O cinema marginal baiano está vivo e bem nos filmes do diretor Alexandre Guena. Hoje, ele lança sua nova obra, Stay Sick (literalmente, “Permaneça Dodói”), com um evento na Sala Walter da Silveira.
Junto ao filme, assinado por Guena à frente do coletivo Os Sádicos, serão exibidas duas outras obras suas: Walterville (cine-instalação premiada no Festival Nacional 5 minutos) e 1964 (de 2010).
Além dos filmes, haverá discotecagem do DJ BigBross e bate-papo com membros da produção, Tatiana Trad (artista Multidisciplinar e Mestra em Cultura e Sociedade - UFBA) e Rodrigo Araújo (professor de Filosofia do IFBA).
Stay Sick reafirma a veia autoral de Guena ao povoar a tela de personagens absolutamente amorais e à margem de qualquer tentativa de integração à sociedade.
Com 12 minutos em P&B, Stay Sick narra a trajetória da família Foxy (pai, mãe e bebê) pelas ruas de Salvador, entre pequenos assaltos, delírios à beira-mar e fartas doses de conhaque com leite e Sucrilhos.
A linguagem não engana: Guena é devoto confesso da Nouvelle Vague, neo realismo italiano, John Cassavettes e (claro) Cinema Novo.
“É por ai mesmo. Adoro todas essas escolas de vanguarda. Acrescentaria o Cinema Marginal e o Dogma 95. Mas acredito que estamos apontando para algo novo e particular”, afirma.
“A originalidade sempre foi um ponto forte em todos os filmes do coletivo Os Sádicos. Porém, neste filme, as influencias estão mais claras, assim como existe um maior dialogo com o publico”, acredita.
Romance de rua
Se não há moral entre os personagens interpretados por Caio Graco e Raabe Aimi, o mesmo não se pode dizer do amor. À sua maneira, Stay Sick é um filme muito romântico.
“É tudo fictício. Amo a ficção. A farsa. Bolei Stay Sick após conhecer a namorada do meu amigo Caio Graco. Eles eram tão lindos e malucos que fiquei alucinado pra filmar aquela paixão entre os dois. Isso está gritando e ardendo na tela”, afirma Guena.
“É um filme extremamente romântico ao seu modo. Imaginei eles constituindo família – e nesse menage a trois de ideias acabou se tornando um filme formidável”, acredita.
Apesar da premissa ousada, é lícito dizer que não há nenhuma cena assim, chocante no filme, no que tange ao sexo e violência.
A transgressão está no próprio conceito de um casal jovem com um bebê de colo cometendo assaltos sem qualquer consequência ou culpa.
Mas afinal de contas, quem são Os Sádicos? Guena responde em inglês: "'Sadistics' project eludes definition - Sadistics' films are a thrust of candid violence and über reality that pierce through your skull like a bullet - they've a life of their own. Shocking, daring, underground-rears-up-its-ugly-head movies: that's Sadistics".
“Quem faz cinema não pode ficar parado. Tenho diversos roteiros na gaveta, escrevo muito mais do que filmo, e estou criando um filme onde um homem faz tatuagem no seu próprio corpo sozinho em sua casa”, conta.
“Também tem um projeto com Mariella Santiago que deve sair do papel em 2019. Agora estou preparando oficinas. Uma delas com meu amigo argentino Martin Fox Douglas e Marcos Pierry - que deve se chamar Fique Rico Fazendo Cinema Underground”, conclui.
Stay Sick Party / Exibição dos filmes Stay Sick, Walterville e 1964 / Com DJ Big Bross e bate-papo com Tati Trad e Rodrigo Araújo / Hoje, 19 horas / Sala Walter da Silveira / R$ 10 e R$ 5
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