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quarta-feira, abril 27, 2016

CLÁSSICOS DO CANCIONEIRO PUNK BREGA EM NOVA ROUPAGEM

Em Wanclub, Wander Wildner atende aos fãs e reúne os hits da carreira

Wander Wildner, pronto para decolar mais uma vez. Foto Fernanda Chemale
Vinte anos depois da estreia solo com o  clássico álbum Baladas Sangrentas (1996), o Rei do Punk Brega Wander Wildner revisita os clássicos de sua discografia no ao CD vivo Wanclub: Música para Dançar - Volume 59.

Apesar de ser gravado ao vivo, Wander e sua banda gravaram as faixas na tranquilidade de um estúdio em Porto Alegre, sem a presença (e a gritaria) de uma plateia.

Quem ganha é o ouvinte, que pode ouvir, sem interferência, os ótimos novos arranjos para pérolas do rock brasileiro como Um Lugar do Caralho, Eu Tenho Uma Camiseta Escrita Eu Te Amo, Eu Não Consigo Ser Alegre o Tempo Inteiro, Quase um Alcóolatra e Bebendo Vinho, entre outras.

Lançado e distribuído pela Deck, Wanclub é também a primeira experiência do veterano punk gaúcho com crowdfunding.

Financiado por 417 fãs que tem seus nomes eternizados no encarte do CD, o projeto via plataforma Kickante levantou R$ 48 mil.

“O projeto é baseado nessa ideia de fazer um disco para os fãs, com as músicas que eles mais gostam”, afirma Wander, por telefone.

“Na verdade, foi uma amiga minha que me perguntou por que eu não tocava mais algumas músicas no show. Falei que elas não representam mais pra mim como na época (em que foram feitas). Aí ela disse que os fãs adoram. E que são eles que pagam ingressos e compram  discos”, diz.

A chamada da amiga fez efeito e Wander se rendeu à ideia de um álbum pensado e feito para os fãs.

“Me dei conta dessa verdade. O artista está sempre querendo promover as músicas mais novas, mas o publico gosta é das que eles gostam, mesmo. Aí resolvi regravar as mais antigas e perguntei (no Facebook) quais eles queriam no disco”, diz o ex-Replicantes.

"Fora que minha discografia é quase toda independente, só teve um pela Trama, que já saiu de catálogo como todos os outros, então não tem nem CD mesmo. Para quem gosta de ter o disco, esse é um bom registro", acrescenta.

Hits rearranjados

Um gaúcho elegante. Ft Fernanda Chemale 
No estúdio, Wander e sua banda, Os Comancheros, retrabalharam os arranjos de canções já bem conhecidas dos fãs, dando-lhes novo relevo.

Bebendo Vinho virou um animado ska com direito a solo de kazoo (espécie de apito) de Wander. Eu Não Consigo... ganhou um toque David Bowie graças ao elegante sax de King Jim. Já Arthur de Faria tocou acordeom em Amigo Punk e Rodando El Mundo.

 Eterno punk, Wander diz que não houve “preocupação nenhuma” em relação às novas roupagens.

“Foi tudo feito junto com a banda, pessoas amigas que tocam há muito tempo comigo. Algumas já estavam diferentes no show. Em outras, mexemos mais”, diz.

Lançado em Porto Alegre com um show no tradicional Bar Opinião no último dia 10, Wanclub já tem show marcado em Salvador, onde ele conta com fidelíssima plateia: 16 de junho, no Portela Café.

Como não é possível viajar com a banda, aqui ele se apresenta (bem) acompanhado dos irmãos Rogério e Rodrigo Gagliano, da banda de surf rock Ivan Motosserra.

“É impossível viajar com a banda. Não tenho um grande público que pague os custos de passagem, hospedagem, alimentação e cachê dos músicos. No máximo, consigo ir com eles até São Paulo”, diz.

“Então, a maneira de fazer mais shows é eu sozinho, ou acompanho de bandas locais. O que é muito bacana também, pelo menos eu viajo e faço bastante show pelo Nordeste”, acrescenta.

"Na  verdade, estamos em um país onde as pessoas, ou melhor, boa parte delas, são burras. Minha música não toca nas rádios, por que elas não cumprem seu dever de servir a comunidade. As TVs são a mesma coisa, é tudo ao contrario neste país", acrescenta.

Ainda assim, é sacrificada a vida do artista independente: “Mesmo pelo Sul, é difícil. Meu publico é cada vez menor. Sobrevivo por que me mexo, fazendo show por bilheteria. Me arrisco o tempo todo. O sistema não é justo e vai ser cada vez mais assim”, afirma.

Há quase dez anos, o blogueiro entrevistou Wander para o finado Phodcast Rock Loco em Transe (gravado nas suntuosas instalações do Estúdio Em Transe, daí o nome), no qual Wander falou que parte de sua luta era ajudar a estabelecer no Brasil um circuito intermediário de artistas e shows, que nem estão no underground, nem no grande esquema das gravadoras etc.

De lá para cá, infelizmente, Wander diz ter visto pouco avanço nesse esforço. "Acho que não avançou, não. Cada vez mais diminui meu público, tem cada vez mais gente fazendo música, as pessoas vão se dividindo em gostos cada vez mais específicos. Mas não me considero underground. Nem gosto dessa palavra. Eu sou alternativo. Busco vias alternativas. O underground está debaixo da terra, então eu vou por vias alternativas, como é no resto do mundo. Só que lá fora existe uma estrutura. No Brasil, não, aqui é difícil conseguir show sem ser sexta e sábado. Tudo no Brasil é ao contrário, é errado e cada vez é mais assim", afirma.

"A ideia desse disco não é quanto a vendagem, é mais quanto a turnê, é pra vender show. Mas imagina só, eu lancei o disco na semana (da votação) do impeachment (na Câmara dos Deputados). Então foi uma coisa absurda: coloquei 220 pagantes em Porto Alegre, minha cidade. 80% eram amigos e convidados. Você me pergunta por que as pessoas não foram? (Irritado:) Não sei, nem me interessa saber! Por que? Eu só sei que aconteceu. Acho que foi uma semana indigna. Guardei dinheiro e paguei o show, mas só tive 220 pagantes às 21 horas de uma quarta-feira em Porto Alegre", conta.

Já que ele tocou no assunto, não custa perguntar: como ele viu o espetáculo deprimente da votação do impeachment na Câmara?


"Não vejo, não faço parte disso, sou um alternativo e vivo do meu jeito. Nunca fiz parte dessa sociedade, isso não me diz respeito. O mote das pessoas é 'não vai ter golpe'. Mas, primeiro de tudo, já houve um golpe em 1964 e nós vivemos até hoje (as consequências) desse golpe, o país não é livre, não é uma democracia, vive uma colonização americana e mundial que começou em 1964 e as pessoas focam no 'não vai ter golpe'. Já é um golpe. Tudo depois de 64 foi uma coisa irrisória. Tancredo morre ou foi morto logo no início (da redemocratização). Se as pessoas acharam que estavam numa democracia, foram ingênuas. Sempre achei que Brasil é a maior colônia americana ou mundial dos grandes monopólios industriais bélico, farmacêutico e cultural. E as pessoas querem ir contra isso dizendo não a isso? É um erro de conduta! Primeiro, eu nunca vou dizer não a alguma coisa e sim, sim a alguma coisa. Se me pedem uma sugestão, sugiro que digam: eu quero acabar com esse sistema político. Não preciso de negação para querer alguma coisa. Diga o que tu quer. É como se você me perguntasse, 'Wander, do que você não gosta?' Ora, o que eu não gosto, eu não penso. Ouço por alguns segundos, até desligar o aparelho. Eu penso no que eu gosto e vou atrás disso. As pessoas vivem um sistema de trabalho, emprego, salário, rotina, uma casa. Eu vivo na estrada, faz muito tempo que estou nessa, sou um viajante. Crio coisas com os amigos e vou fazendo. Não fico parado esperando alguma coisa de bom. Mesmo com meu público diminuindo, tento avançar, pois sei que ele existe, que tem gente que gosta", conclui.

Wanclub: Música para Dançar – Volume 59 / Wander Wildner / Deck / CD: R$ 19,90 / disponível nas principais plataformas digitais

13 comentários:

  1. Glenn Greenwald: "Se você é esperto, tem habilidades e possui os meios, você deve foder os poderosos".

    É O CARA!

    http://www.diariodocentrodomundo.com.br/o-casal-que-desmascarou-o-golpe-e-a-globo-perante-o-mundo-por-paulo-nogueira/

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  2. Fidelíssimo o trailer da animação A Piada Mortal, baseada na clássica HQ de Alan Moore e Brian Bolland:

    https://omelete.uol.com.br/dvd-e-blu-ray/noticia/a-piada-mortal-assista-ao-primeiro-trailer-da-animacao/

    Aliás, essas animações da DC chutam bundas legal - mais do que os filmes. Ops...

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  3. mASSA QUE, POR CONTA DA ORDEM ALFABÉTICA, MEU NOME É O PRIMEIRO NO DISQUINHO! Vou tocar próximo sábado no programa de rock. Grande Wander ...

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  4. Um dos meus comediantes atuais favoritos e, desconfio, irmão perdido de Márcio "Rocks" Martinez, Will Ferrel vai viver Ronald Reagan no cinema.

    https://omelete.uol.com.br/filmes/noticia/will-ferrell-vai-viver-ronald-reagan-no-cinema/

    Precisa dizer que é imperdível?

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  5. Donadl Trump: homem, branco, rico, racista, heterossexual, machista, sexista, homofóbico e... tagarela.

    http://www.brasilpost.com.br/2016/04/27/donald-trump-machista_n_9789650.html?utm_hp_ref=brazil

    Impressionante a capacidade deste sujeito de falar merda. Simplesmente impressionante.

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  6. Mais disparates do (cof cof) "impeachment":

    http://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/campanha-de-anastasia-relator-do-impeachment-teve-doacoes-de-5-empreiteiras-e-1-banco-citados-na-lava-jato/

    Vale destacar que a matéria é do Uol, e não do DCM.

    Tem muitos outros disparates e flagrantes armações que apenas evidenciam o caráter GOLPISTA deste impeachment, mas eu também tenho mais o que fazer, né?

    Nego não quer trocar seis por meia dúzia? Que troquem, caguei.

    Eu quero é gargalhar na cara dos coxinhas depois, quando a ficha cair.

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  7. Aliás, gargalhar na cara dos coxinhas foi exatamente o que eu fiz no início dos anos 90, quando neguinho votou em Collor em peso, quando era evidente a qualquer pessoa com mais de neurônios que se tratava de uma armação, um boneco criado por vcs sabem quem. Mas enfim. Brasileiro não aprende, é viciado em opressão, viciado no chicote. Apenas lamento ter nascido nesta terrinha esquecida pelo bom-senso.

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  8. Não, não é mais uma piada do Sensacionalista:

    http://www.diariodocentrodomundo.com.br/enquanto-o-pais-pega-fogo-o-stf-delibera-sobre-pipoca-no-cinema-por-paulo-nogueira/

    Quem dera fosse.

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  9. Trash City by Joe Strummer & The Latino Rockabilly War

    https://youtu.be/DuoofltGiQE

    Amo essa trilha do filme Para Sempre Na Memória, tenho em LP, mas nunca mais ouvi. Estou sem receiver!

    Joe Strummer chuta bundas geral no Lado A!

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  10. Para uma lombra olímpica....

    https://br.noticias.yahoo.com/em-caso-de-viola%C3%A7%C3%A3o-reclamar-na-boca-pol%C3%ADcia-230459873.html

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  11. Canonização Já para as Irmãs do Vale!

    http://www.brasilpost.com.br/2016/04/27/freiras--plantam-maconha_n_9787296.html?utm_hp_ref=brazil

    Se o Papa Chico (aquele do Vaticano, não eu, claro) fica sabendo disso, vai visitar essas senhoras imediatamente!

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  12. Chicaço, adoraria ter uns genezinhos do genial e hilário Ferrel na minha circulação alcool... ooops... sanguinea, mas infelizmente não, não é meu irmão... (já basta os dois meio doidos que tenho, não?) rsrs

    Adoro esse cara, mas interpretar Reagan?!? Isso sim, doidêra...

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