A Snooze em ação em 2019, em um dos últimos show. Foto Saulo Coelho |
Encerrada no ano passado depois de mais de 25 anos de atividades e cinco álbuns gravados, a Snooze é agora homenageada pelo álbum-tributo Snoozing All This Time, já disponível nas plataformas de streaming.
Organizado pelo músico Gus Machado, via Noise Floor Records, o tributo traz bandas importantes do cenário indie, como Wry (SP), Renegades of Punk (SE), a baiana Pastel de Miolos e cantores solo como o próprio Gus, Panço (RJ) e o potiguar Dimetrius Ferreira.
“O tributo surgiu a partir de um post de Facebook onde o Gus Machado reverenciava a banda e tinha muito comentário bacana, e alguém (na verdade, o próprio Gus) deu essa ideia lá e ele resolveu levar a adiante. Contactamos vários amigos da cena e bandas que já nos relacionávamos, de Aracaju e do Brasil. Basicamente pessoas que gostavam dos nossos discos ou se diziam influenciados. Depois apareceram mais bandas e artistas novos que nem tínhamos muita relação, e isso foi ótimo”, relata o baterista Rafael Jr., que junto com seu irmão Fabio Snoozer (baixo, voz) são os únicos remanescentes desde o início.
“Escrevi esse post depois de amanhecer com uma música do Snooze na cabeça. Eu dizia o quanto eles não eram apenas a minha banda sergipana favorita, mas sim uma das minhas bandas favoritas da vida. E que, graças a eles, por me fazerem sentir representado - aos 12 anos de idade - no show de lançamento do Let My Head Blow Up (2002) - pude entender que mesmo estando fora dos grandes centros, era possível fazer música e ‘soar como uma banda grande’, acrescenta Gus Machado.
Coletivo, o trabalho envolveu Gus, os irmãos Snooze, Wilson Santana (PdM) e Dimetrius.
“Foi criada uma lista de emails com orientações gerais, uma lista enorme de músicas e um prazo razoavelmente longo para a entrega da gravação. Não tínhamos dinheiro nenhum e cada banda arcou com sua gravação. É um trabalho coletivo, portanto, mas com algumas pessoas encabeçando. Formamos um grupo de Whatsapp com o Gus, Dimétrius de Natal (RN), que ajudou bastante na parte do site, o Wilson da banda Pastel de Miolos com várias ideias boas advindas de sua experiência com selos independentes, e eu e meu irmão Fabinho da banda, como 'curadores' do projeto. Cada banda escolheu sua música e ai riscávamos da lista geral. Gus fez as ilustrações de cada banda, e há depoimentos de cada artista no site, sobre a escolha da música e como conheceu a Snooze”, relata Rafael.
O cantor potiguar Dimetrius, foto José TM |
O resultado está no site snoozingallthistime.com, com todas as músicas, links, fotos e textos. Infelizmente. não haverá um evento para marcar o lançamento do projeto, mas Gus não descarta gerar novos filhotes a partir deste trabalho. “A cena tem mudado e hoje existe a música e todo o conteúdo gerado ao redor dela. Hoje é uma coletânea, amanhã pode ser um livro, e depois de amanhã, quem sabe, uma exposição”, aposta.
Uma conclusão
Indie rock "raiz", a Snooze ainda assim foi abraçada no projeto por artistas da geração mais nova do indie contemporâneo, que, como sabemos, é mais brasileiro, menos triste e mais tropical.
"Tento assimilar e entender o indie atual brasileiro, mas tenho dificuldades. Gosto de algumas coisas, mas cheguei à conclusão que sou mesmo 'old school' (risos). Acho ótimas as mudanças, mas não é muito meu gosto pessoal. Nossa posição nesse cenário é que fomos old school até o fim das atividades... Não sei se isso é bom ou ruim, apenas éramos 'de verdade', sempre fizemos o som que quisemos fazer, sem qualquer tipo de concessão", afirma Rafael.
"Fiz um caminho longo para chegar a música brasileira. Acho que nisso eu e o indie rock temos algo em comum. Acho sensacional essa redescoberta de influências brasileiras (e por que não latinas?) e a sua incorporação no indie rock. Acredito que isso vai fazer a música produzida aqui cada vez mais única. Concordo com o Rafael que a mudança é positiva. Discordo dele apenas pelo fato de gostar muito do que tem surgido. O Snooze é uma banda noise e oldschool, porém quem houve Má Love, do LMHBU vai ver uma deixa de ritmos mais brasileiros. (Será que foi o inconsciente?) Em tempo, acho que uma das vantagens de ser independente é não ter que ser fiel a nada, nem se quer ao seu trabalho prévio", observa Gus.
Valeu, Snooze! Viva o rock sergipano! Foto Saulo Coelho |
"Essa é a notícia triste: tínhamos novas músicas e uns demos, tocamos em alguns festivais importantes em Sergipe em 2019, tinha o plano de fazer um disco novo já há algum tempo, mas sucumbimos e não sei dizer a razão exata. Apenas chegou a hora de fechar o ciclo depois de mais de 25 anos de atividade, e todos concordaram. Salvador sempre foi nossa segunda casa e bastava uma ligação pro Wilson, Tony ou Rogério Big Brother, e teríamos uma data. Fizemos muitos amigos na cena baiana e foram mais de 20 shows em Salvador e alguns no interior da Bahia. Sempre recebemos as bandas baianas em Aracaju também, desde os anos 90", conclui Rafael.
"Vamos ficar órfãos da Snooze. Eu desejo a cada um deles, dos irmãos Snooze aos membros da última formação, que continuem produzindo música autoral. De repente, deste fim, vem uma multiplicação de projetos e muito material bacana para se ouvir", conclui Gus.
Por fim: ouça o disco, visitem o site: http://snoozingallthistime.com/
NUETAS
Retrofoguetes X 2
Os fabulosos Retrofoguetes fazem duas sessões de seu show Surf Carnival nas próximas duas quintas-feiras (HOJE e 13), sempre às 20 horas. É no Teatro Sesc Senac Pelourinho, R$ 10 ou R$ 8 (cliente Sesc).
Metal no Teatro sábado
Behavior, Drearylands e Inner Call e Beyond The Evollution fazem a primeira edição do ano do evento Metal no Teatro. É sábado, 17 horas, no Cine Teatro Solar Boa Vista (Brotas), R$ 25 ou antecipado a R$ 15 + um kg de alimento não perecível.
BB sexta e sábado
O country rock do Only Cash - Johnny Cash Tribute na sexta-feira e o guitar noise de Os Reids e Célula Mekânika no sábado. Sempre às 19h no Bardos Bardos, R$ 10.
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