Foto AdrianoFagundes |
Para este retorno, quis destacar um projeto bem diferente e curioso: é o Yamí, duo binacional que une o renomado percussionista baiano Marco Lobo e o violoncelista italiano Federico Puppi.
O Yamí, como se pode imaginar, é um encontro de culturas e tradições: é percussão afrobaiana em comunhão com a sonoridade erudita do cello, é experimentalismo pop à luz piscante da pista de dança.
Enfim, é uma ideia tão fora do comum e bem executada que pode muito bem dar certo e torna-los homens ricos – de grana, por que de talento já o são.
No momento, Lobo e Puppi dão os último retoques no primeiro álbum, gravado no primeiro semestre e previsto para chegar ao streaming no fim de setembro.
Mas já é possível ter uma boa ideia da alquimia sonora desenvolvida por eles nas duas faixas já lançadas: Sirocco e Bah'Li.
Em ambas, os acordes agressivos do cello elétrico de Puppi se infiltram nos espaços entre as batidas do variado arsenal percussivo de Lobo, tudo sobre uma tapeçaria de texturas eletrônicas cerzidas também pelo primeiro.
Um trabalho de pop avant garde, que pode intrigar tanto DJs e frequentadores das pistas quanto apreciadores de música experimental contemporânea.
Correntes, tubos, garrafas
Foto Ana Migliari |
Mas talvez ainda mais intrigante do que ouvir, seja ver o duo em ação no palco, garante Lobo: “O diferencial está no nosso olhar nada conservador, com uma forte presença de palco e performance. Puppi e eu tocamos com muita alegria, emoção e força”, conta.
O caráter experimental do duo se estende também aos instrumentos: “Usamos sons experimentais como correntes, tubos, garrafas pet e um instrumento de latas e peças de ferro velho criado pelo artista baiano Gustavo Moreno. Os atabaques, por exemplo, foram feitos em Salvador pelo Dinho com forma e tamanhos não convencionais”, conta.
“Criei o meu berimbau com a verga bem maior do que o tradicional, corda folgada e uso uma cabaça viola com um microfone preso dentro dela. Isso muda radicalmente o som, às vezes lembrando a sonoridade do didgeridoo, instrumento de sopro dos aborígenes australianos. Além de instrumentos exóticos como o hang drum, o tambor de onça, que juntos com o cello elétrico do Puppi e todos os seus efeitos, criam um impacto forte no trabalho. O Puppi tem uma linguagem moderna e faz as programações soarem super bem junto às percussões que gravamos e tocamos ao vivo”, descreve o artista.
Com o álbum lançado, vale esperar a próxima passagem do duo por Salvador - sim, porque o Yamí já se apresentou algumas vezes por aqui: “Claro, além se ser a minha terra, o Yamí tem uma relação muito especial com a cidade, com shows no Além do Cais, Amado, D'Venetta, Farol Café e o nosso primeiro show, em janeiro do ano passado. Já voltamos algumas vezes, gravamos dois clipes feitos pelo Pico Garcez que serão lançados em breve”, conclui Lobo.
Ouça Sirocco: https://sl.onerpm.com/1654159602
NUETAS
O rock help Miranda
Membro do motoclube Cometas GAM, Marco Miranda recebe a solidariedade da galera no show Uma Prótese Para Miranda, com Instinto Dissonante, IV de Marte e Banda Basa. Miranda sofre de osteonecrose bifemural e precisa levantar R$ 60 mil para cirurgia e prótese. Sábado, às 18 horas, no Jazz Café (Condomínio Recanto do Cabula, 144). R$ 15.
Flipunk chegando
Na onda das festas literárias, o Bardos Bardos promove a primeira Flipunk. Presenças dos escritores Franciel Cruz, Ricardo Cury, Kátia Borges, Lima Trindade e outros. No som, Os Reids e Mal Criado Mudo. Sábado, 17 horas, free.
Triunvirato maldito
Malefactor, Headhunter D.C. e The Cross arrebentam seus típianos sábado no Groove Bar. 22 horas, R$ 30 e R$ 35.
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