Paralamas do Sucesso traz show do novo álbum Sinais do Sim à Concha Acústica do TCA neste domingo. Bi Ribeiro fala sobre a apresentação e a influência da Bahia nos anos 1980
Herbert, Bi e Barone, não necessariamente nesta ordem. Ft Maurício Valladares |
Um feliz caso de talento, longevidade e preferência popular, o Paralamas do Sucesso chega aos 36 anos de atividade absolutamente consolidado como uma das principais bandas do rock brasileiro.
Amanhã, eles se reencontram com o público soteropolitano na Concha Acústica, trazendo à cidade o show do seu mais recente álbum, Sinais do Sim.
Ontem eles já se reencontraram com os baianos ao se apresentar no Ária Hal, em Feira de Santana. "Sim, faz um bom tempo que não tocamos em Feira", admitiu o baixista Bi Ribeiro por telefone na quinta-feira (24), um dia antes de embarcar para a Bahia com Herbert e Barone.
"Já tocamos muito no antigo (Clube de Campo) Cajueiro. A gente faz o Brasil todo, um monte de cidades no interior. Não tem tempo ruim pra gente, não. Não tem lugar que não vamos", afirma, animado.
Outro fator de animação é o próprio palco onde se dará o show, o solo sagrado da Concha Acústica do TCA, nacionalmente reconhecido como um dos melhores locais para apresentações de música popular.
"Ah sim, a Concha é um dos palcos mais amados do Brasil, sem dúvida. E a gente etm orgulho de ter uma história grande nesse palco, desde os anos 1980", disse o baixista.
Nesta turnê, como é natural quando se lança um álbum novo, o repertório misturará sucessos e músicas de Sinais do Sim, além de algumas surpresas. "É o show do Sinais do Sim, o lançamento do disco mesmo. A gente encerrou no ano passado o show dos 30 anos, que a gente levou 4 anos fazendo, só com hits", lembra.
"Então este ano vamos fazer um repertório de show que conversa bem com o repertório do disco do novo, incluindo algumas músicas antigas que nao tocávamos há um tempão, outras que nunca tínhamos tocado ao vivo e claro, alguns sucessos que são inescapáveis. O show está bem redondo, azeitado, sem arestas, muito gostoso de tocar e divertido para o público também", detalha Bi.
RUPTURA
Barone, Bi e Herbert. Nesta ordem. Foto Maurício Valladares |
Um fato pouco lembrado – e que coloca o Paralamas acima de boa parte de seus colegas de geração – é que foi o trio que, em 1986, em pleno auge midiático do rock brasileiro, promoveu uma pequena grande revolução com seu álbum Selvagem?, no qual assumiu uma estética tropical brasileira.
Neste álbum, o trio aprofundou suas influências jamaicanas – já presentes desde o primeiro disco via The Police, a quem eram acusados de copiar nos dois primeiros discos –, além de incorporar batidas brasileiras, a guitarrada paraense e o hi life (estilo africano), entre outros.
O que menos gente ainda se lembra - ou sabe - é que uma parte dessa nova inspiração veio da temporada que Herbert, Bi e Barone passaram em Salvador no verão de 1985 – justamente aquele fatídico verão, ano zero da axé music – logo após o show do trio no primeiro Rock in Rio.
"(Essa influência baiana) Foi subliminar. O Selvagem? não tem nenhuma música assim, baiana. Mas depois do Rock in Rio nós passamos o Carnaval aí em Salvador. Eu nunca tinha ido e fiquei fascinado com os blocos afro, com a coisa crua da percussão e voz", lembra Bi.
"Ficamos malucos com aquilo tudo que gente via. Aí começamos a fazer associações, a coisa da região Norte, a coisa da África, o reagae, o xaxado, o baião. Aí quando vimos o Olodum, lascou. A África é aqui agora. Não tem nada igual no mundo. Ficamos loucos e começamos a frequentar os ensaios", relata.
Essa postura ia na contramão de 99% das bandas de sucesso de então, que se limitavam a reproduzir a sonoridade e a estética do pós-punk inglês, então a última bolacha do pacote do rock.
"Pois é, tinha essa tendência forte do pós-punk na época. E a gente veio com uma coisaa mais tropical, mais pro reggae, mais pra África. A gente se sentiu ali (na Bahia) olhando para uma coisa viva. Inclusive, esse ano a gente foi na Virada Cultural assistir o Olodum", conta.
Paralamas do Sucesso: Sinais do Sim / Abertura: Nobad / Amanhã, 19 horas / Concha Acústica do TCA / R$ 80 e R$ 40 / Camarote: R$ 160 e R$ 80 / Vendas: Bilheterias TCA, SACs shoppings Barra e Bela Vista e www.ingressorapido.com.br
Era pra ter publicado esta no sábado, mas me passei. Sorry aí....
ResponderExcluir