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terça-feira, março 19, 2019

HOMENS DE AÇO

Joe Shuster: O Artista Por Trás do Superman presta bela homenagem aos criadores do personagem ao narrar suas duras vidas

Quem vê o Superman hoje em dia, todo pimpão voando em produções milionárias nas telas do cinema, TV, streaming etc nem imagina que, por trás da criação deste personagem / arquétipo maior-do-que-a-vida, há uma triste história de exploração e descaso.

É o que descobrimos lendo a HQ Joe Shuster: O artista por trás do Superman, de Julian Voloj e Thomas Campi.

Criado pelo desenhista Joe Shuster e pelo roteirista Jerry Siegel na década de 1930, o Superman foi lançado às revistas em quadrinhos em 1938 – e foi um sucesso imediato.

Logo estava nas ondas do rádio, nas telas do cinema e da TV. Um negócio milionário para a National Publications, futura DC Comics.

E bote milionário nisso. Jovens e inexperientes, Siegel e Shuster venderam o personagem por míseros 130 dólares.

Na HQ de Voloj e Campi, a narrativa é centrada em Shuster, que narra sua história em primeira pessoa, desde a infância, até 1975, ano em que se iniciou a produção de Superman - O Filme (1978), o  insuperável clássico  dirigido por Richard  Donner e estrelado por Christopher Reeve.

Os intestinos da indústria

Fruto de muita pesquisa (há uma bibliografia e uma vasta seção de notas no livro), a HQ detalha bastante a trajetória de Shuster.

Seu encontro com Siegel ainda no ensino médio (high school nos EUA) mudou sua vida para sempre.

Menino tímido e fã de quadrinhos de jornal e ficção científica, ele encontrou em Siegel um entusiasmado parceiro, adepto das mesmas coisas.

Logo estavam fazendo planos e suas primeiras tentativas para criar seus próprios personagens de quadrinhos.

A primeira ideia do que viria a ser o Superman é bem detalhada e estava mais próximo do conceito do Übermensch nietzschiano do que do simpático Clark Kent.

Era a história de um andarilho que passa por um experimento de cientista maluco, ganhando super poderes, tornando-se um pretenso ditador do mundo.

Poucos anos depois, a dupla chegou ao personagem como o conhecemos hoje – e caiu na conversa mole dos executivos da editora, tornando-se, em vez de donos do próprio personagem, empregados da National por décadas a fio, ganhando pouco e trabalhando como remadores de Ben-Hur.

Aprofundada, a narrativa desfia muitos detalhes não só da vida de Siegel e Shuster, mas da própria indústria gráfica americana, o que incluía até ligações com a máfia, além das implicações do maccarthismo e sua caça às bruxas nos anos 1950 na indústria e na vida dos protagonistas.

À duras penas, Shuster foi tão marginalizado que  chegou a trabalhar de carteiro para poder se sustentar, enquanto a DC só se agigantava graças à sua criação.

O ápice aconteceu justamente em 1975, quando o artista foi resgatado de um banco de praça no Central Park em Nova York, passando frio e fome.

Um policial o abordou e, vendo sua triste situação, pagou-lhe um prato de sopa.

Quando a produção de Superman - O Filme foi anunciada, foi a gota d’água para Siegel.

Irado, ele escreveu uma carta aberta (hoje antológica), detalhando a via-crúcis da dupla  e a enviou aos meios de comunicação.

A notícia correu o mundo e mobilizou a comunidade de quadrinhos norte-americana.

Temendo a má publicidade, a Warner (dona  da DC), fez um acordo com os dois.

Espetacular, a HQ de Voloj e Campi é um tributo não só aos dois criadores, mas ao próprio espírito de justiça e verdade encarnado pelo Superman.

Joe Shuster: O artista por trás do Superman / Julian Voloj e Thomas Campi / Aleph/ 192 p./ R$ 59,90

Um comentário:

  1. zorra! q história! essa eu desconhecia...
    bateu vontade de ler essa hq
    abracao,chico!
    ps.apesar de comentar pouco (ou quase nunca) to aqui todo dia.

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