Cadinho, Thiago, Fábio e Du. Foto Giva Santiago |
Desativada desde 2015, a banda se reúne para a ocasião aproveitando as férias do vocalista e único membro original remanescente: Fábio Cascadura Magalhães, que foi morar em Toronto (Canadá).
“(De início) A ideia era só fazer um som, tipo pega um Dubliner’s ou o Groove Bar, um lugar assim, só pra fazer um som. Aí Thiago (Trad, baterista) deu a ideia de ter alguém produzindo”, conta Fábio.
“Chamamos o pessoal da Ruffo (Marketing Cultura e Arte), que já trabalhava com a gente nos últimos anos da banda. Aí a proporção aumentou, foi pro Pelourinho. E a recepção tem sido muito boa, o pessoal tá entusiasmado”, diz o cantor.
Destinada à eternidade, a obra deixada pelo Cascadura em seus cinco álbuns é uma das mais consistentes da música baiana em qualquer categoria.
No show, velhos fãs e novatos que nunca tiveram a oportunidade de ver a banda ao vivo ouvirão material desde o primeiro disco (#1, 1995) até o último (Aleluia, 2012).
“Ah, o velho detalhe do repertório. (Nos ensaios) A gente passa mais tempo decidindo o que vai tocar do que tocando”, ri Fábio.
“Então vamos tocar o que é mais representativo, o que as pessoas querem mais ouvir: Queda Livre, Juntos Somos Nós, Aleluia”, conta, meio que escondendo o jogo.
"Desde que saí daqui dei um tempo da música. Ainda ouço e leio bastante sobre (música), mas sem tocar. Nem violão eu tinha. Tava trabalhando muito e tinha acabado de sair do processo todo da banda. Mas mesmo depois que comprei um violão ainda tenho pouco tempo, toco uma ou duas horinhas no fim de semana, gravo uma coisa ou outra no celular para quem sabe um dia. Mas agora estou estudando (o repertório), venho tocando esses dias aqui. Isso me ajudou a sugerir o que vamos tocar no show. Os lados b não vai rolar justamente porque é urgente, só temos essa semana para ensaiar, tem dois anos que não toco essas musicas. Então vamos no que é mais significativo. Vou daqui a pouco para o ensaio e não tenho muita noção de como vai ser. Vamos sentir como é", conta.
No palco, Fábio contará com a última formação ativa da banda: Thiago Trad (bateria), Ricardo Cadinho (baixo) e Du Txai (guitarra).
Início dos anos 2000: Thiago, Fábio, Lefê e Martin, foto Sora Maia |
A guitarra de Martin está registrada no terceiro disco da banda, Vivendo Em Grande Estilo (2002).
“Nesse show Martin não é convidado, é membro da banda. Vai tocar o show inteiro. Nesse espaço de tempo que nos reunimos, Martin é membro da banda. É o Cascadura ali”, reitera Fábio.
“Sei que Cascadura sempre remete a mim, mas não dava para realizar nada disso sem todos eles também”, diz.
Lá e cá
Nos últimos dois anos e meio no Canadá com a esposa, Fábio já trabalhou em tudo que é tipo de emprego: foi padeiro, cozinheiro em cafeteria, figurante em série de TV, faxineiro. Agora é auxiliar administrativo em um escritório que fornece serviços de limpeza.
“Faço pagamentos, contratos, agenda etc. Esse é o meu trampo atual. Mas é uma vida boa em Toronto. É uma cidade multicultural, com gente do mudo todo, a oferta de trabalho e cultura é vasta. Tem saúde, educação e transporte, tudo organizado. Lá você tem muita oportunidade de trabalho e aprendizado. Mas como imigrante você tem que buscar sobreviver logo de cara. Então fiz um monte coisas diferentes que gostei de aprender”, conta.
"Lá tenho algum contato com pessoas da música, brasileiros que moram lá, como o Zé Travassos, guitarrista da banda Setembro. Volta e meia a gente se encontra e faz um som. Outro amigo é um canadense que toca violão, é bom pra exercitar música. Então não tem grilo, estou bem feliz lá, estamos numa condição bem legal, o Canadá é um pais maravilhoso. Se chegar de cuca leve lá você aprende muita coisa. É outra cultura, bem multicultural. O frio não pega não. É só ficar sempre agasalhado, tem muito recurso pra se aquecer", relata.
De lá, Fábio também tem acompanhado a evolução do caos diário no Brasil pós-golpe com preocupação.
"Algumas pessoas (de lá) perguntam (quando descobrem que sou brasileiro). É uma cidade muito diversa, são muitos imigrantes, quase metade da população de Toronto é de fora do Canadá, então não é todo mundo que tá informado (sobre o Brasil), mas muita gente sabe do golpe. Foi um golpe diferente, judiciário, mas no âmbito de lá reverbera muito o que é noticiado na Inglaterra e nos Estados Unidos, a imprensa canadense reverbera muito as imprensas americana e britânica. Então, no âmbito das pessoas mais bem informadas elas perguntam, até porque o Brasil estava com uma imagem muito boa até as Olimpíadas. Quando falava que era do Brasil o pessoal gostava, era bacana, bonito, as pessoas legais, entende? Era visto como um país que estava num bom caminho. Hoje a imagem (que eles tem lá) é de alguma coisa errada, fora do rumo. Mas essas são as pessoas muito bem informadas, um pouco acima da média. De minha parte, eu fiquei muito mais preocupado por estar distante, por que as coisas se desenrolaram de uma forma muito cara de pau, o golpe foi muito na tora, uma imposição, a fatia da população que apoiou foi insignificante, mas foi fundamental para que se fomentasse a ideia de que a população apoiou o golpe. Aí vem Temer, com um bando de pessoas que são o que há de pior na política, assaltando as instituições", observa.
“Governo ilegítimo, instituições se esforçando para dificultar a vida do cidadão. Agora o Brasil é isso aí. E esse ano estamos em um ponto perigoso, com a eleições se aproximando. Tudo pode acontecer. Já transferimos nosso titulo para votar para presidente lá em Toronto, isso é muito importante”, conclui.
Cascadura: 25 anos / domingo, 17 horas / Largo Pedro Archanjo / R$ 40 e R$ 20 / Vendas: Sympla
RIP Dolores O'Riordan
ResponderExcluirhttps://omelete.uol.com.br/musica/noticia/vocalista-do-the-cranberries-dolores-oriordan-morre-aos-46-anos/
Nunca curti a banda, mas era uma cantora de muita personalidade, sem dúvida. Jovem ainda, uma pena.
fiquei muito batido. :(
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