Dudu, Paulo, Lucas e Tripa 77. Foto Murilo Assis |
Não a toa, seu novo trabalho se intitula Contra o Genocídio do Povo Negro.
Com cinco faixas, o novo EP tem basicamente dois assuntos: a exclusão e o racismo estrutural que marcam o desenvolvimento da sociedade brasileira e o futebol.
Pelos títulos das faixas dá pra ter uma ideia da pegada: Contra o Genocídio do Povo Negro, Batem Primeiro Perguntam Depois, Caminhando Pelas Ruas, Hooligans e Ódio Eterno ao Futebol Moderno.
“(Esse tema veio do) Cotidiano né? Não precisa ter um acontecimento específico ou ver noticiários. Basta andar e observar um pouco a sua volta que verá o quanto a cidade mais negra do país é preconceituosa. A banda é formada por quatro caras negros, que cotidianamente passam por situações discriminatórias, até um tanto agressivas por parte do estado”, afirma o vocalista Eduardo Felipe Teixeira Lima, o Dudu.
“Por fim, o tema do Genocídio do Povo Negro é algo que tem obrigação de ser difundindo por todos, inclusive no punk. Claro, a questão da Chacina do Cabula nunca foi esquecida por nenhum de nós e fizemos questão de registrar na letra”, acrescenta o cantor, que também é advogado.
"É um tema que precisava ser falado, sendo nós uma banda punk do estado mais negro e dos mais violentos do Brasil", afirma Paulo Sérgio (guitarra).
"Não faço parte de nenhum movimento Negro. Contudo, estou ligado a grupos de Ação Antifascista que atua na capital, que acaba abarcando questões raciais também", completa Dudu.
Conectada ao grupo local Ação Antifascista Salvador, a banda utiliza o punk como veículo de difusão de ideias contra o racismo, o machismo, a homofobia e exploração do homem pelo homem.
“Partimos da necessidade de utilizar o punk rock como instrumento de reação a opressão praticada por aqueles que se encontram hierarquicamente superior na sociedade, seja de forma econômica, jurídica ou social”, afirma Lucas Pellegrini (baixo).
“Até porque não vemos muitas bandas falando sobre isso”, acrescenta.
Mané Copa!
Apaixonados por futebol, os Antiporcos também sempre abordam o tema em suas letras.
“Atualmente, quase tudo (está errado no futebol). Acabaram com a festa nos estádios, expulsaram as camadas menos abastadas com ingressos absurdos, a forma de jogo está cada vez menos empolgante”, afirma.
“Muito cacique, corrupção e gentrificação”, resume Paulo Sérgio.
"Vou dar a mesma resposta que dei ao mano da empresa em que revelamos as telas de serigrafia pra pintar nossas camisas, o futebol está sendo monopolizado pelos grandes capitalistas, de início, o legado da copa foi um futebol caro e usurpado do povo. As arenas cobram caro pro povo que não pode pagar pelo ingresso, piorou pra consumir aquela cerveja quente e cara e o hotdog seco... estamos perdendo o direito de torcer", completa Pellegrini.
A prova de que realmente entendem de futebol é cabal: não estão nem aí pra Copa.
“Eu não curto seleção brasileira. Minha seleção é o Esporte Clube Vitória”, diz Dudu.
“Só torço pela seleção do Esporte Clube Bahia”, ecoa Pellegrini.
“Não torço, mas ficarei feliz se o Brasil chegar longe na competição. A camisa do Brasil foi apropriada pelos coxinhas, mas cada um é livre pra usar a camisa que quiser”, contemporiza Paulo.
No momento, a banda tem feito poucos shows, já que um deles está com a filha ainda bem pequena e outro, com um bebê a caminho nos próximos dias.
"Atualmente não (tem rolado shows). Temos feitos mais shows locais, questão familiar mesmo. Paulo tem uma filhinha, eu estou com o meu filho previsto pra nascer agora final de Junho, acaba que temos de conciliar as coisas. Quando surge algo realmente legal pra tocar fora, nos organizamos e fazemos. Como foram nossas últimas idas, em 2017, para os interiores de Pojuca e Catu, onde temos uma galera que curte nosso som e sempre nos apoia", relata Dudu.
"A banda tem tocado pouco fora de Salvador, mas pretendemos fazer um show de lançamento em breve, e possíveis shows no interior e em Aracaju", acrescenta Paulo.
"Novamente estamos passando pelo processo de chegada de mais um integrante pra nossa banca, O guri de Dudu tá prestes a nascer então, agora que lançamos na web e os discos estão na pista pra vender, camisas no forno pra sair, stickers, gravuras, o foco é movimentar esse material pra tentar fazer um caixa pro próximo EP que está pronto e o nascimento de Gabriel. Quando der a gente lança ao vivo, isso fica sempre bem definido entre a gente internamente", conclui Pellegrini.
Facebook: @antiporcos1312
NUETAS
Gigito com chope
Sexta-feira é dia de comemorar a vitória (ou a derrota, ao gosto do freguês) da seleção no Bardos Bardos com o fantástico Gigito e seu bluegrass desapegado. Acompanhe com um chope artesanal da casa. 18 horas, pague quanto quiser. O Bardos Bardos fica à Travessa Basílio de Magalhães, 90, Rio vermelho.
O niver de Raul
No dia 28 próximo (uma quinta-feira), aniversário de Raul Seixas, pelo menos dois eventos prestarão tributo ao maior roqueiro brasileiro de todos os tempos. No Rio Vermelho as bandas Fridha e Hottafyah se apresentam no Palco Raulzito a partir das 16h20. Já na Praça Pedro Archanjo (Pelourinho), a banda Arapuka e convidados fazem uma Raulzada, comemorando os 10.073 anos do Maluco Beleza. No dia 28, a partir das 19 horas, entrada gratuita. E viva Raul, poxa!
sou fan (e amigos) dos caras...e concordo, mas sou como Pellegrini, minha selecao é o Bahia...muitas vezes me sinto alienado, por ser sócio do Bahia...porque os jogadores ganham pacas e eu fudido...mas ir ao estádio é algo incrível, pena q tá cada vez mais foda pro povo ir...porém o Bahia fez um plano que o sócio paga 45 reais mensais e vai pra todo jogo que for do Bahia aqui em Salvador, nao acho caro...
ResponderExcluire essa merda q o rock é conservador é pra imbecil... antiporcos, Honkers e muitas outras bandas tao aí pra mostrar que naum é isso...
longa vida pro rock anticoxinha da Bahia!!!!!