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terça-feira, maio 22, 2018

RODRIX DECIFRADO

Autor do hit Casa no Campo, Zé Rodrix tem vida, personalidade e carreira bem investigadas em biografia de Toninho Vaz

Zé Rodrix, foto cortesia Ed. Olhares
O pessoal de mais idade certamente se lembra de Zé Rodrix, um carismático e talentoso cantor bigodudo, presença certa nas paradas de sucesso dos programas de auditório.

Autor do eterno hit (na voz de Elis Regina) Casa no Campo, ele tem sua história  – e importância – resgatadas na biografia O Fabuloso Zé Rodrix, do jornalista Toninho Vaz.

Dono de talentos vários e personalidade esfuziante, Rodrix foi uma daquelas pessoas que nasceram para estar no centro das atenções.

E certamente esteve, por muito tempo. A partir do final dos anos 1960 até o início dos 80, ele marcou presença em muitos momentos cruciais da música brasileira.

Em 1967, aos 19 anos, integrou (ao teclado) a Momento Quatro, banda que acompanhou Edu Lobo e Marília Medalha na apresentação de  Ponteio (parceria de Lobo com o baiano Capinam), vencedora do mítico Festival Internacional da Canção daquele ano.

Em 1970 ingressou na Som Imaginário, que era nada menos que a banda que acompanhava Milton Nascimento, e que tinha entre seus integrantes Wagner Tiso, Naná Vasconcelos e o violonista Tavito – que pouco tempo depois viria a ser parceiro de Zé na composição da própria  Casa no Campo.

Esta, defendida por ele e Tavito no Festival de Música Popular de Juiz de Fora em 1971, acabou em primeiro lugar.

Adivinha quem era a presidente do júri? Elis Regina. Ali mesmo, no camarim, a cantora avisou aos músicos que iria gravar a canção.

O resultado foi um sucesso estrondoso, que marcou época e atravessou gerações.

Foi naquele mesmo ano de 1972 que Rodrix formou um trio com dois outros músicos conhecidos da cena carioca de então: Luiz Carlos Sá e o baiano Gutenberg Garabyra.

Juntos, Sá, Rodrix & Guarabyra formaram uma espécie de Crosby, Stills & Nash brasileiro, misturando a delicadeza da música acústica de estilo campestre à psicodelia da época, gerando um subgênero conhecido como rock rural.

O SR&G é hoje cultuado como uma formação histórica no Brasil, responsável por canções geniais como Mestre Jonas, Hoje Ainda é Dia de Rock e Primeira Canção da Estrada, entre outras.

Sempre inquieto, Rodrix deixou o trio após dois discos (Passado, Presente & Futuro, de 1972 e Terra, de 1973), partindo para a carreira solo, na qual seguiu cravando sucessos como Soy Latino Americano e Hora Extra, além de fazer trilhas sonoras de novelas da Globo (O Espigão), peças de teatro (como a primeira versão brasileira do musical Rocky Horror Show) e filmes.

Até que, em 1982, ele desapareceu de cena, protagonizando o que o autor Toninho Vaz chamou de “a primeira das três mortes de Zé Rodrix”.

Razão: a morte repentina de Elis Regina, cantora de quem era muito amigo e que fez sua carreira decolar.

Em depressão, decidiu se retirar do meio artístico e do jogo de pressão das gravadoras, que exigiam um disco novo por ano de seus artistas contratados.

Nos tempos de Casa no Campo. Cortesia Ed. Olhares
Na época, Rodrix, carioca classe média, filho de um baiano de Rio de Contas, já morava em São Paulo, onde abriu uma produtora de jingles com o músico Tico Terpins, conhecido por ter integrado a galhofeira banda pré-punk Joelho de Porco.

E foi com Tico – se que se tornou um amigo inseparável –, e o rentável trabalho na propaganda, que Rodrix encontrou novo alento.

Um novo baque viria no fim dos anos 1990, quando Tico morreu.

E esta foi a segunda morte de Zé Rodrix. A terceira (e definitiva) foi em 2009, após um enfarto.

Senhor das Hipérboles

Iniciativa muito bem-vinda, esta biografia de Zé Rodrix por Toninho Vaz preenche uma lacuna importante no mercado das biografias musicais, cobrindo com um trabalho muito sério de reportagem e pesquisa alentada a vida desta figura tão singular.

Vaz também constrói um perfil muito competente do homem Rodrix, um sujeito hiperativo a quem o autor chama de “Senhor das Hipérboles”, por conta de sua capacidade de transformar qualquer banalidade em algo grandioso.

Finda a leitura, o leitor tem a sensação de ter conhecido o biografado em pessoa.

Aqui e ali há pequenas falhas – de digitação e também de dados – que certamente deverão ser corrigidos em edições futuras.

Íntimo do artista, Vaz desenterra diversos causos e detalhes de sua vida familiar, como suas infidelidades conjugais e um filho ilegítimo – depois assumido por Rodrix.

Vaz chega mesmo a transcrever um email de Rodrix para os companheiros Sá & Guarabyra – na ocasião de um revival já nos anos 2000 – onde ele chega às raias do constrangimento, ao criticar duramente  Sá por conta de discordâncias artísticas durante a gravação do álbum Amanhã (lançado postumamente, em 2010).

Essas indiscrições – claro – só tornam o livro ainda mais saboroso e de leitura ágil.

Figura de proa na música, no teatro musical (os musicais de Cláudia Raia também são dele), na propaganda e até na Maçonaria, Zé Rodrix merece ser mais conhecido pelas novas gerações.

O Fabuloso Zé Rodrix é uma ótima introdução.

O Fabuloso Zé Rodrix / Toninho Vaz / Olhares/ 324 páginas / R$ 68 / www.editoraolhares.com.br

Um comentário:

  1. comprei ontem uma bio escrita por toninho vaz...do torquato neto...nem sabia ou lembrava...10 contu...no iguatemi.

    e a pergunta q não quer calar, kd os batedores de panela ??
    vão dizer q não votaram em temer...verdade, mas tiraram dilma...

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