Cadinho de braço cruzado. Foto Renato F. Coelho |
Baixista vigoroso e preciso, figura carismática, Cadinho se prepara para percorrer a própria estrada.
O primeiro passo será dado hoje no Quanto Vale o Show? do Dubliner’s, com sua estreia solo, em show recheado de ilustres convidados: Pedro Pondé, bandas Exo Esqueleto e Du Txai & Os Indizíveis e Karl Franz Hummel & Gustavo Mullen (Camisa de Vênus).
Na linha de frente com Cadinho, mais duas feras: Enio Nogueira (guitarra) e Antenor Cardoso (bateria).
“Vejo esse trabalho solo como mais uma atividade minha dentro da música. A motivação se deu muito em função de fazer rock à minha maneira, pautado na minha história, no que acumulei de informação ao longo dos anos. Não só de profissão, de vida também, já que a pesquisa sempre foi natural pra mim”, diz o músico.
“Nos trabalhos em que me envolvo, muitas vezes de forma instintiva, deixo a minha assinatura através do instrumento. A necessidade de desenvolver esse trabalho solo vem daí, vem de tornar essa assinatura protagonista nítida e se possível, legitimada em cartório”, diz, sempre bem-humorado.
No programa, músicas de todas as bandas e artistas que Cadinho tem acompanhado nos últimos 14 anos: Cascadura, Du Txai, Ronei Jorge, Camisa de Vênus, Martin Mendonça e outros.
"No meu show, teremos convidados queridos: Pedro Pondé, as bandas Du Txai & Os Indizíveis e ExoEsqueleto (das quais faço parte), os lendários guitarristas da formação clássica do Camisa de Vênus Gustavo Mullem e Karl Franz Hummel, além de um tributo ao Cascadura, para emoção geral da nação! Não haverá canções autorais, - à exceção da intro, que é uma composição instrumental minha, concebida na época do colégio! (risos) Mas a natureza do show será bastante personal, já que contará essa minha história, ainda curta, ainda tímida, mas ordenada num caos organizado em forma de repertório. Haverá algumas canções fundamentais na minha formação. Dentre elas, dos compositores queridos velhos (foi mal, gente! hahaha) conhecidos do nosso cenário a exemplo de Fábio Cascadura, Ronei Jorge e Camisa de Vênus, aliados a nomes contemporâneos, como Wendell Fernandes (Erasy / Novelta), Danilo Machado (guitarrista e compositor da Hares, minha primeira banda profissional de rock) e Martin Mendonça (que embora veterano do rock baiano e nacional, tem produzido bastante em sua carreira solo nos últimos 10 anos). Então, é isso, esperem despretensão, diversão, um show de rock", descreve o baixista.
Dor e delícia soteropolitana
Cadinho com os braços soltos. Foto Renato F. Coelho |
“Iniciarei os trabalhos ainda no primeiro semestre. Será rock sem escrúpulos. O resultado que almejo é que a pessoa escute e identifique essencialmente como rock. As misturas, fusões, serão sutis e com elementos tradicionais do rock. Sou meio vintage, curto aquela sujeirinha”, ri a figura.
“O disco será gravado num molde que mesclará a tecnologia atual com os métodos antigos. Será ruidoso, agressivo, dançante e com o vigor que esses tempos sombrios exigem. Ele será gravado num local bem obscuro - por enquanto - no centro de Salvador, região que mais amo na cidade, cujo ponto geográfico está imerso no senso comum do 'verão o ano todo' mesclado ao urbano, onde a dor e a delícia de ser soteropolitano se hibridizam. Esse contexto permeará direta e indiretamente o disco. O punk rock e todo o seu entorno (protopunk, pós punk) implicam numa escola fundamental, mas costumo dialogar muito com o stoner rock, experimentalismo e com a psicodelia. A busca de sanar esse aparente conflito será uma parte muito divertida das gravações”, descreve Cadinho.
No estúdio, apesar de não contar com um produtor, Cadinho terá a participação de muitos amigos da cena.
"Esse trabalho será dirigido por mim, mas contarei com a colaboração de muita gente boa. Sempre fui a favor da coletividade, e, justamente por ter tanta convicção do que busco musicalmente com esse trabalho, que convoquei parceiros que serão atores fundamentais na consolidação da estética da coisa. O som que busco pro disco é o encontro da coisa crua, bruta e orgânica com os equipamentos modernos de gravação. A utilização destes equipamentos se dará meramente em prol da praticidade de captação, mix, esse processo todo, a parte técnica. É claro que eu gostaria de bater no peito, coçar o saco, ajeitar os óculos escuros e dizer: 'Esse trabalho foi concebido como antigamente, todo gravado em fita, a sonoridade...' hahaha! Mas por agora, será muito difícil de acontecer, portanto, será a coisa de fazer o mais vintage que eu puder, com o recurso mais viável pro momento. Terá algo de ao vivo, terá aquele 'bafo de sala', mas com a 'casa arrumada' para que o frontal e o sutil estejam soando bem ao final de tudo", afirma.
Otimista, Cadinho sabe que a conjuntura do momento atual não é das melhores, mas ele acredita muito nos talentos da cena local e sua habilidade para driblar a crise.
"Vejo com bons olhos esse momento. É animador ver tanta gente produzindo tanta coisa boa em diversos segmentos. Artistas se organizando em coletivos, músicos se empenhando na profissionalização e na gestão dos seus trabalhos. Muita gente boa em atividade por aí, trazendo muita relevância pra esse cenário nosso, que sempre precisa de muito empurrão. Quem gosta de música e sai como errante na noite de Salvador, está sob uma forte possibilidade quase que condicional de voltar pra casa com muito orgulho da nossa música. Esse histórico descompasso entre a fertilidade artística da nossa terra e as possibilidades reais de exercê-la nos palcos é o nosso entrave e o nosso motor em simultâneo. Sempre há um contratempo em tudo na vida, mas a Bahia capricha nisso, o que é muito injusto com tudo de maravilhoso que concebemos na música, cinema, literatura, teatro, dança, artes plásticas", observa.
"Diante dessa conjuntura, o que deve prevalecer é o espírito de perceber que, ajudar o próximo é se ajudar. Não ceder ao - tentador pra muita gente - jogo do puxa tapete, não precisamos forçar esse 'darwinismo' que já rola em tantas searas da vida. Forçar isso é tolice. As coisas estão complicadas pra todo mundo, e o que precisamos é nos fortalecer para transformar as pequenas fissuras no gesso sistêmico em portas. Tá difícil, tá complicado, mas, 'bróder, quem falou não seria barril?'. Muita força pra todos nós nesses tempos sombrios, que nos inspiremos na nossa orla", conclui Cadinho.
Não sei vocês, mas fiquei animado. Joga, Cadinho!
Quanto Vale o Show? Com Cadinho Almeida & Convidados / Hoje, 19 horas / Dubliner’s Irish Pub / Pague o quanto quiser
NUETAS
Ronco na sexta
O afiado power trio local Ronco faz show autoral com bandas cover de Engenheiros do Hawaii e Legião Urbana. Sexta-feira, 22h30, R$ 20 (lista), R$ 30 (portaria).
Indominous & Cia
O metal da bandas Indominous, Norfist e Old Chaos invadem o Casarão de Itapuã. Sábado. 21 horas, R$ 10.
NHL Fest sábado
Giovani Cidreira, Circo Litoral, Declinium, Astralplane e The Hot Coffees tocam no NHL Festivak 8. Sábado, 20 horas, Dubliner’s Irish Pub, R$ 15
Maria Bacana 2017
A clássica banda baiana Maria Bacana, de André LR Mendes, se reuniu para gravar disco novo. O primeiro, desde a estreia (1997). Colabore e garanta sua cópia (e outras recompensas) no www.catarse.me/mariabacana2017.
mais uma vez,obrigado pelo espaço e atenção!
ResponderExcluirO Rei Arthur de Guy Ritchie vem montado em um zeppelin de chumbo!
ResponderExcluirhttps://youtu.be/63vJFHKtkUU
Babe, I'm Gonna Leave You.
Muito boa essa série de reportagens:
ResponderExcluirhttp://whiplash.net/materias/biografias/000564.html
Hard Rock - Aqueles que ficaram para trás - Parte 1
Tem 17 (!) partes, então tire um tempinho caso tenha interesse em ler...