Localizada à beira do Rio São Francisco, Bom Jesus da Lapa é conhecida como a “Capital Baiana da Fé”, por causa da bela Gruta do Bom Jesus, para onde acorrem todos os anos milhares de romeiros.
Agora, além do turismo religioso, a cidade pode ficar conhecida por outro motivo: é o lar de Hairton Gonçalves – um puta guitarrista, mano!
Brincadeiras a parte, este músico, paulista de nascimento (de São José dos Campos), surpreende pelas extremas habilidade e musicalidade demonstradas em seu primeiro álbum, Cordas e Dedos, viabilizado por meio de edital da apoio da FUNCEB –Fundação Cultural do estado da Bahia.
Fãs de guitar heros como Steve Vai e Joe Satriani podem se jogar de cabeça no disco do rapaz, que a satisfação é garantida.
“Sim, claro, curto esses caras aí e também os brasucas, como Pepeu, Robertinho de Recife, Armandinho, Álvaro Assmar. Aliás, sou apaixonado por blues e Stevie Ray Vaughan. Eu cresci ouvindo essas coisas”, conta Hairton.
O Lombra
No disco, Hairton apresenta um som mais para o AOR (Album Oriented Rock), com uma produção limpa e de fácil audição para leigos: “É bem clean: solo de entrada, solo de saída, um tema bonitinho”, descreve.
Filho de um oficial da Aeronáutica, Hairton chegou com a família a Bom Jesus aos 12 anos, em 1977, e ouvia os discos de rock clássico que seu irmão, mais velho, lhe passava. Só aos 16 ganhou seu primeiro violão.
“Aí eu ia para as festas, via o pessoal tocando, e, em casa, tentava repetir. Depois comprei um baixo, e meses depois, ai já estava tocando em banda de bailes aqui na cidade”, relata.
Na década de 1980, Hairton integrou a primeira banda de rock local: “Eu e um amigo, o Kiko Lisboa, formamos a banda O Lombra. A gente tocava Black Sabbath, Legião, Beatles e tal, mas acho que era muito avançada para a época, por que os bailes não enchiam”, diverte-se o músico.
Desde então, Hairton integrou diversas bandas que se apresentam na região, como a Papo de Anjo, além de dar aulas, oficinas e dirigir a banda base do festival Velho Chico Beat, entre outras atividades.
Apesar de ter gravado o CD Cordas & Dedos todo sozinho, ao vivo apresenta-se com uma banda (Libório nos teclados, Salatiel na bateria e Lucas no baixo), a qual espera trazer para Salvador em breve: “Tenho um amigo aí, o jornalista Cláudio Moreira, que está me ajudando a divulgar”, conta.
Confira: http://hairton.tk
NUETAS
Cangaceira do rock
Projeto da atriz Luísa Prosérpio (que também é backing vocal da banda Limusine) e do baixista Jerry Marlon (Água Suja), a banda Salomé & Os Cangaceiros do Rock estreia sexta-feira no Dubliner’s. A moça sobe no palco de cangaceira, para cantar Led Zeppelin, Rita Lee & cia. 23 horas, R$ 20.
Tabuleiro de Lily
Tabuleiro Musiquim e Lily Braun no Commons. Sexta, 22 horas, R$ 10 (até zero h).
Jonsóns, HAO e VDV
Os Jonsóns, HAO e Van Der Vous fazem a night de sábado. Dubliners, 21 horas, R$ 15.
Blog (que, nos seus primórdios, entre 2004-05, foi de um programa de rádio) sobre rock e cultura pop. Hoje é o blog de Chico Castro Jr., jornalista formado pela Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia. Atualmente, é repórter do Caderno 2+ do jornal A Tarde, no qual algumas das matérias vistas aqui foram anteriormente publicadas. Assina a coluna Coletânea, dedicada à música independente baiana. Nossa base é Salvador, Bahia, a cidade do axé, a cidade do terror.
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quarta-feira, agosto 26, 2015
terça-feira, agosto 25, 2015
AGENTES DA UNCLE EM: MISSÃO RIO DE JANEIRO
Atores do filme que estreia no dia 3, estão no Rio em divulgação do filme. Henry Cavill e Armie Hammer falaram com a imprensa no Copacabana Palace
Uma pequena multidão de fãs se aglomerou à porta do mítico hotel Copacabana Palace portando cartazes e fotos nesta segunda-feira, para ver os atores Henry Cavill (O Homem de Aço) e Armie Hammer (A Rede Social), que estão no Rio em turnê de divulgação do filme O Agente da UNCLE, novo evento cinematográfico do diretor inglês Guy Ritchie (Sherlock Holmes e Snatch, entre outros filmes).
Em rodada de entrevistas para a imprensa brasileira, os galãs falaram sobre o filme e a experiência de trabalhar com o badalado diretor.
"Guy é um sujeito incrível. O filme segue a máxima dele: 'se não está sendo divertido, então você está fazendo errado", disse Henry Cavill.
"Sim, tudo o que você vêna tela foi exaustivamente ensaiado, tivemos muitas horas de ensaio na casa do Guy", completou Armie Hammer.
Ambientado em cenários charmosíssimos de uma Europa em pleno auge da Guerra Fria, logo após a construção do Muro de Berlim, o filme reimagina a série de TV homônima dos anos 1960, sobre dois agentes secretos, o americano Napoleon Solo (Cavill) e o russo Illya Kuryakin (Hammer), que se veem forçados a trabalhar juntos, quando uma organização criminosa obscura se torna uma ameaça tanto para os EUA e aliados, quanto para União Soviética.
Uma típica estrutura dos chamados buddy movies (filmes de parceiros) do cinema americano, que se detestam inicialmente, mas tem de trabalhar juntos e acabam tendo respeito um pelo outro.
"Não é necessariamente um buddy movie no sentido estrito, mas se torna interessante pelo fato de que estes dois personagens se odeiam no início. Mas acabam por se respeitar, mesmo com as formas diferentes que ambos tem de abordar as dificuldades", disse Cavill.
Sobre a química demonstrada entre os dois na tela, Armie Hammer disse que foi um processo. "Não é como se eu tivesse sido apresentado a ele e dissesse: 'sinto tanta química por você'", gracejou o mais descontraído dos dois, com a mão no ombro do parceiro.
"Mas ambos adoramos ter tido a oportunidade de fazer esse filme, ambos somos grandes fãs do trabalho do Guy Ritchie", acrescentou.
Cavill disse que sequer assistiu a série original, para pode compor seu personagem com total liberdade. "Só pegamos os nomes dos personagens originais", garantiu.
"Eu só peguei o cabelo louro. Dave McCallum (o Illya Kuryakin original) era louro, então...", brincou Hammer.
Sobre a ambientação nos coloridos anos 1960, Cavill disse que "o filme tem uma certa joie de vivre (alegria de viver) típica da época, as pessoas tentavam ser mais alegres, havia uma ameaça nuclear na época, e as pessoas, ao inves de ficarem deprimidas, começaram a amar a vida, só para o caso de não haver amanhã".
"E tinha LSD também", acrescentou Hammer, arrancando risos dos jornalistas.
Um ponto alto do filme é a trilha sonora baseada no subgenero spy jazz, muito dinâmica, charmosa e cheia de balanço, que inclui até uma música do baiano Tom Zé, Jimmy Renda-se.
"Enquanto eu assistia o filme, várias vezes eu ficava pensando, 'que música sensacional. Opa, o filme está passando!' Mas sério, a música é tão boa, que adiciona tanto ao filme, são músicas perfeitamente colocadas. Se você gosta de música, eu recomendo fortemente que você assista esse filme, ou no mínimo compre a trilha sonora", disse Armie Hammer.
O Agente da UNCLE estreia nos cinemas no dia 3 de setembro.
O repórter viajou ao Rio de Janeiro a convite da Warner.
Armie Hammer e Henry Cavill no Copacabana Palace, na manhã de ontem |
Em rodada de entrevistas para a imprensa brasileira, os galãs falaram sobre o filme e a experiência de trabalhar com o badalado diretor.
"Guy é um sujeito incrível. O filme segue a máxima dele: 'se não está sendo divertido, então você está fazendo errado", disse Henry Cavill.
"Sim, tudo o que você vêna tela foi exaustivamente ensaiado, tivemos muitas horas de ensaio na casa do Guy", completou Armie Hammer.
Ambientado em cenários charmosíssimos de uma Europa em pleno auge da Guerra Fria, logo após a construção do Muro de Berlim, o filme reimagina a série de TV homônima dos anos 1960, sobre dois agentes secretos, o americano Napoleon Solo (Cavill) e o russo Illya Kuryakin (Hammer), que se veem forçados a trabalhar juntos, quando uma organização criminosa obscura se torna uma ameaça tanto para os EUA e aliados, quanto para União Soviética.
Uma típica estrutura dos chamados buddy movies (filmes de parceiros) do cinema americano, que se detestam inicialmente, mas tem de trabalhar juntos e acabam tendo respeito um pelo outro.
Alicia Vikander, Hammer e Cavill no cenário glorioso de Roma |
Sobre a química demonstrada entre os dois na tela, Armie Hammer disse que foi um processo. "Não é como se eu tivesse sido apresentado a ele e dissesse: 'sinto tanta química por você'", gracejou o mais descontraído dos dois, com a mão no ombro do parceiro.
"Mas ambos adoramos ter tido a oportunidade de fazer esse filme, ambos somos grandes fãs do trabalho do Guy Ritchie", acrescentou.
Cavill disse que sequer assistiu a série original, para pode compor seu personagem com total liberdade. "Só pegamos os nomes dos personagens originais", garantiu.
"Eu só peguei o cabelo louro. Dave McCallum (o Illya Kuryakin original) era louro, então...", brincou Hammer.
Sobre a ambientação nos coloridos anos 1960, Cavill disse que "o filme tem uma certa joie de vivre (alegria de viver) típica da época, as pessoas tentavam ser mais alegres, havia uma ameaça nuclear na época, e as pessoas, ao inves de ficarem deprimidas, começaram a amar a vida, só para o caso de não haver amanhã".
"E tinha LSD também", acrescentou Hammer, arrancando risos dos jornalistas.
O trio na escadaria da Piazza di Spagna, novamente em Roma |
"Enquanto eu assistia o filme, várias vezes eu ficava pensando, 'que música sensacional. Opa, o filme está passando!' Mas sério, a música é tão boa, que adiciona tanto ao filme, são músicas perfeitamente colocadas. Se você gosta de música, eu recomendo fortemente que você assista esse filme, ou no mínimo compre a trilha sonora", disse Armie Hammer.
O Agente da UNCLE estreia nos cinemas no dia 3 de setembro.
O repórter viajou ao Rio de Janeiro a convite da Warner.
quinta-feira, agosto 20, 2015
O LIMITE DO 'PRAFRENTEX'
Teatro: Portuguesa Maria de Medeiros e carioca Laura Castro trazem a cidade peça que discute a questão das novas famílias
Atriz portuguesa de maior destaque mundial, a lisboeta Maria de Medeiros está em Salvador para apresentar ao público baiano a peça Aos Nossos Filhos, na qual contracena com a própria autora do texto, a carioca Laura Castro. A direção é de João das Neves.
A peça terá oito sessões no pequeno teatro da Caixa Cultural, esta semana e na próxima, de sexta-feira a domingo, sendo que no sábado são duas sessões – a preços populares (detalhes no serviço).
No palco, Maria e Laura interpretam, respectivamente, mãe e filha. A segunda conta que terá um filho – só que pela barriga da companheira.
E aí a mãe, uma veterana da luta armada contra a ditadura, guerreira das causas sociais, se defronta, a partir daí, com os seus próprios preconceitos.
Em entrevista exclusiva, concedida no Gabinete Português de Leitura, Maria afirmou que a peça “não é só sobre a questão da mulher na sociedade, e sim, sobre novas formas familiares e de se relacionar com cônjuges e ter filhos”.
“A peça trata dos preconceitos de cada geração. Mesmo a mãe super prafrentex, que foi de todas as lutas, os tem de alguma forma. E a filha é mais careta do que a mãe, mas tem aí um limite que a mãe não consegue vencer”, conta.
“Ela se encontra com o próprio preconceito, com o limite de sua abertura de espírito, por que ela também esperava uma descendência ‘nos cânones’. E o que a filha leva a peça toda para explicar é que ela oferece uma descendência, mas de outra forma”, acrescenta.
Série de coincidências
Aos Nossos Filhos vem sendo apresentada em diversas capitais desde 2012, tendo passado por Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte e Lisboa.
E ela não acaba quando sair de cartaz: em 2016, Maria dirigirá um filme, coprodução Brasil - Portugal, baseada na peça – só que com Marieta Severo no papel da mãe.
”Curiosamente, a Laura tinha pensado na Marieta para a peça, até por que ela corresponde muito mais ao papel, por tudo que ela viveu – mas aí ela não pôde”, conta Maria, que também é cantora e foi levada ao projeto por uma série de coincidências.
Em 2013, ela lançou Repare Bem, um documentário sobre o caso de Denise Crispim, que teve marido e filho torturados e mortos pela ditadura militar no Brasil.
“Aí a Laura soube do Repare Bem e ainda ouviu minha versão da música que dá título a peça (Aos Nossos Filhos, de Ivan Lins e Vitor Martins). Ela percebeu que estávamos falando sobre as mesmas coisas. Aí me mandou a peça, que eu li e achei que tinha tudo a ver”, relata.
“Agora, atrás da câmera, eu acho um processo muito bonito e natural que o papel volte para a Marieta”, afirma.
“Vai ser diferente, por que ela vai trazer outros aspectos da personagem. Mas isso é que é lindo no teatro: o mesmo papel pode ser abordado por atrizes diferentes, com perspectivas muito diversas”, diz.
Em tempo: o sotaque de Maria é bem leve e ninguém terá dificuldade de entende-la.
Aos Nossos Filhos / Com Maria de Medeiros e Laura Castro / de amanhã até domingo e de 28 a 30 de agosto, às 20 horas (sexta-feira), às 17h e às 20h (sábado) e às 19 horas (domingo) / CAIXA Cultural Salvador (Rua Carlos Gomes, 57, Centro) / R$ 8 e R$ 4 / vendas: bilheteria da CAIXA Cultural, a partir das 9 horas do primeiro dia de apresentação, exclusivamente para as sessões da semana / 16 anos
ENTREVISTA COMPLETA: MARIA DE MEDEIROS
Muito oportuno essa peça neste momento, quando você interpreta uma mulher que lutou contra a ditadura, temos uma presidente que fez o mesmo e, por incrível que pareça, temos também manifestações nas ruas pedindo a volta da ditadura. Como a senhora, como estrangeira próxima ao Brasil, vê este momento tão caótico?
Maria de Medeiros: Vejo com preocupação, por que sou apaixonada pelo Brasil há muito tempo. E o fato da Laura me propor essa peça já foi um conjunto de coincidências que me surpreendeu muito. Eu tinha acabado de dirigir um filme, o Repare Bem, que foi premiado em Gramado, que me foi proposto pela Comissão de Anistia e Reparação, e no filme, eu retrato a história de uma família onde só a mãe e a filha sobreviveram, mas os homens foram mortos em circunstâncias monstruosas, terrivelmente torturados e assassinados pelo militares, e nesse filme já tem essa temática, além da relação mãe e filha. E ainda tem outra coincidência: em homenagem a elas, eu escolhi cantar essa canção tão bonita do Ivan Lins e Vítor Martins, chamada Aos Nosso Filhos, que é uma carta dos pais para os filhos, diante de um contexto de luta pela liberdade em que os pais pedem desculpas pela ausência. Mas, mesmo fora de qualquer contexto politico, sempre há boas razoes para pedirmos desculpas aos nossos filhos, por que erramos muito. Em todo caso, essa canção já estava na minha vida, aí aparece essa peça com essa temática que eu vinha abordando há tempos. Achei que era um sinal que eu deveria aceitar essa aventura, essa proposta. E depois de ter trabalhado em várias projetos sobre a violência que foi essa ditadura aqui, qualquer um fica muito perplexo quando ouve que há minorias, mas ainda assim, que fazem apelos a uma ditadura militar, fica parecendo que tanta luta, tanto sofrimento foi em vão. E apesar de tudo, o fato de podermos protestar hoje significa que vivemos em uma democracia, um direito adquirido por quem deixou a pele, a alma e a vida nessa luta.
Repare Bem (2013) - Trailer from Pedro Jorge - "Cabron" on Vimeo.
Vejo que a senhora vai dirigir um filme baseado nesta peça, só que com Marieta Severo no seu papel. Como é esta transferência de papeis entre a senhora e Marieta?
MM: Curiosamente, a Laura tinha pensado na Marieta para a peça, até por que ela corresponde muito mais ao papel, por tudo que ela viveu – mas aí ela não pôde. Aí a Laura soube do Repare Bem e ainda ouviu minha versão da música que dá título a peça. Ela percebeu que estávamos falando sobre as mesmas coisas. Aí me mandou a peça, que eu li e achei que tinha tudo a ver. Agora, atrás da câmera, eu acho um processo muito bonito e natural que o papel volte para a Marieta. Vai ser diferente, por que ela vai trazer outros aspectos da personagem. Mas isso é que é lindo no teatro: o mesmo papel pode ser abordado por atrizes diferentes, com perspectivas muito diversas
A senhora se tornou mundialmente conhecida trabalhando em filmes de grandes diretores de Hollywood, como Philip Kaufmann e Quentin Tarantino. Mas desde então vemos que senhora só tem filmado na Europa. Por que?
MM: Eu achei super divertido trabalhar em Hollywood, gostei muito, mas nunca tive assim, um 'sonho americano'. Gostei como experiência, mas nunca considerei a possibilidade de me instalar lá nesse sistema, por que me identificava mais com a Europa. E também tinha um grande sonho, que era fazer meu filme, Capitães de Abril. Foram treze anos de luta e insistência. Acho que me deixaram fazer por que já estavam tão fartos de minha insistência (risos). Nessa altura, para mim, era essa a prioridade, não era ficar lá (nos EUA). Mas adorei a experiência, e tive muita sorte de ter trabalhado com artistas tao interessantes e criativos. O Tarantino, eu acho extraordinário, e ele, naquela época, já tinha essa consciência de que é genial, ele sabia que o espetáculo era ele também.
A senhora também dirigiu um filme sobre o fim da ditadura em Portugal, Capitães de Abril e um documentário sobre a ditadura no Brasil, Repare Bem. Eles se complementam? É uma continuação de um pensamento seu?
MM: Certamente, é uma continuação de um pensamento meu, apesar de terem formas muito diferentes, o Capitães é uma ficção, ainda que muito fiel aos dados históricos e as perspectivas dos militares. Eu fui muito fiel aos acontecimentos históricos vividos pelos militares, mas é uma ficção, um filme de guerra, foi tudo muito dirigido como um filme de guerra. Já o Repare Bem é um documentário de depoimentos, está a serviço das pessoas entrevistadas, não tem efeitos especiais, nem nada, é despojado. Mas do ponto de vista da perspectiva e do pensamento, tem a ver um com o outro, sobre essas ditaduras dos dois lados do Atlântico.
A senhora também é cantora. Eu procurei videos seus no You Tube e te vi cantando Chico Buarque e no próximo, The Clash. Mas quem influenciou a senhora enquanto cantora?
MM: (risos) Olha, só virei compositora muito recentemente, e quase envergonhada por que sou filha de um grande maestro e compositor de Portugal, e minha irmã Ana de Medeiros também é compositora, então eu fico meio inibida de compor algumas cançõezinhas, mas me considero mais intérprete, e o que tento trazer é o flerte entre teatro e música, até por que já fiz bastante musical também, com dança e tudo. Eu gosto dessas áreas onde essas artes dialogam e as fronteiras se perdem.
A senhora já apresentou esta peça em outras cidades do Brasil. Nota alguma diferença na recepção do público de cidade para cidade?
MM: É o terceiro ano que fazemos esta peça. Passamos por Brasília, Rio, São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte, Lisboa e agora, finalmente, Salvador. Mas não noto muita diferença nas recepções dos públicos de cada cidade. As vezes, a sala determina a diferença. Já fizemos em salas muito grandes, com o Tuca, (SP) de 800 lugares. E aqui, que é uma sala bem pequena. Eu penso que isso é melhor para peça, pois quando a fazemos em lugares grandes demais, se perde um pouco de intimidade. A peça é uma conversa entre mãe e filha e o público é convocado para esta conversa. O que é muito interessante na peça é que as personagens são muito inteligentes e ambas tem muitos bons argumentos. Você ouve uma e diz: 'ah tem razão'. Aí você ouve a outra e diz 'ah, ela também tem razão'! É como uma conversa que o público vai seguindo.
A mulher tem assumido cada vez papeis de protagonismo na sociedade, mas a senhora sente que há um retrocesso também, um avanço conservador homofóbico e misógino em curso?
MM: Sim com certeza, é evidente que a mulher está assumindo mais protagonismo, apesar da misoginia ambiente no mundo inteiro. Mas felizmente, as mulheres estão com mais força na sociedade, e o que acho interessante é que a peça trata dos preconceitos que cada geração, de alguma forma, tem. Mesmo com uma mãe super 'prafrentex', por que foi de todas as lutas, lutou a vida toda contra preconceitos raciais, na defesa da mulheres, por justiça social e ainda hoje é engajada por crianças soropositivas, e de alguma forma, a filha é mais careta do que a mãe. Mas tem aí um limite que a mãe não consegue vencer, ela se encontra com o próprio preconceito, com o limite de sua abertura de espírito, por que ela também esperava uma descendência 'nos cânones'. E o que filha leva a peça toda para explicar é que ela esta oferecendo uma descendência, mas de outra forma. É muito interessante como cada geração tem suas lutas, não é só uma questão da mulher na sociedade, e sim, a de novas formas familiares e de se relacionar com cônjuges e ter filhos. E o filme vai ser ainda mais sobre as várias formas de filiação que não é só a 'standard'.
Como está o cinema em Portugal? No Provocações, a senhora disse que esperava-se uma nova lei. Houve algum avanço? A gente quase não vê filmes portugueses por aqui.
MM: Tenho muita gratidão a Mostra de SP, por que sempre tem olhar para o cinema português. Na verdade, ainda há muita gente boa fazendo cinema interessante em Portugal, apesar das dificuldades. A máquina vai funcionando devagar, mas a criatividade está lá, felizmente.
Aqui no Brasil quase não conhecemos a música e o cinema de Portugal. A senhora arrisca alguma opinião sobre o por que disso? Será o sotaque, que os brasileiros tem dificuldade de entender?
MM: Mas é verdade, o brasileiro não entende o sotaque português. Mas penso que não só tem essa dificuldade em nos entender, mas é que é muito difícil exportar cultura, e um peixe pequeno como Portugal... Isso precisa vir de uma vontade política. Eu vivo na França, e lá eles tem uma política cultural interna e externa, o estado francês ajuda a promover muito de sua cultura, já o governo português, não, é um grande trabalho. Ainda assim, tem muitos fadistas portugueses bem conhecidos aqui no Brasil.
Maria em Cannes. Foto Geroges Biard / CC |
A peça terá oito sessões no pequeno teatro da Caixa Cultural, esta semana e na próxima, de sexta-feira a domingo, sendo que no sábado são duas sessões – a preços populares (detalhes no serviço).
No palco, Maria e Laura interpretam, respectivamente, mãe e filha. A segunda conta que terá um filho – só que pela barriga da companheira.
E aí a mãe, uma veterana da luta armada contra a ditadura, guerreira das causas sociais, se defronta, a partir daí, com os seus próprios preconceitos.
Em entrevista exclusiva, concedida no Gabinete Português de Leitura, Maria afirmou que a peça “não é só sobre a questão da mulher na sociedade, e sim, sobre novas formas familiares e de se relacionar com cônjuges e ter filhos”.
“A peça trata dos preconceitos de cada geração. Mesmo a mãe super prafrentex, que foi de todas as lutas, os tem de alguma forma. E a filha é mais careta do que a mãe, mas tem aí um limite que a mãe não consegue vencer”, conta.
“Ela se encontra com o próprio preconceito, com o limite de sua abertura de espírito, por que ela também esperava uma descendência ‘nos cânones’. E o que a filha leva a peça toda para explicar é que ela oferece uma descendência, mas de outra forma”, acrescenta.
Série de coincidências
Maria e Laura Castro em Aos Nossos Filhos |
E ela não acaba quando sair de cartaz: em 2016, Maria dirigirá um filme, coprodução Brasil - Portugal, baseada na peça – só que com Marieta Severo no papel da mãe.
”Curiosamente, a Laura tinha pensado na Marieta para a peça, até por que ela corresponde muito mais ao papel, por tudo que ela viveu – mas aí ela não pôde”, conta Maria, que também é cantora e foi levada ao projeto por uma série de coincidências.
Em 2013, ela lançou Repare Bem, um documentário sobre o caso de Denise Crispim, que teve marido e filho torturados e mortos pela ditadura militar no Brasil.
“Aí a Laura soube do Repare Bem e ainda ouviu minha versão da música que dá título a peça (Aos Nossos Filhos, de Ivan Lins e Vitor Martins). Ela percebeu que estávamos falando sobre as mesmas coisas. Aí me mandou a peça, que eu li e achei que tinha tudo a ver”, relata.
“Agora, atrás da câmera, eu acho um processo muito bonito e natural que o papel volte para a Marieta”, afirma.
“Vai ser diferente, por que ela vai trazer outros aspectos da personagem. Mas isso é que é lindo no teatro: o mesmo papel pode ser abordado por atrizes diferentes, com perspectivas muito diversas”, diz.
Em tempo: o sotaque de Maria é bem leve e ninguém terá dificuldade de entende-la.
Aos Nossos Filhos / Com Maria de Medeiros e Laura Castro / de amanhã até domingo e de 28 a 30 de agosto, às 20 horas (sexta-feira), às 17h e às 20h (sábado) e às 19 horas (domingo) / CAIXA Cultural Salvador (Rua Carlos Gomes, 57, Centro) / R$ 8 e R$ 4 / vendas: bilheteria da CAIXA Cultural, a partir das 9 horas do primeiro dia de apresentação, exclusivamente para as sessões da semana / 16 anos
ENTREVISTA COMPLETA: MARIA DE MEDEIROS
Muito oportuno essa peça neste momento, quando você interpreta uma mulher que lutou contra a ditadura, temos uma presidente que fez o mesmo e, por incrível que pareça, temos também manifestações nas ruas pedindo a volta da ditadura. Como a senhora, como estrangeira próxima ao Brasil, vê este momento tão caótico?
Maria de Medeiros: Vejo com preocupação, por que sou apaixonada pelo Brasil há muito tempo. E o fato da Laura me propor essa peça já foi um conjunto de coincidências que me surpreendeu muito. Eu tinha acabado de dirigir um filme, o Repare Bem, que foi premiado em Gramado, que me foi proposto pela Comissão de Anistia e Reparação, e no filme, eu retrato a história de uma família onde só a mãe e a filha sobreviveram, mas os homens foram mortos em circunstâncias monstruosas, terrivelmente torturados e assassinados pelo militares, e nesse filme já tem essa temática, além da relação mãe e filha. E ainda tem outra coincidência: em homenagem a elas, eu escolhi cantar essa canção tão bonita do Ivan Lins e Vítor Martins, chamada Aos Nosso Filhos, que é uma carta dos pais para os filhos, diante de um contexto de luta pela liberdade em que os pais pedem desculpas pela ausência. Mas, mesmo fora de qualquer contexto politico, sempre há boas razoes para pedirmos desculpas aos nossos filhos, por que erramos muito. Em todo caso, essa canção já estava na minha vida, aí aparece essa peça com essa temática que eu vinha abordando há tempos. Achei que era um sinal que eu deveria aceitar essa aventura, essa proposta. E depois de ter trabalhado em várias projetos sobre a violência que foi essa ditadura aqui, qualquer um fica muito perplexo quando ouve que há minorias, mas ainda assim, que fazem apelos a uma ditadura militar, fica parecendo que tanta luta, tanto sofrimento foi em vão. E apesar de tudo, o fato de podermos protestar hoje significa que vivemos em uma democracia, um direito adquirido por quem deixou a pele, a alma e a vida nessa luta.
Repare Bem (2013) - Trailer from Pedro Jorge - "Cabron" on Vimeo.
Vejo que a senhora vai dirigir um filme baseado nesta peça, só que com Marieta Severo no seu papel. Como é esta transferência de papeis entre a senhora e Marieta?
MM: Curiosamente, a Laura tinha pensado na Marieta para a peça, até por que ela corresponde muito mais ao papel, por tudo que ela viveu – mas aí ela não pôde. Aí a Laura soube do Repare Bem e ainda ouviu minha versão da música que dá título a peça. Ela percebeu que estávamos falando sobre as mesmas coisas. Aí me mandou a peça, que eu li e achei que tinha tudo a ver. Agora, atrás da câmera, eu acho um processo muito bonito e natural que o papel volte para a Marieta. Vai ser diferente, por que ela vai trazer outros aspectos da personagem. Mas isso é que é lindo no teatro: o mesmo papel pode ser abordado por atrizes diferentes, com perspectivas muito diversas
Maria em Pulp Fiction (1995), deitando e rolando com Bruce Willis |
MM: Eu achei super divertido trabalhar em Hollywood, gostei muito, mas nunca tive assim, um 'sonho americano'. Gostei como experiência, mas nunca considerei a possibilidade de me instalar lá nesse sistema, por que me identificava mais com a Europa. E também tinha um grande sonho, que era fazer meu filme, Capitães de Abril. Foram treze anos de luta e insistência. Acho que me deixaram fazer por que já estavam tão fartos de minha insistência (risos). Nessa altura, para mim, era essa a prioridade, não era ficar lá (nos EUA). Mas adorei a experiência, e tive muita sorte de ter trabalhado com artistas tao interessantes e criativos. O Tarantino, eu acho extraordinário, e ele, naquela época, já tinha essa consciência de que é genial, ele sabia que o espetáculo era ele também.
A senhora também dirigiu um filme sobre o fim da ditadura em Portugal, Capitães de Abril e um documentário sobre a ditadura no Brasil, Repare Bem. Eles se complementam? É uma continuação de um pensamento seu?
MM: Certamente, é uma continuação de um pensamento meu, apesar de terem formas muito diferentes, o Capitães é uma ficção, ainda que muito fiel aos dados históricos e as perspectivas dos militares. Eu fui muito fiel aos acontecimentos históricos vividos pelos militares, mas é uma ficção, um filme de guerra, foi tudo muito dirigido como um filme de guerra. Já o Repare Bem é um documentário de depoimentos, está a serviço das pessoas entrevistadas, não tem efeitos especiais, nem nada, é despojado. Mas do ponto de vista da perspectiva e do pensamento, tem a ver um com o outro, sobre essas ditaduras dos dois lados do Atlântico.
A senhora também é cantora. Eu procurei videos seus no You Tube e te vi cantando Chico Buarque e no próximo, The Clash. Mas quem influenciou a senhora enquanto cantora?
MM: (risos) Olha, só virei compositora muito recentemente, e quase envergonhada por que sou filha de um grande maestro e compositor de Portugal, e minha irmã Ana de Medeiros também é compositora, então eu fico meio inibida de compor algumas cançõezinhas, mas me considero mais intérprete, e o que tento trazer é o flerte entre teatro e música, até por que já fiz bastante musical também, com dança e tudo. Eu gosto dessas áreas onde essas artes dialogam e as fronteiras se perdem.
A senhora já apresentou esta peça em outras cidades do Brasil. Nota alguma diferença na recepção do público de cidade para cidade?
MM: É o terceiro ano que fazemos esta peça. Passamos por Brasília, Rio, São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte, Lisboa e agora, finalmente, Salvador. Mas não noto muita diferença nas recepções dos públicos de cada cidade. As vezes, a sala determina a diferença. Já fizemos em salas muito grandes, com o Tuca, (SP) de 800 lugares. E aqui, que é uma sala bem pequena. Eu penso que isso é melhor para peça, pois quando a fazemos em lugares grandes demais, se perde um pouco de intimidade. A peça é uma conversa entre mãe e filha e o público é convocado para esta conversa. O que é muito interessante na peça é que as personagens são muito inteligentes e ambas tem muitos bons argumentos. Você ouve uma e diz: 'ah tem razão'. Aí você ouve a outra e diz 'ah, ela também tem razão'! É como uma conversa que o público vai seguindo.
A mulher tem assumido cada vez papeis de protagonismo na sociedade, mas a senhora sente que há um retrocesso também, um avanço conservador homofóbico e misógino em curso?
Maria e Laura na peça que estreia em Salvador |
Como está o cinema em Portugal? No Provocações, a senhora disse que esperava-se uma nova lei. Houve algum avanço? A gente quase não vê filmes portugueses por aqui.
MM: Tenho muita gratidão a Mostra de SP, por que sempre tem olhar para o cinema português. Na verdade, ainda há muita gente boa fazendo cinema interessante em Portugal, apesar das dificuldades. A máquina vai funcionando devagar, mas a criatividade está lá, felizmente.
Aqui no Brasil quase não conhecemos a música e o cinema de Portugal. A senhora arrisca alguma opinião sobre o por que disso? Será o sotaque, que os brasileiros tem dificuldade de entender?
MM: Mas é verdade, o brasileiro não entende o sotaque português. Mas penso que não só tem essa dificuldade em nos entender, mas é que é muito difícil exportar cultura, e um peixe pequeno como Portugal... Isso precisa vir de uma vontade política. Eu vivo na França, e lá eles tem uma política cultural interna e externa, o estado francês ajuda a promover muito de sua cultura, já o governo português, não, é um grande trabalho. Ainda assim, tem muitos fadistas portugueses bem conhecidos aqui no Brasil.
terça-feira, agosto 18, 2015
TEENAGE BUZZ LANÇA ÓTIMO PRIMEIRO ÁLBUM EM SHOW GRATUITO NESTA SEXTA-FEIRA
Teenage Buzz, foto Nancy Viegas |
Agora, dois anos depois, a rapaziada faz nesta sexta-feira o show de lançamento do seu primeiro álbum, o redondíssimo Generation Dreams.
Produzido pela dupla Tadeu Mascarenhas e Nancy Viégas, o disquinho foi viabilizado após o grupo vencer o Desafio das Bandas 2014, concurso organizado pelo Grupo A TARDE e Nossa Agência, em parceria com Oi Galera e Faz Cultura.
O prêmio deu direito à TB de gravar um EP de seis faixas, além de R$ 3 mil em instrumentos.
Acabou que os caras gravaram não um EP com seis, mas um álbum de 11 faixas.
“A gravação foi feita no estilo antigo: ao vivo no estúdio. O que é até mais difícil, por que todo mundo tem que estar no tempo certinho”, conta o baterista Andrés Mayan.
“Acho que traz um toque mais sincero. Também não criamos nada em computador. Só gravamos arranjos que podemos executar ao vivo. A gente gosta muito de fazer shows, então a gravação é sempre a mais sincera possivel”, diz.
Naturalmente, o álbum foi gravado digitalmente, no programa Pro-Tools como todo mundo faz, mas apenas como método de registro – e não de edição: “Até cogitamos gravar em fita magnética, mas o tempo era corrido e a fita só vende no exterior, ia ser bem complicado. Aí utilizamos o Pro-Tools de forma bem rudimentar. A bateria mesmo não tem nenhuma maquiagem”, conta.
Sem mancha de dendê
Com gosto de Beatles, Velvet Underground e britpop em geral, Generation Dreams deverá agradar em cheio aqueles que dispensam mancha de dendê no seu rock de cada dia.
O resultado é um disco de uma banda que soa absolutamente verdadeira em seu estilo, algo muito mais importante do que cantar em português e citar Novos Baianos só para agradar hipster.
Mas se engana quem pensa que esses caras só ouvem velharia.
"Ouvimos bandas atuais sim, as que mais ouvimos é o britpop: Blur, Oasis. Gostamos de Cachorro Grande, adoramos o disco novo do Relespública, Faichecleres, O Terno. Do que tem atualmente lá fora, eu sou o que ouço menos, mas na banda tem quem goste de Tame Impala, Kasabian e tal. Mas uma das bandas que a gente mais gosta é The Moons, que tinha um tecladista brasileiro que tocava com Paul Weller. Temos muita influência dessa banda", conta.
"Sobre o título e a capa do disco, o propósito é uma referência a viagem que separa a juventude da idade adulta. Então as letras falam dessas situações, como sair de casa, responsabilidades, os relacionamentos que mudam, trabalho etc. A gente quis trazer isso para o disco: começamos esta banda adolescentes e agora já estamos quase na idade adulta, com tudo o que isso traz", reflete.
Teenage Buzz, Cartel Strip Club e Bilic Roll / Sexta-feira, 18 horas / Largo Tereza Batista (Pelourinho) / gratuita
facebook.com/theteenagebuzz
NUETAS
Incubando sons
O Quanto Vale o Show? de hoje tem a Noite Incubadora Sonora, projeto de profissionalização de bandas tocado por Irmão Carlos e sua galera. 19 horas, Dubliner’s, pague quanto quiser.
Contando Raul
Wilson Aragão e Marcus Clement no show |
Falsos, Conversíveis
As bandas Falsos Modernos e Conversíveis fazem a festa Mudernage no Taverna Music Bar. A primeira lança músicas novas e a segunda tem repertório de releituras de Robertão, Tim Maia e Jorge Ben. Sexta-feira, 22 horas, R$ 15.
segunda-feira, agosto 17, 2015
ALEPH TRAVA CONTATO IMEDIATO COM OS FÃS EM SALVADOR
Bate-Papo: Maior editora de ficção científica do Brasil, a Aleph promoveu encontro com fãs no Teatro Eva Herz. Salvador foi a cidade mais votada no Facebook para receber evento
A conformação estelar brilhou no céu. A Força estava conosco. E o portal interdimensional se descortinou gentilmente na noite da última quarta-feira para Salvador receber os editores Adriano Fromer e Daniel Lameira, da Editora Aleph, para um bate-papo com os fãs.
Mas que tipo de editora é essa, que tem... “fãs”? Fácil: é a maior editora de ficção científica do Brasil – e mais: é a editora dos livros de Star Wars, ora essa.
Por isso, não chegou a ser uma surpresa ver os membros do Conselho Jedi Bahia, a caráter, invadindo o Teatro Eva Herz (Livraria Cultura).
Surpresa mesmo foi saber que Salvador, em votação proposta pela editora no Facebook, ficou em primeiro lugar entre todas as capitais brasileiras (exceto Rio e São Paulo) para receber o Encontro Intergaláctico (nome do evento).
“Criamos esses Encontros este ano e já fizemos no Rio de Janeiro e em São Paulo. Aí abrimos a votação no Facebook para saber a próxima cidade”, conta Adriano Fromer.
“Salvador foi a mais votada. Recife, a segunda e Fortaleza, a terceira. Daqui vamos para essas cidades. E sim, foi uma surpresa. Você sempre espera Belo Horizonte ou Curitiba em primeiro nesse tipo de coisa”, acrescenta o jovem sócio e diretor editorial da Aleph.
Fundada em 1984 por Pierluigi Piazzi, pai de Adriano e entusiasta da ficção científica, a Aleph é, muito provavelmente, a editora que mais cresce no Brasil.
“De 2013 para 2014, crescemos 101%. E só este ano, já crescemos mais 110%. Claro que também éramos uma empresa pequena para média, agora somos média”, conta.
O motivo desse salto quântico no hiper-espaço editorial brasileiro tem nome: Star Wars, claro.
“Vencemos uma concorrência pesada entre várias editora para assinar contrato com a Disney pelos direitos de publicar os livros do chamado Universo Expandido de Star Wars no Brasil”, diz.
Foi graças a Star Wars, com as 60 mil cópias vendidas do livro Herdeiro do Império, de Timothy Zahn, que a editora conseguiu cravar seu primeiro livro na lista de mais vendidos do Publish News, site dirigido ao mercado editorial.
“Tô feliz da vida que a Aleph relançou esse livro”, comemorou o contrabandista espacial Talon Karrde – ou melhor, o tecnólogo terráqueo e cosplayer Antônio Autran, 44 anos, membro do Conselho Jedi local. “Eu o li em 1993, mas estava esgotado”, conta.
São fãs como Talon / Antônio que propulsionam a Aleph: “Quando começamos, éramos vistos como loucos, aventureiros. O mantra do mercado editorial era: FC não vende. Mas acreditamos que os bons livros de FC são também bons livros de literatura”, defende.
“E a FC é um nicho com fãs tão ardorosos – que tem crescido tanto nos últimos anos, que o nicho é hoje praticamente um mainstream”, observa.
FC = boa literatura
Mas nem só da turma do Darth Vader se fez a fama e a fortuna da Aleph.
Em seu catálogo constam os títulos mais significativos dos maiores autores da FC, como a Série Fundação e Eu, Robô, de Isaac Asimov; O Homem do Castelo Alto e Valis, de Philip K. Dick; 2001: Uma Odisseia no Espaço e Encontro com Rama, de Arthur C. Clarke e Neuromancer, de William Gibson, entre outros.
“No início, lançávamos esses livros dizendo aos leitores e a imprensa que são grandes livros de literatura – o que de fato são, claro. Só que as vezes se passam no espaço, entre robôs e naves espaciais”, disse Daniel, arrancando risos da plateia.
“Agora a gente perdeu a vergonha, bate no peito e diz que é FC mesmo”, riu.
Após uma instrutiva aulinha de história da FC detalhando todas as suas fases, os editores deram boas pistas do que vem por aí entre este ano e 2016.
Para os fãs de Star Wars, a maré está mais do que boa: por contrato, a Aleph terá de lançar até o fim de 2016, 30 livros, de 15 autores (já saíram sete livros).
Um destaque (a ser lançado) é Como Star Wars Conquistou o Universo, de Chris Taylor, um relato do império erguido por George Lucas e adquirido pela Disney.
Entre os clássicos, teremos Robert A. Heinlein, o único entre os chamados Três Grandes (Clarke e Asimov são os outros dois) ainda não publicado pela editora.
“Estranho numa terra estranha (1961), o maior clássico hippie da FC, sai ano que vem”, avisou Daniel.
Outro clássico a sair em breve é Eu Sou a Lenda (1954), de Richard Matheson.
Fora da FC, a Aleph solta em 2016 Transformer, biografia do poeta maldito do rock Lou Reed, por Victor Brockis.
“Esse livro sai pelo Goya, nosso selo de livros autodesenvolvimento e espiritualidade”, disse Adriano.
Daniel Lameira e Adriano Fromer com a galera do Conselho Jedi Bahia |
Mas que tipo de editora é essa, que tem... “fãs”? Fácil: é a maior editora de ficção científica do Brasil – e mais: é a editora dos livros de Star Wars, ora essa.
Por isso, não chegou a ser uma surpresa ver os membros do Conselho Jedi Bahia, a caráter, invadindo o Teatro Eva Herz (Livraria Cultura).
Surpresa mesmo foi saber que Salvador, em votação proposta pela editora no Facebook, ficou em primeiro lugar entre todas as capitais brasileiras (exceto Rio e São Paulo) para receber o Encontro Intergaláctico (nome do evento).
“Criamos esses Encontros este ano e já fizemos no Rio de Janeiro e em São Paulo. Aí abrimos a votação no Facebook para saber a próxima cidade”, conta Adriano Fromer.
“Salvador foi a mais votada. Recife, a segunda e Fortaleza, a terceira. Daqui vamos para essas cidades. E sim, foi uma surpresa. Você sempre espera Belo Horizonte ou Curitiba em primeiro nesse tipo de coisa”, acrescenta o jovem sócio e diretor editorial da Aleph.
Fundada em 1984 por Pierluigi Piazzi, pai de Adriano e entusiasta da ficção científica, a Aleph é, muito provavelmente, a editora que mais cresce no Brasil.
“De 2013 para 2014, crescemos 101%. E só este ano, já crescemos mais 110%. Claro que também éramos uma empresa pequena para média, agora somos média”, conta.
O motivo desse salto quântico no hiper-espaço editorial brasileiro tem nome: Star Wars, claro.
“Vencemos uma concorrência pesada entre várias editora para assinar contrato com a Disney pelos direitos de publicar os livros do chamado Universo Expandido de Star Wars no Brasil”, diz.
Foi graças a Star Wars, com as 60 mil cópias vendidas do livro Herdeiro do Império, de Timothy Zahn, que a editora conseguiu cravar seu primeiro livro na lista de mais vendidos do Publish News, site dirigido ao mercado editorial.
“Tô feliz da vida que a Aleph relançou esse livro”, comemorou o contrabandista espacial Talon Karrde – ou melhor, o tecnólogo terráqueo e cosplayer Antônio Autran, 44 anos, membro do Conselho Jedi local. “Eu o li em 1993, mas estava esgotado”, conta.
São fãs como Talon / Antônio que propulsionam a Aleph: “Quando começamos, éramos vistos como loucos, aventureiros. O mantra do mercado editorial era: FC não vende. Mas acreditamos que os bons livros de FC são também bons livros de literatura”, defende.
“E a FC é um nicho com fãs tão ardorosos – que tem crescido tanto nos últimos anos, que o nicho é hoje praticamente um mainstream”, observa.
FC = boa literatura
Adriano e Daniel durante o bate-papo, falando do Asimov. Fotos do blogueiro |
Em seu catálogo constam os títulos mais significativos dos maiores autores da FC, como a Série Fundação e Eu, Robô, de Isaac Asimov; O Homem do Castelo Alto e Valis, de Philip K. Dick; 2001: Uma Odisseia no Espaço e Encontro com Rama, de Arthur C. Clarke e Neuromancer, de William Gibson, entre outros.
“No início, lançávamos esses livros dizendo aos leitores e a imprensa que são grandes livros de literatura – o que de fato são, claro. Só que as vezes se passam no espaço, entre robôs e naves espaciais”, disse Daniel, arrancando risos da plateia.
“Agora a gente perdeu a vergonha, bate no peito e diz que é FC mesmo”, riu.
Após uma instrutiva aulinha de história da FC detalhando todas as suas fases, os editores deram boas pistas do que vem por aí entre este ano e 2016.
Para os fãs de Star Wars, a maré está mais do que boa: por contrato, a Aleph terá de lançar até o fim de 2016, 30 livros, de 15 autores (já saíram sete livros).
Um destaque (a ser lançado) é Como Star Wars Conquistou o Universo, de Chris Taylor, um relato do império erguido por George Lucas e adquirido pela Disney.
Entre os clássicos, teremos Robert A. Heinlein, o único entre os chamados Três Grandes (Clarke e Asimov são os outros dois) ainda não publicado pela editora.
“Estranho numa terra estranha (1961), o maior clássico hippie da FC, sai ano que vem”, avisou Daniel.
Outro clássico a sair em breve é Eu Sou a Lenda (1954), de Richard Matheson.
Fora da FC, a Aleph solta em 2016 Transformer, biografia do poeta maldito do rock Lou Reed, por Victor Brockis.
“Esse livro sai pelo Goya, nosso selo de livros autodesenvolvimento e espiritualidade”, disse Adriano.
terça-feira, agosto 11, 2015
QUANDO A FOZ DO S. FRANCISCO ENCONTRA O DELTA DO MISSISSIPI
Lançamento: Julio Caldas lança, com show hoje no Teatro Sesc Pelourinho, seu novo álbum, Blues, Baiões e Psicodelia – um título auto-explicativo para um ótimo CD. NOTA: matéria publicada no sábado 8, o show já passou. Mas hoje Julio toca de novo no Quanto Vale o Show?. Veja nota no pé da matéria
Já há algum tempo que apreciadores notam as semelhanças do lamento negro do blues norte-americano com o lamento do baião nordestino.
Em seu novo álbum, o guitarrista baiano Julio caldas estreita ainda mais essas similaridades.
Adequadamente intitulado Blues, Baiões e Psicodelia, o disco tem show de lançamento hoje, no Teatro Sesc Senac Pelourinho.
Traz onze faixas autorais de Julio e parceiros como Emílio Cunha, Bule Bule, Illa Benício, Claudio Diolu (baixista de Júlio), além de seu pai, Durval, e o tio, Paulinho Caldas.
“O título é auto-explicativo, mesmo”, afirma Julio, que, além de tocar guitarra e uma infinidade de outros instrumentos de cordas, também canta em todas as faixas.
Quem acompanha a carreira deste virtuose sabe que depois do álbum Pitecantropus Erectus (2008), ele não abriu mais a boca em seus discos seguintes, todos instrumentais.
“Muitos me veem em Salvador como o cara da música instrumental. E eu tinha mesmo a ideia de produzir meus trabalhos assim”, conta.
“Então eu tenho um disco de guitarra baiana (Choro Rock – Circuito Guitarra Baiana, 2012) e outro de viola caipira (o duo Viola de Arame, 2011). Como já os realizei, agora vou fazer o que sou, mesmo. Não vou fazer mais discos pensando no instrumento em si, e sim usar esses instrumentos na minha música”, afirma Julio.
Psicodelia do sertão
Gravado com a banda toda ao vivo, nos Estúdios WR, Visgo de Jaca e no Teatro Sesc Senac Pelourinho, o mesmo onde toca hoje, o disco é uma tour de force entre as sonoridades do delta do Mississipi e da foz do São Francisco, desaguando em aboios e repentes ao som de guitarra lap steel, banjo e violão de sete cordas.
E como ele mesmo diz, Julio agora faz o que ele bem entende. Assim, o disco apresenta desde canções mais simples e com formato radiofônico, como a bela Juazeiro, até longas digressões no estilo rock progressivo, como nas faixas Não mais o Fim (com oito minutos) e Mata Ciliar (doze minutos).
“As rádios não vão tocar mesmo, então eu vou fazer como quero, vou tocar de forma livre, sem me preocupar com tempo de rádio”, percebe.
“E esse estilo progressivo que você notou é a porção de psicodelia da coisa. A psicodelia está nessas faixas longas com solos de sintetizador. Até por que o progressivo era uma mistura de elementos, de jazz, rock, erudito e blues”, diz.
Dito isso, não chega a surpreender que um dos sonhos de Julio era fazer uma banda do chamado prog rock (para os íntimos): “Sempre tive vontade, mas aqui é difícil. Os músicos daqui acham que as vertentes do rock são algo menor, aí preferem tocar jazz”, nota.
Enquanto não surge uma oportunidade, Julio segue se definindo como o que de fato é: um guitarrista de blues – e com estilo próprio.
“Eu toco blues e esse disco afirma bem isso. A música cantada é uma coisa real pra mim, que meu coração manda, independente de minhas pesquisas na guitarra baiana e na viola caipira. A onda agora é focar no que meu coração manda”, afirma.
100% independente
Vale registro também as participações de dois legítimos artistas populares: Miguelzinho Violeiro (em Não Mais o Fim) e Manoelzinho Aboiador (abrindo o CD, em Meu Santo), ambos de Serrinha. “Fui lá gravar os dois”, conta Julio.
Cem por cento independente, Blues, Baiões e Psicodelia foi bancado do próprio bolso pelo músico: “Por incrível que pareça, é meu único CD todo independente, sem edital. Claro que contei com a ajuda dos músicos que participaram”.
“Agora é levar o show por aí. Toco dia 11 no Quanto Vale o Show? (Dubliner’s Irish Pub). Depois é circular, ir para o interior”, conclui.
NUETAS
Julio e sua banda. Foto André Oliveira |
Em seu novo álbum, o guitarrista baiano Julio caldas estreita ainda mais essas similaridades.
Adequadamente intitulado Blues, Baiões e Psicodelia, o disco tem show de lançamento hoje, no Teatro Sesc Senac Pelourinho.
Traz onze faixas autorais de Julio e parceiros como Emílio Cunha, Bule Bule, Illa Benício, Claudio Diolu (baixista de Júlio), além de seu pai, Durval, e o tio, Paulinho Caldas.
“O título é auto-explicativo, mesmo”, afirma Julio, que, além de tocar guitarra e uma infinidade de outros instrumentos de cordas, também canta em todas as faixas.
Quem acompanha a carreira deste virtuose sabe que depois do álbum Pitecantropus Erectus (2008), ele não abriu mais a boca em seus discos seguintes, todos instrumentais.
“Muitos me veem em Salvador como o cara da música instrumental. E eu tinha mesmo a ideia de produzir meus trabalhos assim”, conta.
“Então eu tenho um disco de guitarra baiana (Choro Rock – Circuito Guitarra Baiana, 2012) e outro de viola caipira (o duo Viola de Arame, 2011). Como já os realizei, agora vou fazer o que sou, mesmo. Não vou fazer mais discos pensando no instrumento em si, e sim usar esses instrumentos na minha música”, afirma Julio.
Psicodelia do sertão
Gravado com a banda toda ao vivo, nos Estúdios WR, Visgo de Jaca e no Teatro Sesc Senac Pelourinho, o mesmo onde toca hoje, o disco é uma tour de force entre as sonoridades do delta do Mississipi e da foz do São Francisco, desaguando em aboios e repentes ao som de guitarra lap steel, banjo e violão de sete cordas.
E como ele mesmo diz, Julio agora faz o que ele bem entende. Assim, o disco apresenta desde canções mais simples e com formato radiofônico, como a bela Juazeiro, até longas digressões no estilo rock progressivo, como nas faixas Não mais o Fim (com oito minutos) e Mata Ciliar (doze minutos).
“As rádios não vão tocar mesmo, então eu vou fazer como quero, vou tocar de forma livre, sem me preocupar com tempo de rádio”, percebe.
“E esse estilo progressivo que você notou é a porção de psicodelia da coisa. A psicodelia está nessas faixas longas com solos de sintetizador. Até por que o progressivo era uma mistura de elementos, de jazz, rock, erudito e blues”, diz.
Dito isso, não chega a surpreender que um dos sonhos de Julio era fazer uma banda do chamado prog rock (para os íntimos): “Sempre tive vontade, mas aqui é difícil. Os músicos daqui acham que as vertentes do rock são algo menor, aí preferem tocar jazz”, nota.
Enquanto não surge uma oportunidade, Julio segue se definindo como o que de fato é: um guitarrista de blues – e com estilo próprio.
“Eu toco blues e esse disco afirma bem isso. A música cantada é uma coisa real pra mim, que meu coração manda, independente de minhas pesquisas na guitarra baiana e na viola caipira. A onda agora é focar no que meu coração manda”, afirma.
100% independente
Vale registro também as participações de dois legítimos artistas populares: Miguelzinho Violeiro (em Não Mais o Fim) e Manoelzinho Aboiador (abrindo o CD, em Meu Santo), ambos de Serrinha. “Fui lá gravar os dois”, conta Julio.
Cem por cento independente, Blues, Baiões e Psicodelia foi bancado do próprio bolso pelo músico: “Por incrível que pareça, é meu único CD todo independente, sem edital. Claro que contei com a ajuda dos músicos que participaram”.
“Agora é levar o show por aí. Toco dia 11 no Quanto Vale o Show? (Dubliner’s Irish Pub). Depois é circular, ir para o interior”, conclui.
NUETAS
O Quanto vale o show? de hoje tem Julio Caldas e o gaitista Emilio Cunha. Julio lança seu novo álbum, o sensacional Blues Baiões e Psicodelia. Hoje, 19 horas, Dubliner’s Irish Pub. Pague o quanto quiser.
Retrofoguetes’ back
Os Retrofoguetes fazem retorno triunfal em nova formação na sexta-feira. O baixista Fábio Rocha se junta a Morotó Slim, Rex e Julio Moreno. Commons Studio Bar, 22 horas, R$ 30 (porta) ou R$ 20 (nomes para www.commons.com.br/listaamiga).
Pancreas & Pacmen
Também sexta-feira, as bandas Pancreas e The Pacmen se apresentam no 30 Segundos Bar (Rua Ilhéus, 21, Rio Vermelho). 22 horas, R$ 25 (rapazes), R$ 15 (moças).
segunda-feira, agosto 10, 2015
RELATO DE TIRAR O FÔLEGO, UMA METAMORFOSE IRANIANA TRAZ O CALVÁRIO DE UMA CARTUNISTA
Desde o clássico Maus, de Art Spiegelman, única HQ premiada com o cobiçado Pulitzer, relatos biográficos (ou autobiográficos) em HQ se tornaram uma espécie de tábua de salvação para quadrinistas que querem ser levados a sério enquanto artistas.
Assim, muitas vidas desimportantes acabaram ganhando relevo em HQs sensíveis e bonitas, enquanto o inverso também é verdadeiro: vidas importantes foram mal-retratadas em HQs irrelevantes.
Felizmente, Uma metamorfose iraniana pertence ao primeiro grupo: se não estivesse deitada em papel e nanquim, dificilmente os brasileiros teriam acesso a incrível história do cartunista persa Mana Neyestani.
Em 2006, Neyestani trabalhava no jornal iraniano Jomeh, cuidando da parte menos política do periódico: o suplemento infantil, quer circulava aos sábados.
Um belo dia, o cartunista criou uma pequena HQ, na qual seu personagem recorrente, um menino de dez anos chamado Soheil, encontrava uma barata, com a qual conversava.
A certa altura, a barata respondeu ao menino com apenas uma palavra: “Namana”.
O termo, que é de origem turca, denota um não-entendimento, como se dissesse: “Como assim?”, um termo coloquial comum no Irã.
Situação kafkiana
Infelizmente para Neyestani, no norte do Irã há duas províncias chamadas Tabriz e Ardabil, densamente povoadas pelos azeri, um povo de origem turca (e turcófono, ou seja, que fala turco) que se sentiu extremamente ofendida ao ler uma palavra de sua língua na “boca” de um inseto abjeto.
Como se sabe, os povos islâmicos não costumam precisar de muita ofensa para começar um banho de sangue.
No caso de Neyestani, não chegou a tanto, mas tão logo cópias xerocadas do cartum começaram a circular, multidões tomaram as ruas nos territórios azeri pedindo a cabeça do autor daquela agressão.
Junte-se a isto o fato de que os azeri sofrem muito preconceito junto aos persas (que falam a língua oficial do Irã, o farsi) e foi o bastante para o pobre cartunista ter sua vida virada do avesso.
A partir daí, Neyestani e seu editor, Mehrdad, se veem enredados em uma complicada situação jurídica e política digna dos romances de Franz Kafka (1883-1924).
Em diversas passagens, Neyestani faz referências explícitas ao romance mais conhecido do autor tcheco, A Metamorfose, no qual o personagem principal se vê transformado em uma barata.
Em Uma metamorfose iraniana, Neyestani se vê não como uma barata, mas perseguido pela barata “turca” do seu cartum.
Mas o paralelo kafkiano mais óbvio de sua desgraça está no romance O processo, no qual o personagem K. é levado a um severo julgamento sem saber a razão.
Nas profundezas
Leitura ágil de perder o fôlego, o relato de Neyestani traga o leitor para as profundezas das cadeias iranianas cheias de presos políticos, entre torturas, interrogatórios desumanos e outras práticas comuns aos regimes totalitários, seja no Irã ou em Guantánamo.
Narrador hábil, o iraniano conta, além da sua própria, as incríveis (e tristes) histórias de alguns companheiros de cela, como a de um senhor que só andava nu, agarrado a uma bolsa – e que defecava em qualquer lugar.
Da mesma forma arbitrária como foi preso, Neyestani foi libertado, mas de forma provisória. A partir daí, ele e sua mulher empreendem fuga cinematográfica do Irã. Mais detalhes, só lendo a HQ.
Uma metamorfose iraniana /Mana Neyestani/ Nemo/ 308 p./ R$ 39,90/ www.grupoautentica.com.br/nemo
Assim, muitas vidas desimportantes acabaram ganhando relevo em HQs sensíveis e bonitas, enquanto o inverso também é verdadeiro: vidas importantes foram mal-retratadas em HQs irrelevantes.
Felizmente, Uma metamorfose iraniana pertence ao primeiro grupo: se não estivesse deitada em papel e nanquim, dificilmente os brasileiros teriam acesso a incrível história do cartunista persa Mana Neyestani.
Em 2006, Neyestani trabalhava no jornal iraniano Jomeh, cuidando da parte menos política do periódico: o suplemento infantil, quer circulava aos sábados.
Um belo dia, o cartunista criou uma pequena HQ, na qual seu personagem recorrente, um menino de dez anos chamado Soheil, encontrava uma barata, com a qual conversava.
A certa altura, a barata respondeu ao menino com apenas uma palavra: “Namana”.
O termo, que é de origem turca, denota um não-entendimento, como se dissesse: “Como assim?”, um termo coloquial comum no Irã.
Situação kafkiana
Infelizmente para Neyestani, no norte do Irã há duas províncias chamadas Tabriz e Ardabil, densamente povoadas pelos azeri, um povo de origem turca (e turcófono, ou seja, que fala turco) que se sentiu extremamente ofendida ao ler uma palavra de sua língua na “boca” de um inseto abjeto.
Como se sabe, os povos islâmicos não costumam precisar de muita ofensa para começar um banho de sangue.
No caso de Neyestani, não chegou a tanto, mas tão logo cópias xerocadas do cartum começaram a circular, multidões tomaram as ruas nos territórios azeri pedindo a cabeça do autor daquela agressão.
Junte-se a isto o fato de que os azeri sofrem muito preconceito junto aos persas (que falam a língua oficial do Irã, o farsi) e foi o bastante para o pobre cartunista ter sua vida virada do avesso.
A partir daí, Neyestani e seu editor, Mehrdad, se veem enredados em uma complicada situação jurídica e política digna dos romances de Franz Kafka (1883-1924).
Em diversas passagens, Neyestani faz referências explícitas ao romance mais conhecido do autor tcheco, A Metamorfose, no qual o personagem principal se vê transformado em uma barata.
Em Uma metamorfose iraniana, Neyestani se vê não como uma barata, mas perseguido pela barata “turca” do seu cartum.
Mas o paralelo kafkiano mais óbvio de sua desgraça está no romance O processo, no qual o personagem K. é levado a um severo julgamento sem saber a razão.
Nas profundezas
Leitura ágil de perder o fôlego, o relato de Neyestani traga o leitor para as profundezas das cadeias iranianas cheias de presos políticos, entre torturas, interrogatórios desumanos e outras práticas comuns aos regimes totalitários, seja no Irã ou em Guantánamo.
Narrador hábil, o iraniano conta, além da sua própria, as incríveis (e tristes) histórias de alguns companheiros de cela, como a de um senhor que só andava nu, agarrado a uma bolsa – e que defecava em qualquer lugar.
Da mesma forma arbitrária como foi preso, Neyestani foi libertado, mas de forma provisória. A partir daí, ele e sua mulher empreendem fuga cinematográfica do Irã. Mais detalhes, só lendo a HQ.
Uma metamorfose iraniana /Mana Neyestani/ Nemo/ 308 p./ R$ 39,90/ www.grupoautentica.com.br/nemo
sexta-feira, agosto 07, 2015
QUASE FANTÁSTICO
Estreia: Nova versão do Quarteto Fantástico faz várias mudanças para permanecer o mesmo, mas falha em empolgar
Foi com esperança que os fãs de quadrinhos receberam a notícia de que a Fox reiniciaria o Quarteto Fantástico no cinema sob a direção de Josh Trank.
Afinal, trata-se do mesmo diretor de Poder Sem Limites (Chronicle, 2012), um filmaço de baixo orçamento que já analisava, em contornos trágicos e tão realistas quanto o possível, o fenômeno dos super-heróis no cinema.
Depois das versões meio infantilizadas do diretor Tim Story lançadas em 2005 e 2007, Trank parecia a escolha ideal para um novo Quarteto.
Com o filme finalmente nas telas, porém, vê-se que ainda não foi desta vez que a amada criação de Stan Lee e Jack Kirby ganhou sua transposição definitiva para o cinema.
Trank fez quase tudo o que se esperava dele: reinventou a origem do Quarteto, trocando a viagem espacial original por teleporte entre dimensões.
Também mudou a paleta de cores, trocando o colorido berrante dos filmes anteriores por uma fotografia mais sóbria e escura. Da mesma forma, subiu uma ou duas notas o tom dramático da trama e das relações entre os personagens.
Mas, como dizem os franceses, plus ça change, plus c'est la même chose: quanto mais as coisas mudam, mais permanecem as mesmas.
Até aí, nada demais, afinal, o Quarteto é o Quarteto e é isso que as pessoas querem ver.
O problema é que Trank se preocupou tanto com os detalhes, que simplesmente se esqueceu do principal: empolgar os espectadores.
Fracasso que se anuncia
O filme até começa bem, centrando a narrativa no jovem gênio científico Reed Richards (Miles Teller, de Whiplash) e sua amizade com Ben Grimm (Jamie Bell, de Billy Elliot).
Levado a um centro de pesquisas pelo Doutor Franklin Storm (Reg E. Cathey), Reed conhece seus filhos Sue (Kate Mara, de House of Cards) e Johnny (Michael B. Jordan, de Poder Sem Limites), além do antipático Victor Von Doom (Toby Kebbell).
Eventualmente, o grupo sofre um trágico acidente que o leva a ganhar super poderes. A caracterização dos personagens em si está correta, especialmente Ben Grimm / Coisa, mais monstruoso e menos amigável que de costume.
E é a partir da transformação do grupo que o caldo de Trank desanda. Ao invés de partir para a ação super-heroica de uma vez, o diretor, no afã de conceder mais “realismo”, quebra o ritmo da narrativa com um desvio na trama, adiando o quebra-pau final. O qual, como se não bastasse, se resume a uma única cena que é, francamente, meio chinfrim.
O que se comenta na imprensa internacional é que o estúdio Fox não apostou tanto assim na produção, concedendo ao diretor um orçamento modesto em termos de filmes de super-heróis: 120 milhões de dólares – menos do que os 130 milhões do filme anterior, Quarteto Fantástico e O Surfista Prateado – de 2007.
Adicione-se a isto os diálogos bisonhos cheios de clichês das cenas de ação é o resultado geral do filme é, com o perdão do termo, brochante.
É de se perguntar, após este fracasso que se anuncia, se a Fox não pretende largar o osso e entrar em um acordo para devolver os direitos sobre os personagens ao Marvel Studios, como fez a Sony com o Homem-Aranha.
Afinal, sob sua tutela, a Fox já produziu três filmes com o Quarteto – nenhum deles satisfatório. OK, a Fox ainda detém os X-Men, com os quais tem feito bons filmes, apesar de uma ou outra derrapada.
Mas os planos já anunciados do filme crossover juntando os dois grupos deverão passar por uma séria revisão após este resultado desanimador.
Quarteto Fantástico / (Fantastic Four, 2015) / Dir.: Josh Trank / Com Miles Teller, Kate Mara, Michael B. Jordan e Jamie Bell / Cinemark, Cinépolis Bela Vista, Cinépolis Shopping Salvador Norte, Espaço Itaú de Cinema Glauber Rocha, Orient Shopping Center Lapa, UCI Orient Shopping Barra, UCI Orient Shopping da Bahia, UCI Orient Shopping Paralela / Censura: 10 anos
Afinal, trata-se do mesmo diretor de Poder Sem Limites (Chronicle, 2012), um filmaço de baixo orçamento que já analisava, em contornos trágicos e tão realistas quanto o possível, o fenômeno dos super-heróis no cinema.
Depois das versões meio infantilizadas do diretor Tim Story lançadas em 2005 e 2007, Trank parecia a escolha ideal para um novo Quarteto.
Com o filme finalmente nas telas, porém, vê-se que ainda não foi desta vez que a amada criação de Stan Lee e Jack Kirby ganhou sua transposição definitiva para o cinema.
Trank fez quase tudo o que se esperava dele: reinventou a origem do Quarteto, trocando a viagem espacial original por teleporte entre dimensões.
Também mudou a paleta de cores, trocando o colorido berrante dos filmes anteriores por uma fotografia mais sóbria e escura. Da mesma forma, subiu uma ou duas notas o tom dramático da trama e das relações entre os personagens.
Mas, como dizem os franceses, plus ça change, plus c'est la même chose: quanto mais as coisas mudam, mais permanecem as mesmas.
Até aí, nada demais, afinal, o Quarteto é o Quarteto e é isso que as pessoas querem ver.
O problema é que Trank se preocupou tanto com os detalhes, que simplesmente se esqueceu do principal: empolgar os espectadores.
Fracasso que se anuncia
O filme até começa bem, centrando a narrativa no jovem gênio científico Reed Richards (Miles Teller, de Whiplash) e sua amizade com Ben Grimm (Jamie Bell, de Billy Elliot).
Levado a um centro de pesquisas pelo Doutor Franklin Storm (Reg E. Cathey), Reed conhece seus filhos Sue (Kate Mara, de House of Cards) e Johnny (Michael B. Jordan, de Poder Sem Limites), além do antipático Victor Von Doom (Toby Kebbell).
Eventualmente, o grupo sofre um trágico acidente que o leva a ganhar super poderes. A caracterização dos personagens em si está correta, especialmente Ben Grimm / Coisa, mais monstruoso e menos amigável que de costume.
E é a partir da transformação do grupo que o caldo de Trank desanda. Ao invés de partir para a ação super-heroica de uma vez, o diretor, no afã de conceder mais “realismo”, quebra o ritmo da narrativa com um desvio na trama, adiando o quebra-pau final. O qual, como se não bastasse, se resume a uma única cena que é, francamente, meio chinfrim.
O que se comenta na imprensa internacional é que o estúdio Fox não apostou tanto assim na produção, concedendo ao diretor um orçamento modesto em termos de filmes de super-heróis: 120 milhões de dólares – menos do que os 130 milhões do filme anterior, Quarteto Fantástico e O Surfista Prateado – de 2007.
Adicione-se a isto os diálogos bisonhos cheios de clichês das cenas de ação é o resultado geral do filme é, com o perdão do termo, brochante.
É de se perguntar, após este fracasso que se anuncia, se a Fox não pretende largar o osso e entrar em um acordo para devolver os direitos sobre os personagens ao Marvel Studios, como fez a Sony com o Homem-Aranha.
Afinal, sob sua tutela, a Fox já produziu três filmes com o Quarteto – nenhum deles satisfatório. OK, a Fox ainda detém os X-Men, com os quais tem feito bons filmes, apesar de uma ou outra derrapada.
Mas os planos já anunciados do filme crossover juntando os dois grupos deverão passar por uma séria revisão após este resultado desanimador.
Quarteto Fantástico / (Fantastic Four, 2015) / Dir.: Josh Trank / Com Miles Teller, Kate Mara, Michael B. Jordan e Jamie Bell / Cinemark, Cinépolis Bela Vista, Cinépolis Shopping Salvador Norte, Espaço Itaú de Cinema Glauber Rocha, Orient Shopping Center Lapa, UCI Orient Shopping Barra, UCI Orient Shopping da Bahia, UCI Orient Shopping Paralela / Censura: 10 anos
terça-feira, agosto 04, 2015
KARNE KRUA, A MAIS ANTIGA BANDA PUNK NORDESTINA EM ATIVIDADE, FAZ SHOW EM SALVADOR NO DIA 14
Karne Krua, com Sílvio (2º à esq.). Foto: Cabelera |
E a banda de hoje é praticamente uma fundadora dessa cena tão diversa e cheia de talentos: é o quarteto punk rock Karne Krua, que este ano comemora 30 anos de atividade ininterrupta e no dia 14 traz à Salvador o show do álbum Bem-vindos ao Fim do Mundo (2015), lançado em LP de vinil (R$ 60 aqui).
Único membro fundador remanescente, Silvio Campos é, aos 51 anos, uma lenda viva do punk brasileiro. Ao seu lado, ele tem Alexandre Gandhi (guitarra), Ivo Delmondes (baixo) e João Oitchi (bateria).
No show do dia 14 no Taverna, a KK toca “músicas novas e coisas que fizeram a história da banda e que não podem ficar de fora, som nervoso e hardcore com letras de conteúdo politico-social que fizeram nossa marca”, afirma Sílvio.
Original de Aracaju, a KK já tocou em Salvador algumas vezes – a última foi em 2012, no Palco do Rock.
"Tocamos pela última vez aí no Palco do Rock em 2012 e foi muito legal, pois tocamos com o grande Cólera ainda com o Redson", lembra Sílvio.
“As bandas de Salvador sempre tocaram bastante em Aracaju e, pela distância, poderíamos até tocar mais por aí. É preciso esse intercambio ser mantido para que ambas as cidades possam conhecer mais bandas e isso é bom para as duas capitais”, diz.
Decadência total
Capa do Buracaju, fanzine de Sílvio em 1990 |
“Só se conhecia música rock em Aracaju via bandas de baile – o que não constituía uma cena ou postura independente. O rock inicialmente foi o maior influenciador. Naquele momento, tudo que tinha uma ligação ao rock era algo novo e subversivo, depois tomamos um rumo e estilo”, relata.
"As bandas de rock clássicas e depois a música punk - e até o inicio do metal no Brasil, e em seguida do mundo, foi a nossa influência e formação para nossa historia", acrescenta.
Punks em Aracaju na década de 1980. Era igual a ser punk na década de 80 em Salvador ou São Paulo?
"Acho que tudo acontece ao mesmo tempo e em lugares diferentes, cada local teve seu momento. Aqui no Nordeste, nas várias capitais, acredito que foi muito questionada tal cultura, pois existia muito preconceito e era algo novo e de difícil assimilação pelas pessoas, na sua maioria leigas no assunto. Acredito que, nas grandes metrópoles, a proporção dos envolvidos era bem maior, o que, é claro, gerou outras coisas com maior potência, como o ganguismo e muita divisão e confrontos com grupos que não praticavam a mesma ideologia", analisa.
Como bom punk, Silvio também criou e editou diversos fanzines que divulgavam sua banda e a cena de Aracaju. "Sim fiz fanzines e contribuí com muitos também. Agora há poucos (fanzines de papel) resistindo a isso (internet e cultura digital). Às vezes, quero voltar a fazer e fico um tanto perdido, mas pretendo fazer algo físico ainda", conta.
Punk de orientação anarquista, Sílvio marca posição no conturbado cenário político em que até gente pedindo volta de ditadura é possível encontrar:
“A decadência é total, a política partidária brasileira se encontra em um momento desprezível. O povo não tem ideia das suas próprias posições, estão perdidos e procurando um novo salvador da pátria. Ao mesmo tempo que esses homens que almejam o poder usam máscaras e fazem do povo a poeira e só. Não há ninguém que passe confiança os vários lados já foram testados e são podres, demagogos, irresponsáveis e ladrões do dinheiro público. E querer um poder fardado é não saber a história do Brasil, nem do mundo, é a ignorância na sua totalidade”, constata.
Karne Krua, Agressivos e Pastel De Miolos / Dia 14 (Sexta-feira), 21 horas / Taverna Music Bar (Praia da Paciência. Rio Vermelho) / R$ 15
www.facebook.com/karnekrua
NUETAS
Quanto Vale Faustão?
Encontro de eventos: o Quanto Vale o Show? de hoje abriga edição espacial do Faustão Falando Sozinho, com Irmão Carlos & O Catado e Lily Braun. Dubliners, 19 horas, grátis.
Rock Me Baby sexta
Teenage Buzz e Trevo de Dani na festa Rock Me Baby! Sexta-feira, 23 horas, Amsterdam Pop Club (Aflitos), R$ 25.
Rockabilly de volta
Les Royales volta com sua Rockabilly Sessions. Sexta-feira, 23 horas, Dubliners, R$ 20.
Power trio sábado
Os Jonsóns, Inventura (Alagoinhas) e The Pivos (Camaçari) quebram tudo sábado no Taverna. 22 horas, R$ 20.