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sexta-feira, abril 30, 2010

NINGUÉM PEDIU, MAS ELAS VOLTARAM: MICRO-RRRRRESENHAS!...

O reclame funcionou

Se, como preconizava a máxima gessingeriana, “a juventude é uma banda numa propaganda de refrigerante“, o grupo americano Apples in Stereo é a melhor banda de rock do planeta. Depois de estourar mundialmente em 2008 com Energy, trilha de um comercial para a TV dessas adoráveis bebidas gaseificadas, os “Maçãs em Estéreo“ confirmam a virada “comercial-pero-no-mucho“ em seu novo CD. Menos lo-fi e menos folk, porém, mais acessível sem perder a pegada alternativa, a banda cometeu um CD de classe. Travellers in Space and Time / Elephant 6 / Importado






Nada mais que a verdade


Um dos episódios mais rumorosos já ocorridos na história da França, o chamado “Caso Dreyfus“ se notabilizou pela bravura do escritor Émile Zola ao chamar para si a responsabilidade de defender um homem injustamente acusado de assassinato e condenado ao degredo – e que, não por acaso, era judeu. Neste livro, Zola reuniu seus artigos publicados na imprensa sobre este vergonhoso caso de anti-semitismo. J‘accuse...! A Verdade em Marcha / Émile Zola / L&PM / 176 p. / R$ 14 / lpm.com.br




Lulu é o máximo

A inesquecível garotinha de vestido vermelho e cabelos cacheados volta em mais um volume (o sétimo) da bela coleção da editora americana Dark Horse, editada aqui no Brasil pela Devir. A essência da infância de antigamente, das crianças que brincavam nas ruas – e não on line – está aqui preservada em toda a sua glória pueril. Um clássico das HQs, indicado para crianças de todas as idades. Luluzinha - O Conquistador / John Stanley & Irving Tripp / Devir / 120 p. / R$ 23 / devir.com.br





Memórias de Shangai

Autor de livros como O Império do Sol (que virou filme de Spielberg) e Crash (que virou filme de David Cronemberg), John Ballard nasceu em Shangai em 1930. Quando os japoneses invadiram a China, ele e seus pais foram enviados a um campo de prisioneiros – experiência narrada em O Império... Nesta autobiografia, ele conta mais detalhes deste e outros episódios em sua prosa contida. Milagres da Vida / J.G. Ballard / Companhia das Letras / 248 p. / R$ 47 / companhiadasletras.com.br













Estilo 80's

Formada por dois veteranos do rock local, a banda Tilttt é Evandro Lisboa (guitarras, baixo, teclado, voz) e Tony Lopes (bateria e letras). Juntos, Evandro e Tony tocavam na banda Guerra Fria, ainda nos anos 80. E é justamente essa década que eles evocam nas cinco faixas deste EP, de produção caseira, mas honesta. Entre o resgate do som típico de uma época e a paródia (involuntária), dá para ouvir Cilada e Mate-me. Tilttt / Download gratuito: www.myspace.com/ brechodiscos / Brechó Discos








Indiana Jones é fichinha

Quem vê no cinema as peripécias de Indiana Jones nem imagina que, na vida real, existiu um homem cujas aventuras colocariam o arqueólogo de Spielberg no chinelo: Sir Richard Francis Burton (1821- 1890). Erudito, cientista, agente secreto, explorador, tradutor e escritor, foi o primeiro ocidental a penetrar, disfarçado, em Meca. Biografia de fôlego. Sir Richard Francis Burton / Edward Rice / Companhia de Bolso / 688 p. / R$ 29 / companhiadasletras.com.br




Big Sur(to)

Papa da geração beat, Jack Kerouac (1922-1969) descreve em Big Sur a intensa ressaca que sofreu no início dos anos 60 em dois níveis: o alcóolico (que veio mesmo a mata-lo anos depois) e o espiritual, já que, àquela altura, os beatniks já tinham virado “modinha“ nos Estados Unidos, com todo tipo de maluco batendo à sua porta e acampando no seu quintal. No livro, ele descreve seu período de refúgio na praia californiana que nome ao livro, famosa pelas suas falésias. O livro mais triste do autor. Big Sur / Jack Kerouac / L&PM / 192 p. / R$ 15 / lpm.com.br





Há vida inteligente

Admirada até por Bob Dylan, Alicia Keys é a prova de que ainda há inteligência e talento disponível no devastado cenário de R&B / hip hop americano. Diferente de suas colegas cantoras, ela sabe que cantar bem não implica em histeria ou agudos de trincar taças de cristal a cada dez segundos. Ainda assim, sabe ser vigorosa e passar sentimento com a voz, como em Love is My Disease (com um leve acento reggae). Já em This Bed recorre ao synth funk anos 80. Bonito(a). Alicia Keys / The Element of Freedom / R$ 19,90 / Sony Music







Cauby canta o Rei

Um dos maiores crooners da MPB, Cauby Peixoto presta seu tributo ao Rei (e a Erasmo Carlos, por tabela) em um disco elegante, com muitos arranjos de cordas emoldurando interpretações sentidas (e contidas, para o que se espera de Cauby). O repertório, com 12 faixas, privilegia a “fase motel“ de Robertão. Destaque para a versão tango de Desabafo (com citação à Piazzola). Há ainda Olha, Sentado à Beira do Caminho, Os Seus Botões e Proposta. Cauby Peixoto / Cauby Interpreta Roberto / R$ 26,50 / Lua Music




Substitute!

Em 2054, a humanidade de carne e osso está quase obsoleta. Quase todo mundo utiliza, no lugar do próprio corpo, um andróide controlado à distância, enquanto o corpo real jaz congelado, à salvo. São os “substitutos“, hospedeiros das consciências transplantadas dos homens. HQ recentemente transposta para o cinema, com Bruce Willis no papel principal. Bom ritmo narrativo. Substitutos / Robert Venditti e Brett Weldele / Devir /192 p. / R$ 38,50 / devir.com.br












Tolstói acessível


Um dos mais importantes autores da literatura universal, o russo Leon Tolstói (1828- 1910) é mais conhecido pelos catataus realistas Guerra & paz e Anna Karênina. Neste volume, três contos pouco divulgados reafirmam sua excelência narrativa, em tradução direto do russo, por Tatiana Belinky: Senhor e servo, O primeiro do Cáucaso e Deus vê a verdade, mas custa a revelar. Senhor & servo e outras histórias / Leon Tolstói L&PM Editores /128 p. / R$ 8 / lpm.com.br












Nação vampira

Parceiro de Neil Gaiman (Sandman), o londrino Kim Newman chegou à fama na Europa com este livro, uma inteligente subversão da mitologia dos vampiros: o que aconteceria se, ao final de Drácula (de Bram Stoker), o vampiro tivesse triunfado? Ora, ele se casaria com a Rainha Vitória e daria início a uma linhagem vampiresca no trono do Reino Unido. Horror, política e mistério reunidos em uma ótima leitura. Anno Dracula / Kim Newman / Aleph / 376 p. /R$ 49,90 / editoraaleph.com.br













Classe de dama

Lenda viva da música popular britânica, a galesa Shirley Bassey é a única artista a gravar três temas de James Bond. Só por isso, já merecia o título de Dame (equivalente a Sir). Em The Performance, ela volta com um repertório renovado, incluindo autores atuais relevantes, como Rufus Wainwright (Apartment), Manic Street Preachers (Girl From Tiger Bay), Richard Hawley (After The Rain) e KT Tunstall (Nice Men) – sem esquecer o mestre John Barry (Our Time is Now). Produção impecável. Dame Shirley Bassey / The Performance / Universal / R$ 24,90

quarta-feira, abril 28, 2010

VANDEX TV COM RONEI JORGE...

...o próprio Vandex, eu e participações de Apú tocando gaita. Sora Maia estava por trás da câmera.



E não se preocupe se sentir vergonha alheia por mim. Eu mesmo tô sentindo. Vandex me mete em cada uma que eu vou te contar, viu!

terça-feira, abril 27, 2010

COM A AGUARRAZ NO ESTALEIRO, ROBERTA SIMÕES PARTE PARA OS STATES - MAS VOLTA



Em 2008, ela apareceu e causou boa impressão com sua banda de rock folk Aguarraz, com a qual lançou o CD O Mundo Gira ao Seu Redor, coproduzido por andré t. e Fábio Cascadura. Com o disco, fizeram show adoidado, chegando até São Paulo, Rio e Vitória da Conquista.

Agora, Roberta Simões (em foto de Pedro Coelho) entra em nova fase. Em maio, ela embarca para Boston, onde vai estudar na renomada Berklee College of Music, em Boston.

Serão três meses estudando canto e fazendo contatos, algo fundamental para quem lida com música. “Além de tudo que eles tem para me ensinar na música, a Berklee consegue direcionar os alunos para o mercado“, lembra Roberta.

“Eles tem contato direto com os grandes músicos e estúdios. Todos os anos, vários alunos são indicados ao Grammy. Não é só uma faculdade de música. Ela insere o aluno na indústria da música, mesmo“, detalha.

Chegar chegando

Esperta, a menina já vai “chegar chegando“ nos States. No seu MySpace (endereço mais abaixo), ela disponibilizou diversas faixas-solo, gravadas recentemente sob a produção de Jorge Solovera. O material servirá como uma espécie de “portfólio de luxo“ para ela em Berklee.

Por que “luxo“? Ora, a começar pela produção do chileno, as faixas contam com a participação de músicos de alto calibre, como Maurício Pedrão (bateria), Babi Brazil (flauta), Alberto Vital (violino), Fernanda Monteiro (violoncelo) e Laura Jordão (viola), sendo as duas últimas, musicistas da Osba.

Nas faixas, Roberta passeia pelo pop rock e folk que seus apreciadores já conhecem, além de se aventurar pela bossa nova, na faixa Despedida para Mim, composição dela mesma, que ficou – pelo menos, aos ouvidos roqueiros do colunista – algo bem perto do primoroso.

“Tomei aulas de violão com Aderbal Duarte, que é um grande mestre da bossa“, conta. “Sempre gostei, e se você for ouvir lá no CD da Aguarraz, já tem uma influenciazinha de leve“, garante.

Na volta, em setembro, ela vai morar em São Paulo, onde vai retomar a Aguarraz, com nova formação. “Ainda não sei com será (a banda). Só sei que vai ser bem diferente do primeiro disco“, conclui.

Ouça Roberta Simões: www.myspace. com/robertasimoes

NUETAS

Cerveja, rock, sinuca

Pã, uma das bandas que Libório (da Combustão Espontânea) tocou nos anos 90, volta com show nesta quinta-feira, dia 29, com Oscreílson (que também andava meio sumida). O rock é no Ponto de Partida (Rio Vermelho),snooker bar. 21 h, R$ 10.

Vandex + VCMXCT + Ronei

Vandex faz pré-lançamento do seu novo CD, Ironia Erótica, em show com os meninos da Você Me Excita na Boomerangue, nesta sexta, dia 30, R$ 15. Na discotecagem, uns tais de Franchico e Potato. Quem?!? Ainda Vandex: hoje, terça 27, tem mais uma edição do Vandex TV, com o próprio, o tal do Franchico (de novo?!?) e o convidado da noite, Ronei Jorge. Música, bate-papo, potes de lubrificante, nonsense. Hoje, 20h30, no www.vandex.com.br.

Zauber, casa do dub

Dubstereo e Radiomundi mantém o astral da Zauber em alta neste sábado (dia 1º), às 22 horas, R$ 12. Dub, afrobeat etc.

sexta-feira, abril 23, 2010

THE PIVOS: EFERVESCÊNCIA ROCKER DE CAMAÇARI BOTA MAIS UMA BANDA NA FITA



Não é de hoje que Camaçari, cidade industrial da Região metropolitana, vem sendo chamada, meio de brincadeira, meio a sério, de “Manchester baiana“.

Além da vocação industrial, a juventude das duas cidades partilha de uma certa predileção pelo punk rock e suas (muitas) crias sonoras. Que o diga a Declinium, uma primorosa formação pós-punk, praticamente um Joy Division do Litoral Norte.

E se a Declinium, com sua melancolia agressiva, está para o Joy Division, a The Pivos (em foto de Nadine Silva), nova revelação da cidade, está para outro baluarte do rock mancuniano (ou seja, natural de Machester): os Buzzcocks.

Surgida nas praças de skate da cidade, a The Pivos é criação dos jovens Italo Oliveira (voz e guitarra), Marcelo Sheeva (baixo e backing vocal) e Ronaldo Bógus (bateria), todos fissurados no punk inglês da nobre safra de 1977.

“Como sempre escutei muito punk ‘77 e garage rock, tava na pilha de fazer um som. Aí mostrei algumas músicas para o Marcelo, que curtiu“, conta Ítalo, amigo do baixista desde garoto e com o qual já tocou em duas bandas anteriores.

“Daí achamos um baterista que é o Ronaldo, brother que a gente já conhecia das praças de skate e dos shows aqui pela cidade“, acrescenta.

Rotatividade impressionante

Em Camaça Rock City, a rapaziada já é hype nos (muitos) shows que acontecem nos inferninhos locais, quase sempre organizados pelo coletivo Cooperarock. No último domingo, o trio tocou no evento Metropolitan Rock, com a local Ultrasônica mais as bandas Você Me Excita e Charlie Chaplin, ambas de Salvador.

“A Cooperarock tá fazendo um trabalho muito legal aqui na cidade. Aliás, se você for ver, comparada à sua população, Camaçari tem uma diversidade muito grande no segmento das bandas de rock. A rotatividade de shows e bandas diferentes é impressionante“, conta Ítalo.

Eles já tocaram algumas vezes, em Salvador, em locais como o Irish Pub, Bar do Magno (Rio Vermelho) e até no (desativado) Nhõ Caldos. A próxima oportunidade para vê-los por aqui será no dia 24.

“Só não sabemos o local ainda. Mas assim que confirmarmos, botamos o serviço completo no MySpace, valeu?“, avisa o guitarrista. Então, ficamos combinados assim.

Ouça The Pivos: www.myspace.com/thepivos

terça-feira, abril 20, 2010

BATALHA PELO SOL: PLACEBO, SÃO PAULO, 17/04/2010

Nosso "enviadinho especial" Márcio Martinez conta como foi show do Placebo em São Paulo, contando sempre com a consultoria especializada da Dra. Poliana Barbosa, cirurgiã neurologista responsável pelo juízo do rapaz

Távamos lá em Sampa, eu e Dra. Poliana, no intuito de “fugir” da rotina. Vôo na quinta à noite, retorno no domingo à tarde, a viagem transcorreu lindamente, céu de Brigadeiro na ida e na volta, lá, o Sol em riste, nem sinal de chuva.

Sexta de manhã, passeio básico pela Galeria do Rock, umas comprinhas aqui e ali, discos, cds, camisas, outras cositas mais, depois foi a vez da Cultura, mais um cd, livros, fim de tarde no Píer Paulista numa transversal da famosa Avenida, Serra Malte é uma cerveja gostosa, recomendo.

Enfim fomos de metrô ao Paraíso... ooops! até a ESTAÇÃO Paraíso, com o objetivo de encontrar e pegar nossos ingressos comprados por Nilda, amiga de Nei, para o show de sábado do Placebo, no Credicard Hall. Sábado de dia, passeio pelo maravilhoso Mercado Municipal (queria morar ali dentro...), cerveja boa (Brahma Black, uhhhh, baby!), comida boa, depois retorno ao hotel e concentração para logo mais.

Chegamos ao C. H. na estiagem paulista umas oito e meia da noite, mais ou menos, um pouquinho de frio e um bocado de seco, o lugar é muito organizado, mas também não chegou a lotar, não... De tudo se via, embora a concentração maior óbvia fosse a dos adolescentes entusiasmados, cabelos lambidos colados na testa, cada um(a) mais engraçado(a) que outro(a). Tinha também os acompanhados por papai, mamãe, ahhh minha nossa, ainda bem que pelo menos eles(as) iam, né? Quase não havia gente de minha geração por lá, tiozão e tiazinha do Rock na área... (que Poli não me leia...)

Lá dentro, eu, minha barriga e minha esposa zanzando de um lado pra outro pra fazer o reconhecimento da área, muitíssimo agradável por sinal, primeiro mundo, coidelôco aê Brô. Bebi umas cerva antes (tem que ser, uh?), e bateu a clássica vontade de dar uma chegada ao quartinho quando, no caminho, putaquepariu, coisa cômica, uma bíba Nipo-Brasileira magreliiiinha, aquele cabelo lambido colado na testa, abraçado ao(à) companheiro(a), faz um “uuuuiiiiii” fininho e passa a mão pela minha camisa, bem na altura da barriga, mas também, né, quem manda eu ir vestido pra um show destes com uma estampa de JOHNNY CASH com o dedo médio em riste fazendo cara de “Fuck You”?

Fosse outra época, teria lhe aplicado uma muqueta no nariz pra largar de ser besta, mas qual, do alto dos meus 38 anos, beirando a maturidade necessária para lidar com os percalços do mundo, lá vai eu às gargalhadas pro banheiro, todo sem graça, curtindo a surpresa daquela ação premeditada, por mim inesperada.

A banda de abertura era boa, cara, “Superdose”, conseguiu acender o fogo da platéia e manter o interesse por 40 minutos com suas duas guitarras, baixo, bateria e um vocalista que não pudemos nos conter em comparar ao o nosso Artur Ribeiro, ‘thou not too old (que Artur não me leia)...

Embora o som Neo-Glam do Placebo lembre às vezes uma praia deserta de céu nublado, a Batalha pelo Sol, turnê do seu último lançamento “Battle for the Sun” (2009) começou sacudindo o enorme salão, iluminando as faces dos guerreiros fãcebos ansiosos ali presentes, marcando o pulsar de um estilo que nem me interessa muito, mas que, devo admitir, estava arrasando o local. Atrás (lá deles) a parte multimídia do evento oferecia imagens de sóis explodindo, cores em profusão, algo assim lisérgico, em um telão enorme. Dupla? Trio? Sexteto? Qual é a do Placebo? Sei que o baterista é outro (Steve Forrest)... Aqui na nossa mirrada Conchinha Acústica não me lembro de ter visto a violinista de branco que também toca teclado, e aquela massa sonora era alcançada com a ajuda do oculto(?) segundo guitarrista, e um outro que pegava no baixo, ficando o Stefan Olsdal com outra guitarra, e o do baixo tocando teclado, ficando assim três guitarras em certos momentos... ah, sei lá, teve uma hora que esse troca-troca me deixou confuso... Como disse, não é bem minha praia, deserta ou nublada ou ensolarada, mas que a batalha pelo Sol conseguiu iluminar o espaço, com as hordas em polvorosa, hummm, bem, eu não chamaria aquilo de insano, nada de mau comportamento ali, tudo muito certinho aliás, mas, enfim, se não era show da xuxa, graças a Deus ou ao diabo, pelo menos pulavam, pulavam e acompanhavam a seqüência das músicas, segundo Poli, que gosta mesmo, quase que completa do novo cd.

Como não podia deixar de ser, o Placebo é daquelas bandas-com-hino contemporâneas pra ficar grudado nos neurônios e assim ganhar uma empatia mais ampla com o público, ou antipatia, como foi o meu caso em algumas... Ashtray Heart do novo cd é a “melô do feiticeiro”, com direito ao já esperado coro do público imberbe, me parece meio proposital: “Feiticêrooo, feiticêrooo...”; Days Before You Came e seu “Tchu-ru-tchu-tchu-tchu-tchu-ru...” e Special K, foram as que mais agitaram e eu que me dane, ora bolas...

Enfim (e ao fim), após as últimas dissonantes vibrações da cacofonia sonora deixada na saída do palco, sorrisos amplos de satisfação marcaram a batida em retirada da batalha vencida por aquela turminha louca pra extravasar na noite paulistana, todos buscando seus rumos pra casa (nada de ficar fazendo farra até tarde, garotada!), ou não (se eram maiores de 30); no nosso caso, rumo ao hotel, mais algumas cervejas Itaipava e Skol, programas da Sky e... hummm... Bem... Não é da sua conta!

sábado, abril 17, 2010

ORGULHO E PRECONCEITO E ZUMBIS: MUITO HUMOR, NEM TANTA SANGUINOLÊNCIA



Não chega a ser uma “verdade universal“, expressão com a qual Jane Austen inicia seu clássico Orgulho e preconceito (1813), mas pode-se dizer que, com zumbis, tudo fica bem mais divertido. Foi pensando assim que um americano ligeiramente matusquela, Seth Grahame-Smith, resolveu “reler“ o livro original, transformando-o em Orgulho e preconceito e zumbis (Ed. Intrínseca).

Típico produto desta época de canibalismo (olha os zumbis aí) cultural, o livro gerou tanto fúria em professores de literatura inglesa quanto cócegas no cérebro de leitores de cuca mais fresca, além de gordas vendagens, o que o levou a ocupar o terceiro lugar da lista de mais vendidos do New York Times em 2009.


O sucesso foi tanto que a brincadeira, já designada de “mash-up literário“ pelos gaiatos de plantão, gerou uma série de lançamentos similares, como Razão e Sensibilidade e Monstros Marinhos, Android Karenina e Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros, este último escrito pelo próprio Grahame-Smith.

Assim como os zumbis, os mash-ups parecem se espalhar rapidamente, chegando até o Brasil. A revista Época divulgou recentemente que a editora Desiderata tem uma versão morta-viva de Memórias Póstumas de Brás Cubas, nos planos – o que, aliás, parece casar como uma luva para a alma penada criada por Machado de Assis.

Não para por aí. Orgulho e preconceito e zumbis já está nas mãos da produtora Lionsgate para virar um filme, com Natalie Portman no papel da heroína Elizabeth Bennet. Enquanto isso, Grahame-Smith escreve a série de HQs Zumbis Marvel.


Comédia romântica e zumbis

Clássico da literatura universal e um dos retratos mais bem acabados da fleugma britânica em contraste com seu rigoroso sistema de castas, Orgulho e preconceito é uma deliciosa comédia romântica centrada no difícil relacionamento entre Elizabeth Bennet, uma linda jovem sem papas na língua, e o charmoso Sr. Darcy, igualmente franco em suas colocações.

Considerado um dos exemplos mais perfeitos de como se utiliza o recurso do discurso indireto em um romance, Orgulho e preconceito é também um rico painel de época e costumes.

A versão zumbificada de Grahame-Smith, segundo o próprio, manteve 85% do texto original de Austen intocado. Nos outros 15%, o “co-autor“, em um procedimento definido por ele mesmo como “uma microcirurgia“, introduziu uma terrível praga de mortos-vivos na Inglaterra – além de rigoroso treinamento nas artes do kung-fu em um templo shaolin para todas as belas e casadoiras irmãs Bennet.

Obviamente, o leitor que leva este tipo de brincadeira a sério – os leitores de Austen – devem passar bem longe da prateleira deste livro. Já o leitor bem-humorado – e, necessariamente, fã de George Romero – que se aventurar por suas páginas poderá ter duas sensações.

A primeira é tédio. Fã de zumbi que é fã de zumbi que ver o bicho pegar – e desmembrar e arrancar nacos de cérebro. Em Orgulho e preconceito e zumbis, estes últimos, na verdade, aparecem bem menos do que se espera. As vezes, muitas páginas se passam sem que um ataque dos “não-mencionáveis“, como são chamados, ocorra.


Porém, aqueles que se mantiverem firmes na leitura poderão ser recompensados com a segunda sensação que o livro provoca: um senso de humor dos mais divertidos, que contrapõe as frescuras dos empertigados ingleses com o desespero causado pelos ataques dos fétidos desmortos.

A mistura de comédia romântica com mortos-vivos, na verdade, não é exatamente nova. O DNA de Orgulho e preconceito e zumbis pode ser traçado a partir do filme Todo Mundo Quase Morto (Shaun of The Dead, 2004), de Edgar Wright, no qual um adorável loser vivido por Simon Pegg tenta reconquistar sua noiva entre machadadas e tripas voando numa Londres tomada por zumbis.

Orgulho e preconceito e zumbis / De Jane Austen e Seth Grahame-Smith / Tradução: Luiz Antônio Aguiar / Ed. Intrínseca / 320 p. / R$ 29,90

terça-feira, abril 13, 2010

TENTRIO: MAIS UMA BOA BANDA DE ROCK INSTRUMENTAL DE SALVADOR



A febre das bandas de rock instrumental continua rendendo Brasil afora – e na Bahia não poderia ser diferente.

Incensada publicamente por Rogério Big Brother (na última terça-feira, em uma matéria no Caderno 2+), a Tentrio (em foto de Jera Cravo) correu por fora e surpreendeu a rapaziada que compareceu à Noite Fora do Eixo na Boomerangue, com Camarones Orquestra Guitarrística e Vendo 147, no último dia 26 de março.

“Receber elogios de uma figura significativa como ele é sempre bom“, sorri o baterista Thiago Jende, meio sem jeito.

Rapidamente, o intrigado colunista acorreu ao MySpace dos rapazes e também se surpreendeu com o que ouviu: uma banda que trabalha com uma certa maturidade diversos elementos do chamado post-rock praticado por nomes como Tortoise, Trans AM e Dub Trio, buscando uma harmonia com o rock clássico do Led Zeppelin e o prog-rock cabeção do King Crimson, passando ainda pelo pop tropical d‘A Cor do Som.

Mas não vos assusteis (ainda), amigos leitores. Apesar de todas as referências aparentemente disparatadas, o Tentrio conseguiu chegar num som plenamente palatável para todos aqueles que ainda dispõem de, no mínimo, dois neurônios na caixa craniana. Basta conferir Bairro Sujo e Cachalote, as duas únicas faixas disponíveis no MySpace da banda.

Improviso e experimentação

“A gente gosta muito de Tortoise e Dub Trio, que são bandas instrumentais de estilos que a gente curte“, conta o guitarrista Eduardo César, que completa banda com o baixista Marcus Rehm.

“Mas também ouvimos muitas coisas antigas, como Frank Zappa, Funkadelic, Bob Marley e John Scofield. Ouvimos de tudo: som instrumental e com voz também, claro“, conta.

O processo de composição do trio é bem simples: “a gente chega cada um com suas ideias e trabalhamos em cima. Os três colaboram. Daí a gente improvisa e experimenta bastante até chegar num formato bonitinho, fechadinho, para chegar e gravar“, detalha Eduardo.

Na noite de sexta-feira passada, o Tentrio se reuniu em estúdio com o produtor Jera Cravo, para gravar mais três faixas. As mesmas duas que estão no MySpace, mais uma, inédita. O material vai ser disponibilizado para download em breve.

Ouça o Tentrio: www.myspace.com/tentriorock

NUETAS

A night do hype

Badaladas pelos jornalistas especializados do sul do País, as bandas Mini Box lunar (lá do Amapá!) e Nevilton (PR) se apresentam na Boomerangue, no dia 20 (véspera de feriado, oba), dentro da 2ª Tour Nordeste Fora do Eixo, uma promoção da Quina Cultural. Fazendo as honras da casa, a Você Me Excita abre essa night só de bandas hypadas. 22 horas, só R$ 5.

Música e dança

Essa vale conferir, nem que seja pela novidade: Libório e A Combustão Espontânea participam do projeto Toca que eu danço, Dança que eu toco, no Teatro Gamboa Nova . Funciona assim: sem qualquer ensaio, uma banda e um grupo de dança se encontram no palco para improvisar. Domingo, 17h, R$ 10 e R$ 5. A propósito, o IBGE divulgou que 70% dos brasileiros nunca viram um show de dança. Vai lá!

TV VANDEX



Direto de Plutão, Sistema Solar, Via Láctea, Vandex vai transmitir hoje mesmo, via o site www.vandex.com, uma pequena amostra do que vem aí no seu novo CD, Ironia Erótica.

Não me perguntem como, mas aceitei participar do seu programa inaugural.

O que Vandex não me pede sorrindo que eu não faço chorando, né mess?

Segue o release deste evento intergaláctico, com o serviço etc.

Abre aspas:

Show ao Vivo na Web

O Papo e o som vão rolar a vontade , amanhã as 20:30 na internet. Vandex e o lendário Baterista Dom Lula Nascimento fazem um som na web, ao vivo, direto do Estúdio em Transe (Salvador-Bahia).

A noite ainda contará com os comentarios oportunos do jornalista e fundador do blog "Rock Loco" ; Chico Castro jr. Vandex mostrará algumas faixas do seu novo CD "Ironia Erótica", além de releituras de alguns petardos sonoros.

Basta acessar " www.vandex.com.br ", clicar em " Vandex TV ", depois apenas aperte o "Play" and fly...

Fecha aspas.

quinta-feira, abril 08, 2010

BAHIA SOUL BUSCA LADO MAIS POP DO JAZZ EM TEMPORADA NO TOM



Se tem um subgênero musical que tem ainda menos espaço em Salvador do que o rock, esse, certamente, deve ser a música instrumental. Possivelmente, a falta de refrões infantilizados e palavras de ordem dadas aos gritos para a plateia – fatores essenciais para fazer sucesso em Salvador – dificultem sua assimilação pelo grande público.

Quem estiver a fim de conhecer – ou mesmo, já conhece – e curtir essa outra gramática musical um tantinho mais elaborada – para dizer o mínimo – tem uma boa oportunidade com a temporada que a banda Bahia Soul está fazendo todas as quintas-feiras de abril na casa Tom do Sabor (Rio Vermelho).

Apesar do termo “soul“ no nome, que remete a grandes cantores como Otis Redding, Marvin Gaye e James Brown, entre centenas de outros, a proposta da banda é fazer “música instrumental inspirada em elementos da cultura musical pop/funk/soul, também chamada acid-jazz“ como define o material de divulgação.

Isto posto, entra no repertório da banda não apenas versões instrumentais de sucessos do soul propriamente dito, como I Got You (I Feel Good), do já citado James Brown e Isn‘t She Lovely, de Stevie Wonder, mas também, um standard do jazz como Donna Lee, de Charlie Parker, mais outras pérolas de nomes como Jaco Pastorius, Herbie Hancock e David Sanborn, entre outros.

“O que a gente busca (com a Bahia Soul) é alcançar o lado mais pop, funk e soul do jazz“, explica o band leader e saxofonista André Becker.

“É um som instrumental com improvisação, só que mais puxado pro lado do soul. Há quem chame isso de acid jazz“, define, usando o termo tornado célebre por grupos como Us3 e Brand New Heavies, surgidos nos – já longínquos – anos 90.

André é saxofonista profissional e já tocou com meio mundo de gente na Bahia, incluindo Daniela Mercury e Carlinhos Brown, Orkestra Rumpilezz e também na Osba.

Na Bahia Soul ele é acompanhado por feras à altura, como Ivan Bastos (baixo), Bruno Aranha (teclados), Márcio Dhiniz (bateria) e Nova (guitarra e voz).

Para apimentar as gigs, sempre rolarão convidados-surpresa, como Lon Bové, na semana passada.

Banda Bahia Soul / Todas as quintas-feiras de abril (08,15, 22 e 29/04), 22 horas / Tom do Sabor (3334-5677 / 3331-3300) / R$ 15

terça-feira, abril 06, 2010

O RETORNO DAS BANDAS COVER



Um desavisado que passa pela porta do Groove Bar e pare para observar os cartazes de shows na entrada pode achar que morreu e foi pro paraíso do rock. Entre os anunciados, estão apresentações dos Beatles, Nirvana, Led Zeppelin e Deep Purple, entre outras bandas clássicas.

O sonho molhado dos roqueiros vai ainda mais longe, já que, em certas noites, é possível assistir aos shows combinados de divas como Amy Winehouse e Madonna, ou de bandas populares como Guns ‘n‘ Roses e Bon Jovi, pagando só um ingresso.

Claro que tudo isso não passa de um bem executado artifício da casa para atrair o arredio público roqueiro local. Chegando mais perto, é possível ler a palavra “Cover“, grafada logo abaixo do nome das bandas.

Ponta mais visível de um iceberg que engloba outros bares da cidade como o Bebedouro e o 30 Segundos, entre outros menos cotados, o fenômeno das bandas cover teve seu grande momento nacional na década de 90, mas, na verdade, nunca arrefeceu de fato.

Há poucos meses, um disputado concurso no Domingão do Faustão consagrou o grupo paulista Destroyer Kiss Cover como a melhor banda do tipo do Brasil, concorrendo com centenas de outros candidatos.

Não à toa, já estão escalados para tocar no Groove (dias 7 e 8 de maio), com direito a chuva de papel picado, vômito de sangue e os efeitos que fizeram a fama do original (menos os fogos, por questão de segurança).

É sexta-feira, 27 de março. À noite, a orla do Rio Vermelho pulsa com a agitação dos bares e um público ávido por diversão. Na Boomerangue, cerca de 150 pessoas assistem aos shows das bandas Camarones Orquestra Guitarrística (do Rio Grande do Norte) e as locais Vendo 147 e TenTrio, todas elas autorais.

A poucos metros dali, no bar Bebedouro, um número equivalente – ou até maior – de espectadores se esbalda ao som de antigos clássicos do rock executados pelos grupos Banda de Rock e sua derivação mais recente, a Banda de Rock Triste.

Até aí nada demais, se na Boomerangue não coubessem até 400 pessoas e o Bebedouro, bem menor, não estivesse com sua lotação quase esgotada.

O fato é que as bandas covers, um fenômeno nacional nos primeiros anos da década de 90, voltaram com tudo à cena local, com o Groove Bar, casa estritamente roqueira da Barra, liderando o movimento com uma vasta programação de bandas do tipo, tanto nativas, quanto vindas de fora do estado.

Sinal de crise criativa? Entressafra da virada de década? O rock (local) errou?

“O lance daqui de Salvador é que todo mundo fala de rock, mas maioria das bandas simplesmente não se profissionaliza“, opina João Carlos, o João da Maniac, programador da grade de shows do Groove Bar e produtor com larga expêriencia no underground local.

“A cena é liderada por três bandas (Cascadura, Ronei Jorge & Os Ladrões de Bicicleta e Retrofoguetes), que vão se revezando (nas casas de show). Mas só elas é que investem em profissionalismo e conseguem chamar o público, pois, além de serem muito boas, mantém uma equipe técnica fixa, acreditam em assessoria de imprensa e estudam“, arrisca.

Ao assumir a programação do Groove, João conta que começou a sentir dificuldades em atrair o público contando apenas com bandas autorais locais de menor porte que as três citadas. “Comecei (a programação) com as bandas autorais, muitas delas. Mas logo eu vi que não conseguiria preencher de forma eficiente minha programação se não as fossem as bandas cover“, observa.

Para João, a cena local pode, na verdade, se beneficiar disso, já que o fenômeno dos grupos de cover fomenta o mercado de trabalho dos músicos e aproxima o público das bandas.

“Posso estar criando um monstro, mas qual foi o intuito? Chamar bandas como Anacê fazendo Alanis, Lo Han fazendo AC/DC e por aí vai. Como essas bandas não ganham dinheiro com o autoral, eu pago cachê fixo para eles e essa grana reverte para a banda. A Starla está gravando CD novo com a grana que eles ganharam tocando Strokes, Foo Fighters e Coldplay. Esse dinheiro está voltando para o cenário“, garante João.

“Agora, o cenário não pode se resumir a isso, pois é uma coisa frágil. Que isso sirva de alerta às bandas autorais: se profissionalizem. Senão, vocês não duram“, aconselha o produtor.

Do outro lado da questão está outro veterano produtor do rock local, Rogério Big Brother, sócio da Quina Cultural e um dos responsáveis pelo show na Boomerangue, citado no início do texto. “Tem dois contrapontos aí“, começa Big.

“Acho excelente que o pessoal daqui, que pretende viver de música, possa tirar uma grana por que a banda autoral não vai pra frente. Tem uma galera de Recife que se sustenta em São Paulo com cover de Roberto Carlos, como (o cantor) China“, concede. “Por outro lado, ao fechar uma programação totalmente nisso, você acaba de uma vez com as chances das bandas autorais, por que aí os espaços ficam cada vez mais limitados“, reflete. “Fico feliz por um lado e puto por outro, sacou?“, ri.

”A pergunta é a seguinte: há quanto tempo você não vai a um show autoral? Cadê a Pessoas Invisíveis, Starla, Matiz? Cadê esse povo? Quem vai pagar para ve-los?”, desafia Big.

Rogério Big Brother vê poucas brechas na cena independente da forma como se encontra hoje em dia.

“A galera hoje está tão sem esperanças que passa para as alternativas menos comerciais possíveis, tipo rock instrumental, rock húngaro. A TenTrio deixou todo mundo de cara, são três carinhas que eu nunca vi na minha vida. E olha, das 150 pessoas que estavam lá (no dia 27), eu mesmo eu só conhecia umas dez“, lembra, sinalizando que, apesar de tudo, o público do rock autoral vai se renovando aos poucos.

Mas voltando às bandas cover, é impossível se falar delas em Salvador sem citar o baixista Jerry Marlon. Remanescente da cena punk dos anos 80 com a banda 14º Andar, ele hoje milita em pelo menos cinco grupos do gênero: Elvis in Concert, Arapuka (Raul Seixas), Coveiros do Cover (pós-punk), Beatles Concert e Água Suja, que ele prefere definir como “banda de standards de blues“.

“Somos músicos profissionais, então, eu preciso disso para sobreviver e curtir, sabe? Pra mim é combustível, e a noite de Salvador tem necessidade de ter atrações, acho que é necessário. Só não se pode é colocar como se fosse a grande história da música“, observa.

“Com o trabalho autoral é muito difícil formar público. A verdade é que, neste momento, não estou vendo ninguém formando público com banda autoral. Eu confesso que desisti. Minha última banda, a Persona S.A., acabou por que o vocal (André Lissonger) desistiu. Agora tô aí com a banda do Elvis, com a qual eu espero poder trabalhar bastante“.

O ex-Cascadura Cândido Sotto Júnior, guitarrista da Banda de Rock, especializada em repertório de clássicos dos anos 60 e 70, também vê com pragmatismo a questão: “Em São Paulo existem bandas inteiras com músicos que sobrevivem só disso. Tudo bem que tem aquele velho chavão de ‘gozar com o membro alheio‘, mas ao mesmo tempo, nas bandas covers, o estímulo para se aprimorar como músico é imenso. Você aprende com os mestres“, diz.

Para Nariga, como é conhecido, “uma coisa (a cena cover) não anula a outra (autoral). Até demorou para pegar isso em Salvador. Agora, se for pra fazer, que façam bem feito, né?“, exorta.

Já seu companheiro de palco, o cantor René Nobre, lança outra questão: ”Há um sentimento de que, como a indústria fonográfica acabou, ninguém vai te descobrir. Hoje é tudo um grande produtão, e tudo muito igual. As bandas que você vê na TV são muito parecidas. Isso vicia o público e deixa as pessoas meio sem paciência de conhecer as bandas autorais”, arrisca.

Aí entra uma questão crucial para o rock baiano. Qual é o público do rock local? Ele existe em número tão grande mesmo, ao ponto colocar em suspeita as bandas cover de roubá-lo das bandas autorais? Ou, como diz o velho ditado, ”na casa em que não há pão, todos brigam e ninguém tem razão”?

O vocalista da Banda de Rock Triste (pós-punk e indie rock), Sérgio Cebola Martinez, parece tocar justamente nesse ponto: ”Acho bobagem dizer que a onda de bandas cover é sinal de crise criativa e uma bobagem maior ainda dizer que elas roubam o suposto ‘grande público‘ das autorais. Que público, cara pálida? Se há muitas bandas cover, é sinal de que existe uma grande demanda. (Show de banda cover) É como uma festa de DJ, só que com uma banda ao vivo”, conclui.

quinta-feira, abril 01, 2010

BANDA NECROTÉRIO RESSUSCITA (MAIS UMA VEZ) CLÁSSICO DA ÚTEROS

BANDA NECROTÉRIO - INSIDE THE BEER BOTTLE



Apú me deu ontem o toque desses guris da banda Necrotério tocando esse hit da Úteros, celebrizado em rede nacional por Pitty e Cascadura no VMB 2008.

Filmado num porão, tosco paca - o baterista erra e dá risada, é sensacional. Até eu, que não era exatamente da banda, fiquei orgulhoso.

É o legado da Úteros - e de Borelzinho, atravessando gerações.

Parabéns a molecada pelo feeling e pela fidelidade ao original.

VELOTROZ DEMONSTRA BOM POTENCIAL

No último post, reclamei que o cenário rocker atual está “devastado por uma tosquidão sem precedentes“. Isso é fato, mas faltou especificar: esse cenário desanimador se concentra quase que na sua totalidade no mainstream.

Não que a cena independente seja ideal – na verdade, está longe disso –, mas é nela que surgem boas novidades, como a Velotroz (acima, em foto de Mariele Góes).

Típica representante da geração que começou a ouvir e tocar rock ‘n‘ roll nos últimos dez anos, este quarteto surgiu em 2007, da amizade entre um grupo de jovens fãs do... acertou: Los Hermanos.

“Nos conhecemos por volta de 2003, 2004, por causa dos Los Hermanos, que todos nós ouvimos muito“, admite Tássio Carneiro, guitarrista e tecladista, que integra a banda junto com Giovani Cidreira - (voz e violão), Danilo Souza (guitarra), Caio Araújo (baixo), Felipe Cerqueira (percussão) e Jefferson Dantas (bateria).

Mas não se enganem: na Velotroz, a influência dos barbudos cariocas – diferente de muitas outras bandas por aí – não se limita ao sentido da cópia. Uma audição mais atenta nas primeiras gravações dos meninos revela um potencial para criar melodias intrigantes, curiosas.

Não à toa, ficam claras também as influências de Raul Seixas e Ronei Jorge na receita. “Sempre ouvimos Raul. E quando começamos a banda, conhecemos Ronei, que foi muito importante ali no início“, conta.

Sobre a inescapável questão do rótulo, Tássio comenta que “sempre rola uma confusão a respeito dessas definições. Ouvimos tantas coisas, novas e antigas... No fim, o som acaba ficando contemporâneo, mas as nossas influências estão mais para coisas antigas: Beatles, rock inglês, Tropicália, Clube da Esquina“, enumera.

Já escolados nos palcos do Rio Vermelho, o grupo está agora numa pequena pausa, após lançar seu primeiro CD, com oito faixas, no ano passado. Gravado ainda em 2008, quando foi lançado, ele já soava defasado em relação ao estágio atual do grupo.

“Estamos trabalhando as composições novas e gravando o que dá para adiantar em casa: instrumentos de corda e teclados. Bateria e voz vai ser no estúdio“, conclui Tássio.

Ouça: www.myspace.com/velotroz

VELOTROZ: VIZINHA SUICÍDIO, CLIPE DIRIGIDO POR RAFAEL JARDIM