Jerry. Foto: Rodrigo Meneghello |
Nesse reino, poucos foram tão amados quanto Jerry Adriani. Hoje e amanhã, esse nobre senhor se reencontra com os corações que conquistou nos últimos 50 anos.
No show 50 Anos de Carreira, Jerry volta a Salvador para repassar a carreira em duas noites no SESC Casa do Comércio.
E a procura foi tanta que os ingressos esgotaram, levando a produção a abrir mais uma sessão no sábado, às 18 horas.
No repertório constam desde os hits que fizeram sua fama, como Doce Doce Amor (primeira composição de Raul Seixas a ser gravada), Um Grande Amor, Querida e Indiferença, além de suas releituras para Renato Russo (e Legião Urbana), Elvis Presley e do já citado Raulzito.
Não por acaso, os 50 anos de carreira de Jerry coincidem com os 50 anos da Jovem Guarda, movimento ao qual foi associado logo de início.
“O show aí é de comemoração dos 50 anos da Jovem Guarda e da minha carreira. Então fazemos um retrospecto dando ênfase para as canções da JG. Mas não deixo de cantar Elvis, Renato Russo – de quem eu gravei um álbum inteiro – e Raul, que foi muito ligado a mim no início de nossas carreiras”, conta Jerry.
“Considero que hoje essas canções da Jovem Guarda, moralmente falando, já são de domínio publico. Então o show passa pelo movimento: Roberto Carlos, Erasmo, Renato & Seus Blue Caps e por aí vai. Além de Elvis, que eu cantava desde que era aspirante”, acrescenta.
Outro Jerry Adriani
Aos 68 anos, Jerry continua ativíssimo, fazendo shows pelo país, aparições em programas de TV e gravando discos em que busca se renovar como artista.
Em setembro, ele lança um álbum novo com o qual promete surpreender público e crítica, intitulado Outro Jerry Adriani.
É um trabalho totalmente diferente de todos que já fiz, com canções de Lenine, Ivan Lins e Aldir Blanc. Canto até em inglês e francês”, conta.
“As duas únicas faixas que tem a ver com meu estilo são Judiaria (Lupicinio Rodrigues) e Medo da Chuva (Raul Seixas)”, acrescenta Jerry.
Incentivador de Raul Seixas em seu início de carreira, Jerry tem uma longa relação com a Bahia, estado que lamenta não visitar mais vezes para shows: “Isso é uma tristeza pra mim. Sou fã ardoroso da Bahia e estou muito feliz com esses dois shows”, diz.
“Tenho uma longa relação de amor com a Bahia e muitos amigos, como Raul e Os Panteras, que foram minha banda de apoio por um tempão”, conclui.
Jerry Adriani: Show 50 Anos de Carreira / Hoje, 21 horas e Sábado, 21 e 18 horas / Teatro SESC Casa do Comércio / R$ 80 e R$ 40 / 14 anos
ENTREVISTA COMPLETA: JERRY ADRIANI
Como vai ser o show, Jerry?
Jerry. Foto: Rodrigo Meneghello |
Sua a carreira e a de Raulzito estão intimamente ligadas. Alguma homenagem a ele no show?
JA: Eu costumo cantar Medo da Chuva. Inclusive, fiz um disco novo que lanço em setembro, que é um trabalho totalmente diferente de todos que já fiz, com canções de Lenine, Ivan Lins e Aldir Blanc. Canto até em inglês e francês. O título é Outro Jerry Adriani. As duas únicas coisas que tem a ver com meu estilo é uma que já foi gravada pleo Arnaldo Antunes, Judiaria (Lupicinio Rodrigues) e Medo da Chuva (Raul Seixas).
O senhor tem uma longa relação de carinho com a Bahia, né?
JA: Tenho ido pouco aí, o que é uma tristeza pra mim, pois sou fã ardoroso da Bahia. Estou muito feliz com esses dois shows, que é como um reatar de uma longa relação de amor que tenho com a Bahia e os amigos, como Raul & Os Panteras. Apesar de que Eládio (d'Os Panteras) cometeu uma injustiça comigo outro dia, dizendo que eu não tinha nada a ver com a ida deles ao Rio, que tinha sido o Chico Anysio. Isso é verdade, só que eu fui a ponte, Chico me usou como ponte. Chico ajudou mesmo Raul & Os Panteras, mas quem deu força fui eu, eu botei eles numa casa e eles foram minha banda de apoio por muito tempo. Então foi chato pra mim o Eládio dizer isso. Mas comigo ou sem migo (risos), Raul era Raul e ia fazer sucesso de qualquer jeito
50 anos de carreira. Como o senhor avalia essas cinco décadas?
JA: Em agosto de 1965 acontecia o primeiro programa da JG na TV. A JG veio nessa esteira da beatlemania, chamada de Turma do Iê Iê Iê. Mas de carreira eu tenho muita alegria, não esperava essa longevidade que eu tive, mas a gente nunca acha, né? Graças a Deus, temos nosso publico. A JG tem um público muito fiel e eu tive a sorte de aparecer junto, trazendo alguma coisas novas, pois canto música italiana e tenho um vínculo com o rock que antecedia a JG. Eu fiz muito Elvis que Raul queria que eu fizesse. Depois o Renato Russo (no disco Forza Sempre). Tive algumas coisas que me deram uma boa sobrevida e estou muito contente e feliz e vamos continuar, especialmente agora com esse disco novo.
Ainda sente o preconceito da MPB que via cantores como o senhor (e outros considerados bregas) como algo menor?
Nos anos 1960. |
O senhor identifica seguidores nas novas gerações?
JA: Sim, modestamente falando, eu vejo. Não quero ser cabotino, dizer 'estão me imitando'. O Renato Russo me disse que a voz dele era parecida com a minha por que ele também era fã do Elvis, logo somos da mesma escola. Minha escola é na verdade o canto lírico italiano e Roy Orbison. O Raul até queria que eu gravasse Elvis logo no início, mas eu tinha medo. Mas sim, vejo em alguns cantores sertanejos e de rock um pouco da minha escola, que é o vozeirão arranhado. A gente começou a fazer esse tipo de coisa. Mas eles não estão me imitando. É a escola. E não tem como não ter uma influência, um registro, uma escola.
Lembrei que, em 2005, o RL já tinha publicado uma entrevista com o senhor Jerry, feita pelo brother Zezão:
ResponderExcluirhttp://rockloco.blogspot.com.br/2005/10/no-sobrou-nenhum-assento-seco-em-todo.html
...Direto do túnel do tempo.....