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sábado, novembro 24, 2012

BARDO EM QUADRINHOS NA COLEÇÃO DA NEMO

Em um mundo aonde tudo parece conspirar para anular qualquer traço de pensamento crítico, personalidade própria e alma, ler William Shakespeare chega ser um exercício de subversão.

E quanto mais jovem, melhor. Um bom atalho para introduzir o bardo inglês às crianças e jovens está na Coleção Shakespeare Em Quadrinhos (Editora Nemo).

Com três volumes já lançados há alguns meses (Romeu & Julieta, Otelo e Sonhos de Uma Noite de Verão), a coleção acaba de ganhar mais dois volumes: A Tempestade e Macbeth.

É verdade que clássicos literários convertidos em quadrinhos se tornaram um belo filão de mercado para as editoras, ávidas a serem incluídas  na cobiçada lista anual de obras a serem adquiridas pelo Programa Nacional Biblioteca nas Escolas (PNBE), do Ministério da Educação (MEC).

É verdade também que,  nem sempre, tais HQs constituem uma adaptação à altura da obra original.

Felizmente, não é caso desta coleção.

Primeiro, é preciso dar um desconto: condensar uma obra de Shakespeare em 64 páginas de  quadrinhos não é tarefa fácil.

E depois, nenhuma adaptação em HQ substitui a obra original. Elas costumam servir justamente como uma introdução resumida, uma espécie de “aperitivo”, para que o leitor se interesse pela obra, o autor etc.

O editor da coleção, o também quadrinista Wellington Srbek (autor da premiada Estórias Gerais), chama a atenção justamente para este caráter introdutório: “A principal orientação (aos roteiristas e desenhistas) é ser o mais fiel possível aos fatos narrados na obra original”, conta, em entrevista.

“Partindo disso, cada dupla de autores faz um trabalho de transposição da peça para a linguagem dos quadrinhos, tendo em mente o público final ao qual as adaptações se destinam, que são os leitores jovens”, diz.

Com uma obra tão extensa quanto essencial, a seleção de peças a serem adaptadas é, certamente, a parte mais fácil do trabalho: “Simplesmente selecionamos as obras mais importantes e mais significativas de Shakespeare”, define Srbek.

Feita a escolha das obras, parte-se para a seleção dos profissionais designados para adaptá-las: “Neste caso, como conheço diversos roteiristas e desenhistas brasileiros, foi mais uma questão de reunir duplas cujo trabalho mais se aproximasse do estilo e da temática de cada peça”, detalha o editor.

A adaptação de A Tempestade é um ótimo exemplo de como o processo aparentemente simples assumido por Wellington funcionou bem.

O roteiro ficou a cargo de Lillo Parra, com experiência de mais de dez anos no meio teatral, com os coletivos paulistas Teatro Popular União e Olho Vivo.

Já o traço delicado, fluido, de Jefferson Costa caiu como uma luva em figuras fantasiosas como o feiticeiro italiano Próspero e seu servo monstruoso, Caliban.

Já o traço sombrio (e totalmente colorido em tons terrosos) de Rafael Vasconcellos se prestou com notável leveza ao clima de traições e intrigas medievais de Macbeth. Marcela Godoy, romancista (O Primeiro Relato da Queda de Um Demônio) e roteirista do volume Romeu & Julieta, também cumpriu bem sua tarefa em Macbeth.

Claro, todos aqueles longos monólogos e diálogos típicos do velho William são aqui resumidos, mas não diminuídos.

“Na verdade, no caso da Coleção Shakespeare, os roteiristas fazem uma recriação do texto original, partindo do que o autor escreveu, mas pensando na narrativa dos quadrinhos”, esclarece Wellington, que prepara, ele mesmo, uma adaptação sem resumos de Hamlet para breve, com o desenhista Alex Shibao.

“Está em produção agora Rei Lear, com roteiro de Jozz e desenhos de Octavio Cariello. Temos também em finalização uma adaptação de Hamlet, mas esta não será para a Coleção Shakespeare, pois tem uma proposta diferente; foi uma tradução direta do texto original da peça, feita por mim, que está sendo desenhada por Alex Shibao, e é voltada para um público mais adulto”, conclui.

Macbeth / William Shakespeare,  Marcela Godoy e  Rafael Vasconcellos / Nemo/ 64 p/ R$ 39/  www.editoranemo.com.br

A Tempestade / W. Shakespeare, Lillo Parra e  Jefferson Costa / Nemo/ 64 p/ R$ 39/  www.editoranemo.com.br

6 comentários:

  1. Grant Morrison desanca Alan Moore legal e aponta vários supostos plágios que o barbudão cometeu, roubando ideias do carecão.

    http://www.bleedingcool.com/2012/11/26/fanboy-rampage-grant-morrison-vs-alan-moore-round-eight/

    O que posso dizer?

    DE-LI-CI-O-SO!

    Quero mais!

    No livro do Morrison, Superdeuses, ele até pegou leve, apesar de deixar bem claro em várias passagens que não vai com a fuça do bruxo de Northampton.

    Aqui, agora, o bicho pegou. Capaz de acabar em processo.

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  2. Sem contar as fotos sensacionais. Tem uma de Moore novinho, sem barba! Nunca tinha visto o cara sem barba. E tem uma de Morrison que ele está a cara de nosso Messias Bandeira. Sério! Deem um saque.

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  3. Porra Chico, demais!

    Esse quebra pau pelo menos deve render uns trocadinhos a mais nos bolsos deles, isso sim...

    Todas aquelas fotos são de Moore?!?

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  4. As de cima, sim. As de baixo, de Grant.

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  5. Lenny Kravitz será Marvin Gaye em um filme / biografia.

    http://omelete.uol.com.br/musica/marvin-gaye-lenny-kravitz-vai-protagonizar-filme-sobre-vida-do-musico/

    ME-DO!

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  6. Anônimo1:50 PM

    Essas HQs com adaptações das peças clássicas de Shakespeare são excelentes, tenho todas. Mesmo li Sonho de Uma Noite de Verão... um capricho e muito divertida :-)

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