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quarta-feira, janeiro 06, 2016

UM PASSEIO PELOS SUBGÊNEROS DO TERROR

HQ: A caminho de festival na França, o baiano Flávio Luiz lança álbum de horror

O Banquete, de Flávio Luiz e Lica de Souza
Se a crise foi braba em 2015, o quadrinista baiano Flávio Luiz tem o privilégio de fechar este ano difícil com algumas razões para comemorar.

O álbum 3 Histórias de Terror e Uma Nem Tanto, lançado há pouco, é apenas uma delas.

De leitura ligeira (apenas 44 páginas), mas com a arte de encher os olhos de sempre, 3 Histórias inaugura uma nova velha parceria: quem roteiriza as HQs do álbum é a esposa de Flávio, Lica de Souza, Mestre em Filosofia pela Ufba e sua sócia na Papel A2, editora independente através da qual o artista publica suas HQs.

“Temos uma relação maravilhosa de completa admiração e confiança”, diz Flávio.

“A coisa foi tão fácil que nem pareceu ser nossa primeira experiência. Acho que Lica é forte candidata ao Troféu HQMIX de Roteirista Revelação. Temos tido, desde a publicação do álbum, diversas respostas positivas  de pessoas que já leram o material”, afirma o maridão orgulhoso.

Curtas, as quatro HQs escritas por Lica e desenhadas por Flávio fazem um pequeno passeio pelos subgêneros do terror.

O Banquete mistura casa mal-assombrada com zumbis.

Inocentes é terror psicológico maternal.

A Velha Mina traz lobisomens  no Velho Oeste.

E O Último Cigarro é um longo diálogo filosófico de final inesperado.

“Das quatro, três são minhas e uma é de Flávio (A Velha Mina). Com exceção da primeira, que é inédita, as outras já tinham saído em compilações independentes”, conta Lica.

"Na verdade, tínhamos colaborado com diversas publicações independentes, todas de terror – e, como em todas, a colaboração foi gratuita, informei que depois de alguns anos (três, no mínimo),  eu gostaria de poder utiliza-las em álbum próprio", acrescenta Flávio.

"Não houve problema, e, como O Cabra 2 não ficou pronto à tempo dos eventos de fim de ano, achamos por bem publicar esse material em forma de coletânea, para ter o que mostrar", diz.

Inocentes, de Lica de Souza e Flávio Luiz
A parceria do casal surgiu de forma bem natural, como ela conta: “Ele tinha uma encomenda e tava sem ideia. Aí eu disse que tinha uma. Peguei e escrevi. Ele disse que tava bom, aí, eu fui fazendo. Já escrevi uns contos, mas nada publicado, na verdade”, conta Lica.

Das três HQs escritas por ela, a mais interessante e bem desenvolvida é, sem dúvida, Inocentes. Quase sem diálogos, ela conta a história de uma mãe atormentada pelos fantasmas dos próprios filhos.

“Muitos anos atrás, eu li sobre uma mãe que tinha afogado seus bebês. Fiquei louca com aquilo e li muitas histórias de mães que surtam e matam as próprias crias. Daí surgiu essa história de terror psicológico que é a que eu mais gosto. Foi um tema que curti bastante botar pra fora”, conta.

Rumo a Angoulême

Feliz, o casal baiano, que reside em São Paulo, agora se prepara para um 2016 promissor.

Na agenda, um álbum patrocinado pelo ProacSp (Programa de Ação Cultural da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo) e, em janeiro, uma palestra no badalado Festival Internacional de Quadrinhos de Angoulême (França), um dos principais do mundo.

“Lica informou  que estávamos indo (já  fomos em 2006 e 2012), aí solicitamos os crachás a que temos direito como profissionais (eu como autor e ela como editora). Afinal, em Angoulême, profissional não paga – tendo como comprovar  seu trabalho, mandando links, portfolios etc.Essa será minha quarta viagem. Amo aquela cidade e o clima do Festival”, conta.

“A organização já conhecia os trabalhos anteriores O Cabra e  Aú, O Capoeirista, e ficou encantada com  Aú 2 e 3 Histórias. Por saberem que sou um artista independente com prêmios HQMix e diversas publicações, sugeriram uma palestra sobre o meu trabalho e o nosso mercado independente. Vou desenferrujar meu francês e também estou levando vários títulos de autores independentes para mostrar e doar ao Museu do festival durante minha permanência por lá”, acrescenta Flávio.

Com roteiros de Lica, Flávio também lança em breve o álbum Histórias Paulistanas, contemplado no Proac, via edital.

“Sim ,Tendo sido contemplados com o Proac, temos a produção do Historias Paulistanas, que foi o projeto aprovado (roteiros de Lica) e espero terminar também O Cabra 2, cujas paginas só esperam a finalização. Mesmo com esse 2016 infame que teremos pela frente, espero ter algum retorno dos contatos além-mar também. O Aú 3, só em 2017. Tenho cinco roteiros do Aú, além dos dois já publicados. Um livro com o melhor dos quatro anos da tirinha Rota 66 sempre entra na pauta, mas é coisa pra mais adiante, assim como a Jayne Adventures nº 3 (a número 1 foi Troféu HQMix 1999 de Melhor Publicação Independente) que, quem conhece vive me cobrando. Conciliar tudo isso com meu trabalho pra publicidade no ritmo paulistano é coisa que mesmo a galera estressada de Sampa se espanta! E tem quem diga que baiano é lento! Enfim, Nossa Senhora me ajude!”, conclui o sempre bem-humorado artista.

3 Histórias de Terror e Uma Nem Tanto / Lica de Souza e Flávio Luiz / Papel A2 / 44 páginas /  R$ 30 / www.flavioluiz.net

17 comentários:

  1. RIP Wesley Rangel

    http://atarde.uol.com.br/cultura/musica/noticias/1737417-produtor-musical-e-cultural-wesley-rangel-morre-aos-65-anos

    Dane-se que o WR é conhecido como o Templo do Axé.

    Se não fosse Rangel, bandas e artistas como Camisa de Vênus (compacto Controle Total / Meu Primo Zé), Úteros em Fúria, Cascadura, Dead Billies, brincando de deus, Edson Gomes, Elomar e até a Osba puderam gravar em uma estrutura profissional em uma época em que isso praticamente inexistia em Salvador.

    Na verdade, como diz meu amigo Apu, que lá trabalha há alguns anos, o WR é o templo da música da Bahia. Por que TODO MUNDO que vc pensar gravou lá. TODO MUNDO.

    Eu não gosto de axé music, que foi o que o deixou rico, mas dane-se. O homem era um cara aberto, que acolhia todo mundo que o procurava.

    Por isso, que descanse em paz.

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  2. Peter Parker, nosso homem em Havana:

    http://www.bleedingcool.com/2016/01/06/todays-amazing-spider-man-goes-up-against-cuba/

    Uma abordagem nada petista, diga-se de passagem. A repressão e até o lendário sistema de saúde são detonados.

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  3. Tá certo, ditaduras são um lixo, não importa se são de direita ou de esquerda. Caguei pra Fidelito, hermano....

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  4. Por falar no festival de Angoulême, parece que esse será a edição mais esvaziada do evento...

    http://www.bleedingcool.com/2016/01/05/daniel-clowes-riad-sattouf-and-joann-sfar-withdraw-from-angouleme-grand-prix-as-no-women-are-nominated-update/

    http://www.bleedingcool.com/2016/01/06/milo-manara-etienne-davodeau-and-charles-burns-also-withdraw-from-angouleme-grand-prix-a-fifth-of-all-nominees/

    Um quinto dos indicados as premiações se retirou do festival, por que simplesmente não há mulheres indicadas.

    Nos dias de hj, um pecado e tanto.

    Sério mesmo que não tinha NENHUM trabalho assinado por mulheres quadrinistas digno de indicação? Difícil de acreditar. Enfim....

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  5. Tive com Apivis há uns meses...conversando na hell's kitchen...ele me disse sobre essa doença terminal do WR...falou que infelizmente tava pra morrer mesmo (todos estamos, mas ele tava mais perto, embora um brodim meu se foi antes dele), e que a galera do axé num tava nem aí pra ele...gostando ou não pra música do povo (e dos empresários), ele ajudou a criar uma "cena" local que estourou pro mundo até... E pra variar num se estavam nem aí pro cara...deviam agradecer de joelho pra ele. Deixou uma galera rica. Será q ele gravou essa galera pq num tinha $$$ pra pagar assim como o rock?

    Na parte que me toca ele foi ultra importante pro rock dos anos 90...gravou discos importantes pra minha adolescência... Só os 2 Billies e o do úteros já vale a pena ...o 1o do casca TB...e o último do Bdd...

    Que descanse em paz mesmo.

    Num país sério ele seria objeto de estudo. O estúdio um ponto turístico... Mas no Brasil.. Só lembram na hora de enfiar a $$ no bolso. E olha que somos do rock...o cara foi nosso "inimigo", pois ajudou o axé a estourar...mas não se pode negar o q ele criou...ajudou a criar.

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  6. Ops, essa foi a jato: parece que agora eles já vão arrumar uns nomes de artistas mulheres para indicar.

    http://www.bleedingcool.com/2016/01/06/angouleme-to-add-female-names-to-the-grand-prix-long-list-of-nominees/

    Beleza, mas o estrago já foi feito....

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  7. Pois é, Sputter, penso o mesmo.

    Fiz uma matéria sobre os 40 anos do WR há poucos meses - não cheguei a posta-la aqui no Rock Loco, mas o farei amanhã.

    Nessa matéria mesmo eu cantei essa bola. No exterior, estúdios como Electric Lady (Nova York), Sun (Memphis), Hansa (Berlim) e Abbey Road (Londres) são pontos turísticos, visitados por gente do mundo todo.

    Se eu fosse da família, ia tentar fazer isso: transformar o estúdio em uma espécie de museu da música baiana. Ia continuar as atividades de gravação, claro, mas ia formatar de um jeito que funcionasse dos dois jeitos: como estúdio e como memorial.

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  8. Penso numa parada até meio jamaica...studio one, entre outros...coxsonne Dodd...Lee Perry...produtores q desenvolveram um som local e tal...como disse...não é minha praia...mas pro bem ou pro mal, fez algo nacional e internacional... E o lance do cara era gravar. Produzir. Matar a ponta dele...mas ajudou vários locais a gravar TB...enfim...curiosamente um cara que coloriu a música brazuca se foi num dia cinza...aliás... Tempos q a WR num gravava algo local no esquema parceira tem né?
    Uns amigos gravaram até um EP lá. Tem anos. Mas pagaram "caro", é a crise....que tá desde sempre...

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  9. A Batrákia gravou seu recém-lançado álbum lá, produzido por Apu. Eles pagaram do próprio bolso, com uma ajuda dos fãs no crowdfunding, se não me engano.

    E sim, ele gravou muita gente de graça lá. A Úteros foi "fiado" (via Sarajane, então casada com Apu e muito amiga de Rangel), mas pagou depois, como Mário Jorge conta no meu documentário da Úteros. Eles foram juntando dinheiro de alguns shows até pagar o homem. E quando pagaram, ele conta que Rangel disse que, até então, eles foram a primeira banda de rock a pagar pela gravação, chegando a citar 14º Andar e Crac! como "caloteiras".

    Depois teve aquele projeto de incentivo estatal, o Emergentes da Madrugada, através do qual Dead Billies, Cascadura e brincando de deus gravaram seus álbuns. Aí não foi de graça: foi uma parceria com a Bahiatursa (ou Secult mesmo?), se não me engano, e o estúdio recebeu. Acredito eu....

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  10. Lembro do doc...vi quando foi lançado em 2001 no comecinho. No calypso, se não me engano foi nessa época do ano... Superlotação... Eu tava na porta...umas amigas de fora tavam lá e num podia mais entrar...eu podia...pq tinha chegado antes...mas dei mole e perdi o show... Vi o doc...naquele tempo eu num levava fé q os caras não tocariam mais juntos. Foi outro dia man...15 anos já tem...é mole?
    Lembro bem dessa história da $$$...mas pensando aqui... A crac gravou BEM depois o disco deles não? Bem depois da úteros...o "móbraba"...só se foi outro antes. Ou foi na época do doc...enfim...boas histórias... Lembro dessa emergentes...q bom q o kra recebeu...afinal irmã dulce já dizia...

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  11. Falando em jamaica... Ele produziu os discos de Edson Gomes que tem uma sonoridade particular no reggae...pode-se dizer até única aquela batida...

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  12. Mister Francis, dois adendos:

    1 - No seu primeiro comentário, a oração principal no 4º parágrafo entra em contradição com o resto da sentença --- faltou um NÃO PODERIAM gravar. "Se não fosse Rangel, bandas e artistas (...) puderam gravar "


    2 - Com a única e notória exceção do Camisa de Vênus,

    Sabe quantas outras bandas de rock baianas que passaram pela WR tiveram um bom esquema de sustentação de vendas, distribuição e promoção? NENHUMA. Nem os Dead Billies. O contrato que eles aceitaram assinar devia ter sido jogado na latrina e dada a descarga, depois de usarem pra se limpar.

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  13. Mas será que o contrato deles num era pra gravar somente?
    gravar e prensar?
    tem que ver isso!
    e outra...banda que espera por gravadora, sendo uma banda independente, é ser bem incompetente...ou quer ser pop...se for pra ser pop, fazia axé.

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  14. Preste atenção: aquele contrato era uma bosta que JAMAIS deveria ter sido assinado. Entendeu?



    Pra fazer um mínimo de distribuição e vendas, os Dead Billies precisaram PAGAR á gravadora WR para prensar mil cópias e ELES MESMOS distribuírem e até venderem de mão em mão, como mascates de si mesmos. E caso não vendessem tudo, ficariam DEVENDO DIHEIRO á gravadora WR. Em vez de ganhar dinheiro com aquela gravadora de merda, eles só PERDERAM.

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  15. bom...se vc vender e ter q pagar é barril...mas o artista independente vender de mão em mão seu disco é normal...eu mesmo fiz isso...os billies venderiam como água esses mil...aliás, um disco desse hj vc nem acha pra vender...mas pagar a prensagem é o mínimo...os caras pagariam com dois ou três shows, ou até menos...cara, vc num é fã de punk?
    num saca nada então...precisa ler mais Jello Biafra.

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  16. Acho que você precisa ler MELHOR o que eu escrevo, Sputter.


    Jello Biafra JAMAIS assinou um contrato como esse da WR.



    Salvador não é San Francisco, a Bahia não é a Califórnia, o Brasil não é os EUA e os Dead Kennedys ACABARAM por razões bem diferentes das dos Dead Billies.



    Então, vamos manter essa discussão focada aqui na nossa realidade, por favor.

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  17. É... Só num sei como mystifier e Headhunter tocam na gringa...o q eu falei sobre Jello é q ele tem o selo independente dele há décadas...

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