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sexta-feira, novembro 23, 2018

EM BUSCA DA VOZ MAIS AUTÊNTICA

Livre, leve e solto, Frejat dá uma geral na carreira em show de formato banquinho & violão hoje, na Sala Principal do Teatro Castro Alves. Tem Barão (claro), solo e até Chico Buarque e Raul Seixas no set list

Roberto Frejat  e seu instrumento de trabalho, foto Christian Gaul
Baita performer à frente de uma banda de rock, o ex-Barão Vermelho Frejat explora outra faceta artística no show Voz & Violão, hoje, na Sala Principal do Teatro Castro Alves.

Saem a guitarra e os amplificadores Marshall e entram um banquinho, um violão e um repertório que mistura sucessos (solo e do Barão) com composições queridas porém menos lembradas, além de uma ou duas releituras.

“Esse show tem um lado autoral que me agrada muito. Toco meus sucessos, músicas menos conhecidas e algumas raridades, além de uma música do Chico Buarque e Francis Hime e outra do Raul Seixas. Acaba sendo um bom desenho da minha carreira como um todo”, conta o músico.

Conhecido pela pegada segura com a guitarra – ora base, ora solo – em sua antiga banda, Frejat conta que teve de se preparar para encarar este show todo só no violão.

“Adoro tocar violão, mas tive que repensar a minha técnica , pois praticamente não uso palheta neste show, apenas em  duas músicas”, conta.

“Esse show é bem diferente. Não tem banda, não tem solos: são as canções, minha voz, o violão e o público apenas. É uma intensidade muito grande e distinta de um show com banda, que é como o público se acostumou a me assistir. Tive de me preparar sim, como faço para outros shows, mas com um foco diferente, mais delicado e também de muita concentração”, detalha  Frejat.

Mergulho na trajetória

Quase um duck walk, foto Christian Gaul
No repertório, um passeio pela carreira: Eu Não Quero Brigar Mais Não, Que Mais Me Encanta, Seu Amorzinho, 50 Receitas, Nós, Segredos, Embriague-se, Amor Pra Recomeçar, Homem Não Chora, Todo Amor  e Bilhetinho Azul.

“Senti necessidade de expor um pouco mais um lado autoral que estava pouco atendido nos shows com banda, onde só tocava meus sucessos. Este show vai um pouco mais fundo na minha trajetória de compositor e isso é importante pra mim. Não pensei em (transforma-lo em) disco, logo que comecei a fazê-lo, me propuseram fazer um DVD, mas achei que era cedo ainda e nesse momento o que tenho é o espetáculo pronto, e eu gosto muito dele”, afirma.

Tem mais de 30 anos que Salvador testemunha shows embasbacantes do Barão, desde o tempo do Cazuza, uma relação calorosa que não passou despercebida por Frejat: "É verdade, sempre tivemos uma plateia calorosa na Bahia, e isso se transferiu também para o meu trabalho, pois todas as vezes que toquei aí foi muito bom e com casa cheia. Adoro o povo baiano, a culinária, e Salvador é uma cidade que sempre me fez me sentir muito à vontade, talvez por ter estado aí algumas vezes quando era garoto, não sei", afirma.

Mais de um ano após oficializar sua saída da banda em que se tornou famoso, Frejat conta que está muito feliz com sua decisão: “Estou vivendo um momento feliz na minha carreira, fazendo shows com minha banda, esse de voz e violão, gravando coisas que me agradam. A decisão não foi difícil, pois tinha minhas convicções sobre como conduzir a banda, mas estavam em discordância com o que os outros queriam, então não faria sentido ficar empacando a vida deles ou por outro lado, fazer o que eu não queria”.

“Quanto a me considerar fora do Barão, é estranho porque faz parte da minha história, é parte importante do que sou e fiz, mas não sofro com isso. Estou sinceramente muito feliz com meu momento artístico e suas possibilidades”, afirma.

Possibilidades bem interessantes, diga-se. Além de um novo álbum de inéditas para 2019, Frejat planeja uma grande homenagem ao mais subestimado dos subgêneros do rock brasileiro: “Tenho algumas coisas em andamento. Comecei a gravar músicas novas esta semana que acredito que lançarei apenas no ano que vem. Além disso, estou em busca de financiamento para um projeto que mistura documentário e show, que venho desenhando há um tempo, mas ainda não tem data para acontecer. É sobre o blues brasileiro. Tenho ele já todo desenhado, repertório, banda etc. Só falta dinheiro pra realizar”, conclui.

Em um escopo mais amplo, Frejat conta o que espera do Brasil em 2019: "Em primeiro lugar, que o país retome sua vida, pois estamos no limbo desde 2014. Acho que essa eleição realmente despertou a população para o seu destino e cabe a todos nós estarmos atentos e atuantes para achar o melhor caminho para o país, seja com quem for como presidente. Eu já fui um otimista, hoje não sou mais, no máximo, um realista".

Boa noite e boa sorte.

Frejat: Voz & Violão / Hoje, 21 horas / Teatro Castro Alves / Cadeiras A a W: R$ 180 e R$ 90 / X a Z6: R$ 150 e R$ 75 / Z7 a Z11: R$ 120 e R$ 60 / 14 anos

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