado”, afirma.
Hoje, sobre o palco, Eric vai desfiar o repertório do disco, mais um ou dois standards do blues.
O show, que acontece no Teatro do Instituto de Rádio Difusão Educativa da Bahia (aonde fica a TV Educativa local), será filmado para ser exibido na própria TVE, durante o verão.
“Mais adiante, a intenção é descer (para o Sudeste), mas antes, quero tornar esse disco conhecido pelo maior numero possivel de pessoas. Esta é minha a cidade, então, quero ser conhecido aqui primeiro”, diz.
ERIC ASSMAR TRIO / Lançamento / Hoje, 20 horas / TEATRO DO IRDEB / R. Pedro Gama, 413, Federação / Gratuito
Em tempo: o disco estará sendo vendido no show de hoje, por R$ 20.
quarta-feira, novembro 07, 2012
ESTÓRIAS GERAIS EDIÇÃO DEFINITIVA É TESTEMUNHO IDEM DO GÊNIO DE COLIN
Nem todo desenhista de quadrinhos é, assim, um artista.
Há quem se limite ao feijão com arroz para pagar as contas.
E há aqueles como Flavio Colin (1930-2002), cuja última obra, Estórias Gerais (2001), testemunho inequívoco de sua maestria, retorna agora em edição “definitiva”, com as páginas no tamanho em que foram desenhadas, mais alguns textos inéditos dos autores.
Multipremiada (HQMix, Troféu Angelo Agostini), aclamada pela crítica, com duas edições anteriores (2001, 2007), lançada também na Espanha, Estórias Gerais nasceu da persistência do seu roteirista, o mineiro Wellington Srbek, que a produziu de maneira independente em parceria com Colin no final dos anos 1990.
Pronto, o álbum ficou arquivado por três anos nos gavetas das editoras nacionais, até Wellington conseguir lançá-lo de maneira independente em 2001, via lei de incentivo cultural da prefeitura de Belo Horizonte.
Em 2006, saiu na Espanha pela Edicions De Ponent, como Tierra de Estorias. Só no ano seguinte foi relançado por uma grande editora (Conrad).
Desde então, a obra adquiriu status de “clássico” entre fãs e estudiosos das HQs brasileiras, ainda que seja relativamente recente. Ao ler a presente edição, as razões da classificação se tornam evidentes.
Narrativas paralelas
Visivel e fortemente influenciado pelo conterrâneo Guimarães Rosa (1908-1967) – tanto pela prosa cheia de regionalismos, quanto pela temática do cangaço na região Norte de Minas Gerais –, Srbek misturou ficção com realidade ao contar a história da derrocada do cangaceiro Antônio Mortalma e seu bando, através da narrativa do jornalista Ulisses Araújo.
Dividida em seis partes, a história muda o foco a cada capítulo, cada um contando um lado da narrativa, com vários fatos acontecendo de forma paralela, formando um mosaico.
Roteirista bastante competente, Srbek espalhou ao longo da história principal, outras “estórias”, os chamados causos, enriquecendo e diversificando a HQ.
Junte-se a isto a estupenda narrativa visual de Flavio Colin e fica fácil entender o porque desta obra ser tão cultuada.
Com seu estilo imediatamente reconhecível e influenciado pela xilogravura, Colin cometeu em Estórias Gerais uma de suas obras mais majestosas – o que não é pouco.
No seu livro Vida Traçada: Um Perfil de Flavio Colin (Marca de Fantasia, 2009), o jornalista e pesquisador baiano Gonçalo Júnior dimensiona com exatidão a importância deste artista, ainda criminosamente pouco reconhecido no Brasil: “O gigantismo de sua produção e a grandiosidade de sua obra ainda estão por ser mapeados e devidamente estudados, compreendidos e consagrados em obras mais extensas como um acontecimento das artes de um dos autores de quadrinhos mais importantes em todo mundo e em todos os tempos”.
Estórias Gerais / Wellington Srbek (roteiros) e Flavio Colin (arte) / Nemo/ 160 páginas/ R$ 48/ www.grupoautentica.com.br/nemo
Há quem se limite ao feijão com arroz para pagar as contas.
E há aqueles como Flavio Colin (1930-2002), cuja última obra, Estórias Gerais (2001), testemunho inequívoco de sua maestria, retorna agora em edição “definitiva”, com as páginas no tamanho em que foram desenhadas, mais alguns textos inéditos dos autores.
Multipremiada (HQMix, Troféu Angelo Agostini), aclamada pela crítica, com duas edições anteriores (2001, 2007), lançada também na Espanha, Estórias Gerais nasceu da persistência do seu roteirista, o mineiro Wellington Srbek, que a produziu de maneira independente em parceria com Colin no final dos anos 1990.
Pronto, o álbum ficou arquivado por três anos nos gavetas das editoras nacionais, até Wellington conseguir lançá-lo de maneira independente em 2001, via lei de incentivo cultural da prefeitura de Belo Horizonte.
Em 2006, saiu na Espanha pela Edicions De Ponent, como Tierra de Estorias. Só no ano seguinte foi relançado por uma grande editora (Conrad).
Desde então, a obra adquiriu status de “clássico” entre fãs e estudiosos das HQs brasileiras, ainda que seja relativamente recente. Ao ler a presente edição, as razões da classificação se tornam evidentes.
Narrativas paralelas
Visivel e fortemente influenciado pelo conterrâneo Guimarães Rosa (1908-1967) – tanto pela prosa cheia de regionalismos, quanto pela temática do cangaço na região Norte de Minas Gerais –, Srbek misturou ficção com realidade ao contar a história da derrocada do cangaceiro Antônio Mortalma e seu bando, através da narrativa do jornalista Ulisses Araújo.
Dividida em seis partes, a história muda o foco a cada capítulo, cada um contando um lado da narrativa, com vários fatos acontecendo de forma paralela, formando um mosaico.
Roteirista bastante competente, Srbek espalhou ao longo da história principal, outras “estórias”, os chamados causos, enriquecendo e diversificando a HQ.
Junte-se a isto a estupenda narrativa visual de Flavio Colin e fica fácil entender o porque desta obra ser tão cultuada.
Com seu estilo imediatamente reconhecível e influenciado pela xilogravura, Colin cometeu em Estórias Gerais uma de suas obras mais majestosas – o que não é pouco.
No seu livro Vida Traçada: Um Perfil de Flavio Colin (Marca de Fantasia, 2009), o jornalista e pesquisador baiano Gonçalo Júnior dimensiona com exatidão a importância deste artista, ainda criminosamente pouco reconhecido no Brasil: “O gigantismo de sua produção e a grandiosidade de sua obra ainda estão por ser mapeados e devidamente estudados, compreendidos e consagrados em obras mais extensas como um acontecimento das artes de um dos autores de quadrinhos mais importantes em todo mundo e em todos os tempos”.
Estórias Gerais / Wellington Srbek (roteiros) e Flavio Colin (arte) / Nemo/ 160 páginas/ R$ 48/ www.grupoautentica.com.br/nemo
terça-feira, novembro 06, 2012
DANIEL MÃ VOLTA A CENA LOCAL COM SHOW HOJE, NA VARANDA DO SESI
Daniel Mã (foto: Edgar Bueno) – é possível que alguns leitores se lembrem dele – apareceu no cenário local no finzinho dos anos 1990.
Quem frequentou aquelas festinhas mucho locas que rolavam no campus da Ufba em São Lázaro fatalmente acabou assistindo a alguma de suas apresentações.
Guitarra em punho, sensibilidade a flor da pele, destilava suas dores e ironias em um som cru influenciado por Nação Zumbi e demais figuras da época. Depois ele deu uma sumida.
Morou alguns anos em São Paulo, aonde continuou sua carreira – primeiro no esquema solo, depois integrando um grupo de música regional chamado Na Roda.
Agora ele está de volta, com algumas novidades, as quais vai mostrar hoje à noite, em show na Varanda do Sesi.
“Desde que saí da banda, há uns dois anos, comecei a pesquisar sonoridades, refletindo como essa passagem pelo grupo me modificou. Me atualizei com a cena da hora, ia a shows todos os dias, conversava, compunha etc. Na verdade, nunca parei de compor”, relata Mã.
Mã-cêntrico
No show de hoje, o músico vai mostrar duas faces do seu trabalho mais recente.
“A primeira parte do show traz as músicas que venho desenvolvendo com o grupo Trevo Em Quatro, formado por mim e mais três músicos: dois do Rio Grande do Sul e um de São Paulo”, conta.
“É um trabalho de sonoridade enxuta, porém refinada, delicada. É violão, percussão e duas vozes”, descreve.
Na segunda parte, Mã apresenta um trabalho de caráter mais pop, que ele desenvolve com um músico local, o guitarrista Cássio Calazans (irmão do baixista virtuose Luciano).
“Recentemente nos encontramos e resolvemos fazer esse trabalho juntos, um disco um pouco mais complexo, de sonoridade grandiosa”, detalha.
Apesar de trabalhar com muitos parceiros, o músico define seu momento como “mã-cêntrico”. “É uma brincadeira com meu jeito um pouco fora dos padrões, tanto na música quanto na vida. Um certo compromisso com o descompromisso. Na verdade, eu só quero fazer música. Se você vai chamar isso de rock ou MPB, aí é um problema seu”, diverte-se.
Daniel Mã / Show: O que ele anda aprontando? / Hoje, 20 horas / Varanda do SESI (Rio Vermelho) / R$ 15
NUETAS
Visca: agenda cheia
O Visca Sabor & Arte (R. Guedes Cabral, 123, Rio Vermelho), divulgou uma agenda legal para novembro, com música ao vivo de terça-feira a sábado. Confira: às terças tem Temporada MPB (Música Preta Baiana), quartas: Triunvirato (jazz), quintas: Saravájazz (jazz), sextas: Zona Harmônica (trio de gaitas) e sábados: Stina Sia (foto: Hirosuke Kitamura) & The Soul Jazz (soul). Os valores variam entre gratuito (terças) a R$ 15 (sextas), sempre às 21 horas.
Feras em workshow
Os virtuoses Ricardo Primata (guitarra), Joel Moncorvo (baixo), Márcio Kleber, Thiago Drumon (bateria) e o Eric Almeida Quarteto se apresentam gratuitamente no workshow Power Click Day. Evento de músicos para músicos, técnicos da área e demais apreciadores. Amanhã, 16h30, no auditório da Foxtrot (R. Direita da Piedade, 55). Entrada gratuita.
André de casa nova
O menino André Mendes deu uma guaribada legal no seu site, disponibilizando para download e streaming, além dos seus discos solos, o clássico álbum da Maria Bacana (1997). Há ainda um single inédito, Pra Cíntia. Visite: www.andremendesmusica.com.br.
Quem frequentou aquelas festinhas mucho locas que rolavam no campus da Ufba em São Lázaro fatalmente acabou assistindo a alguma de suas apresentações.
Guitarra em punho, sensibilidade a flor da pele, destilava suas dores e ironias em um som cru influenciado por Nação Zumbi e demais figuras da época. Depois ele deu uma sumida.
Morou alguns anos em São Paulo, aonde continuou sua carreira – primeiro no esquema solo, depois integrando um grupo de música regional chamado Na Roda.
Agora ele está de volta, com algumas novidades, as quais vai mostrar hoje à noite, em show na Varanda do Sesi.
“Desde que saí da banda, há uns dois anos, comecei a pesquisar sonoridades, refletindo como essa passagem pelo grupo me modificou. Me atualizei com a cena da hora, ia a shows todos os dias, conversava, compunha etc. Na verdade, nunca parei de compor”, relata Mã.
Mã-cêntrico
No show de hoje, o músico vai mostrar duas faces do seu trabalho mais recente.
“A primeira parte do show traz as músicas que venho desenvolvendo com o grupo Trevo Em Quatro, formado por mim e mais três músicos: dois do Rio Grande do Sul e um de São Paulo”, conta.
“É um trabalho de sonoridade enxuta, porém refinada, delicada. É violão, percussão e duas vozes”, descreve.
Na segunda parte, Mã apresenta um trabalho de caráter mais pop, que ele desenvolve com um músico local, o guitarrista Cássio Calazans (irmão do baixista virtuose Luciano).
“Recentemente nos encontramos e resolvemos fazer esse trabalho juntos, um disco um pouco mais complexo, de sonoridade grandiosa”, detalha.
Apesar de trabalhar com muitos parceiros, o músico define seu momento como “mã-cêntrico”. “É uma brincadeira com meu jeito um pouco fora dos padrões, tanto na música quanto na vida. Um certo compromisso com o descompromisso. Na verdade, eu só quero fazer música. Se você vai chamar isso de rock ou MPB, aí é um problema seu”, diverte-se.
Daniel Mã / Show: O que ele anda aprontando? / Hoje, 20 horas / Varanda do SESI (Rio Vermelho) / R$ 15
NUETAS
Visca: agenda cheia
O Visca Sabor & Arte (R. Guedes Cabral, 123, Rio Vermelho), divulgou uma agenda legal para novembro, com música ao vivo de terça-feira a sábado. Confira: às terças tem Temporada MPB (Música Preta Baiana), quartas: Triunvirato (jazz), quintas: Saravájazz (jazz), sextas: Zona Harmônica (trio de gaitas) e sábados: Stina Sia (foto: Hirosuke Kitamura) & The Soul Jazz (soul). Os valores variam entre gratuito (terças) a R$ 15 (sextas), sempre às 21 horas.
Feras em workshow
Os virtuoses Ricardo Primata (guitarra), Joel Moncorvo (baixo), Márcio Kleber, Thiago Drumon (bateria) e o Eric Almeida Quarteto se apresentam gratuitamente no workshow Power Click Day. Evento de músicos para músicos, técnicos da área e demais apreciadores. Amanhã, 16h30, no auditório da Foxtrot (R. Direita da Piedade, 55). Entrada gratuita.
André de casa nova
O menino André Mendes deu uma guaribada legal no seu site, disponibilizando para download e streaming, além dos seus discos solos, o clássico álbum da Maria Bacana (1997). Há ainda um single inédito, Pra Cíntia. Visite: www.andremendesmusica.com.br.
sábado, novembro 03, 2012
SILVIA MACHETE E SUA EXTRAVAGANZA, DAQUI A POUCO, NO SOLAR BOA VISTA
Silvia Machete é uma senhora cantora, afinadíssima. Faz malabares que é uma beleza. É boa compositora e uma intérprete ainda melhor. Se comunica com o público de uma maneira muito especial. E ainda poderia ser uma stand-up comic, de tão engraçada.
É essa artista completa, múltipla, que faz apresentação única HOJE, no Teatro Solar Boa Vista, divulgando seu novo DVD, Extravaganza Ao Vivo.
Em janeiro último, a cantora carioca esteve em Salvador, quando se apresentou no projeto Música no Cinema, com um show especial para aquela ocasião. Agora ela vem com o show “oficial” da nova turnê.
“É uma outra produção. Levo meu cenário e outras coisas que não cabiam ali. O repertório muda também. É outro clima”, adianta Silvia, por telefone.
No show, a cantora e sua banda, Os Xuxuzinhos, conduzem o público por uma espécie de delírio tropical em que música, dança, performance e humor se aliam em prol do divertimento e sedução do público.
Tudo fruto da longa experiência de Silvia, que tem formação circense e foi artista de rua por muitos anos – no Brasil, em Nova York e Paris.
“Na rua, tudo tem que ser grandioso, por tem muita coisa rolando ao mesmo tempo. No teatro a gente pode ser mais sutil. Por que todo mundo está ali para te ver. De certa forma, é mais fácil”, observa.
“Eu acho que tudo que funciona na rua, funciona no teatro. Mas o inverso não é verdadeiro. Eu poderia entrar em detalhes profundos e pessoais sobre isso. Na rua, não há expectativas. As pessoas passam e pensam ‘meu deus, coitada dessa aí’”, ri.
“No teatro, não. As pessoas se sentem bem de estar ali. Já estão do seu lado, de certa forma. Aprendi muito nas duas situações. Um dia preciso sentar e escrever um livro sobre essa experiência, analisando as duas situações”, avisa.
Bambolê, cigarro e música
Enquanto o livro não vem, Silvia tem encarado uma agenda puxada divulgando o CD / DVD Extravaganza Ao Vivo.
“Estou enlouquecida, viajando três vezes por semana. Fomos a Ouro Preto, Fortaleza, São Paulo há dois dias atrás, ontem tava no (Programa do) Jô, agora vem Salvador, depois São Paulo de novo e Rio na sequência. Tá assim há uns dois meses, já”, relata.
Quem já conhece a figura pode esperar ver de novo o número do bambolê (ela enrola e acende um cigarro enquanto roda o brinquedo), mais um novo, no qual interage sensualmente com um contrabaixo acústico.
No show, canções como Feminino Frágil (parceria com Erasmo Carlos), Sábado e Domingo (Domenico Lancellotti e Alberto Continentino), Meu Carnaval (dela e Marcio Pombo), Curare (Bororó), Tropical Extravaganza (Fabiano Krieger) e duas pérolas de Jorge Mautner e seu parceiro (recentemente falecido) Nelson Jacobina: Guzzy Muzzy e Manjar de Reis.
“E lá na frente já tô pensando em um show novo, totalmente diferente. Uma coisa mais de teatro mesmo, um musical brasileiro, influenciado pelo teatro de revista, com dança e efeitos visuais. Vai se chamar Souvenir”, antecipa.
Silvia Machete / Extravaganza ao vivo / HOJE, 21 horas / Teatro Solar Boa Vista (3116-2108) / Pq. Boa Vista de Brotas, Engenho Velho de Brotas / R$ 30 e R$ 15 /A venda nos balcões Ticket Mix e na bilheteria do local
É essa artista completa, múltipla, que faz apresentação única HOJE, no Teatro Solar Boa Vista, divulgando seu novo DVD, Extravaganza Ao Vivo.
Em janeiro último, a cantora carioca esteve em Salvador, quando se apresentou no projeto Música no Cinema, com um show especial para aquela ocasião. Agora ela vem com o show “oficial” da nova turnê.
“É uma outra produção. Levo meu cenário e outras coisas que não cabiam ali. O repertório muda também. É outro clima”, adianta Silvia, por telefone.
No show, a cantora e sua banda, Os Xuxuzinhos, conduzem o público por uma espécie de delírio tropical em que música, dança, performance e humor se aliam em prol do divertimento e sedução do público.
Tudo fruto da longa experiência de Silvia, que tem formação circense e foi artista de rua por muitos anos – no Brasil, em Nova York e Paris.
“Na rua, tudo tem que ser grandioso, por tem muita coisa rolando ao mesmo tempo. No teatro a gente pode ser mais sutil. Por que todo mundo está ali para te ver. De certa forma, é mais fácil”, observa.
“Eu acho que tudo que funciona na rua, funciona no teatro. Mas o inverso não é verdadeiro. Eu poderia entrar em detalhes profundos e pessoais sobre isso. Na rua, não há expectativas. As pessoas passam e pensam ‘meu deus, coitada dessa aí’”, ri.
“No teatro, não. As pessoas se sentem bem de estar ali. Já estão do seu lado, de certa forma. Aprendi muito nas duas situações. Um dia preciso sentar e escrever um livro sobre essa experiência, analisando as duas situações”, avisa.
Bambolê, cigarro e música
Enquanto o livro não vem, Silvia tem encarado uma agenda puxada divulgando o CD / DVD Extravaganza Ao Vivo.
“Estou enlouquecida, viajando três vezes por semana. Fomos a Ouro Preto, Fortaleza, São Paulo há dois dias atrás, ontem tava no (Programa do) Jô, agora vem Salvador, depois São Paulo de novo e Rio na sequência. Tá assim há uns dois meses, já”, relata.
Quem já conhece a figura pode esperar ver de novo o número do bambolê (ela enrola e acende um cigarro enquanto roda o brinquedo), mais um novo, no qual interage sensualmente com um contrabaixo acústico.
No show, canções como Feminino Frágil (parceria com Erasmo Carlos), Sábado e Domingo (Domenico Lancellotti e Alberto Continentino), Meu Carnaval (dela e Marcio Pombo), Curare (Bororó), Tropical Extravaganza (Fabiano Krieger) e duas pérolas de Jorge Mautner e seu parceiro (recentemente falecido) Nelson Jacobina: Guzzy Muzzy e Manjar de Reis.
“E lá na frente já tô pensando em um show novo, totalmente diferente. Uma coisa mais de teatro mesmo, um musical brasileiro, influenciado pelo teatro de revista, com dança e efeitos visuais. Vai se chamar Souvenir”, antecipa.
Silvia Machete / Extravaganza ao vivo / HOJE, 21 horas / Teatro Solar Boa Vista (3116-2108) / Pq. Boa Vista de Brotas, Engenho Velho de Brotas / R$ 30 e R$ 15 /A venda nos balcões Ticket Mix e na bilheteria do local
quinta-feira, novembro 01, 2012
MARCELO NOVA VERSUS CAMISA DE VÊNUS (AMPLIADA)
O tempo fechou entre Marcelo Nova e os membros remanescentes da sua banda original, Camisa de Vênus.
O cantor baiano, residente em São Paulo há quase 30 anos, entrou com uma ordem judicial impedindo o grupo, reformado em 2010 com Eduardo Scott (Gonorreia) nos vocais, de gravar um álbum de estúdio com canções inéditas.
O disco seria gravado com recursos (R$ 48.100) concedidos pela Secretaria de Cultura do Governo da Bahia (Secult), através do edital do Fundo de Cultura 2012, cuja lista de contemplados foi divulgada no dia 15 de maio último.
Por telefone, Marcelo conta que, da última vez em que esteve na cidade, foi abordado por um garoto em um shopping: “Ele me perguntou se eu tinha visto ‘o que haviam feito com o Camisa de Vênus’. Ele me pediu para esperar. Aí ele volta com um CD com o logo do Camisa em uma capa de cartolina vagabunda e um CD-R com impressão que sai com a unha. Fiquei profundamente triste”, relata.
O CD em questão é o Mais Vivo do Que Nunca, lançado há pouco mais de um ano, com gravações ao vivo registradas durante a primeira turnê com Eduardo Scott.
“O Camisa teve desde o início, fonograficamente falando, uma trajetória no mínimo respeitável. O último disco que o Camisa gravou (Quem é Você, 1996), foi coproduzido por Eric Burdon (lendário cantor da banda sessentista inglesa The Animals), mixado e masterizado em Los Angeles, com acabamento primoroso e qualidade técnica irrepreensível”, lembra.
A gota d’água para Marcelo foi a notícia do edital da Secult. “O Camisa pedindo dinheiro ao governo para gravar disco me envergonha. Ora, nós surgimos para se opor justamente a esse tipo de coisa. Como titular do nome, me senti na obrigação de tomar medidas legais para por os pingos nos ‘is’. Então, fiz uma comunicação de que haveria um impedimento”, detalha.
Marcelo afirma que não pretende utilizar o nome da banda para si, “embora eu tenha o direito. Estou em turnê solo, lancei o CD duplo ao vivo Hoje no Bolshoi, em DVD e Blu-ray. O primeiro Blu-ray de um artista de rock brasileiro, diga-se de passagem”, comenta.
Mais, ele não fala. “Esse assunto está encerrado. Vi o que vi, não gostei e tive de tomar uma decisão”, conclui.
O que diz Gustavo Müllen
Do lado de cá, em Salvador, os atuais membros do Camisa de Vênus se dividem entre o silêncio e o pouco caso com o assunto.
“Se ele não gosta de ver o Camisa gravando com dinheiro do governo, por que ele toca no Sesc e na Virada Cultural de São Paulo? Tenho certeza de que esse dinheiro fosse concedido a Mr. Nova, ele gravaria tranquilamente. Na verdade, nunca tive nada contra o governo. Só não gosto do PT”, rebate o guitarrista Gustavo Müllen (ao centro na foto ao lado, de Victor Kaupatez), o único que aceitou comentar a questão.
"Mas não me sinto injustçado. Só acho cara de pau da parte dele dizer essas coisas. Por que na cabeça dele, tudo o que ele faz é bom e tudo o que os outros fazem é uma merda. Não vejo com bons olhos esse tipo de postura", disparou.
Para Gustavo, a intimação de impedimento impetrada por Marcelo “não tem validade legal”.
“Marcelo ainda não pagou o registro do nome Camisa de Vênus no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial). E o documento que ele enviou está vencido. Minha mulher é advogada. Judicialmente, ele não tem validade”, afirma.
Gustavo achou errado Marcelo enviar o documento a Eduardo Scott e ao produtor que entrou com o edital na Secult, Marcos Clement – que afirmou ter se desligado da banda após saber da ordem judicial.
“O advogado dele é burro. Mandaram a intimação para Scott e Marquinhos, que nada tinham a ver com isso. Quem deveria receber essa intimação era eu e Karl. Tava louco que mandassem pra mim. Eu ia perguntar em que quitanda ele se formou”, ri.
"A cara de pau de Marcelo está maior do que nunca. Na época em que começamos, o equipamento do Camisa fui em quem paguei, do meu bolso. Ninguém ali tinha dinheiro pra isso. E quando nos mudamos pro Rio, moraram todos as minhas custas. Ninguém tinha aonde ficar. Então fcamos todos no apartamento de minha ex-mulher, por um ano inteiro", relata.
Sobre o futuro da banda, Gustavo afirma que vai continuar tocando com o nome Camisa de Vênus “toda vez que me der na telha. E não vou tomar medida nenhuma. Vou continuar tocando no Camisa de Salvador, que é o legítimo”.
Quanto ao disco financiado pela Secult, ele foi evasivo: “Talvez sim, talvez não. Ainda vamos ver isso”, disse.
Percussionista tibetano e universo feminino inspiram novo solo de Nova
Com o assunto do Camisa de Vênus encerrado – pelo menos, no que lhe diz respeito – Marcelo Nova concentra todas as suas atenções nas gravações de um novo álbum solo, com lançamento previsto para depois do Carnaval de 2013.
Aquecido após a calorosa recepção crítica para seu último CD de estúdio, o autobiográfico O Galope do Tempo (2005), o músico considerou que, depois daquilo, “não tinha pra onde ir. O Galope foi um disco que meus fãs adoram. E eu achava que era um relato pessoal demais, que talvez não tivesse muita ressonância com o público, mas me enganei. Fiz a primeira tiragem, a segunda e agora uma terceira, remasterizado”, conta.
Dentro do estúdio com o filho, Drake Nova, nas guitarras e violões e o tecladista e produtor Luis de Boni, Marcelo pensava em gravar um álbum semiacústico, de baladas.
Até que o imponderável adentrou o recinto, na forma de um monge budista tibetano.
“Entraram no estúdio seis caras, todos carecas, com instrumentos estranhíssimos. Todos com aquelas vestimentas laranja – na verdade, eles são laranja, as roupas só acentuam o tom cenoura da pele deles. Era um grupo do movimento Free Tibet, em turnê pela América do Sul”, relata.
Conversa vai, conversa vem, Marcelo consegue cooptar um dos músicos do grupo para gravar algumas percussões em seu disco.
“Chamei esse cara, o Goba Wanka, e mostrei pra ele meu som. Perguntei se ele gostaria de adicionar percussão e foi isso. Ele sentou e gravou bateria em duas canções, além de uma percussão tibetana muito louca em um punhado de outras”, conta.
"Ele toca um tímpano, chamado ocean timpani, todo artesanal, amarrado com couro, com oito ou dez baquetas diferentes. Quando você bate no centro do tímpano, ele cria uma sonoridade muito peculiar: reverbera e tem ao mesmo tempo um peso na acentuação do grave que é muito incomum", descreve.
Outra surpresa foi a performance do sujeito: "Sério, o cara voa dentro do estúdio tocando seu instrumento. É muito impressionante a forma como ele se entrega a música. Tem algo de devocional mesmo, não é normal. É coisa de monge mesmo", acredita.
O disco, que tem como tema central o sexo feminino, já se encontra 80% gravado.
“É a visão de um homem sobre o universo feminino. Tem belas love songs e grandes hate songs”, conclui, com uma gargalhada.
O cantor baiano, residente em São Paulo há quase 30 anos, entrou com uma ordem judicial impedindo o grupo, reformado em 2010 com Eduardo Scott (Gonorreia) nos vocais, de gravar um álbum de estúdio com canções inéditas.
O disco seria gravado com recursos (R$ 48.100) concedidos pela Secretaria de Cultura do Governo da Bahia (Secult), através do edital do Fundo de Cultura 2012, cuja lista de contemplados foi divulgada no dia 15 de maio último.
Por telefone, Marcelo conta que, da última vez em que esteve na cidade, foi abordado por um garoto em um shopping: “Ele me perguntou se eu tinha visto ‘o que haviam feito com o Camisa de Vênus’. Ele me pediu para esperar. Aí ele volta com um CD com o logo do Camisa em uma capa de cartolina vagabunda e um CD-R com impressão que sai com a unha. Fiquei profundamente triste”, relata.
O CD em questão é o Mais Vivo do Que Nunca, lançado há pouco mais de um ano, com gravações ao vivo registradas durante a primeira turnê com Eduardo Scott.
“O Camisa teve desde o início, fonograficamente falando, uma trajetória no mínimo respeitável. O último disco que o Camisa gravou (Quem é Você, 1996), foi coproduzido por Eric Burdon (lendário cantor da banda sessentista inglesa The Animals), mixado e masterizado em Los Angeles, com acabamento primoroso e qualidade técnica irrepreensível”, lembra.
A gota d’água para Marcelo foi a notícia do edital da Secult. “O Camisa pedindo dinheiro ao governo para gravar disco me envergonha. Ora, nós surgimos para se opor justamente a esse tipo de coisa. Como titular do nome, me senti na obrigação de tomar medidas legais para por os pingos nos ‘is’. Então, fiz uma comunicação de que haveria um impedimento”, detalha.
Marcelo afirma que não pretende utilizar o nome da banda para si, “embora eu tenha o direito. Estou em turnê solo, lancei o CD duplo ao vivo Hoje no Bolshoi, em DVD e Blu-ray. O primeiro Blu-ray de um artista de rock brasileiro, diga-se de passagem”, comenta.
Mais, ele não fala. “Esse assunto está encerrado. Vi o que vi, não gostei e tive de tomar uma decisão”, conclui.
O que diz Gustavo Müllen
Do lado de cá, em Salvador, os atuais membros do Camisa de Vênus se dividem entre o silêncio e o pouco caso com o assunto.
“Se ele não gosta de ver o Camisa gravando com dinheiro do governo, por que ele toca no Sesc e na Virada Cultural de São Paulo? Tenho certeza de que esse dinheiro fosse concedido a Mr. Nova, ele gravaria tranquilamente. Na verdade, nunca tive nada contra o governo. Só não gosto do PT”, rebate o guitarrista Gustavo Müllen (ao centro na foto ao lado, de Victor Kaupatez), o único que aceitou comentar a questão.
"Mas não me sinto injustçado. Só acho cara de pau da parte dele dizer essas coisas. Por que na cabeça dele, tudo o que ele faz é bom e tudo o que os outros fazem é uma merda. Não vejo com bons olhos esse tipo de postura", disparou.
Para Gustavo, a intimação de impedimento impetrada por Marcelo “não tem validade legal”.
“Marcelo ainda não pagou o registro do nome Camisa de Vênus no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial). E o documento que ele enviou está vencido. Minha mulher é advogada. Judicialmente, ele não tem validade”, afirma.
Gustavo achou errado Marcelo enviar o documento a Eduardo Scott e ao produtor que entrou com o edital na Secult, Marcos Clement – que afirmou ter se desligado da banda após saber da ordem judicial.
“O advogado dele é burro. Mandaram a intimação para Scott e Marquinhos, que nada tinham a ver com isso. Quem deveria receber essa intimação era eu e Karl. Tava louco que mandassem pra mim. Eu ia perguntar em que quitanda ele se formou”, ri.
"A cara de pau de Marcelo está maior do que nunca. Na época em que começamos, o equipamento do Camisa fui em quem paguei, do meu bolso. Ninguém ali tinha dinheiro pra isso. E quando nos mudamos pro Rio, moraram todos as minhas custas. Ninguém tinha aonde ficar. Então fcamos todos no apartamento de minha ex-mulher, por um ano inteiro", relata.
Sobre o futuro da banda, Gustavo afirma que vai continuar tocando com o nome Camisa de Vênus “toda vez que me der na telha. E não vou tomar medida nenhuma. Vou continuar tocando no Camisa de Salvador, que é o legítimo”.
Quanto ao disco financiado pela Secult, ele foi evasivo: “Talvez sim, talvez não. Ainda vamos ver isso”, disse.
Percussionista tibetano e universo feminino inspiram novo solo de Nova
Com o assunto do Camisa de Vênus encerrado – pelo menos, no que lhe diz respeito – Marcelo Nova concentra todas as suas atenções nas gravações de um novo álbum solo, com lançamento previsto para depois do Carnaval de 2013.
Aquecido após a calorosa recepção crítica para seu último CD de estúdio, o autobiográfico O Galope do Tempo (2005), o músico considerou que, depois daquilo, “não tinha pra onde ir. O Galope foi um disco que meus fãs adoram. E eu achava que era um relato pessoal demais, que talvez não tivesse muita ressonância com o público, mas me enganei. Fiz a primeira tiragem, a segunda e agora uma terceira, remasterizado”, conta.
Dentro do estúdio com o filho, Drake Nova, nas guitarras e violões e o tecladista e produtor Luis de Boni, Marcelo pensava em gravar um álbum semiacústico, de baladas.
Até que o imponderável adentrou o recinto, na forma de um monge budista tibetano.
“Entraram no estúdio seis caras, todos carecas, com instrumentos estranhíssimos. Todos com aquelas vestimentas laranja – na verdade, eles são laranja, as roupas só acentuam o tom cenoura da pele deles. Era um grupo do movimento Free Tibet, em turnê pela América do Sul”, relata.
Conversa vai, conversa vem, Marcelo consegue cooptar um dos músicos do grupo para gravar algumas percussões em seu disco.
“Chamei esse cara, o Goba Wanka, e mostrei pra ele meu som. Perguntei se ele gostaria de adicionar percussão e foi isso. Ele sentou e gravou bateria em duas canções, além de uma percussão tibetana muito louca em um punhado de outras”, conta.
"Ele toca um tímpano, chamado ocean timpani, todo artesanal, amarrado com couro, com oito ou dez baquetas diferentes. Quando você bate no centro do tímpano, ele cria uma sonoridade muito peculiar: reverbera e tem ao mesmo tempo um peso na acentuação do grave que é muito incomum", descreve.
Outra surpresa foi a performance do sujeito: "Sério, o cara voa dentro do estúdio tocando seu instrumento. É muito impressionante a forma como ele se entrega a música. Tem algo de devocional mesmo, não é normal. É coisa de monge mesmo", acredita.
O disco, que tem como tema central o sexo feminino, já se encontra 80% gravado.
“É a visão de um homem sobre o universo feminino. Tem belas love songs e grandes hate songs”, conclui, com uma gargalhada.